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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sonda descobre depósitos de gelo no polo norte da Lua

A sonda lunar indiana Chadrayaan-1, equipada com um radar americano, identificou depósitos de gelo em mais de 40 crateras no polo norte da lua, informou a Nasa durante uma conferência de ciência planetária no Texas, Estados Unidos.

Outros compostos, como hidrocarbonetos, estão misturados ao gelo lunar, segundo os resultados de uma missão da Nasa ao satélite chamada LCROSS.

As crateras contendo gelo têm diâmetro entre 2 km e 15 km, mas a quantidade de gelo em cada uma delas varia.

A Nasa, no entanto, afirma que as camadas de gelo devem ter pelo menos dois metros de espessura para terem sido identificadas pelo radar Mini-Sar, da agência americana, a bordo da sonda indiana.

O cientista Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, estimou que haja pelo menos 600 milhões de toneladas de gelo nessas crateras.

Na sombra

Em comum, as crateras têm grandes áreas onde a luz do sol nunca chega. Em algumas delas, a temperatura pode chegar a 25 Kelvin (248ºC negativos) – mais frio do que a superfície de Plutão – permitindo que o gelo permaneça estável.

“Na sua maioria, é puro gelo”, disse Spudis, que “pode estar sob alguns centímetros de regolito (camada de material solto que cobrem a superfície) lunar seco”.

Esta camada protetora de solo poderia evitar que blocos de puro gelo evaporassem, mesmo em áreas expostas à luz do sol, explicou ele.

Em fevereiro, o presidente americano Barack Obama cancelou o programa criado para levar os americanos de volta à Lua até 2020.

Mas, segundo Spudis, “agora podemos dizer com alguma confiança que uma presença humana sustentável na Lua é possível. É possível usando os recursos que encontramos lá”.

“Os resultados dessas missões, que vimos nos últimos meses, estão revolucionando totalmente nossa visão da Lua.”

Sondas não tripuladas

A Chandrayaan-1 foi a primeira contribuição da Índia para a frota de sondas não tripuladas lançadas à Lua nos últimos anos. O Japão, a Europa, a China e os Estados Unidos também enviaram missões com equipamentos para explorar o satélite em detalhes sem precedentes.

Os cientistas também descobriram que o gelo encontrado na Lua tem procedências e características variadas.

Um dos meios mais importantes de formação de água na Lua é pela interação com o vento solar, o fluxo de partículas que se move rápida e constantemente para fora do Sol.

A radiação espacial detona uma reação química na qual átomos de oxigênio já encontrados no solo adquirem núcleos de hidrogênio, formando moléculas de água e a molécula mais simples de hidrogênio e oxigênio (HO). Esta água “adsorvida” pode estar presente em finas camadas cobrindo o solo lunar.

A missão da LCROSS ainda identificou a presença, no solo lunar, de hidrocarbonetos, como etilenos.

Segundo o cientista chefe da missão, Anthony Colaprete, do Centro de Pesquisas Ames, da Nasa, os hidrocarbonetos podem ter chegado à superfície lunar trazido por cometas e asteroides – outra fonte vital de água lunar.

Mas, ele acrescentou, algumas dessas formações poderiam ter surgido através de reações químicas entre grãos de poeira inter-estelar acumulados na Lua.

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http://www.bbc.co.uk/

Lua de Saturno tem condições para vida, diz estudo.

Em dois estudos publicados na revista científica Nature discutem hipóteses sobre a existência de um oceano de água salgada – em outras palavras, condições para o desenvolvimento de vida – nas profundezas subterrâneas de Enceladus, uma das luas de Saturno.

Os dois estudos, que chegam a conclusões discrepantes, analisaram amostras de uma coluna de gases, vapor de água e minúsculas partículas de gelo que emana violentamente da superfície do corpo celeste. Os cientistas tentam encontrar explicações para as observações divergentes.

No primeiro estudo, os pesquisadores Nikolai Brilliantov, da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, e Juergen Schmidt, da Universidade de Potsdam, na Alemanha, defendem a teoria de que a coluna expelida da superfície de Enceladus é alimentada por um oceano salgado subterrâneo.

A hipótese de um oceano subterrâneo já vinha sendo investigada pelos cientistas. Agora, ao analisar o material recolhido em 2005 pela sonda Cassini, eles dizem ter detectado sais de sódio entre as partículas de gelo lançadas a centenas de quilômetros no espaço.

Para Brilliantov e Schmidt, este fato corrobora as teorias atuais de que, sempre que uma lua tiver um oceano subterrâneo profundo em contato com a superfície rochosa por muitos milhões de anos, este oceano será salgado.

Vida fora da Terra

De acordo com o estudo, os resultados indicam que a concentração de cloreto de sódio neste corpo de água pode ser tão alta quanto nos oceanos terrestres.

