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sábado, 6 de julho de 2013

Sociopatas/Psicopatas. Eles estão entre nós? Parte V.


Um sociopata da infância a idade adulta, acompanhe a história de Skip. Imagem: Arquivo CHH.

*Skip é baseado em um personagem real, mas seu nome e imagens não relata o personagem verdadeiro.

“Skip concluíra que, no mundo dos negócios, poderia facilmente dominar o jogo e divertir-se usando seu talento inato e sua capacidade de encantar as pessoas e levá-las a fazer o que ele queria se tornou bem mais refinada.”

Chegamos à última postagem da sequência de 5. Nos três primeiros textos abordamos da sociopatia/psicopatia, suas características, se há ou não distinções entre elas, o modus operandi dos psicopatas e diversos meios de manipulação utilizados pelos mesmos para “caçar” suas vitimas. Desmistificamos a criação hollywoodiana do psicopata assassino para o psicopata assassino social, aonde mesmo que 90% dos psicopatas nunca matem ninguém, eles vivem a destruir sonhos e vidas das mais diversas formas imaginais. Em nossos estudos vimos que não existe uma profissão, religião, etnia, pois eles somam 4% da população total, mas mesmo diante de parecer ser um percentual pequeno perto dos 94% de humanos que são conscientes e possuem empatia pelos seus semelhantes, os psicopatas fazem um estrago imenso para toda a humanidade, principalmente se ocupam cargos de liderança. Como anunciado na postagem anterior estudaremos agora a história da vida de Skip, uma criança brilhante e bonita como repetiam seus pais e amigos deles e até seus professores, mas o que não sabiam é que Skip não era como o restantes das pessoas, Skip não possuía consciência, era desprovido de empatia e capaz de tudo para conseguir seus intentos e é o que veremos que fez tanto na infância como em sua vida adulta.

A família de Skip tinha um chalé ás margens de um lago nas colinas da Virgínia, onde Skip passou todos os verões de sua infância. Ele aguardava ansiosamente as férias na Virgínia. Não havia muito que fazer por lá, mas a atividade que inventara era tão “divertida” que compensava a falta de animação geral.  Mesmo sendo brilhante ninguém entendia o porquê das notas baixas ou por que, chegada essa fase, demonstrava tão pouco interesse pelas meninas. O que eles não sabiam é que desde os 11 anos Skip saia com meninas mais velhas, dispostas a ceder aos elogios e ao sorriso charmoso de Skip. Quanto as notas, Skip era mesmo bastante inteligente – poderia só tirar 10 -, mas para tirar 5 não era preciso fazer esforço algum, então se contentava com isso. De vez em quando, até conseguia um 7, o que o deixava surpreso, visto que nunca estudava. Os professores gostavam dele. Pareciam quase tão vulneráveis a seus sorrisos e elogios quanto às meninas, e todos estavam convencidos de que o jovem Skip faria o ensino médio num bom colégio – e depois entraria para uma faculdade decente, apesar de suas notas. Os pais tinham muito dinheiro, eram milionários, como diziam as outras crianças. Em várias ocasiões quando tinha cerca de 12 anos, Skip se sentou à escrivaninha que os pais haviam comprado para ele num antiquário para tentar calcular quanto dinheiro herdaria quando eles morressem. Baseava esses cálculos em alguns demonstrativos financeiros roubados do escritório do pai. Os papéis eram confusos e incompletos, mas, mesmo não conseguindo chegar a um valor exato, Skip não tinha dúvida de que um dia seria muito rico.

Ainda assim, ele tinha um problema. Passava a maior parte do tempo entediado. Nenhuma das coisas que o entretinham – nem mesmo sair com as garotas, enganar os professores ou pensar no seu dinheiro – o satisfazia por mais de meia hora. A fortuna da família era o entretenimento mais promissor, porém ainda não estava sob o seu controle – afinal, ele era uma criança. Não, a única coisa capaz de aliviar seu tédio era a diversão que o esperava na Virgínia. As férias eram época boa. No primeiro verão, aos 8 anos, ele simplesmente retalhou os sapos com uma tesoura, por falta de outro método. Descobrira que podia pegar uma rede na cabana de pescaria e capturar facilmente os sapos nas margens lamacentas do lago. Segurava os animais de barriga para cima, cortava-os e depois tornava a virá-los para observar aqueles olhos viscosos e burros se apagarem enquanto os animais sangravam até morrer. Em seguida atirava os corpos no lago, o mais longe possível, gritando para os sapos mortos: “Bem feito para você, seu sapo idiota!” Havia muitos sapos naquele lago. Skip podia passar horas a fio os matando e ainda assim sobravam centenas e mais centenas para o dia seguinte. No entanto, ao final daquele primeiro verão, o garoto decidiu que poderia fazer melhor. Estava cansado de retalhar os animais. Seria incrível mandá-los pelos ares, arrumar alguma coisa para explodi-los. Então bolou um plano realmente bom. Na cidade onde morava, conhecia alguns garotos mais velhos e sabia que um deles costumava viajar coma família para a Carolina do Sul todo mês de abril, nas férias de primavera. Skip ouvira dizer que lá se podiam conseguir fogos de artifício com facilidade. Mediante um pequeno suborno, Tim compraria alguns fogos para Skip e os traria escondidos no fundo da mala. Ele teria medo de fazer isso, mas, graças à lábia de Skip – e à quantia certa de dinheiro -, acabaria concordando. No verão seguinte, Skip não usaria uma tesoura, e sim rojões. Encontrar dinheiro em casa não foi problema e o plano funcionou perfeitamente. Naquele mês de abril, Skip conseguiu 200 dólares para um tipo de rojões que vira anunciado numa revista, e mais 100 dólares para subornar Tim. Quando finalmente pôs as mãos na caixa ficou encantado. A marca que ele tinha escolhido era a que trazia a maior quantidade de fogos em cada caixa e eles eram pequenos o bastante para caber perfeitamente – ou – quase- na boca do sapo.

