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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

INVERSÃO DO GIBELINISMO - Considerações Finais (Excertos)




Julius Evola em 1940. Imagem: Maçonaria Estudos Críticos.

(...) Parece que esta maçonaria se organizou de forma positiva no período dos rumores rosa-crucianos e da sucessiva partida dos verdadeiros Rosa-cruzes da Europa. Elias Ashmole, que parece ter desenvolvido um papel fundamental na organização da primeira maçonaria inglesa, viveu entre 1617 e 1692. Apesar disso, segundo a maioria, a maçonaria em sua forma atual de associação semi-secreta militante não remonta além de 1700(4) - em 1717 houve a inauguração da Grande Loja de Londres. Como antecedentes positivos, não apenas imaginados, a maçonaria teve sobretudo as tradições de determinadas corporações medievais, nas quais os elementos principais da arte de construir, de edificar, eram simultaneamente assumidos segundo um significado alegórico e iniciático. Assim, a "construção do Templo" poderia tornar-se sinônimo da própria "Grande Obra"^iniciática, o desbastamento da pedra bruta em pedra quadrada podia aludir ao dever preliminar de formação interna, e assim por diante. Pode-se pensar que até o começo do século XVIII a maçonaria conservou esses caráter iniciático e tradicional, de modo a, aludindo ao desempenho de uma ação interior, ter sido chamada de "operativa"(5). Foi em 1717 que, com a referida inauguração da Grande Loja de Londres e com o aparecimento da assim chamada "maçonaria especulativa" continental, verificou-se o suplantamento e a inversão de polaridades, de que falamos. Como "especulação", de fato valeu aqui a ideologia iluminista, enciclopedista e racionalista, junto com uma correspondente, desviada interpretação dos símbolos, e a atividade da organização concentrou-se decididamente no plano político-social, mesmo utilizando prevalentemente a tática da ação indireta e manobrando com influências e sugestões, cuja origem primeira era difícil determinar.

Pretende-se que essa transformação se tenha verificado somente em algumas lojas e que outras tenham conservado seu caráter iniciático e operativo mesmo depois de 1717. Efetivamente, esse caráter pode ser encontrado nos ambientes maçônicos a que pertenceram um Martinez de Pasqually, um Claude de St. Martin e o próprio Joseph de Maistre. Mas deve-se observar que também esta mesma maçonaria entrou, por outro motivo, numa fase de degenerescência, e nada pôde contra a afirmação da outra pela qual, acabou sendo assimilada. Tampouco houve qualquer ação da maçonaria que teria permanecido iniciática para protestar e desautorizar a outra, para condenar sua atividade político-social e para impedir que, em toda parte, ela tivesse validade própria e oficialmente como maçonaria.

Referindo-se, portanto, à maçonaria "especulativa", nela os vestígios iniciáticos permanecem limitados a uma estrutura ritual que, especialmente na maçonaria do rito escocês, teve caráter inorgânico e sincretístico, devido aos muitos graus além dos três primeiros (os únicos que têm alguma conexão efetiva com as precedentes tradições corporativas), tendo sido recolhidos símbolos das tradições iniciáticas mais variadas, visivelmente para dar a impressão de ter reunido a herança de todas elas. Assim, nesta maçonaria, também encontramos vários elementos da iniciação cavaleiresca, do hermetismo e da Rosa-cruz: nela aparecem "dignidades" como a de "Cavaleiro do Oriente ou da Espada", "Cavaleiro do Sol", "Cavaleiro das duas Águias", "Príncipe Adepto", "Dignitário do Sagrado Império", "Cavaleiro Kadosh (isto é, em hebraico, "Cavaleiro Sagrado"), equivalente a "Cavaleiro Templar", "Príncipe Rosa-cruz". Em geral - e este é o ponto que tem um significado todo especial - há uma ambição, particularmente por parte da maçonaria do rito escocês, de reportar-se justamente à tradição templar. Pretende-se, desta forma, que pelo menos sete de seus graus sejam de origem templária, além do 30º, que tem, explicitamente, a designação de "Cavaleiro Templar num grande número de lojas. Uma das jóias do grau supremo de toda a hierarquia (33º) - uma cruz teutônica - traz a sigla J.B.M., que é explicada, na maioria das vezes, com as iniciais de Jacopus Burgundus Molay, que foi ´último Grande Mestre da Ordem do Templo, e "De Molay" aparece também como uma "palavra de passe" desse gau, quase como se os que são iniciados nele fossem buscar de volta a dignidade e função do chefe da Ordem gibelina destruída. De resto, a maçonaria escocesa pretende ter muito de seus elementos transmitidos por uma organização mais antiga, chamada "Rito de Heredom". Esta expressão é traduzida por vários autores maçônicos por "ritos dos herdeiros", numa clara alusão aos herdeiros dos Templários. A lenda corresponde é que os poucos Templários sobreviventes ter-se-iam retirado para a Escócia, onde se colocaram sob a proteção de Robert Bruce e foram reunidos por este numa organização iniciática preexistente, de origem corporativa, que então assumiu o nome de "Grande Loja Real de Heredom".

