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terça-feira, 23 de novembro de 2010

O homem de Neandertal pensava como nós? Parte II.

O arqueólogo João Zilhão defende a tese de que nossos parentes, de reputação intelectual duvidosa, compartilhavam as mesmas aptidões cognitivas

Por João Zilhão

[continuação]


Então, em 1995, pesquisadores determinaram que os restos humanos encontrados nos níveis chatelperronianos em outro sítio francês, a gruta de Renne, em Arcy-sur-Cure, também pertenciam ao homem de Neandertal.

Para reconciliar essas descobertas com a ideia de que apenas o homem moderno foi capaz de práticas tão avançadas, alguns pesquisadores propuseram que artefatos de depósitos do homem moderno em camadas superiores mais recentes, de algum modo, se misturaram com os depósitos do homem de Neandertal. Outros argumentaram que ele simplesmente copiou o homem moderno, seu contemporâneo, ou obteve os objetos deste por meio de escambo ou do comércio, mas não os entendia realmente e nunca os integrou em sua cultura da mesma forma que o homem moderno. Essa controvérsia jamais foi totalmente resolvida de maneira satisfatória para todos os implicados; e é aí que entram nossas novas descobertas da Espanha.

SA: O que exatamente vocês encontraram e de que maneira?

JZ: O material se origina de dois sítios. Um deles é uma caverna no sudeste da Espanha, chamada Cueva de los Aviones, escavada em 1985 por Ricardo Montes-Bernárdez, da Fundação de Estados Murcianos Marquês de Corvera. Em seus relatórios, Montes- Bernárdez mencionou ter encontrado três conhas de mariscos perfuradas nos depósitos, mas ninguém prestou atenção na época. Alguns anos mais tarde, após ter lido sobre as conchas em seus artigos, fui ao museu que abrigava os materiais coletados por ele e pedi para vê-los. Imediatamente eles me impressionaram e pareceram de grande importância, já que essas conchas, quando descobertas em depósitos arqueológicos, são basicamente consideradas pingentes. No entanto, não sabíamos a idade do material, então a primeira coisa a ser feita foi selecionar amostras para datação por radiocarbono. As datas encontradas foram de 48 mil a 50 mil anos atrás.

Como as conchas da coleção jamais tinham sido lavadas, verifi quei se existiam outros espécimes dignos de nota. Descobriu-se que uma das conchas era de uma ostra mediterrânea, cuja limpeza revelou uma mancha que pensei que poderia ser resíduo de pigmento. A análise da substância identifi cou uma mistura do pigmento vermelho, denominado lepidocrocita, e pedaços bem triturados de hematita vermelha- escura e preta e de pirita, que acrescentaria mais brilho. Eu e meus colegas também encontramos um osso de cavalo afi lado naturalmente que tinha pigmento avermelhado na ponta. E achamos pedaços de pigmento amarelo e vermelho, inclusive um grande depósito de um mineral chamado natrojarosita, cujas quantidades e pureza indicavam ter sido armazenado em uma bolsa que acabou por se deteriorar, restando apenas o mineral.

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O homem de Neandertal pensava como nós? Parte I.

O arqueólogo João Zilhão defende a tese de que nossos parentes, de reputação intelectual duvidosa, compartilhavam as mesmas aptidões cognitivas

Por João Zilhão

Há duas décadas, o arqueólogo português João Zilhão, da University of Bristol, na Inglaterra, estuda nosso primo mais próximo, o homem de Neandertal, que ocupou a Eurásia por mais de 200 mil anos antes de desaparecer misteriosamente há cerca de 28 mil anos. Especialistas da área debatem há tempos eventuais semelhanças entre a cognição do homem de Neandertal e a nossa. Em posição central nessa controvérsia estão alguns sítios neandertais contendo restos culturais indicativos do uso de símbolos – inclusive jóias – que são um elemento determinante do comportamento humano moderno. Zilhão e outros argumentam que o homem de Neandertal inventou sozinho essas tradições simbólicas, antes de os seres humanos ditos modernos, do ponto de vista anatômico, terem chegado à Europa, há cerca de 40 mil anos. Os críticos, por outro lado, acreditam que esses objetos tiveram sua origem entre os modernos.