Naquele verão, Skip enfiou os artefatos, um por um, na boca de cada sapo capturado, acendendo os pavios e jogando os animais para o alto, na direção do lago. Às vezes também deixava no chão o sapo prestes a ser detonado, saía correndo e, de longe, assistia a explosão. As imagens eram incríveis – sangue, muco, luzes e, às vezes, um barulho e estrelinhas coloridas. O resultado foi tão formidável que ele logo começou a desejar uma plateia para apreciar seu talento. Certa tarde, convenceu Claire, sua irmã de 6 anos, a acompanhá-lo até o lago, deixou que ela o ajudasse a capturar um sapo e depois, na frente da menina, explodiu o animal no ar. Claire soltou um grito histérico e correu de volta para casa o mais rápido que pôde.

No entanto, havia muito tempo que seus pais tinham percebido que Skip não era o tipo de criança fácil de se controlar e que, por isso, os confrontos precisavam ser cuidadosamente escolhidos. A questão dos fogos não era um problema que valesse a pena ser discutido. Nem mesmo depois que Claire foi correndo contar que Skip estava explodindo sapos. A mãe colocou o volume do aparelho de som da biblioteca no máximo e Claire tratou de esconder sua gata, Emily.

Skip é um sociopata. Não tem consciêncianenhum senso de obrigação baseado em ligações afetivas – e, como logo veremos, sua vida adulta fornece um exemplo esclarecedor de como uma pessoa inteligente mas sem consciência pode ser. Amoral e indiferente, estará ele destinado a ser marginalizado pela sociedade?  Será que vive ameaçando, rosnando e talvez até espumando, já que lhe falta uma característica humana tão fundamental? É fácil imaginar que Skip cresceu e se tornou um assassino. Quem sabe não matou os pais para ficar com a herança? Talvez ele tenha morrido ou esteja apodrecendo numa prisão de segurança máxima. Esses finais parecem prováveis, mas nada disso aconteceu de verdade. Skip continua vivo, nunca matou ninguém, pelo menos não diretamente e- até hoje – jamais viu o interior de uma cadeia. Pelo contrário, embora ainda não tenha recebido sua herança, é um homem bem-sucedido, mais rico que um rei. Se você o encontrasse num restaurante ou na rua, veria um sujeito igual a qualquer outro homem de meia-idade bem cuidado, vestindo um terno caro.

Como é possível? Ele se regenerou? Melhorou? Não. Na verdade, ficou ainda pior. Tornou-se o Super Skip. Com notas boas o bastante para ser aprovado, ainda que sem louvor, somadas ao charme pessoal e à influência da família, Skip foi aceito numa boa escola de ensino médio em Massachusetts, causando aos pais certo alívio, tanto pela admissão quanto por seu relativo distanciamento de suas vidas. Os professores ainda o achavam carismático, mas a mãe e a irmã já sabiam que ele era manipular e estranho. Claire, sua irmã, ás vezes comentava que “Skip tem uns olhos esquisitos”, e a mãe a olhava com uma expressão derrotada, indicando que não queria tocar naquele assunto. Mas praticamente todas as outras pessoas o viam apenas como um rostinho bonito.

Quando chegou o momento de ir para a universidade, Skip foi aceito na mesma instituição em que o pai (e antes dele seu avô) estudara, onde ganhou a reputação de “festeiro” e “conquistador”. Formou-se com as notas medianas de sempre e ingressou numa faculdade de menos prestigio para fazer um MBA, pois concluíra que, no mundo dos negócios, poderia facilmente dominar o jogo e divertir-se usando seu talento inato. As notas não melhoraram, mas sua capacidade de encantar as pessoas e levá-las a fazer o que ele queria se tornou bem mais refinada.

Aos 26 anos, foi trabalhar na Arika Corporation, uma empresa produtora de equipamentos para explosão, perfuração e carregamento usados na prospecção de minério. Sempre nos momentos certos, tinha um olhar azul intenso e um sorriso contagiante e, para os novos patrões, parecia ter um talento quase mágico para motivar a equipe de vendas e influenciar clientes.

Skip, por sua vez descobriu duas coisas:

Primeira: manipular adultos instruídos não era mais difícil do que tinha sido convencer seu amigo Tim a comprar fogos de artifício na Carolina do Sul;
Segunda: mentir, de uma forma cada vez mais sofisticada, era tão simples quanto respirar.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sociopatas/Psicopatas. Eles estão entre nós? Parte III.


Sociopatas/Psicopatas. Imagem: Filme Psicopata Americano.
Hoje estaremos dando continuidade ao nosso estudo sobre a sociopatia/psicopatia e veremos que alguns especialistas chegam a identificar diferenças entre elas. Essa postagem é de vital importância para a compreensão do último texto sobre o assunto aonde falaremos sobre as pessoas que conviveram com psicopatas, mas agora nos ateremos aos fatos referentes a este texto, aonde veremos os resultados da psicopatia para o próprio psicopata e uma tênue diferença entre sociopata e psicopata. Espero que gostem do texto, pois esse trabalho é feito com o objetivo de informar e gerar discussões sobre os mais variáveis aspectos da existência humana em sua relação direta ou indireta com a História Geral.
A psicopatia e sociopatia são ambos os transtornos de personalidade antissocial. Embora esses dois distúrbios são o resultado de uma interação entre predisposição genética e fatores ambientais, a psicopatia se inclina para o hereditária enquanto sociopatia tende para o meio ambiente.
Os psicopatas nascem com diferenças de temperamento como impulsividade, hipoativação cortical, e destemor que os levam a risco buscando comportamento e uma incapacidade de internalizar as normas sociais. Por outro lado, os sociopatas têm temperamentos relativamente normais; seu transtorno de personalidade tende a ser mais um efeito de fatores sociológicos negativos como a negligência dos pais, pares delinquentes, pobreza extrema, e elevada ou baixa inteligência.