É fácil perceber o alcance que essas   referências teriam em relação específica com aquilo que chamamos de "herança do Graal", caso elas tivessem um fundamento real: forneceriam à maçonaria um título de ortodoxia tradicional. Mas, na realidade, as coisas são muito diferentes.

Trata-se aqui de uma usurpação, não de uma continuação; antes com isso constata-se uma inversão da tradição precedente. Isso resulta de maneira característica considerando em seu complexo exatamente o mencionado grau 30º do rito escocês, que em algumas lojas tem como palavra de ordem: "A revanche dos Templários". A "lenda" que se refere a isso retoma o motivo mencionado anteriormente: os Templários que teriam encontrado refúgio em determinadas organizações secretas inglesas, criaram nelas este grau com a intenção de reorganizar Ordem e cumprir assim a sua vingança. Ora, a inversão já explicada do gibelinismo não poderia encontrar uma expressão mais clara do que nesta explicação do ritual: "A vingança dos templários abateu-se sobre Clemente V não no dia em que seus ossos foram atirados ao fogo pelos Calvinistas da Provença, mas sim no dia em que Lutero levantou metade da Europa contra o Papado em nome dos direitos da consciência. E a vingança abateu-se sobre Felipe o Belo, não no dia em que seus restos foram atirados entre os destroços de São Dionísio por uma turba em delírio, e nem mesmo no dia em que o último descendente revestido do poder absoluto saiu do Templo, que se transformara em prisão de Estado, para subir ao patíbulo, mas, sim no dia em que a Constituinte francesa proclamou diante dos tronos os direitos do homem e do cidadão"(6). O fato de o nível do plano do indivíduo - o "homem" e o "cidadão" - acabar descendo até as massas anônimas e dos seus dirigentes mascarados, resulta de uma história relacionada com o ritual de vários graus - no Rito Escocês do Supremo Conselho da Alemanha ela aprecia no 4º grau, chamado do "mestre secreto". Trata-se da história de Hiram, o construtor do Templo de Jerusalém que, diante de rei sacral Salomão demonstra ter sobre as massas um poder tão prodigioso que "o rei, famoso por seu um dos maiores Sábios, descobriu que, além da sua, havia uma força maior, uma força que no futuro descobrirá o próprio vigor, exercerá uma soberania maior do que a sua (de Salomão). Essa força é o povo (das Volk)". E acrescenta-se: "Nos, maçons do rito escocês, vemos em Hiram a personificação da Humanidade". O rito, tornando-os "Mestres secretos" deveria proporcionar aos iniciantes maçons a mesma natureza de Hiram: isto é, deveria troná-los partícipes desse misterioso poder de mover a humanidade como povo, como massa, poder que abalaria o próprio poder do rei sacral simbólico.

