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domingo, 8 de novembro de 2020

A importância da escola e de estudar

 


 Autor: Professor Adilson Bauer Silva, graduado em Geografia e pós-graduado em Metodologia do Ensino em Geografia e História.

Vimos anteriormente que após a Revolução Industrial o acesso à educação por crianças e adolescentes começou se popularizou no mundo. Porém, recordando a última aula, ainda existem muitas diferenças entre viver e estudar em um país rico e fazer o mesmo em um país pobre. Quanto ao Brasil, a educação iniciou uma fase de grande expansão na década de 1990. A aprovação de leis especificas, a criação de programas e fundos e a elaboração de parâmetros[1] para a educação brasileira ajudaram a transformar o cenário educacional do país. No entanto, as condições de acesso e permanência continuam desiguais. E, de maneira geral, a qualidade do ensino deveria ser melhor. 

Lembre-se: A palavra escola representa aqui todas as escolas existentes, e não somente a nossa escola! Por que a escola é importante? Por que devo estudar? Estas são as questões que nos guiarão na aula de hoje. Levaremos em consideração a realidade do nosso país.

A importância da escola

Na maioria das vezes é o lugar mais frequentado do bairro, o mais conhecido da região. Mas qual é a importância da escola? Por que devemos cuidar dela? O primeiro ponto de destaque está no processo de ensino-aprendizagem, é na escola que aprendemos a ler, escrever, realizar operações matemáticas e desenvolvemos outras inúmeras habilidades[2] e competências[3] que nos ajudarão a interpretar textos, mapas e gráficos, a resolver problemas complexos, a compreender o pensamento da pessoas em diferentes épocas e lugares, a trabalhar em grupo, a conhecer nossa realidade e se manter critico diante dela, entre outras milhares de possibilidades... Enfim, é na escola que iremos adquirir grande parte do conhecimento que precisamos para viver.

E não para por aí! O segundo ponto de destaque encontra-se no fato de conhecermos e interagirmos com outras pessoas e de fazer amizades. A escola é um espaço para a interação e integração. Sendo também onde muitas crianças e adolescentes despertarão seu interesse por algo novo (músicas, jogos, profissões....). E terão seu primeiro contato real com o mundo.

O último ponto de destaque (do texto, mas não da realidade provavelmente) baseia-se no amparo socioeconômico que acontece por meio da escola. Através dela muitas crianças e adolescentes têm acesso a uma refeição de qualidade (a única para muitos discentes), programas de assistência social e de vacinação são divulgados e até roupas e alimentos podem ser distribuídos usando o espaço disponível na escola em tempos de crise.

E por que devemos cuidar da escola? Por tudo isso que foi colocado neste texto! 

Por que estudar?

Antes de tudo, devemos estudar para construir e ampliar nosso conhecimento. Trata-se de algo que ninguém terá como tirar de nós. Sabendo disto, vamos a próxima etapa. Você com certeza já ouviu a frase “Conhecimento é poder!”. Mas de qual “poder” estamos falando? Por enquanto, trataremos do poder de conseguir ver e obter as melhores oportunidades, do poder de ter mais possibilidades, do poder de realizar sonhos e ser mais feliz.

Quanto as oportunidades, quem estuda tem acesso aos melhores empregos e àqueles que podem pagar mais consequentemente. As estatísticas confirmam, a média salarial de quem possui ensino superior completo (“fez faculdade”) é maior que a média de quem cursou apenas o ensino básico[4].

Nas possibilidades, muitas vezes ter mais estudo poderá não garantir um salário realmente maior, mas te dará mais chances de conseguir um emprego. E dependendo da situação, você será capaz de escolher qual a melhor opção de trabalho.

Por último, porém não menos importante, se você possui mais possibilidades e pode ter acesso às melhores oportunidades de emprego, a realização de seus sonhos estará mais próxima, e como resultado disto, existe a tendência de você ser mais feliz também. E provavelmente você se preocupará menos com o futuro, quem tem mais estudo consegue uma estabilidade maior (ou seja, permanece mais tempo no mesmo serviço).


[1] Neste caso, orientações a serem seguidas por escolas e professores.

[2] De maneira simplificada, é saber fazer algo.