No entanto, em artigo publicado em janeiro na Proceedings of the National Academy of Sciences, nos Estados Unidos, Zilhão e seus colegas relataram descobertas que poderiam encerrar a polêmica: conchas marinhas manchadas de pigmentos, de dois sítios na Espanha datados de quase 50 mil anos atrás – 10 mil anos antes de os homens ditos modernos do ponto de vista anatômico terem se dirigido à Europa. Recentemente, Zilhão discutiu as implicações das novas descobertas de sua equipe com a editora Kate Wong, da Scientific American. Segue uma versão editada dessa conversa.

SCIENTIFIC AMERICAN: Paleoantropólogos debatem o comportamento dos homens de Neandertal há décadas. Por que todo esse alvoroço agora?

JOÃO ZILHÃO: O debate dos últimos 25 anos decorre da teoria pela qual os homens com anatomia moderna se originaram, como uma nova espécie, na África e depois se espalharam a partir dali, substituindo os homens primitivos como os de Neandertal. Aliado a essa noção, havia o princípio de que as espécies são defi nidas tanto por sua anatomia quanto pelo comportamento. Dessa forma, os homens de Neandertal, por não terem uma anatomia moderna, não poderiam, por defi nição, ser moderno em seu comportamento.

Porém, havia problemas com esse modelo. Em 1979, arqueólogos que trabalhavam no sítio em St. Césaire, na França, encontraram um esqueleto neandertal em uma camada que continha resquícios culturais produzidos segundo a assim chamada tradição chatelperroniana. Na época, os especialistas acreditavam que os artefatos chatelperronianos – ornamentos corporais e ferramentas sofi sticadas de osso, entre outros elementos – teriam sido produzidos por homens modernos. Mas, em vez disso, estabeleceu-se que as descobertas de St. Césaire tinham conexão com o homem de Neandertal.

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Quando o Mar Salvou a Humanidade.

Pouco após o aparecimento do Homo sapiens, duras condições climáticas quase extinguiram a nossa espécie. Descobertas recentes sugerem que a pequena população que deu origem a todos os seres humanos vivos hoje sobreviveu explorando uma combinação única de recursos ao longo do litoral sul da África

ALTO E SECO _Para encontrar sítios arqueológicos que datam do estágio glacial 6 foi necessário procurar abrigos que estivessem bastante próximos do mar para permitir o acesso relativamente fácil aos mariscos; embora elevados o suficiente para que seus restos antigos não tivessem sido levados pelas águas quando o nível do mar subiu há 123 mil anos. A PP13B e outras cavernas esculpidas na falésia de um promontório denominado Pinnacle Point atendem a essas exigências e produziram uma grande quantidade de vestígios que datam desse momento crítico da pré-história humana.

Por CURTIS W. MAREAN

COM A POPULAÇÃO MUNDIAL em torno de 7 bilhões, é difícil imaginar que o Homo sapiens já foi uma espécie em extinção. Mas, estudos de DNA de uma amostragem da população atual indicam que, no passado, nossos ancestrais sofreram um drástico declínio populacional. Embora os cientistas não tenham um cronograma preciso da origem e da quase extinção de nossa espécie, a partir de registros fósseis podemos supor que os nossos antepassados surgiram em toda a África pouco antes de 195 mil anos atrás. Naquela época, com clima ameno e comida abundante, a vida era fácil. Mas pouco depois disso, a vida começou a mudar. Já por volta de 195 mil anos atrás, as condições se deterioraram. O planeta entrou em uma longa fase glacial conhecida como Estágio Isotópico Marinho 6, que se estendeu até cerca de 123 mil anos atrás.