Quanto a ao grau especificamente templar (30º), deve-se observar ainda em seu rito de confirmação a associação do elemento iniciático com o elemento subversivo antitradicional, o que dará necessariamente ao primeiro o caráter de uma efetiva contra-iniciação nos casos em que o próprio rito não se reduz a uma cerimônia vazia, mas coloque em movimento forças sutis. No grau em questão, o iniciado que derruba as colunas do Templo e pisoteia a cruz, sendo admitido, depois disso, ao Mistério da escada ascendente e descendente com sete degraus, é aquele que deve jurar vingança e concretizar ritualmente tal juramento golpeando com um punhal a Coroa e a Tiara, isto é, os símbolos do duplo poder tradicional, da autoridade real e da pontifícia, exprimindo com isso nada mais do que o sentido de quanto a maçonaria, como força oculta da subversão  mundial, propiciou ao mundo moderno, partindo da preparação da revolução Francesa e da constituição da democracia americana e passando pelos movimentos de 1848, chegando até à Primeira  Guerra Mundial, à revolução turca, à revolução da Espanha e a outros acontecimentos análogos. Onde, no ciclo do Graal, como vimos, a realização iniciática é concebida de tal maneira que assume o empenho de fazer com que o rei ressurja, no rito agora indicado tem-se exatamente o oposto; há a contrafação de uma iniciação que está ligada com o juramento (às vezes com a fórmula: "Vitória ou morte") de atingir ou desestabilizar toda forma de autoridade superior.

De qualquer maneira, para os nossos objetivos, o lado essencial destas considerações é indicar o ponto em que a "herança do Graal" e de tradições iniciáticas análogas pára e onde, deixando de lado eventuais sobrevivências de nomes e símbolos, não se pode mais constatar nenhuma filiação legítima destas. No caso específico da maçonaria moderna, de um lado o seu confuso sincretismo, o caráter artificial da hierarquia da maioria de seus graus - caráter que aparece claramente mesmo a um profano -, a banalidade das exegeses correntes, moralistas, sociais e racionalistas aplicadas a vários elementos retomados, tendo em si um conteúdo efetivamente esotérico - tudo isso levaria a fazer ver nela um exemplo típico de organização pseudo-iniciática(7). Mas, considerando, por outro lado, a "direção da eficácia" da organização com referência aos elementos observados anteriormente e à sua atividade evolucionária, surge a sensação exata de se estar diante de uma força que, no que diz respeito ao espírito, age contra o espírito: uma força obscura, exatamente da anti-tradição e de contra-iniciação. E então é bem possível que os seus rituais sejam menos inofensivos do

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mitologia como ciência antiga: o mito transcendendo o irreal!



Constelações do zodíacos. Imagem: Ufrgs.

O pensamento contemporâneo se recusa a aceitar que as civilizações antigas pudessem marcar a passagem do tempo para além das simples observações sazonais que definem um ano. Mas, através da história houve astrônomos, matemáticos e historiadores que mediram o tempo de maneiras sofisticadas.

O historiador John G. Jackson (1907-1993), em seu estudo do folclore e das tradições da Grécia Antiga, lançou uma preciosa luz sobre a relação entre os mitos e a observação das estrelas entre os antigos. Na mitologia grega, aprendemos sobre o lendário e poderoso rei etíope, Cefeu, cuja fama era tão grande que ele e sua família foram imortalizados como estrelas. Ele, sua esposa Cassiopeia e sua filha, a princesa Andrômeda, todos se tornaram estrelas na esfera celeste. Embora essa conexão pessoal com as estrelas possa no parecer estranha, Jackson observa que para os antigos etíopes, isso não era incomum. Jackson destaca que Luciano, antigo escritor e historiador grego (180-129 AEC), descreveu a cuidadosa observação das estrelas por parte dos primeiros etíopes.

Os etíopes foram os inventores da ciência das estrelas, e deram nomes aos planetas, não de maneira aleatória e sem sentido, mas descritivos das qualidades que concebiam que possuíssem; e foi deles que essa arte passou, ainda que em estado imperfeito, para os egípcios”.