[3] De modo simples, conjunto de habilidades utilizadas para resolver determinada situação ou problema.

[4] O ensino básico no Brasil abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Uma visão geral da educação no mundo e no Brasil atualmente


 Autor: Professor Adilson Bauer Silva, graduado em Geografia e pós-graduado em Metodologia do Ensino em Geografia e História.

            Como estudamos na aula anterior, ver crianças e adolescentes indo para a escola se tornou parte de nosso dia-a-dia somente a partir do século XX. Antes disto, a educação era uma exclusividade das classes mais abastadas, ou seja, apenas uma pequena parcela da população tinha acesso aos estabelecimentos de ensino. Raras exceções fugiam desta “regra”. Atualmente, a maioria dos jovens frequentam ou frequentaram a escola. O problema encontra-se agora na desigualdade de condições de acesso e permanência, principalmente após os primeiros anos do ensino fundamental.

Países ricos e países pobres

            A desigualdade existente entre as nações do planeta pode ser observada diretamente na educação. Quanto mais rico for um país, mais tempo na escola suas crianças e seus adolescentes permanecerão. Sendo que um período maior na escola proporcionará mais possibilidades de aprendizado. E, ao concluir o ensino básico, estes jovens terão oportunidades melhores na vida profissional e no ensino superior.

            O oposto disto ocorre nos países pobres. Sem conseguir oferecer um ensino de qualidade a seus cidadãos, estas nações também não têm potencial para atrair investimentos. Infelizmente, é um ciclo vicioso!

            Nos países ricos, os alunos permanecem mais de cinco horas por dia durante, pelo menos, dez anos na escola. Já nos países mais pobres, grande parte aprenderá somente a ler, escrever e realizar as operações básicas e muitos nunca terão a chance de estudar.

A educação no Brasil

            Você já deve ter percebido que em nosso país a educação é prioridade apenas nos discursos políticos. Além da desigualdade nas condições de acesso e permanência, o Brasil foi um dos últimos países a possuir universidades no Continente Americano, por exemplo. Até a metade do século XX, uma grande parcela da população brasileira ainda era analfabeta. Nas décadas de 1980 e 1990, concluir o ensino médio consistia no sonho de muitos brasileiros. “Ir para a faculdade” ou “entrar na universidade” fazia parte das expectativas de poucas pessoas (para ser mais preciso, de menos de 3 a cada 100 brasileiros). É verdade que a partir do final dos anos de 1990 as previsões começam a melhorar.

Em dezembro de 1996, o Governo Federal aprovou uma nova lei para educação no Brasil. E com ela inicia-se um período de ampliação massiva do acesso à educação, milhares de vagas foram abertas desde então. Em seguida foram publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) com o objetivo de conduzir o processo de ensino-aprendizagem no país. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) – criado em 1985 – ganha força e todo ano passa a distribuir milhões de exemplares aos alunos da rede pública. Já no século XXI, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) torna-se uma fonte importantíssima de recursos para escolas e professores. E recentemente, elaborou-se uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que substitui os PCNs.

Brasil: acesso, qualidade e permanência

            Se por um lado o acesso à educação no Brasil pode ser considerado amplo, ou seja, atingindo quase que a totalidade dos jovens. Por outro, muitas vezes, a qualidade da educação ofertada deixar a desejar. Entre os fatores que agravam este cenário, podemos destacar a falta de investimentos na conservação e manutenção dos prédios, os baixos salários recebidos pelo educadores, a falta de modernização (no sentido de disponibilidade de internet, projetores ou televisões, computadores ou tablets para os discentes ) e também o desinteresse  de grande parte dos alunos pelo temas trabalhados na escola.

            Em relação a permanência, uns dos problemas enfrentados pela educação brasileira trata-se a evasão escolar (popularmente, o abandono dos estudos ou da escola). A maioria dos adolescentes que desistem de ir à escola por um destes por três motivos: 1) necessidade de trabalhar para sobreviver; 2) lacunas na aprendizagem que resultam em seguidas reprovações, e; 3) simplesmente a falta de interesse.


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Cuidar do Próximo em Tempos de Pandemia


 Autor: Professor Adilson Bauer Silva, graduado em Geografia e pós-graduado em Metodologia do Ensino em Geografia e História.