Não existe um registro detalhado das condições ambientais na África durante o estágio glacial 6, mas com base nas fases glaciais mais recentes e mais conhecidas os climatologistas supõem que foram quase certamente frias e áridas, e seus desertos eram provavelmente muito mais extensos que os atuais. Grande parte da massa terrestre teria sido inabitável. Enquanto o planeta estava sob esse regime de gelo, o número de pessoas caiu perigosamente: de mais de 10 mil indivíduos reprodutores para apenas algumas centenas. Estimativas de exatamente quando ocorreu esse gargalo populacional e sobre o reduzido tamanho dessa população variam entre os estudos genéticos, mas todos indicam que os seres humanos vivos hoje são descendentes de uma pequena população que habitou uma região da África durante essa fase de resfriamento global.

Comecei minha carreira como arqueólogo trabalhando na África oriental, estudando a origem dos seres humanos modernos. Mas meu interesse começou a mudar quando soube do gargalo populacional que os geneticistas começaram a mencionar no início da década de 90. Hoje os seres humanos exibem baixa diversidade genética em relação a muitas outras espécies, com população mais reduzida e áreas geográficas menos variadas, fenômeno que seria mais bem explicado pela ocorrência de um acidente populacional no início da existência do H. sapiens. Eu me perguntava: onde os nossos antepassados teriam conseguido sobreviver durante a catástrofe climática? Apenas poucas regiões poderiam ter tido os recursos naturais para apoiar os caçadores-coletores. Os paleoantropólogos discutem, de forma acalorada, sobre qual dessas áreas teria sido ideal. A costa sul da África, rica em mariscos e plantas comestíveis durante o ano todo, pareceu-me ter sido um refúgio especialmente bom em tempos difíceis. Assim, em 1991 decidi ir para lá e buscar os sítios com vestígios datados do estágio glacial 6.

Minha pesquisa dentro dessa área costeira não foi ao acaso. Eu tinha de encontrar um abrigo perto o suficiente da antiga costa com fácil acesso aos mariscos e alto o suficiente para que os depósitos arqueológicos não tivessem sido levados pelo mar 123 mil anos atrás, quando o clima aqueceu, e os níveis do mar se elevaram. Em 1999, meu colega sul-africano Peter Nilssen e eu decidimos investigar algumas cavernas que ele havia localizado em um local denominado Pinnacle Point, promontório que se projeta para o oceano Índico, perto da cidade Mossel Bay. Descendo a face íngreme do penhasco, deparamos com uma caverna que parecia particularmente promissora – conhecida simplesmente como PP13B. A erosão dos depósitos sedimentares situados perto da entrada da caverna expôs camadas claras de restos arqueológicos, incluindo lareiras e ferramentas de pedra. Melhor ainda, uma duna de areia e uma camada de estalagmite encobriam esses vestígios de atividade humana, sugerindo serem bem antigos. Ao que tudo indica, tiramos a sorte grande. No ano seguinte, depois de um criador de avestruz local ter nos construído uma escada de madeira de 180 degraus para permitir acesso mais seguro ao sítio, começamos a escavar.

Desde então, o trabalho da minha equipe na área PP13B e em outros locais das proximidades recuperou um registro notável de ações empreendidas pelos povos que habitaram essa região entre aproximadamente 164 mil e 35 mil anos atrás; portanto, durante o gargalo e após a população começar a se recuperar. Os depósitos nessas cavernas, combinados com análises do ambiente antigo de lá, permitiram chegar a uma explicação plausível de como os moradores préhistóricos de Pinnacle Point conseguiram sobreviver durante uma crise climática sombria. Os restos também desmistificam a ideia estável de que a modernidade cognitiva evoluiu muito depois da anatômica: evidências de sofisticação de comportamento são abundantes até mesmo nos níveis arqueológicos mais antigos na PP13B. Sem dúvida, esse intelecto avançado contribuiu significativamente para a sobrevivência da espécie, permitindo que os nossos ancestrais tirassem proveito dos recursos disponíveis na costa.