Historiador grego Luciano

 Constelação de Cefeu. Clique na imagem para ampliar. Imagem: Ufrgs

O estudioso francês Constatin-François Volney (1757-1820) que é conhecido pelos relatos meticulosos de suas explorações no norte da África, era particularmente fascinado pelo alto grau de conhecimento astronômico e, decorrente disso, o elevado nível cultural alcançado pelos etíopes. Volney descreve a invenção do zodíaco por essa antiga civilização:

“Foi então que na fronteira do Alto Nilo, entre uma raça de homens negros, organizou-se um complicado sistema de adoração das estrelas, considerado em relação às produções da terra e aos trabalhos na lavoura [...] Assim, o etíope de Tebas chamou de ESTRELA DE INUNDAÇÃO, ou AQUÁRIO, aquelas sob as quais começam as cheias do Nilo; ESTRELAS DO BOI ou TOURO, aquelas sob as quais começam a plantar; ESTRELAS DO LEÃO, aquelas sob as quais esse animal, expulso do deserto pela sede, aparecia nas margens do Nilo; ESTRELAS DO FEIXE DE ESPIGAS, ou primeira colheita VIRGEM, aquelas da estação da ceifa; ESTRELAS DO CORDEIRO, ou ÁRIES e ESTRELAS DAS DUAS CRIANÇAS, ou GÊMEOS, aquelas sob as quais os preciosos animais nasciam [...] Assim, o mesmo etíope, tendo observado que o retorno das inundações sempre correspondia ao surgimento de uma bela estrela na direção da nascente do Nilo, e que parecia prevenir os agricultores acerca da elevação das águas, ele comparou essa ação à do animal que , com seu latido, alerta contra o perigo, chamou essa ESTRELA DE CÃO, aquele que ladra, SÍRIOS. Da

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Estudo sobre as origens e símbolos presentes na bandeira do Estado do Rio Grande do Sul.



Bandeira da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Criada oficialmente por meio de decreto do dia 12 de novembro de 1836, não apresentava o brasão e era quadrada. Imagem: Vexilologia.

De 1835 a 1845, o Sul do Brasil foi tomado por uma Revolução, cujo foco foi a então província de São Pedro do Rio Grande (atual Rio Grande do Sul) que tomou o nome de Revolução Farroupilha, cujas origens se devem às insatisfações da população quanto às políticas imperiais e acabou por fazer surgir a República Rio-Grandense.

De acordo com alguns historiadores, a bandeira farroupilha foi desenhada em Buenos Aires, por Tito Lívio Zambeccari, republicano italiano que lutou no Rio Grande do Sul , ao lado de Bento Gonçalves. No livro História da República Rio-grandense  do historiador Dante de Laytano, o autor diz que a  bandeira foi desenhada por João de Deus, um republicano paulista.

Muito se discute o significado da bandeira adotada, a opção da cada um vai de acordo de como se vê o movimento revolucionário, mas parece correta a interpretação que diz que eram as cores da bandeira Imperial separadas pelo vermelho da Guerra e da república, mostrando assim mais um cunho  federalista do que secessionista em si. 

A bandeira era quadrada e não apresentava o brasão da República Rio-grandense, foi criada oficialmente por meio de decreto do dia 12 de novembro de 1836 , assinado por Gomes Jardim e Domingos José de Almeida.

Com o fim da revolução farroupilha, ante o armistício assinado com as forças imperiais  a bandeira não caiu em esquecimento, há registro de seu uso numa brigada de voluntários gaúchos na Batalha de Tuiuti (24.05.1866)  na Guerra do Paraguai, que foi a maior batalha campal da América do Sul e em que os aliados foram vitoriosos.

 Símbolo da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, usada nos navios mercantes. Imagem: Vexilologia.

Consta ainda, como símbolo da então Província de São Pedro do Rio Grande os galhardetes ditos de registro, que indicavam a província de origem dos navios mercantes brasileiros, tal informação consta do álbum da Marinha francesa “Pavillons”, de 1858 (Album des pavillons, guidons et flammes de toutes les puissances maritimes).Esses galhardetes tinham a forma retangular, aproximadamente 1:16 e eram confeccionados de

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ptolomeu I Sóter, Látero


Arte egipcia, Ptolomeu I Sóter. Imagem: UFCG.

Como General macedônico do exército de Alexandre que ficou com a parte egípcia do império macedônico, depois da morte (305 a. C.) do filho do general Alexandre IV, que governava o Egito a 12 anos (317-305 a. C.). Assumindo o governo (305 a. C) nomeou-se faraó e declarou a independência egípcia.