            Como você já deve ter percebido, estamos vivendo tempos atípicos[1]. As escolas estão fechadas, há um número menor de pessoas circulando pelas ruas, todos têm de usar máscaras, o comércio estava quase completamente fechado até algumas semanas atrás. Mas o que exatamente está acontecendo?

            Segundo órgãos e organizações ligadas à saúde, estamos enfrentando uma pandemia. Esta não é a primeira pela qual a humanidade passa. E, para a nossa tristeza, provavelmente não será a última também. Mas o que é uma pandemia?

            Pandemia é quando uma doença transmissível[2] (geralmente causada por vírus) se propaga muito rapidamente atingindo um grande número de pessoas, em pouco tempo e por todo o planeta. Uma doença também pode provocar surtos, endemias e epidemias. Estas últimas, as epidemias, acontecem quando uma doença se espalham por um país[3] ou uma região e, às vezes, quase atingem um continente inteiro.

            A pandemia que estamos enfrentando é causada por um Coronavírus, mais precisamente o SARS-CoV-2[4]. Ele dá origem a uma doença chamada de COVID-19, que pode levar a complicações respiratórias (podendo gerar uma pneumonia e, em casos mais graves, levar a morte). Surgiu na China e se espalhou pelo mundo em apenas três meses depois de ser descoberta. Mas por que isso aconteceu?

            Existem várias maneiras de uma doença transmissível se espalhar. Porém, assim como a gripe (influenza comum ou H1N1), o Coronavírus se propaga através de gotículas[5] de saliva ou muco que saem do corpo quando alguém fala, tosse, espirra ou, simplesmente, respira. Estas gotículas contaminadas ficam pelo ar ou em superfícies próximas. Quando uma outra pessoa respira este “ar contaminado” ou toca nessas superfícies, e após isto coloca as mãos nos olhos, na boca ou nariz, ela poderá contrair o vírus e, por consequência, desenvolver a doença. Sendo este o jeito mais fácil de uma doença ser transmitida.

E como podemos cuidar do próximo nesta situação?

            O primeiro cuidado que devemos ter é evitar o máximo possível situações aonde poderemos nos contaminar. Ou seja, só saia de casa se for realmente necessário. Mas por que isso é importante? Evitando “pagar” o vírus, você também evitará espalhar ele, principalmente para sua própria família. E se mesmo assim você se contaminar?

            Caso você se contamine, faça de tudo para não contaminar outras pessoas. É uma questão de ética e de cidadania. Isto vale para a COVID-19 e para qualquer doença transmissível, desde uma gripe, resfriado ou até mesmo o HIV.

            E, por fim, mantenha contato. O ser humano é um ser social, ele necessita interagir com seus semelhantes. Converse com sua família e, se possível, com seus amigos e colegas. Hoje em dia não é preciso sair de casa para “falar” com outras pessoas. A internet possibilitou uma comunicação quase que instantânea com qualquer parte do mundo, use-a.



[1] Atípicos: que estão fora da normalidade.

[2] Que se pode transmitir/passar.

[3] O Brasil, por exemplo, já passou por várias epidemias como de Dengue e Meningite.

[4] Este número 2 no final indica que ele é o segundo deste “tipo” de vírus que pode infectar seres humanos.

[5] Gotas muito pequenas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Bob Marley, e a religião Rastafári.

 

Robert Nesta Marley, popularmente conhecido como Bob Marley, foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano. Pode se dizer que foi o cantor de reggae mais conhecido do mundo. Vendeu cerca de 75 milhões de discos.

Na adolescência, Marley começou a fazer parte da religião Rastafari. Nessa religião, eles acreditam que “Jehovah”, (popularmente chamado de “Jah”), é o Deus. O “messias”, não é Jesus Cristo, mas é a reencarnação de Haile Selassie I, no qual o nome verdadeiro é “Ras Tafari Makonnen”, (que era o imperador da Etiópia, e acreditavam que ele libertaria a raça negra do domínio branco). E é por conta dele, o nome da religião.