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Crocodilos Brasileiros da Era dos Dinossauros

Fósseis do interior de São Paulo e de Minas mostram que, há mais de 65 milhões de anos, parentes dos jacarés atuais eram caçadores terrestres e até comiam insetos

Por Felipe Mesquita de Vasconcellos, Ismar de Souza Carvalho, Reinaldo José Lopes e Thiago da Silva Marinho

CROCODILOS, JACARÉS, ALIGATORES E GAVIAIS não são exatamente o grupo mais diversificado de vertebrados atuais. É verdade que ainda existem 23 espécies desses animais, espalhadas por todos os continentes, com exceção da Antártida, mas um observador casual provavelmente não erraria muito se afirmasse que quem viu uma delas conheceu todas. Afinal, esses animais são, sem exceção, adaptados à vida semiaquática, ganhando seu sustento como predadores de emboscada. Os fósseis, no entanto, mostram que esse estilo de vida não tem nada de inevitável para esse grupo de animais. No passado remoto, os crocodiliformes, como são conhecidos coletivamente, podiam ocupar nichos ecológicos quase inimagináveis para quem vê as formas modernas do grupo no Pantanal, no Brasil, ou nos grandes rios africanos.

Esqueletos encontrados em camadas de rocha nos estados de São Paulo e Minas Gerais estão ajudando a contar essa história surpreendente. Em alguns casos, vários indivíduos da mesma espécie foram preservados, praticamente intactos, de forma que é possível estudar não apenas sua morfologia como fazer inferências sobre o comportamento dos animais e as razões que os levaram à morte.

O quadro pintado por esses restos deixa claro que muitos eram caçadores terrestres, corredores de patas esguias e eretas – mais próximos de um lobo-guará que de um jacaré moderno, por assim dizer. Outros, de porte mais modesto, teriam se adaptado ao consumo de insetos e até plantas, enquanto os que hoje nos pareceriam mais estranhos ostentavam uma armadura de placas semelhante à de um tatu. E todos tinham suas garras firmemente plantadas em terra firme, no imenso semideserto que cobria o interior do Brasil no período Cretáceo, há mais de 65 milhões de anos, antes da extinção em massa que eliminou os dinossauros.

A intensificação das coletas de fósseis feitas por nós e outros colegas brasileiros e o uso de novas tecnologias, como a tomografia computadorizada e as animações em 3D, estão ajudando a reconstruir essas criaturas com um grau de detalhamento e precisão sem precedentes.

Estamos acostumados a chamar os crocodiliformes modernos de “répteis”, embora haja uma enorme distância de parentesco entre eles e outras criaturas que recebem essa denominação popular, como serpentes, lagartos e tartarugas. O mais correto, do ponto de vista evolutivo, é classificá-los dentro de um subgrupo de vertebrados terrestres cujo único outro ramo ainda vivo é o das aves.

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Entenda a crise entre as duas Coreias.

O que motivou a troca de disparos?

Ainda não se sabe o que provocou os disparos de artilharia, mas a área da fronteira marítima entre as duas Coreias já foi palco de diversos embates no passado.

Antes do ataque, a Coreia do Norte havia protestado contra exercícios militares sul-coreanos que estavam sendo realizados na ilha de Yeonpyeong, onde agora vários prédios foram atingidos pela artilharia norte-coreana.

Como fica a situação entre os dois países depois do incidente?

Analistas dizem que qualquer reaproximação significativa entre Coreia do Sul e do Norte parece improvável no futuro próximo.

Antes da troca de disparos, havia sinais de que o governo norte-coreano tinha a intenção de se reconciliar com o vizinho do sul. O país havia oferecido retomar o reencontro de famílias divididas, além de indicar que queria retomar negociações na área militar.

Já a Coreia do Sul mandou arroz para a Coreia do Norte pela primeira vez em dois anos, para ajudar a população atingida por inundações.

Mas não houve mais nenhum avanço significativo nas relações entre os dois países. As negociações internacionais sobre o programa nuclear da Coreia do Norte continuam paradas, e a revelação no último fim de semana de que o país teria novas instalações para o enriquecimento de urânio tornou a retomada das conversas ainda menos provável.

Houve alguma razão para que a tensão entre as duas Coréias voltasse a aumentar?