“O Transtorno de Personalidade Antissocial resulta às vezes em atos de extremamente violência. Apesar dos psiquiatras muitas vezes considerarem e tratarem os sociopatas e psicopatas como sendo distúrbios idênticos, os criminologistas os registram como distintos por causa da diferença em seu comportamento exterior em relação a violência, pois os psicopatas possuem tendências destrutivas muito superiores aos sociopatas que tendem há surtos de violência menos devastadores para a sociedade.”
Quando fazemos uma pequena revisão na história da humanidade vemos que ela é capaz de nos revelar duas questões importantes no que tange à origem da psicopatia. A primeira delas se refere ao fato de a psicopatia sempre ter existido entre nós. Um exemplo dessa situação é destacado pelo psiquiatra americano Hervey Cleckley ao citar que o general grego Alcebíades, no século V a.C., já preenchia todos os requisitos para ser considerado um psicopata “de carteirinha.”
A segunda questão aponta para a presença da psicopatia em todos os tipos de sociedades, desde as mais primitivas até as mais modernas. Esses fatos reforçam a participação de um importante substrato biológico na origem desse transtorno. No entanto, eles não invadiam, de forma alguma, a participação significativa que os fatores culturais podem ter na modulação desse quadro, ora favorecendo, ora inibindo o seu desenvolvimento.
Isso fica claro quando observamos a prevalência de psicopatas em culturas diversas. Nas sociedades ocidentais, a conduta psicopática tem-se incrementado de maneira assustadora nas últimas cinco décadas. Cotidianamente nos deparamos com jornais e revistas que estampam homicidas cruéis assassinos em série, políticos corruptos, terroristas, pedófilos, pessoas que maltratam crianças, torturadores de mulheres, líderes religiosos inescrupulosos, estelionatários e profissionais desleais.
Devido à ação dos psicopatas as pessoas vêm adotando formas “psicopáticas” de convívio. Se isso ocorre é porque nossa sociedade está fundamentada em valores e práticas que, no mínimo, favorecem a maneira psicopática de ser e viver. De certa forma, estamos contribuindo para promover uma cultura na qual a psicopatia encontra um campo bastante favorável para florescer. Sem sombra de dúvida, o cenário social dos nossos tempos favorece o estilo de vida do psicopata. Ele reflete de forma precisa esse “novo homem”, voltado somente para si mesmo, preocupado apenas com o que é seu e desvinculado da realidade vital dos que estão ao seu redor.
A expansão da cultura moderna, repleta de traços psicopáticos, modificou de forma drástica as nossas relações familiares e sociais. Estamos perdendo o senso de responsabilidade compartilhada no campo social e o de vinculação significativa nas relações interpessoais.
Hoje, ficamos fascinados e atraídos pelos vilões e é para eles que dirigimos nossa torcida. Estamos abandonando os mocinhos e seus ideais morais de justiça e solidariedade. Os heróis do passado estão se tornando os otários dos tempos modernos. Se não tomarmos muito cuidado, acabaremos adotando a conduta psicopática como um estilo de vida eficiente para se alcançar a autossatisfação ou então como um comportamento adaptativo de sobrevivência. Precisamos rever a nossa tolerância em relação às pequenas transgressões do dia a dia, como jogar papel no chão, buzinar em frente ao hospital, cuspir nas calçadas, estacionar em locais proibidos.
Somente uma educação pautada em sólidos valores altruístas poderá fazer surgir uma nova ética social que seja capaz de conciliar direitos individuais com responsabilidades interpessoais e coletivas. A aprendizagem altruísta é a única maneira de combatermos a cultura psicopática pautada na insensibilidade interpessoal e na ausência da solidariedade coletiva.
Nossa espécie produziu tanto Napoleão como Madre Teresa. Trata-se da nossa profunda ligação com outros seres humanos. O vínculo emocional faz parte da maioria de nós, reside na mais ínfima molécula que moldou nossos corpos e cérebros, e de vez em quando somos abruptamente lembrados disso. Brotando em nossos genes e se disseminando para todas as culturas, crenças e religiões, é à sombra do sussurro de uma compreensão de que somos todos um só. E, quaisquer que sejam suas origens, essa é a essência da consciência.

domingo, 23 de junho de 2013

Psicopatas/Sociopatas. Eles estão entre nós? PARTE II.



Dando seguimento ao nosso estudo sobre a ausência de consciência entre pessoas na espécie humana, estes denominados pela psicologia como sociopatas/psicopatas. Nesta parte estaremos nos aprofundando na tentativa de compreendermos as motivações e o modus operandi dos indivíduos aonde não está presente o sentido humano de ser e estar com seu semelhante.

Algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Indivíduos verdadeiramente maléficos e ardilosos utilizam “disfarces” tão perfeitos que acreditamos piamente que são seres humanos como nós. Eles são verdadeiros atores da vida real, a ponto de não percebermos a diferença entre aqueles que têm consciência e aqueles que são desprovidos desse nobre atributo.

Devido à falta de consenso definitivo, a denominação dessa disfunção comportamental tem despertado acalorados debates entre muitos autores, clínicos e pesquisadores ao longo do tempo. Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema. Outras correntes acreditam que os fatores genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata.

Seja lá como for, uma coisa é certa: todas essas terminologias definem um perfil transgressor. O que pode suscitar uma pequena diferenciação entre elas é a intensidade com a qual os sintomas se manifestam.