Isto consolidou o desmantelamento do império de Alexandre, o maior do mundo até então. Rei egípcio que governou entre os anos 305 e 285 a. C., ocupando o território que lhe foi cedido por Alexandre da Macedónia, quando o acompanhou na expedição que empreendeu à Ásia.A conquista de Jerusalém é por si obtida no ano de 320 a. C., ocupando de igual modo a Fenícia e a Celesíria, que serão tomadas posteriormente por Antígono, voltando a ser reconquistadas em 312 a. C.No ano de 306 a. C. sofre uma derrota no mar de Chipre frente a Antígono e a seu filho Demétrio. O facto de ter obrigado este último a levantar o cerco que mantinha à cidade de Rodes valeu-lhe o título de sóter, o salvador.

Com a morte de Antígono no ano de 301 a. C., perde para o rei sírio Seleuco os territórios da Celesíria e da Fenícia.
Dois anos antes da sua morte, abdica do trono em favor do seu descendente e filho Ptolomeu II Filadelfo.

A obra cultural do período de Ptolomeu I fica marcada pela criação do museu e da biblioteca de Alexandria e pela presença de um número significativo de sábios e letrados na sua corte. Escreveu igualmente uma história sobre as guerras de Alexandre.

Ptolomeu, trouxe um novo período de florescimento para o país do Nilo. Sóter, que em grego quer dizer salvador, tornou-se, então, fundador da grande Dinastia dos Lágidas que governou o Egito por quase 300 anos (323-30 a. C.). Educado na corte e amigo íntimo do príncipe Alexandre, foi exilado (337 a. C), com outros amigos do príncipe, mas retornou após a coroação de Alexandre (336 a. C) e tornou-se seu guarda-costas. Mais tarde, participou de campanhas na Europa, Índia, Afeganistão e Egito, nas quais se mostrou comandante cauteloso e confiável, muitas vezes condecorado.

 O Farol de Alexandria, cuja construção começou em 297 aC. Imagem: Grécia Antiga.

 Após a morte de Alexandre (323 a. C), certo de que não seria possível manter a unidade do império, propôs que as satrapias (províncias do império) fossem divididas entre os generais. Tornou-se, então, sátrapa do Egito e de territórios libios e árabes, e nos anos seguintes estendeu seu domínio ao Chipre, Síria e regiões costeiras da Anatólia.

Consolidou e expandiu seus domínios por meio de guerras e, sobretudo, de hábeis negociações, alianças e casamentos. Manteve cordiais relações políticas com a Grécia e conquistou ao mesmo tempo a simpatia dos egípcios com medidas como a fusão de religiões da Grécia e do Egito e a restauração dos templos dos faraós, destruídos pelos persas. Fundador da Academia de Alexandria (313 a. C), Museu e Biblioteca (290 a. C.), para a qual convidou um grupo de sábios notáveis para integrar seu corpo de mestres, tornando esta cidade

Lanceiros Negros da Revolução Farroupilha.



Lanceiro Negro. Imagem: Jornal Negritude.

Lanceiros Negros é o nome dado a dois corpos de lanceiros constituídos, basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense que lutaram na Revolução Farroupilha. Possuíam 8 companhias de 51 homens cada, totalizando 426 lanceiros .

Tornou-se célebre o 1.º Corpo de Lanceiros Negros organizado e instruído, inicialmente, pelo Coronel Joaquim Pedro, antigo capitão do Exército Imperial, que participara da Guerra Peninsular e se destacara nas guerras platinas. Ajudou, nesta tarefa, o Major Joaquim Teixeira Nunes, veterano e com ação destacada na Guerra Cisplatina. Este bravo, à frente deste Corpo de Lanceiros Negros, libertos, prestaria relevantes serviços militares à República Rio-Grandense.

O 1.º Corpo de Lanceiros Negros, ao comando do tenente-coronel Joaquim Pedro Soares e subcomandado pelo então major Teixeira Nunes, teve atuação importante na Batalha do Seival, em 11 de setembro de 1836, em reforço à Brigada Liberal de Antônio de Sousa Netto que surgiu por transformação do Corpo da Guarda Nacional de Piratini integrado por 2 esquadrões com 4 companhias, recrutados em Piratini e em seus distritos Canguçu, Cerrito e Bagé até o Pirai .