Uma disputa sem resolução sobre o afundamento de um navio de guerra sul coreano neste ano deixou a relação entre os vizinhos - que permanecem tecnicamente em guerra - na pior situação em muitos anos.

Na noite do dia 26 de março de 2010, o Cheonan, um navio de guerra sul-coreano, estava deixando a ilha Baengnyeong perto da fronteira marítima entre as duas Coreias no Mar Amarelo.

Uma explosão partiu o navio em dois e ele afundou. 58 marinheiros conseguiram escapar, mas 46 foram mortos.

Investigadores cogitaram que uma mina dos tempos da Guerra da Coreia pudesse ser responsável pelo incidente ou que a explosão tivesse sido causada por algum defeito no navio, mas acabaram concluindo que foi um torpedo disparado por um submarino norte-coreano que afundou a embarcação. Eles dizem ter encontrado parte do torpedo no fundo do mar com uma inscrição atribuída à Coreia do Norte.

Qual é a posição da Coreia do Norte sobre o assunto?

A Coreia do Norte nega qualquer envolvimento no episódio. O país rechaçou a conclusão dos investigadores e pediu para conduzir sua própria investigação, o que foi negado por Seul.

As possíveis razões para o ataque não foram esclarecidas, mas uma das teorias indica que o ataque poderia ter sido uma forma de Kim Jong-il conseguir o apoio do exército no momento em que ele prepara seu filho para sucedê-lo. Outras possibilidades colocam o ataque como uma ação unilateral do Exército ou ainda uma tentativa de forçar Seul a retomar antigas políticas comerciais e de auxílio ao vizinho do Norte.

Qual foi a reação internacional ao incidente com o navio?

Desde o início, Estados Unidos e Japão expressaram apoio a Seul e à declaração do Conselho de Segurança da ONU condenando a Coreia do Norte.

Após a declaração, os americanos começaram a realizar uma série de exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul no Mar do Japão. Autoridades militares dos Estados Unidos dizem que os exercícios foram planejados como uma demonstração de força à Coreia do Norte. O Japão também mandou militares para observar, o que indica um suposto apoio ao treinamento.

Os Estados Unidos também anunciaram sanções bilaterais, direcionadas ao comércio de armas e à importação de bens de luxo por Pyongyang.

Mas a China, o maior parceiro comercial e aliado da Coreia do Norte, tem constantemente pedido moderação. Pequim tem evitado tomar medidas duras contra a Coreia do Norte, por querer impedir que o regime do país vizinho entre em colapso, levando a uma perigosa instabilidade e a uma onda de refugiados cruzando a fronteira.

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Coreias trocam acusações sobre novo incidente na fronteira .

As Coreias do Norte e do Sul trocaram nesta terça-feira acusações sobre quem iniciou um dos mais graves incidentes entre os dois países desde a Guerra da Coreia nos anos 50.

Em uma troca de disparos de artilharia que durou cerca de uma hora, a Ilha sul-coreana de Yeonpyeong foi atingida e dois soldados morreram, enquanto cerca de 50 pessoas, tanto civis como militares, ficaram feridas.

Seul disse que os disparos do Norte começaram a atingir a ilha, próxima à disputada fronteira marítima entre os dois países, na tarde desta terça-feira (hora local, madrugada no Brasil) e suas forças armadas estão trabalhando no nível de alerta mais alto fora de um período de guerra.

Imagens de televisão mostraram colunas de fumaça saindo de Yeonpyeong, e todos os 1,6 mil moradores teriam sido conduzidos a abrigos, segundo a agência de notícias Yonhap.

O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, avisou que seu país vai "retaliar severamente contra qualquer nova provocação".

"O ataque da Coreia do Norte contra a Ilha de Yenpyeong constitui uma clara provocação armada. Além disso, seu impiedoso ataque a alvos civis é imperdoável", disse a declaração divulgada por seu gabinete.

Mas as autoridades militares da Coreia do Norte dizem não ter sido os primeiros a disparar.