É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. No entanto, em termos médicos-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou pânico, por exemplo).

“Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.” 

Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio beneficio. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos.

Os psicopatas são indivíduos que podem ser encontrados em qualquer raça, cultura, sociedade, credo, sexualidade ou nível financeiro. Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, líderes religiosos, trabalhadores, “pais e mães de família”, políticos etc. O jogo deles se baseia no poder e na autopromoção à custa dos outros, e eles são capazes de atropelar tudo e todos com total egocentrismo e indiferença. O fenômeno da psicopatia é um enigma sombrio com drásticas implicações para todas as pessoas “de bem”, que lutam diariamente para a construção de uma sociedade mais justa e humana.

Segundo o psicólogo canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira. A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultados de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem qualquer culpa.

Utilizam sem qualquer consciência, habilidades maquiavélicas contra suas vítimas, que para eles funcionam apenas como troféus de competência e inteligência.

“Passe a ler os jornais sobre esse novo prisma (a falta de consciência) e você perceberá rapidamente que a extensão desse problema é amedrontadora.”



Essa diferença entre o funcionamento emocional normal e a psicopatia é tão chocante que, quase instintivamente, recusamo-nos a acreditar que de fato possam existir pessoas com tal vazio de emoções. Infelizmente, essa nossa dificuldade em acreditar na magnitude dessa diferença (ter ou não ter consciência) nos coloca permanentemente em perigo.

domingo, 16 de junho de 2013

O Revisionismo do Holocausto


Manifestação relacionando o Governo Israelense ao Governo Nazista. Imagem: http://www.thestar.com/news/insight/article/742965%E2%80%93a-case-for-letting-nature-take-back-auschwitz

“Sim, não é verdade. Mas em minha imaginação era verdade.” [Herman Rosenblat]

 O especialista judeu para Auschwitz, Robert Jan van Pelt, gostaria de ver destruídas as ainda existentes provas de Auschwitz. Aparentemente a pressão do mundo islâmico, diante do excelente relatório de Germar Rudolf, torna-se maior a cada dia que passa. Van Pelt gostaria de evitar a todo custo tal investigação oficial. Ele declarou isso em entrevista a um jornal canadense – THE STAR, sugerindo a demolição de todas as ruínas de Auschwitz-Birkenau. Somente o prédio do Stammlager deveria ficar em pé, sobre o qual o próprio van Pelt já afirmara em seu livro “Auschwitz: 1270 até hoje”, que lá nunca aconteceu qualquer “gaseamento”.

Robert Jan van Pelt também gostaria que não fosse mais realizado qualquer laudo científico sobre a sede do Holocausto-profissional. E isso, embora o teto das ruínas ainda exista. E este deveria mostrar o “azul cianídrico” e poderíamos mensurar ainda no reboco das paredes os subprodutos das reações com o gás venenoso (cianureto contido no fumigante Zyklon-B).

O que é inacreditável e equivale a algo sensacional é a declaração de van Pelt no STAR, onde ele disse que nossos conhecidos testemunhos sobre Auschwitz não possam ser comprovados criminalmente (investigação forense). Devido a uma declaração deste porte, inúmeros pesquisadores do Holocausto foram/estão jogados por anos nas masmorras. Em 2009, por exemplo, Horst Mahler foi preso e deve cumprir uma pena de mais de 12 anos. Aqui as passagens mais importantes de Robert Jan van Pelt na entrevista ao STAR:

Robert Jan van Pelt é arquiteto e especialista sobre Auschwitz. Ele declarou:

"Afirmo que 99% daquilo que sabemos sobre Auschwitz não podem ser comprovados através da ciência. Nosso conhecimento é parte do conhecimento herdado… Neste sentido, eu não acredito que o Holocausto seja algo fora do comum. No futuro, quando lembrarmos o Holocausto, nós o faremos da forma que é feito com a maioria das coisas do passado. Nós relacionaremos nosso conhecimento à literatura e aos depoimentos das testemunhas… Nós tivemos muito sucesso em lembrar o passado desta forma. [...] Colocar o Holocausto em uma categoria separada e exigir que mais provas materiais sejam fornecidas, significa de fato nos curvarmos diante dos negadores do Holocausto, onde estaríamos disponibilizando um tipo de prova especial’.” 
The Star, Canadá, 27/12/2009.

O maior genocídio da história mundial deve permanecer segundo, van Pelt, sem comprovação criminal e ao invés disso, melhor seria se apoiar nos conhecidos testemunhos dos ex-prisioneiros de Auschwitz.Estes testemunhos, caro leitor, cada um de nós deveria conhecer. O livro de Jürgen Graf – “Auschwitz: confissões dos assassinos e testemunhas do Holocausto” – apresenta um relato ímpar sobre o tema.


Logo propondo boicote ao Estado de Israel devido ao massacre do povo palestino nas mãos do Exército israelense. Imagem: http://krycek10.blogspot.com.br/2012/11/o-revisionismo-do-holocausto.html

O que para a maioria das pessoas comuns possa parecer impossível é de fato realidade: ao longo do processo de Auschwitz em Frankfurt (50/Ks 2/63), que durou muitos anos, nunca houve uma autópsia sequer, nem investigações forenses da arma do crime, embora o tribunal tenha acompanhado os relatos das testemunhas em Auschwitz e tenha visitado o local. Uma investigação forense não foi exigida pela justiça, mas esta reclamou no veredicto que tal investigação não foi apresentada:

“Outra dificuldade foi que as testemunhas – compreensivelmente – puderam fornecer somente em raros casos detalhes precisos sobre locais e época de determinados acontecimentos. [...] Pois falta ao tribunal quase todas as possibilidades disponíveis de um processo criminal comum para formar um quadro fiel dos reais acontecimentos na época do assassinato. Faltam os cadáveres das vítimas, os protocolos das autópsias, laudos de peritos sobre a causa mortis e o horário das mortes; faltam as pistas dos assassinos, das armas do crime e assim por diante. Uma comprovação dos testemunhos foi somente possível em casos raros.” 