A morte de Marley se deu após um machucado na unha do pé, durante uma partida de futebol, e essa ferida acabou infeccionando. Virou posteriormente uma espécie de câncer de pele. Quando diagnosticado, os médicos disseram que ele teria que amputar o dedo do pé, e Marley negou por conta da religião Rastafari, cuja filosofia é de que o corpo é um templo sagrado e nada deve ser modificado.

Especulações

Existe uma história que diz que cerca de um ano antes de sua morte, Bob foi batizado em nome de Jesus Cristo. Segundo Tommy Cowan que estava junto com ele quando se converteu, disse que Bob ficou chorando durante 45 minutos e exclamou “Jesus my Savior, Jesus Christ” (Jesus meu Salvador, Jesus Cristo!).

Bob nasceu em um lar cristão, e tinha algumas músicas que falavam sobre isso. “:(..)"I never forget no wa (..)"I never forget no way, how they crucified Jesus Christ"(..) Em português: "Eu nunca esqueci não, como eles crucificaram Jesus Cristo"(..)“, trecho da música “So much things to say”.

Em uma entrevista a uma televisão jamaicana, a esposa de Bob, Rita Marley, não sabia do batismo de Bob, e disse que achou a atitude dele estranha. Minutos antes de morrer, ter dito “Me leve senhor Jesus Cristo”. Ela disse que esperava que ele chamasse por Selassie. Porém, nada disso está no site oficial de Bob Marley, onde conta sobre sua vida e religião. Lá conta apenas sobre a religião Rastafari. Há quem diga que essa história não teve repercussão por conta de que muitos rastafáris fariam o mesmo, por influência de Marley.

O que é a religião rastafári?

É uma crença nascida na Jamaica na década de 30, popularizada pelas músicas do cantor de reggae Bob Marley e atualmente seguida por cerca de 1 milhão de pessoas no mundo. Com alguns elementos empresta...

Por que um imperador da Etiópia foi adorado como deus na Jamaica - influenciando até Bob Marley.

Quando se fala em rastafáris, provavelmente a primeira imagem que vem à cabeça de muitas pessoas é a do rei do reggae Bob Marley e seus rastas icônicos. Mas além do famoso artista, há outro homem ainda mais importante no coração deste movimento - Ras Tafari. Esse foi o nome do último imperador da Etiópia, nascido em 23 de julho de 1892, mas ele adotou o nome real de Haile Selassie ao ser coroado.

Para os rastafáris, ele é Deus (Jah) encarnado, o messias redentor.

Mas como um imperador da Etiópia, cuja capital está situada a quase 13 mil quilômetros de Kingston, se tornou adorado na Jamaica? O vínculo entre os dois, na verdade, está relacionado a um grupo de jamaicanos pobres que acreditavam que a coroação de Ras Tafari era o cumprimento de uma profecia e que ele era seu redentor, o messias: o "Rei dos reis, Senhor dos senhores". Eles acreditavam que seriam libertados pelo imperador, que os tiraria da pobreza no Caribe e os levaria à África, a terra dos seus antepassados e um centro espiritual para os jamaicanos.

Quem era Ras Tafari?

Tafari era filho de um colaborador do imperador Menelik 2º, um dos governantes mais importantes da história da Etiópia, e casou-se com uma de suas filhas, Wayzaro Menen.

Desde a infância, sua inteligência chamou a atenção do imperador, que o ajudou a seguir carreira política. Quando a filha de Menelik 2º, a imperatriz Zauditu, morreu em 1930, seu protegido foi coroado imperador. A coroação de Haile Selassie foi um evento esplendido e contou com a presença de autoridades do mundo todo.

Na época, o jornal The New York Times especulou que as celebrações haviam custado mais de US$ 3 milhões (R$ 9,5 milhões, em valores atuais). A revista Time dedicou a capa ao novo imperador, que logo se transformou em um fenômeno global. Pouco depois da coroação, Selassie encomendou a primeira constituição escrita da Etiópia, que restringia em grande medida os poderes do parlamento.

Na prática, ele era o governo da Etiópia.

Segundo a constituição, a sucessão ao trono se restringia somente aos seus descendentes, e a pessoa do imperador era "sagrada, sua dignidade, inviolável e seu poder, indiscutível". Mas, na Jamaica, Selassie estava se convertendo em algo mais do que um poderoso imperador.