"O inimigo sul-coreano, apesar de nossos repetidos alertas, cometeu diversas provocações militares incautas disparando tiros de artilharia contra nosso território marítimo próximo à Ilha de Yeonpyeong a partir das 13h locais (2h no horário de Brasília)", disse à agência de notícias estatal norte-coreana KCNA o comando militar do país.

A Coreia do Norte "vai continuar a realizar ataques militares impiedosos sem hesitação se o inimigo sul-coreano ousar invadir 0,001 milímetro de nosso território", alertou, sem informar se houve feridos ou mortos do lado norte-coreano.

Tensão

A troca de disparos acontece em um momento de crescente tensão regional, já que no sábado a Coreia do Norte revelou o que seria uma nova usina de enriquecimento de urânio, dando ao país mais um caminho para a possível fabricação de uma bomba nuclear.

Após o incidente, o representante dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, Stephen Bosworth, anunciou que não vai retomar as negociações do chamado Grupo dos Seis (Estados Unidos, Japão, China, Rússia e as duas Coreias) sobre o programa nuclear de Pyongyang.

A Rússia pediu calma depois do incidente, enquanto um porta-voz do Ministério do Exterior chinês disse que as duas Coreias deveriam "fazer mais para contribuir para a paz".

"O mais importante agora é retomar as negociações do Grupo dos Seis o quanto antes", disse Hong Lei.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, disse ter ordenado que seus ministros se preparem para qualquer eventualidade.

"Eu ordenei que eles se organizem para que possamos reagir firmemente, caso algum evento inesperado ocorra", disse ele após uma reunião de gabinete de emergência em Tóquio.

A Casa Branca condenou o ataque firmemente e pediu que a Coreia do Norte suspenda sua "ação beligerante".

O impacto da troca de disparos está chegando ao mercando financeiro, com as moedas coreana e japonesa sofrendo desvalorização.

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As 25 Mulheres mais poderosas do século passado.

Indira Gandhi (1917-1984)

Ela era filha da nação, criada sob o olhar atento de ambos, seu pai Jawaharlal Nehru, que foi o primeiro primeiro-ministro da Índia, após décadas de domínio britânico, em seu país. Quando Indira Gandhi (nenhuma relação com Mohandas Karamchand Gandhi) foi eleita primeiro-ministro em 1966, uma linha de cobrir o tempo de leitura, "A Índia estava sob as mãos de uma mulher." Essas mãos firmes passaram a orientar a Índia, não sem polêmica, pois grande parte das próximas duas décadas, através de recessão, a fome, a detonação da primeira bomba da atômica da nação, um escândalo de corrupção e de uma guerra civil no vizinho Paquistão, que, sob sua orientação, levou à criação de um novo estado, Bangladesh. No momento em que ela foi assassinada, em 1984, Gandhi foi a primeiro-ministro mulher que ficou mais tempo no cargo em todo o mundo, recorde que se mantém até os dias de hoje.

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Líder Feminina


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O Integralismo e o Palácio do Catete

Palácio do Catete

Autor: Jorge Figueira*


A História do Palácio do Catete, localizado na Rua do Catete, n.153, está ligada diretamente à História da política brasileira. Mais do que um majestoso edifício, muitos dos principais acontecimentos do país aconteceram neste local. O Palácio é uma espécie de personagem silencioso sempre testemunhando a nossa história, desde os tempos do Império.


O primeiro morador foi o português Antonio Clemente Pinto Barão de Nova Friburgo. Em 1858 adquiriu uma casa na Rua do Catete, que demoliu, e adquiriu um terreno na rua do Príncipe, atual rua Silveira Martins, que na época chegava até a Praia do Flamengo, pretendia com sua obra demonstrar seu sucesso econômico. Em 1860 as obras do jardim foram ampliadas com a compra de novos terrenos ao lado do que já existia.

Após a morte do proprietário do imóvel e de sua esposa, o palácio foi herdado pelos filhos que, alguns anos depois, venderam o imóvel a uma companhia hoteleira. Hipotecado, o imóvel passou a União em 1896.