Veredicto de Auschwitz 50/Ks 2/63, página 109.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Escopolamina: A Droga que cria "Zumbis".




Datura suaveolens L, mais conhecida como "Copo de Leite". Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Escopolamina, é uma droga usada por criminosos. Escopolamina é uma substância com efeitos nocivos ao nosso organismo. Suprime a vontade e não perder a memória do que aconteceu durante o seu efeito. A coisa é terrível, um pouquinho de pó provoca um dos seguintes efeitos na vítima:

A- Morte.

B- Perda total do livre-arbítrio. Criminosos normalmente tentam obter este último efeito, pois isso permite que eles deem ordens às suas vítimas e mandem elas esvaziar as contas de banco, dar o carro pros ladrões, fazer sexo com eles, basicamente qualquer coisa que o criminoso mande.

Daí saiu à reputação da escopolamina como a "droga do zumbi", pois as vítimas parecem estar completamente sóbrias e racionais, quando na verdade parecem autômatos.

Dados técnicos

Escopolamina: Esta é uma droga incolor, inodora e isípida. Ela é conhecida como hyoscina e é classificada como um Alcalóide tropano. Esta droga também pode ser obtida a partir de plantas da Família das Solanaceas (nightshade). A maior parte da escopolamina vem da erva de Nome científico: Datura suaveolens L; cujo nome popular é trombeta, trombeta de anjo, trombeteira, cartucheira, zabumba. (também conhecido como lírio, copo de leite, sete saias) A atropina é um alcaloide, encontrado na planta Atropa belladonna (beladona) e outras de sua família, que interfere na ação da acetilcolina no organismo. Ela é um antagonista muscarínico que age nas terminações nervosas parassimpáticas inibido-as.

A Atropa belladona (ou erva-moura mortal) fornece principalmente o alcaloide Atropina (dl-hiosciamina). O mesmo alcaloide é encontrado na Datura stramonium, conhecida como estramônio ou figueira-do-inferno, pilrito, ou ainda maçã-do-diabo. As plantas que dão origem a droga são muitas, e muito disponíveis, o que torna o uso generalizado, e extremamente perigoso. Trata – se, surpreendentemente, de uma das substâncias mais temidas no país que é considerado uma das maiores capitais exportadoras das drogas no mundo, a Colômbia.


Atropa belladonna, também conhecida como "Erva moura mortal". Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Somente na Colômbia, existem 50.000 casos notificados de intoxicação por Escopolamina, embora raramente quem surge notificando um caso dessa intoxicação recebe tratamento adequado. A droga é usada principalmente por criminosos quase como uma forma de tornar suas vítimas totalmente dóceis e indefesas. Desse modo os ladrões podem esvaziar as contas e as casas das vítimas antes que elas se recuperem obnubilação da consciência. Além disso, as mulheres têm sido drogadas repetidamente e mantidas como escravas sexuais. Não raro, a droga é usada para fazer com que mulheres sejam convencidas a desistir voluntariamente dos seus próprios filhos, que são revendidos no mercado negro de escravos, adoção e se bobear, venda de órgaos.

Os mais terríveis efeitos secundários do princípio ativo não é a capacidade de criar zumbis, mas a completa amnésia, provoca em quem usa. É basicamente o “boa noite cinderela”, mas super-potente.

O bizarro

"BOGOTA, Colombia (Reuters) – A última coisa que Andrea Fernandez recorda antes de ser drogada é estar segurando seu bebê recém-nascido no colo em um ônibus. A polícia há encontrou três dias depois, mutilando a si mesma e perambulando com os seios à mostra no acostamento de uma movimentada estrada. Seu rosto apresentava marcas de violência e seu filho havia sumido. A polícia suspeita que ela tenha sido violentada. Andrea Fernandez, mãe de três filhos, se tornou submissa suficiente para perder o seu filho mais novo."


A escopolamina obtida das plantas após ter isolado seu principio ativo. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

A escopolamina pode ser administrada facilmente em uma vítima através da bebida ou comida. O pó também pode ser simplesmente soprado para as vítimas num sentido geral. O resultado deste tipo de intoxicação é a zumbificação ou se for em excesso, a morte imediata. Têm sido reportados casos de mulheres colocando escopolamina sobre seus seios e, em seguida, seduzindo caminhoneiros, motoristas e homens em geral a lamber seus mamilos. E assim, mais um zumbi se forma.

História e Curiosidades

A Escopolamina foi usada como defensivo agrícola nas plantações de Coca. Isto porque a fórmula química da cocaína, C17H21NO4, é idêntica à da Escopolamina. Ambas têm a mesma fórmula, mas como são feitas com estruturas moleculares diferentes, causam diferentes efeitos sobre o cérebro humano.

Em 1963 o Supremo Tribunal julgou no caso de Townsend vs Sain, que o “soro de induzir a confissão” foi uma forma de tortura e, portanto, inconstitucional. A decisão foi baseada nas confissões de Townsend, cujas admissões de culpa foram feitos sob a influência da Escopolamina.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Isótopos revelam que temperatura dos dinossauros era semelhante a dos mamíferos!



Crânio de um Camarasaurus, mostrando sua mandibula com dentes em forma de espátulas grandes. Imagem: Sauriermuseum Aathal [5], Switzerland.

No debate sobre se os dinossauros eram de sangue frio (mais corretamente, que possuiam a temperatura do ambiente ou não) ou quente [1].  Seria bom se houvesse alguma forma de descobrir qual era a temperatura do corpo dos dinossauros [2].