A profecia de Marcus Garvey


"Olhem para a África, onde um rei negro vai ser coroado, anunciando que o dia da libertação estará próximo". Essa é a profecia que deu início a toda história, e foi feita por Marcus Garvey.

Ele era um ativista jamaicano que lutou pela mudança política e social em uma ilha que havia sido um centro importante durante o período da escravidão. Depois da abolição, em 1833, a vida não melhorou muito para os antigos escravos, nem para seus filhos ou para as gerações seguintes. Ainda não está claro se o "rei negro" a quem Garvey se referia era uma pessoa real, mas o mais provável é que se tratasse de uma figura simbólica. 

Mas, quando as notícias da coroação de Haile Selassie em 1930 chegaram à Jamaica, muitos dos seguidores de Garvey fizeram uma associação que lhes parecia lógica: Ras Tafari era rei, e, portanto, o dia da libertação estaria próximo. Isso significava que eles deveriam se preparar para um êxodo para a África. Apesar de Marcus Garvey nunca ter sido um rastafári, ele é considerado um dos profetas do movimento, e suas ideias formaram a filosofia rastafári. "O 'garveyismo' se converteu em um tipo de nacionalismo militante que deu aos negros um sentido de identidade com o conjunto da África, numa época em que a independência estava em evidência", afirma Jabob Bauman, em uma publicação da Universidade do Estado de Washington, nos EUA. 

Atualmente, as crenças dos rastafáris são muito diferentes. Enquanto os primeiros seguidores da religião procuravam um retorno à África, declaravam que seu único deus era Haile Selassie e que a Etiópia era o verdadeiro Sião (sinônimo de terra de Israel, ou terra prometida), hoje muitos dão mais importância a um retorno "espiritual". 

Segundo o autor da Enciclopédia Global das Religiões, Stephen Glazier, o movimento rastafári se converteu em parte a um estilo de vida, mais que uma religião, e as práticas também variam muito. Entre elas, se destacam o consumo ritual da maconha (ganja) e o reggae. Poucos anos após a coroação de Haile Selassie, a Etiópia se envolveu em uma guerra terrível. Em 1935, o líder italiano Benito Mussolini invadiu o país e Selassie partiu para o exílio. Ele ficou cinco anos fora do país e somente em 1941 foi restituído como imperador, com a ajuda da Grã-Bretanha. Em 21 de abril de 1966, ele finalmente visitou a Jamaica - e mesmo 36 anos depois de sua coroação, o entusiasmo dos rastafáris seguia intacto, com uma nova geração de adeptos que cultivavam a ideia de um êxodo para a o continente africano. 

Selassie foi tomado pela recepção eufórica, e não fez nada para dispersar crenças sobre sua suposta condição divina. Garvey já estava morto, e suas críticas a Selassie por deixar o país em tempos de guerra já haviam sido esquecidas na Jamaica. Mas no resto do mundo o julgamento sobre ele não foi unânime - embora Selassie quisesse projetar uma imagem de um imperador progressista, ele também enfrentou acusações de ser um ditador ganancioso. Entre a multidão que apareceu para honrar e receber seu "Redentor", estava a esposa de um músico jamaicano de 21 anos, que tinha acabado de formar uma banda chamada The Wailers.

Seu nome era Robert Nesta Marley.

Selassie doou 200 hectares de terra a membros do movimento rastafári para que se estabelecessem na África; a comunidade ainda existe

Bob Marley foi o rastafári mais influente da história.

Ele nunca se classificou como profeta, embora muitas suas canções fossem consideradas com um caráter profético, e também nunca foi um líder, embora os seguidores o tratassem como tal. Dois dos discos mais importantes da carreira de Marley - Catch a Fire, de 1973, e Natty Dread, de 1975, foram sucesso de vendas e estavam cheios de símbolos e motivos do rastafarianismo. Na época do lançamento de Rastaman Vibration, em 1976, havia rastafáris em quase todas as cidades britânicas e em muitas partes dos Estados Unidos. Jovens negros usavam o cabelo com os mesmos dreadlocks de Marley e vestiam roupas com as cores da bandeira etíope: verde, amarelo e vermelho. Enquanto seus pais eram na maioria cristãos, jovens negros em cidades como Londres começaram a ser atraídos por uma teologia diferente, que incorporava a crítica política. 