O Palácio do Catete foi sinônimo de poder e luxo entre 1897 e 1960 antes que Brasília fosse inaugurada.
Dezesseis presidentes passaram por ele o ultimo presidente a ocupá-lo foi o Presidente Juscelino Kubitschek que o transformou em um museu. Dos mais dramáticos fatos históricos que ocorreram no palácio destaca-se o suicídio de Getulio Vargas em seu quarto em 1954.

O levante do 11 de maio de 1938, amplamente conhecido pelos Integralistas como uma tentativa de diversos grupos civis de retirar o Ditador Vargas do poder, após a decretação do Estado Novo (1937) esteve indiretamente ligado com o Palácio do Catete.


Durante a invasão do Palácio da Guanabara, localizado próximo ao Palácio do Catete, todos os telefones regulares foram cortados, porém era de desconhecimento dos Integralistas que o governo contava com uma rede telefônica oficial, baseada no PBX, instalada no Palácio do Catete, que através de um telefonista, fazia a interligação dos palácios, dos quartéis, da Chefatura de Policia e das casas dos Ministros.


Foi através deste telefone que, o ministro Dutra, saiu de casa sem ser visto e reuniu alguns homens, que enfrentaram os integralistas que cercavam o Guanabara. Vale ressaltar que neste primeiro combate Dutra foi alvejado por um tiro, sem gravidade, fugindo do local.

Ainda durante o confronto do Palácio da Guanabara, caso tivesse sido bem sucedido, teria como desfecho a retirada de Getulio Vargas, vivo, do Palácio da Guanabara, para o Palácio do Catete, aonde nos anos 30 havia um embarcadouro atrás do Palácio. Após sua chegada os Integralistas presentes da marinha já teriam posicionado o Cruzador Bahia onde Getulio Vargas ficaria aquartelado.


Infelizmente, os reforços prometidos por Severo Fournier, representante dos aliados liberais não apareceram. E, após horas de enfrentamento, os integralistas tentaram furar o cerco ao qual por sua vez estavam submetidos. Os integralistas capturados foram perfilados e fuzilados sumariamente por ordens de Benjamim Vargas. Apenas um sobreviveu, fingindo-se de morto, para contar a história que ainda é encoberta pela historiografia brasileira.


Fazemos assim, neste lugar de preservação da memória histórica de nosso país, uma homenagem, aos Integralistas que tombaram em 11 de maio de 1938 em defesa da democracia.


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domingo, 21 de novembro de 2010

Líder da Revolta da Chibata afirma “ter participado da Ação Integralista Brasileira (1932-1937)”

Líder da Revolta da Chibata afirma “ter participado da Ação Integralista Brasileira (1932-1937)” em depoimento presente no Museu da Imagem do Som – MIS, no Rio de Janeiro.

Imagem do Jornal do Brasil relatando a Revolta da Chibata ocorrida no Rio de Janeiro em 1910. Imagem: Acervo CPDocJB
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Autor: Jorge Figueira*


No dia 28 de março de 1968, através do ciclo de História Contemporânea do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, foi registrado um depoimento de João Candido, líder da Revolta da Chibata, com o objetivo de resgatar a memória histórica do líder negro salvando-o da extinção e o consagrando como uma das principais fontes de informação sobre o assunto.

Participaram da entrevista o historiador Helio Silva, a jornalista Dulce Alves, o superintendente, Sergio Junqueira e o diretor executivo do museu Ricardo Cravo Albim, além do filho caçula de João Candido.