" As tropas para o combate de Seival foram dispostas por Joaquim Pedro, na qualidade de imediato e assessor militar de Antônio Netto. Deixou um esquadrão em reserva que foi empregado em momento oportuno, decidindo a sorte da luta."

Segundo Docca, coube a este bravo e a Manuel Lucas de Oliveira convencerem Antônio Neto da proclamação da República Rio-Grandense, bem como "a grande satisfação de ler, a 11, no campo do Menezes, à frente da garbosa tropa por ele instruída, a Proclamação da República Rio-Grandense."

O Corpo de Lanceiros Negros era integrado por negros livres ou libertados pela Revolução e, após, pela República, com a condição de lutarem como soldados pela causa..

O 1.º Corpo foi recrutado, principalmente, entre os negros campeiros, domadores e tropeiros das charqueadas de Pelotas e do então município de Piratini (atuais Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, até o Pirai e parte de Arroio Grande).

Excelentes combatentes de Cavalaria, entregavam-se ao combate com grande denodo, por saberem, como verdadeiros filhos da liberdade, que esta, para si, seus irmãos de cor e libertadores, estaria em jogo em cada combate. Manejam como grande habilidade suas armas prediletas - as lanças. Estas, por eles usadas mais longas do que o comum. Combinada esta característica, com instrução para o combate e disposição para a luta, foram usados como tropas de choque, uso hoje reservado às formações de blindados. Por tudo isto infundiram grande terror aos adversários. Eram armados também com adaga ou facão e, em certos casos, algumas armas de fogo em determinadas ocasiões.

Como lanceiros não utilizavam escudos de proteção, mas sim seus grosseiros ponchos de lã - bicharás, que serviram-lhes de cama, cobertor e proteção do frio e da chuva. Quando em combate a cavalo, enrolado no braço esquerdo, o poncho (bichará) servia-lhes para amortecer ou desviar um golpe de lança ou espada. No corpo a corpo desmontado, servia para aparar ou desviar um golpe de adaga ou espada em cuja esgrima eram habilíssimos, em decorrência da prática continuada do jogo do talho, nome dado pelo gaúcho à esgrima simulada com faca, adaga ou facão.

Alguns poucos eram hábeis no uso das boleadeiras como arma de guerra, principalmente para abater o inimigo longe do alcance de sua lança, quer em fuga, quer manobrando para obter melhor posição tática.

Eram rústicos e disciplinados. Faziam a guerra à base de recursos locais, Comiam se houvesse alimento e dormiam em qualquer local, tendo como teto o firmamento do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A maioria montava a cavalo quase que em pêlo, a moda charrua. Vale também lembrar que os LANCEIROS NEGROS exerciam uma função de tropa de choque no exército farroupilha, pelo simples fato de manejar com eximia destreza a lança que é uma arma essencial para este tipo de combate.

A Surpresa dos Porongos, ocorreu na localidade de Porongos, hoje parte do município de Pinheiro Machado. Em 14 de novembro de 1844, os Lanceiros Negros de Teixeira Nunes salvaram o desfecho da Revolução Farroupilha de um desastre total. Pelo modo como combateram, salvaram Canabarro e grande parte das tropas e tornaram possível a negociação de uma paz honrosa como e foi a de paz de Ponche Verde, e a liberdade para todos os negros e mulatos que lutaram pela República Rio Grandense. Ao final do combate o campo de batalha dos Porongos ficou juncado com 100 mortos farroupilhas.

Segundo descrição do historiador Canabarro Reichardt: Dentre eles 80 eram bravos Lanceiros negros de Teixeira Nunes. Com a surpresa em Porongos, os farrapos, passados os primeiros momentos de estupor, recobram ânimo e se dispõem a morrer lutando. Teixeira, o Bravo dos bravos, cujo denodo assombrou um dia o próprio Garibaldi, reuniu os seus lanceiros negros. O 4º Regimento de Linha farrapo e alguns esquadrões

sábado, 8 de setembro de 2012

Julgamento da História. Juan Domingo Perón, herói ou vilão?



Juan Domingo Perón. Imagem: Enciclopédia Delta Larousse.