“A Enceladus é um dos lugares com maiores chances de se encontrar vida no Sistema Solar fora da Terra”, disse à BBC o cientista John Spencer, da missão espacial Cassini.

“Estão presentes os três principais ingredientes necessários à vida – os elementos químicos básicos, os blocos básicos, uma fonte de energia, e agora achamos que existe água também. Todos os elementos estão aí. Se isto é suficiente para gerar vida ainda não sabemos, mas estamos muito interessados em saber mais.”

Enceladus está localizada no anel mais distante de Saturno, “E”. Além da Terra, de Marte e da lua de Júpiter Europa, é um dos poucos lugares nos quais astrônomos dizem ter evidências diretas da existência de água.

Entretanto, um segundo estudo publicado na edição desta quinta-feira da Nature diz não ter encontrado evidências de sódio nas partículas emanadas da coluna de vapor – o que não confirmaria a hipótese de “gêiseres” alimentados por um oceano subterrâneo.

Discrepâncias

O professor Nicholas Schneider, do Laboratório para Física Atmosférica e Espacial da Universidade de Colorado, nos EUA, disse que a diferença nos resultados pode ser explicada pela existência de cavernas profundas nas quais a água evapora lentamente.

“Só se a evaporação fosse mais explosiva, ela conteria mais sais”, afirmou Schneider.

Se for correta a hipótese das cavernas, ele raciocinou, o vapor só seria expelido violentamente no vácuo do espaço ao vazar por rachaduras na superfície gelada de Enceladus conhecidas como “listras de tigres”.

“A idéia da evaporação de um oceano profundo e cavernoso não é tão dramática quanto a que imaginamos antes, mas é possível tendo em vista os resultados até o momento”, disse o pesquisador.

Mas ele advertiu que as evidências podem também significar eventos distintos. “Pode ser gelo aquecido virando vapor no espaço. Poderia até haver locais onde a crosta fricciona em si mesma e este atrito cria água líquida que então evapora no espaço”, prosseguiu.

“Estas são hipóteses que não podemos verificar com os resultados obtidos até agora.”

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http://www.bbc.co.uk/

domingo, 5 de dezembro de 2010

Johannes Kepler (1571 – 1630).

Com as comemorações do Ano Internacional de Astronomia, o matemático e astrônomo alemão Kepler deve ser lembrado e reverenciado como um pioneiro que mudou os rumos dos estudos dos astros. Ele precedeu Galileu, o italiano que viveu de 1564 a 1642 e ficou mais famoso.

Naquela época vigorava o modelo de Universo proposto por Aristóteles (século IV a.C.) e Ptolomeu (século I d.C.), segundo o qual a Terra estava no centro do Universo e os astros tinham trajetórias circulares. Depois veio Copérnico (1473 – 1543), que foi o primeiro a afirmar que a Terra não seria o centro do Universo, mas girava em torno do Sol.

Kepler partiu daí e, além de confirmar a teoria do Heliocentrismo (os planetas giram em torno do sol), esclareceu que suas órbitas são elípticas e não circulares. Ele propôs um conjunto de leis, que foram básicas para os trabalhos de Newton e o levaram à Teoria da Gravitação Universal (1687):

1. Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol em um dos focos;

2. O raio vetor que une um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais;

3. Os quadrados dos períodos de revolução (T) são proporcionais aos cubos das distâncias médias (a) do Sol aos planetas.


Kepler também iniciou a distinção entre Astronomia e Astrologia. A primeira passou a ser o estudo dos astros, de suas naturezas e movimentos e os astrônomos deixaram de fazer horóscopos para reis e nobres.

Ele precisou ser extremamente cuidadoso em relação a eventuais perseguições por parte da Inquisição movida pela Igreja Católica Romana, pois sua mãe havia sido queimada devido a acusações de bruxaria Mesmo assim, disse que a Lua não seria tão diferente da Terra quanto desejavam os poetas e os religiosos e chegou até a escrever um conto de ficção científica falando de seres extra-terrestres de dois tipos, que viveriam em cada um dos lados (escuro e claro) da Lua.

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Gleiser, Marcelo. “A Harmonia do Mundo”, São Paulo, 2006.

ENTREVISTA - PROFISSÃO: ASTRÔNOMO.

Entrevistado: Prof. Dr. Roberto Ortiz
Perfil: possui bacharelado em Física pela Universidade de São Paulo (USP),
mestrado e doutorado em Astronomia pela USP
e pós-doutorado pelo Sterrewacht Leiden (Holanda).
Atualmente é professor livre-docente da
Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP).