A entrevista que deveria ocorrer de forma organizada, se transformou em um verdadeiro interrogatório promovido pelo historiador Helio Silva, (figura critica da Ação Integralista Brasileira). As perguntas foram feitas de forma anacrônica, em diversos momentos foram interrompidas por outras perguntas causando confusão deixando perguntas (algumas relevantes) sem respostas. Até os dias de hoje, nenhum pesquisador veio a publico criticar a forma em que foi administrada esta entrevista.
Algo, porém surpreendeu o pesquisador Helio Silva durante a entrevista: a afirmação emblemática do líder negro João Candido que pertenceu às fileiras da Ação Integralista Brasileira – AIB e que até hoje se considera Integralista, demonstrando que as afirmações feitas pelo próprio Helio Silva em seus trabalhos sobre Integralismo, onde afirma que o Integralismo é racista e autoritário não condizem com a verdade, uma vez que a presença do principal integrante da Revolta da Chibata é negro e defensor da democracia.
Em 1933, João Candido, ingressou na Ação Integralista Brasileira, tornando-se um dos principais lideres do movimento no Rio de Janeiro. Em julho de 1937, passou a fazer parte da Câmara dos Quatrocentos, importante órgão da AIB que congregava diversas personalidades do movimento, demonstrando desta forma o caráter democrático e diferenciado de outros movimentos políticos brasileiros da sua época.

Aos que desejarem ter acesso ao depoimento na integra, poderão se encaminhar ao MIS-RJ, localizado na Praça Luiz Souza Dantas (antiga Praça Rui Barbosa), 01, Praça XV, Rio de Janeiro.

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Rússia cooperará com escudo antimísseis, diz Otan.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou neste sábado que a Rússia concordou em cooperar com o sistema de defesa antimísseis da aliança.

O secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, disse na cúpula do grupo, em Lisboa, que os dois lados concordaram em assinar um documento dizendo que não representavam mais uma ameaça um ao outro.

Segundo Rasmussen, é a primeira vez que os dois lados cooperarão para se defenderem. Integrada por Estados Unidos, Canadá e por grande parte dos países europeus, a Otan rivalizou com a aliança militar liderada pela União Soviética durante a Guerra Fria (1945-1991).

Presente ao encontro, o presidente russo, Dmitry Medvedev, disse que “um período de relações muito tensas e difíceis foi superado”. A cúpula da Otan foi a primeira com presença russa desde a guerra da Rússia contra a Geórgia, há dois anos.

Segundo o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Otan e a Rússia “transformaram uma antiga fonte de tensão numa fonte de cooperação”.

Em discurso, Obama voltou a pedir ao Senado americano que aprove um tratado, negociado com a Rússia, que prevê a redução de estoques nucleares dos dois países e inspeções mútuas.

Escudo antimísseis

Na cúpula, membros da Otan já haviam concordado em desenvolver um programa conjunto de defesa contra ataques de mísseis balísticos em seus territórios.

O sistema visa alertar os países membros sobre ataques de mísseis para que possam ser interceptados.

Rasmussem disse ter pedido à Rússia que cooperasse com o programa e ter ficado “muito satisfeito que Medvedev tenha aceitado a oferta”.

Ele classificou o acordo de “uma verdadeira reviravolta”.

O sistema deverá entrar em vigor até 2020 e terá custo previsto de 1 bilhão de euros (R$ 2,34 bilhões).

Segundo uma fonte da área técnica da aliança, deverão ser integrados vários sistemas que estão sendo montados pelos membros da aliança.

O anúncio de cooperação ocorre após Barack Obama suspender, neste ano, planos de seu antecessor, George W. Bush, de construir um escudo antimísseis que teria bases na Polônia e na República Tcheca.

Moscou considerava o plano americano uma ameaça à soberania russa.

Troca de informações

Segundo o secretário-geral da Otan, russos e membros a aliança trocarão informações sobre ameaças ao território europeu provenientes do céu e poderão eventualmente cooperar para derrubar algum míssel.

Apesar do acordo, o presidente russo disse que muitos detalhes do escudo ainda eram incertos e que o esquema “só será pacífico quando for universal”.

Rasmussem afirmou também que a Rússia concordou em permitir a passagem por seu território de mais suprimentos para as tropas da Otan no Afeganistão.

Ele disse que também haverá cooperação com Moscou em áreas como terrorismo, armas de destuição em massa, pirataria e narcotráfico.

*Com reportagem de Jair Rattner, de Lisboa para a BBC Brasil

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