Juan Domingo Perón nasceu na cidade de Lobos em 8 de outubro de 1895, faleceu na Capital da Argentina, Buenos Aires em 1° de julho de 1974, foi um militar e político argentino. Foi presidente de seu país de 1946 a 1955 e de 1973 a 1974. Filho de Mario Tomás Perón, pequeno fazendeiro e Juana Sosa, e neto de um dos médicos mais famosos do seu tempo, Professor Thomas L. Peron, Juan Domingo Perón provém de família parte sarda, parte espanhola. Sua infância e juventude viveu nos pampas de Buenos Aires e as planícies do sul da Patagônia Argentina, onde seus pais se mudaram em 1899 para encontrar trabalho. Perón quis ser um médico como seu avô, mas, finalmente, em 1911, ingressou no Colégio Militar Nacional, localizado perto da cidade de Buenos Aires, graduando-se com a patente de segundo tenente da arma de infantaria em 1913.

Como um jovem oficial que ocupou várias atribuições militar no país, quando se levantou em sua carreira. Dada a patente de Capitão escreveu artigos sobre "Militar Moral" Higiene "Militar", "Campanha de Alto Peru", "A Frente Leste da Segunda Guerra Mundial de 1914. Estudos Estratégicos", que foram adotados como livros didáticos nas escolas do Exército. Em 1929 casou-se com Aurelia Tizon na Igreja de Nossa Senhora de Luján militar, mas sua esposa morreu jovem, em setembro de 1938, sem filhos. Em 1930 ele era um membro do pessoal do Exército e Professor de "História Militar" na Escola Superior de Guerra. Ele continuou a publicar textos militares e escreveu um estudo sobre a língua dos índios araucano originários da região da Patagônia em "Etimologia da Patagônia Toponímia Araucana" (1935). Em 1936, com patente de major do Exército, foi nomeado adido militar na Embaixada da Argentina na República do Chile e no mesmo ano subiu para o posto de tenente-coronel. Em 1937 ele publicou o estudo "pensamento estratégico e operacional da idéia de St. Martin na campanha da Cordilheira dos Andes." Em 1939 ele se juntou a Missão de estudo no estrangeiro de que o Exército argentino enviou para a Europa, com sede em Itália. Ele se especializou em Mountain Infantaria (montanhismo e esquismo) de volta em 1940 logo após a turnê Espanha, Alemanha, Hungria, França, Iugoslávia e Albânia. Ele foi designado para o Centro de Treinamento Mountain (Mendoza) e em 1941 subiu para a patente de Coronel. Desde 1943, a vida militar começaram a convergir sobre a vida política ele estava indo para absorver totalmente até sua morte.

 Juan Domgo Perón em 1943. Imagem: Latin American History.

Em 1943, uma conspiração militar derrubou o governo civil da Argentina. O regime militar que tomou o poder nos três anos seguintes foi fortemente influenciado por Perón que prudentemente procurou uma posição secundária como Secretário do Trabalho e Segurança Social. Em 1945, Perón tornou-se vice-presidente e Ministro da Defesa. Aos poucos, ganhou respeito e notoriedade, aumentando a dua popularidade e autoridade no exército, especialmente pelo apoio que recebeu de trabalhadores precários chamados "descamisados".

No dia 9 de outubro de 1945, Perón foi destituído do seu cargo por um golpe civil e militar que o pôs na cadeia, provocando uma crise no governo. Eva Duarte e líderes sindicalistas reuniram os trabalhadores da grande Buenos Aires e exigiram a sua libertação. Diante da enorme multidão, os militares não tiveram outra opção senão libertar Perón no dia 17 de outubro do mesmo ano. Neste dia, Perón discursou para 300.000 pessoas e as suas palavras foram retransmitidas pelo rádio para todo o país. No seu discurso prometeu ao povo argentino a realização de eleições que estavam pendentes e construir uma nação forte e justa. Dias depois, casou-se com Evita (como era popularmente chamada Eva Duarte), que o ajudou a dirigir o país nos anos que se seguiram.

Após uma campanha violenta e repressiva, a candidatura formada por Perón e Quijano ganhou as eleições de 1946 com 52,4% dos votos. Com a posse da presidência, Péron aplicou o seu plano económico chamado "nação em armas", sendo que o país deveria estar preparado para a guerra no limite da sua capacidade. Consequentemente,