Surpreendentemente, existe um meio, graças a Robert Águia da Caltech e seus colegas foram capazes de fazer uso do fato de que os isótopos ¹³C e 18O preferencialmente se ligam entre si por uma quantia que depende da temperatura [2]. Em particular, a quantidade precisa de ligação de carbonato nos ossos depende da temperatura na qual eles foram formados:

“quanto maior a temperatura, menos essa combinação isotópica está presente.”[1]

Dente de Brachiosaurus datado do periodo Jurassico, encontrado em Tendaguru na Tanzania. Imagem: Thomas Tütken [4] University of Bonn [3].

Os pesquisadores acham que a temperatura do corpo de grandes saurópodes [1] do periodo Jurassico [1] deve ter sido entre 36-38°C semelhante ao dos mamíferos modernos e diferente dos modelos previsto na escala baseada  para sague frio que variava entre 4-7°C [2]. Eles de fato deveriam ser bastante quentes por causa de seu grande tamanho e da dificuldade associada em se livrar do calor.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Como o Homo sapiens sapiens superou os outros hominídeos?



Fóssil de um Cro-Magnon (Homo sapiens sapiens) encontrado no sitio arqueológico de Mondeval Sora na Itália. Imagem: Science Photo.

Como vimos nos textos anteriores, como humanidade somos uma espécie que não possui concorrente na natureza e nem outras variedades de espécies humanas como ocorre com outros animais, mas aprendemos que nem sempre foi assim. Nas postagens “A Evolução do Homem: os primatas” e “A Evolução do Homem: a aurora da humanidade” entendemos que somente nos últimos 30 mil anos nós temos o domínio no planeta há mais ou menos cerca de 1,8 milhões de anos disputávamos o domínio no planeta com mais espécies como o Australopithecus boisei, robustus, Homo rudolfensis, Homo habilis, Homo erectus e Homo ergaster. E convivência não é a palavra mais correta a ser usada na relação que essas espécies mantinham umas com as outras. A suposição de que os "imigrantes" vindos do sul da África (Homo sapiens sapiens) teriam superado o Homo sapiens neanderthalensis na Europa e Oriente Médio por sua técnica mais avançada e sua maior inteligência é uma as suposições que possuímos acerca dessa situação estudada no texto “A Evolução do Homem: a supremacia do Homo sapiens sapiens.”.

Atualmente precisamos ver tudo isso como um processo cultural complexo, apontando as  mudanças climáticas nos últimos 40 mil anos de sua existência como um fator que possivelmente contribuiu para o desaparecimento do Homo sapiens neanderthalensis. Tais mudanças podem ter desencadeado movimentos migratórios, o que teria sido reforçado pela chegada de novos grupos humanos ao continente. Na Europa de 40 mil anos atrás viviam 250 mil pessoas no máximo, não deve ter sido muito difíceis para o novo grupo de Homo sapiens multiplicar-se e superar os "primeiros europeus [1].” O interessante é que o código genético da raça humana moderna não possui quase nenhum vestígio de parentesco com os homens e mulheres do Espécie Homo sapiens neanderthalensis.

Independente de como tenha sido, seja competindo por espaço, água ou quando possuía a mesma dieta alimentar competindo por comida, chegando a lutarem entre si pela sobrevivência da sua espécie [1]. Há diversas versões, muitas vezes contraditórias, sobre a cadeia de reações que gerou o homem, sobre o estilo de vida e comportamento dos hominídeos, de como eles e o Homo sapiens sapiens, entre 75 mil e 100 mil anos atrás teriam emigrado da África Austral para o resto do mundo, e de como interagiram com outros descendentes ou antecessores do Homo erectus dessas zonas. Vários Australopithecus conviveram, por alguns milhões de anos, com o Homo habilis e erectus. Como interagiram quando se encontravam, ninguém sabe ao certo [2].

Infelizmente, jamais será possível encontrar a verdade e os cientistas apenas podem conjecturar hipóteses, adaptadas aos achados que vão sendo descobertos, já que, como afirmou Napoleão Bonaparte (1769 - 1821).

"História,  é uma  versão de acontecimentos do passado sobre a qual algumas pessoas decidiram concordar."

Napoleão Bonaparte

As várias espécies de hominídeos que nos precederam, com diferentes graus de desenvolvimento eram mais propícios a caçarem-se mutuamente do que a terem convívios amigáveis e, ao entrarem em contato, tentavam matar os machos de outros grupos de hominídeos. Ainda hoje temos não só várias tribos humanas que lutam e matam-se mutuamente, por espaço vital [2].

As descobertas recente demonstram que o número de ossos ancestrais diretos não tem aumentado muito e essa quantidade de espécies ainda são poucas em relação ao número imenso de elos perdidos que faltam para fixar a escala evolutiva humana em uma plataforma segura onde não haverá aberturas para dúvidas.O que diferenciou o Homo sapiens sapiens foi seu maior desenvolvimento técnico desencadeado na explosão criativa do paleolítico, com o aperfeiçoamento do desenvolvimento da linguagem e a produção de ferramentas cada vez mais apurada [1].

Humanos, que estranhos primatas. Andando sobre duas pernas, possuidores de cérebros enormes e colonizadores incansáveis de cada canto da Terra. Antropólogos e biólogos procuraram sempre entender como a nossa raça diferenciou-se tão profundamente do modelo primata. Foram desenvolvidos, ao longo dos anos, todos os tipos de hipóteses, visando explicar cada uma dessas particularidades. Um conjunto de evidências, porém, indica que essas idiossincrasias mistas de humanidade têm, na realidade, uma linha em comum: elas são, basicamente, o resultado do que Charles Darwin, chamou de seleção natural, atuando para maximizar a qualidade dietética e a eficiência na obtenção de alimentos. Mudanças na oferta de alimentos parecem ter influenciado fortemente nossos ancestrais hominídeos. Assim, em um sentido evolutivo, somos o que comemos.