1. Como são formados os astrônomos no Brasil?


Calculo que talvez uns 90% dos astrônomos brasileiros sejam bacharéis em Física, que depois optam por fazer pós-graduação em Astronomia. Os 10% restantes incluem pessoas com graduação em Astronomia (pela UFRJ), engenheiros, matemáticos, etc. Em grande parte isso decorre do fato de que, até o ano passado, somente a UFRJ tinha um curso de Astronomia em nível de graduação. Então, geralmente quem fazia esse curso é quem morava na cidade do Rio de Janeiro e adjacências. Este ano (2009), o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP) iniciou a primeira turma de graduação em Astronomia. Os primeiros astrônomos formados por esse curso devem se formar daqui a 4 anos.

2. Quais as atribuições do profissional ligado à área de Astronomia?


Ele pode trabalhar em atividades de pesquisa e/ou divulgação. Quando o astrônomo é um pesquisador, ele geralmente faz parte do corpo docente de alguma universidade. No Brasil, a maioria dos astrônomos (cerca de 300) trabalha em Departamentos de Física e/ou Astronomia das universidades federais. Uma minoria se dedica à divulgação da Astronomia, geralmente em planetários e centros de divulgação de Ciências.

3. Qual a importância das atividades de divulgação científica na área de Astronomia?


A Astronomia talvez seja a ciência que mais desperta a atenção no público. Há diversos motivos para isso, tais como as imensas escalas de distância e tempo do universo, a beleza das imagens astronômicas, e até mesmo questões essenciais do ser humano, como: “De onde viemos?” ou “Estamos sozinhos no Universo?”. Então, eu vejo a Astronomia como uma espécie de “porta de entrada” para as demais ciências. Conheci muitas pessoas que, durante a infância ou adolescência, sentiram-se extremamente atraídas pela Astronomia e que, embora não tenham se tornado astrônomas, seguiram uma carreira científica ou tecnológica. Então, nesses casos acho que a Astronomia teve um papel decisivo.

4. 2009 é o ano internacional da Astronomia. Quais são os impactos esperados a partir das atividades programadas para este ano comemorativo?


A percentagem de pessoas que alguma vez já observou o céu com um telescópio não deve passar de uns 2%. Com o aumento da poluição luminosa das cidades, as pessoas não possuem mais o hábito de olhar o céu, e isso limita o horizonte dos cidadãos. Quando ele desconhece o que se passa acima de sua cabeça, seu horizonte torna-se mais limitado, sua visão de Universo torna-se míope e a pessoa pode se tornar excessivamente centrada em si. Até mesmo o conceito de preservação do nosso planeta, incluindo seus recursos naturais, passa pela compreensão do nosso planeta como um corpo celeste que teve uma origem e evolução. Marte, por exemplo, teve água no passado e hoje é um planeta seco. Acredito que a compreensão do que houve com os outros planetas pode nos ajudar a compreender e ajudar a preservar a Terra.
Os astrônomos brasileiros estabeleceram a meta de que pelo menos 1 milhão de brasileiros observe algum objeto celeste através de um telescópio durante 2009. Em todo o Brasil haverá telescópios disponíveis à população em lugares de grande circulação, tais como a Avenida Paulista, o Parque Ibirapuera, o Villa-Lobos, além é claro, da Cidade Universitária.

5. O que você diria a um jovem que gostaria de se dedicar à Astronomia?


O estudo da Astronomia, mesmo como hobbie, traz muitos benefícios. Geometria espacial, por exemplo, é amplamente utilizada em Astronomia, assim como muitos outros conceitos matemáticos como logaritmos, trigonometria, geometria plana, etc. Há também muitas aplicações da Física, como por exemplo, na temperatura dos planetas, das estrelas, etc. A Química entra na composição química da atmosfera dos planetas e as transformações que nela ocorrem, na coloração do solo dos planetas, na cauda dos cometas, etc. Eu diria que um estudante que lê sobre Astronomia e faz algum tipo de atividade astronômica tem mais chances de se dar bem na escola e, consequentemente, em sua carreira futura.
Como profissão, é um pouco difícil de avaliar, porque a formação do astrônomo leva muito tempo (cerca de 10, 12 anos) e é difícil prever como estará o mercado de trabalho nessa escala de tempo. O que posso dizer é que, entre meus ex-colegas de pós-graduação que não desistiram da carreira, todos estão empregados. Alguns têm empregos melhores, outros piores, mas pode-se dizer que praticamente não há astrônomos da minha geração desempregados. A profissão exige estudo e aprimoramento contínuos. Também acho importante citar que o computador é uma das ferramentas mais importantes do astrônomo. Embora o telescópio seja imprescindível, o astrônomo passa mais tempo à frente do computador do que do telescópio.

Você quer saber mais?

http://cdcc.usp.br/