'Mentiras de Babilônia'

Enquanto isso, as coisas se complicavam para Selassie na Etiópia. Em 1973, uma forte crise de fome matou cerca de 200 mil etíopes.

Um ano depois, um grupo de militares do Exército com uma agenda marxista chamado Derg destronou o imperador após um golpe militar. Ele morreu em 1975, doente e encarcerado. Sua morte dele foi descrita por seus seguidores como uma "desaparição", já que eles se negavam a acreditar que Selassie havia morrido. E quando se falava sobre ele, a comunidade rastafári usava frequentemente a frase "mentiras de Babilônia". Muitos acreditavam que a estrutura dominada por brancos - chamada por eles de "Babilônia", havia espalhado uma mentira para tentar debilitar o crescente movimento rastafári. 

Outros simplesmente rechaçaram a notícia afirmando que Jah, o nome rastafári para Deus, havia apenas ocupado temporariamente o corpo de Selassie. A morte "corporal" do imperador era tida como um sinal de que Jah não era apenas um ser humano, mas também um ente espiritual. Uma terceira interpretação - e a mais aceita entre os rastafáris - se refere aos conceitos sobre a unidade essencial de toda a humanidade. Segundo esse princípio, ainda que habitemos corpos distintos, todos estamos unidos espiritualmente. Pode ser que Haile Selassie já tivesse partido, mas vê-lo como um único deus é uma interpretação errônea do significado do rastafári: seu espírito está em todos nós e não pode ser extinto. Segundo eles, desde que nascemos, somos todos corpos efêmeros, mas nossas almas seguem vivendo.

Você quer saber mais?

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-a-religiao-rastafari/

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao-fisica/religiao-de-bob-marley/50297

https://www.bbc.com/portuguese/geral-39596814 

 

domingo, 4 de outubro de 2020

VERCINGETÓRIX

 

V

ercingetórix (72 a.C. - 46 a.C.), chefe do povo dos Avernos, herói legendário da guerra dos Gauleses, foi, como seu nome em língua celta indica, "o grande rei dos guerreiros". Conseguiu reunir ao redor de si a maior parte dos povos que constituíam a Gália, até lá dividida entre diversos povos rivais, e dirigir durante dez meses a unidade da resistência contra as legiões de César, na  época o maior exército do mundo, submetendo César a uma derrota esmagadora na Gergóvia, antes de ser vencido em Alésia.

Quando César invade a Gália, em 58 a.C., o pai de Vercingetórix, Celtill, que preparava-se para assumir a liderança da Gália contra os romanos, foi assassinado pela aristocracia averna, que desconfiava que ele havia a intenção de tornar-se rei. Depois de sua morte, Vercingetórix serve o exército de César como aliado durante seis anos, antes de juntar-se novamente a seu povo no início da primeira rebelião gaulesa, em Cenabum (Orléans), em 52 a.C., um motim geral que conseguiu liderar.

Sua estratégia passa então a por evitar o conflito direto com as legiões de César e cansar o exército romano através de uma política da terra queimada. Mas quando César, derrotado na Gergóvia, decide atacar Narbona, os gauleses cometem o erro de atacar o exército romano em movimento perto de Dijon. Vercingetórix é obrigado a se retirar para Alésia onde, pego em uma armadilha, depois de dois meses de resistência joga suas armas aos pés de César. Ele morrerá seis anos mais tarde, estrangulado na prisão subterrânea de Tullianum, em Roma.

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domingo, 20 de setembro de 2020

Distributismo, o caminho do meio entre capitalismo e socialismo.

 


Significado do símbolo do Distributismo. Antes nascer São Domingos Gusmão (1170-1221), sua mãe, em sonho misterioso, viu um cão que trazia na boca uma tocha acesa, que irradiava luz sobre o mundo inteiro. Esse relato, presente na L.A. – a Legenda Áurea - e consagrado na historiografia de São Domingos, está relacionado com a etimologia do nome: uma denominação comum assumida pelos dominicanos era domini cane, os cães de Deus ou cães a serviço do Senhor.