Dessa forma, o que comemos é ainda uma outra forma pela qual nos diferenciamos de nossos parentes primatas. Populações de humanos contemporâneos pelo mundo afora, adotam dietas mais calóricas e nutritivas que aquelas de nossos primos, os grandes macacos.

1-Então, quando e como os hábitos alimentares de nossos ancestrais divergiram dos hábitos de outros primatas?

O tipo de ambiente que uma criatura ocupa irá influenciar a distribuição de energia entre esses componentes, em que condições mais duras representam, obviamente, maiores dificuldades. No entanto, o objetivo de todos os organismos é o mesmo: assegurar a reprodução, visando garantir, a longo prazo, o sucesso das espécies. Portanto, ao observarmos a forma como os animais se deslocam para obter a energia alimentar, podemos compreender melhor como a seleção natural produz a mudança evolutiva. As características que mais distinguem os humanos de outros primatas são, certamente, os resultados da seleção natural, agindo no melhoramento da qualidade da alimentação humana, e a eficiência com que nossos ancestrais obtiveram os alimentos [1]. Alguns cientistas sugeriram que muitos dos problemas de saúde enfrentados pelas sociedades modernas seriam consequências de uma discrepância entre o que ingerimos e o que nossos antepassados comeram.

Estudos entre populações que vivem tradicionalmente apontam que os humanos modernos estão aptos a suprir suas necessidades nutricionais usando uma ampla variedade de estratégias. Adquirimos flexibilidade alimentar. A preocupação com a saúde no mundo industrial, em que alimentos calóricos concentrados estão facilmente disponíveis, não se originam de desvios de uma dieta específica, mas de um desequilíbrio entre a energia que consumimos e a que necessitamos.O que é extraordinário em nosso cérebro grande, sob uma perspectiva nutricional, é o quanto de energia ele consome aproximadamente 16 vezes mais que um tecido muscular por unidade de peso. Porém, apesar de os humanos apresentarem, quanto ao peso corporal, cérebros maiores que os dos outros primatas (três vezes maior que o esperado), as necessidades totais de energia em repouso do corpo humano não são maiores que a de qualquer outro mamífero do mesmo porte. Usamos uma grande parte de nossa quota diária de energia para alimentar nossos cérebros vorazes. Na verdade, o metabolismo de um cérebro em repouso ultrapassa de, 20 a 25%, as necessidades de energia de um humano adulto - bem mais que os 8 a 10% observados em primatas, e que os 3 a 5% em outros mamíferos [2].


2-Além disso, quanto os humanos modernos se distanciaram do padrão alimentar ancestral?

Baseando-nos nas estimativas de tamanho corporal de hominídeos compilados por Henry M. McHenry, da University of California, em Davis, Robertson  estimamos a proporção das necessidades de energia em repouso que poderiam ser necessárias para alimentar os cérebros de nossos antigos ancestrais. Um Australopithecus típico, pesando entre 35 e 40 kg, com um cérebro de 450 cm³, teria reservado cerca de 11% de sua energia em repouso para o cérebro. Enquanto um H. erectus, pesando entre 55 e 60 kg e com um cérebro de cerca de 850 cm³, teria reservado cerca de 16% de sua energia em repouso - ou seja, cerca de 250 das 1.500 kcal diárias - para este órgão [1]. Além de todos os primatas, espécies com cérebros maiores ingerem alimentos mais ricos; os humanos são um exemplo extremo dessa correlação, ostentando o maior tamanho relativo de cérebro e a dieta mais variada. Conforme as análises recentes de Loren Cordain, da Colorado State University, os caçador-coletores contemporâneos obtêm, em média, 40 a 60% de energia da carne, do leite e de outros produtos de origem animal [2].

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Evolução do Homem: a supremacia do Homo sapiens sapiens.



Cro-Magnon: Representação artística à esquerda e esqueletos pertencentes  a dois sepultamentos distintos. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Chegamos na terceira e última parte do estudo sobre A Evolução do Homem. Até agora vimos na primeira parte: A Evolução do Homem: os primatas (Leia aqui), a origem comum entre os Símios ou macacos antropomórficos muito próximos evolutivamente dos humanos e suas variedades dentro da Superfamília Hominoidea. Estudamos suas distintas classificações entre Símios e Pró-símios e os principais membros de cada família respectivamente. Já durante a segunda parte de nosso estudo: A Evolução do Homem: a aurora da humanidade (Leia aqui), nos localizamos no tempo e no espaço, para compreendermos a evolução dos Hominídeos, dentro dos períodos históricos. Entendendo-se dessa forma as três divisões da Pré-história no Paleolítico: o Paleolítico Inferior, Médio e Superior.  Estudamos o surgimento dos primeiros Australopitecinos e sua respectiva evolução para o Homo habilis, Homo erectus e consequentemente para o Homo sapiens neanderthalensis. Vemos suas respectivas indústrias líticas bem como sua formação biológica até o pensamento simbólico do Homo sapiens neanderthalensis. Daremos continuação ao nosso estudo que concluíra nossa reflexão sobre nossas origens com o surgimento do Homo sapiens sapiens na África e sua migração para todo o restante do mundo. Lembrando! Não deixem de ler os dois primeiros artigos, pois eles concluem o raciocínio para uma melhor compreensão dessa conclusão.

Paleolítico Superior

Iniciou por volta de 35 mil anos antes do presente (A.P) e estende-se até cerca de 10 mil A.P, quando ocorre a transição Neolítica. Do ponto de vista biológico, encontramos o Homo sapiens sapiens.  Com relação à tecnologia lítica encontramos uma grande diversidade de indústrias que marcam uma nova forma de produzir instrumentos [1].

Na história das civilizações europeias, o Paleolítico Superior aparece como um fenômeno brutal, rápido, profundo e definitivo. Após dois séculos de pesquisas, uma coincidência marcou esta ruptura; o aparecimento de uma nova forma anatômica humana e um novo comportamento. Está coincidência é indicativa de uma migração de populações vindas de fora. Tal fenômeno foi universal e ocorreu em toda a humanidade, depois que ela se originou mas, nesse caso [2]:

“(...) possuindo um aspecto particular devido à ausência de uma transição lenta.”

No Paleolítico Superior tratamos com um fenômeno de ordem histórica (deslocamento de um povo), biológica (modificações anatômicas secundárias) e antropológica: a adaptação de manifestações culturais a seus novos contextos geográficos (a arte rupestre por exemplo).

Cro-Magnon (Homo sapiens sapiens)

Tradicionalmente, associamos esse período ao Homem de Cro-Magnon (variável europeia do Homo sapiens sapiens advindo da África) que foi parcialmente contemporâneo do Homo sapiens neanderthalensis (Gênero humano distinto com um ancestral comum com o Homo sapiens sapiens, o Homo erectus). Antes do Cro-Magnon já haviam sido descobertos restos humanos modernos associados ao Paleolítico Superior, com a forma Homo sapiens neanderthalensis [2].

As características gerais do Cro-Magnon (Homo sapiens sapiens) são uma grande estatura, superior a 1,65 m e um crânio do tipo ‘evoluído’, uma fronte direta com face alta e plana, um queixo saliente e uma redução alveolar, além de uma caixa craniana alta, com uma capacidade de volume idêntica a atual, entre 1.500 cm³ e 1.750cm³ [3].

Com podemos ver as diferenças são, portanto, bastante claras em comparação com os neanderthalensis (ver A Evolução do Homo: a aurora da humanidade) e no entanto, ambos foram parcialmente contemporâneos. Podemos mostrar que houve uma evolução autônoma entre as populações humanas da África que migraram há mais ou menos 45 mil anos atrás para a Europa (Cro-Magnon) e os Neandertais que já habitavam a Europa desde 300 mil anos atrás. Dessa forma chegamos a conclusão que as formas modernas humanas são de origem africana. Houve um constante influxo de origem externa e a dissociação necessária, fora da Europa, entre as conquistas culturais e a forma anatômica neste momento crucial da história da humanidade.

Indústrias Líticas

Foi no Paleolítico Superior que o homem ocupa todos os continentes, chegando inclusive a América. A partir desse período, o lascamento atinge seu mais alto grau de desenvolvimento técnico, baseando-se fundamentalmente na retiradas de lascas através da preparação do núcleo e do plano de percussão [1].

Indústria Aurignacense: as datas mais antigas estão por volta de 44 a 40 mil anos A.P.

Indústria Gravettiense: estende-se a partir de 28 até cerca de 20 mil anos A.P.

Indústria Solutrense: estende-se a partir de 20 até cerca de 15 mil anos A.P.

Indústria Magdalenense: estende-se a partir de 15 até cerca de 10 mil A.P.

Dentre a grande gama de artefatos produzidos por estas industrias líticas citamos os raspadores, destinados ao trabalho com pele; os buris, utilizados para o trabalho com o material ósseo e os furadores para material duros, como sementes ou osso (as peles são perfuradas com a ajuda de furadores em osso). Temos também as lâminas, facas e pontas de projéteis, feitas de material ósseo [2].

O fogo foi intensamente utilizado nestas técnicas e completamente dominado. Encontrou-se uma espécie de ‘isqueiro’ feito de blocos de marcassita percutida, lamparinas (depressões com marcas de queima) na rocha, traços de resina queimada e modelagem em terra cozida.

Alimentação

O Cro-Magnon baseava sua alimentação principalmente na caça, a dieta alimentar no Paleolítico Superior foi progressivamente complementada com a pesca e posteriormente com a coleta intensiva de mariscos. A coleta de vegetais não poderia ser um aporte calórico substancial em razão do ambiente generalizadamente frio que reinara na Europa.

As armas mais frequentemente empregadas na caça, são o uso esporádico do arco, ao lado do uso sistemático da azagaia e do propulsor. Outra arma típica usada apartir da propulsão eram os arpões, que foram usados na pesca bem como na caça de pequenos mamíferos [1].

Modos de Vida

O habitat propriamente dito, consiste em uma estrutura de proteção (frio, vento, umidade) de natureza variada, segundo os recursos naturais locais. Os abrigos ou as entradas das cavernas foram intensamente utilizados. As cabanas para moradia são reconhecidas pelos traços que deixaram, em arcos e círculos vazios, junto aos vestígios observados sobre o solo. Estima-se que havia grupos nômades com habitats diversificados de caça com em torno de 50 a 100 pessoas. Os grandes grupos sociais, com estrutura mais complexa e flexível, organizam encontros periódicos para fins de intercâmbio ( de bens, esposas, informações) [3].

Religião

Presente desde o Paleolítico Médio, os traços de religiosidade são extremamente ricos e variados no Paleolítico Superior. A Arte Rupestre, suporte evidente dos ritos religiosos, opera sobre um mundo de preocupações espirituais coerentes, significativas, extremamente variadas de acordo com os grupos étnicos, mas toda elaborada e estruturada. As mitologias explicativas de mundo foram criadas, instituídas e difundidas pelos caçadores paleolíticos, se expressando sob a forma de imagens monumentais, que deveriam reger os comportamentos cotidianos e refletir nos valores, mentalidades e regras sociais [2].

Homo sapiens neanderthalensis versus Homo sapiens sapiens. O que houve?