Boa tarde, mentes ávidas do amanhã. Recentemente um amigo me falou, sobre um sistema político-econômico que seria uma via do meio entre socialismo e capitalismo. Fiz uma pequena pesquisa sobre o assunto, e trago agora para a apreciação dos amigos.

Leandro Claudir Pedroso

É uma teoria política e econômica inglesa que foi elaborada primeiramente pelo historiador francês Hilaire Belloc (1870-1953), sistematizado a teoria em seu livro The Servile State (1913). Sua principal característica é se opor ao capitalismo e o socialismo em defesa da propriedade privada e de uma autêntica concepção de liberdade, e uma visão conservadora do mundo O principal propagador das ideias distributistas foi o famoso escritor inglês Gilbert Keith Chesterton (1874-1936). Uma curiosidade importante, é que podemos encontrar na obra de John Ronald Reuel Tolkien muito das ideias de Chesterton e Hilaire na trilogia “O Senhor dos Anéis” aonde passa de forma sutil muitas ideias distributistas. A própria filha de Tolkien, Priscilla Anne Reuel Tolkien, afirma que seu pai era aprofundado nos trabalhos de Chesterton e Hilaire Belloc. 

Seria uma espécie de "terceira via" pois se opõem ao capitalismo e o socialismo. Considerando tanto um quanto o outro, faces de uma mesma moeda, pois ambos são concentradores de propriedade: o primeiro a concentra nas mãos de alguns poucos indivíduos, o segundo nas do Estado. Em 1926 surgiu a liga distributista, um movimento intelectual que visava fundamentar às bases das ideias da restauração da verdadeira propriedade privada, segundo pronunciou Chesterton no discurso inaugural. Sendo ele mesmo eleito o primeiro presidente da liga.

Belloc em seu livro The Servile State crítica o capitalismo por deixar os meios de produção limitados a uma pequena parcela da população, e a grande maioria da população no sistema capitalista é formada por proletários que constituí a característica da servidão capitalista e presença de uma legislação que defende direitos e privilégios aos que possuem meios de produção.

1-    Proletariado, servidão capitalista.

2-    Legislação que defende direitos e privilégios aos que possuem meios de produção.

No capitalismo os trabalhadores são obrigados a venderem sua mão de obra,  este comercio por mão de obra está presente em toda a vida do sujeito e de forma coercitiva, criando uma ideia de que todos que se opõem a está visão de mundo são vagabundos, chegando a coerção pelos poderes do Estado. Com salários baixíssimos os proletariados não conseguem tornar-se proprietários de meios de produção. Sendo assim, a mobilidade social no dito sistema, quase nula, muito semelhante ou em alguns aspectos iguais a da Idade Média.

Para Belloc a descentralização dos meios de produção é o caminho para libertar o proletariado, pois acabaria com a concentração dos meios de produção que são os responsáveis pela servidão do povo. Sendo então por raciocínio lógico a propriedade privada distribuída como único caminho para a liberdade. Sendo o povo proprietário de meios de produção, estes teriam protegidas suas liberdades individuais, protegendo-o da escravidão, servidão, coerção e opressão do Estado ou dos grandes proprietários.

Para o distributismo não existe liberdade ou democracia sem a distribuição da propriedade, pois um homem sem posses é um homem dependente e destituído de poder.

Gustavo Corção, um escritor chestertoniano, afirmava em seu livro "Três Alqueires e uma Vaca" (1961), que a ideia central é a da defesa da pequena propriedade e da pequena empresa contra o gigantismo, que já no seu tempo ameaçava a sociedade, e que no nosso tornou-se uma calamidade declarada. Afirmava o direito à posse, não como uma concessão, mas ousadamente, como outorgado por Deus; admitia o capital enquanto indispensável reserva, mas não admitia, de modo algum, o capitalismo, porque a principal característica desse regime a seu ver está na raridade e não na abundância do capital (...) o capitalismo é, de fato, contrário à ideia de posse. Considerando o capitalismo nas suas origens e causas, estudando o ambiente do liberalismo e apreciando o fenômeno de dissociação entre o conceito de posse e o de responsabilidade moral, concluímos que o capitalismo foi gerado por um desregramento da propriedade e da liberdade (...) a hipertrofia da ideia de posse tornou-se uma atrofia; a livre competição degenerou em privilégio. Se o direito de posse é um direito comum não pode ser um privilégio. Logo, o capitalismo como tal, de fato, é uma negação do direito à propriedade privada.


“...Se não restaurarmos a Instituição da Propriedade, não poderemos escapar de restaurar a Instituição da Escravidão.”

Hilaire Belloc

No distributismo encontramos proteção ao individuo e a comunidade, dando ao povo liberdade e responsabilidade por meio da difusão do direito a propriedade privada, mas baseada no pequeno negócio e não em grandes empresas e latifúndios, fundamentada na ideia que o artesanato é superior a produção em massa, e na descentralização do poder por meio de governos locais mais fortes em detrimento do um poder central.

Foi em 1893 que o então Papa Leão XIII articulou a relação entre propriedade e justiça no mundo moderno. O capitalismo se baseia em duas ideias: que o rico sempre será rico o bastante para empregar o pobre; e que o pobre sempre será pobre o bastante para querer ser empregado pelo rico. A paralisia dentro deste sistema é inevitável. Capitalismo é uma contradição.

Dale Ahlquist, presidente da American Chesterton Society, declara que a solução preferida de Chesterton é a de que a maioria dos negócios se torne pequenos negócios. Onde os amplos negócios fossem necessários, eles deveriam pertencer aos empregados, os quais deveriam ser direcionados por um guia, combinando as suas contribuições e dividindo os seus resultados. Ele acredita que pequenas lojas podem ser governadas – mesmo que sejam governadas por si mesmas. Ele acredita que pequenas lojas podem ser sustentadas – se as apoiarmos. Distributismo é democracia, baseada na propriedade. Democracia pode funcionar somente se a propriedade for expandida. Democracia significa autogoverno. Propriedade significa autossuporte. Numa sociedade Distributista, pessoas produzem e usam seus próprios bens, fazem as suas próprias leis e não são dependentes de estranhos.

Isso significa tomarmos extraordinário controle sobre as nossas próprias vidas; pararmos de ser escravos assalariados e consumistas; sermos justos, livres e esperançosos. “A finalidade do homem político”, diz Chesterton, “é a felicidade humana. Mas isso não significa que estamos obrigados a nos tornarmos ricos, ou atarefados, ou mais eficientes, ou mais produtivos, ou mais progressivos. Nós não estamos obrigados a ser qualquer dessas coisas se elas não nos fizerem mais felizes”.

Para você que acha isso muito utópico cito um trecho do trabalho presente no site da Distributist Review: Isso tudo não é muito utópico?

Não, o Distributismo é um sistema prático, que é validado por vários exemplos de empresas Distributistas em funcionamento; em pequena escala, existem milhares de empresas baseadas em casa e de posse dos seus trabalhadores, bancos de microcrédito, cooperativas de crédito, e companhias de seguros; em grande escala, há a corporação de cooperativas Mondragón, na Espanha, uma das mais bem sucedidas cooperativas na Europa, e a economia Distributista de Emilia-Romagna (Bologna), na Itália, onde mais de 45% do PIB vem de cooperativas, e que possui um padrão de vida que é o dobro do restante da Itália, e um dos maiores da Europa. As economias e companhias Distributistas têm uma vantagem competitiva inerente sobre suas contrapartes capitalistas e socialistas, assim como benefícios sociais e comunitários que o capitalismo e o socialismo não conseguem desenvolver.

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https://br.linkedin.com/in/construindohistoriahoje

The Servile State de Hilaire Belloc

http://ldataworks.com/aqr/H_Belloc_The_Servile_State.pdf

Sociedade Chesterton Brasil

https://www.sociedadechestertonbrasil.org/o-esboco-da-sanidade/

Distributist Review

https://distributistreview.com/

Rerum Novarum

http://www.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum.html

Doutrina Social da Igreja

http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html

https://web.archive.org/web/20070723062114/http://www.ciari.org/investigacao/dsi_e_democracia_crista_marca_jpII.pdf

Tradução para português do livro The Servile State

http://angueth.blogspot.com/2010/03/o-estado-servil.html

https://medium.com/sociedade-chesterton-brasil/o-m%C3%ADnimo-que-voc%C3%AA-precisa-saber-sobre-distributismo-77129312004a