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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Anasazi, “a tribo dos antigos”.



Chaco Canyon, Chetro Keti, Grande Praça Kiva (National Park Service). Imagem: Obiviousmag.

            Os Anasazi eram um antigo povo indígena do sudeste norte americano que viveram apartir do ano 1.200 a.C. e desapareceram repentinamente por volta de 1300 d.C. Este antigo povo desenvolveu uma civilização complexa de grandes comunidades inter-relacionadas. Os Anasazi evoluíram de nômades, que viviam em habitações temporárias, até se tornarem agricultores. Com o tempo, criaram enormes construções de pedra com algumas de até cinco andares e moradias em penhascos. Não se sabe o que os levou a abandonar tudo. Alguns pensam que uma grave seca ocorrida em 1275-1300 d.C foi um fator importante na sua partida. O pó do deserto no sudoeste da América, a arte da cerâmica, o som harmônico da flauta e lugares de culto relembram uma das civilizações indígenas mais antigas – os Anasazi. O rasto destes antepassados procura água, paz e sobrevivência pelos Estados de Utah, Colorado, Arizona e Novo México.

            Siga as pegadas e conheça o ADN desses gênios da arquitetura, artesãos e potenciais astrônomos. Anasazi é o termo utilizado para designar “os antigos” ou “antigos inimigos” pelos Navajos, uma tribo indígena da América do Norte. Possíveis antecessores e detentores das instruções genéticas dos índios Hopi, os Anasazi são também rotulados como Hisatsinom (“os antigos”). Os nômades do sudoeste dos atuais EUA (Utah, Arizona e Novo México) testam a sua sobrevivência em lugares inóspitos, desertos e montanhosos.

            No Novo México encontra-se o berço da civilização pré-histórica Anasazi: Canyon Chaco. É aqui que estão as primeiras habitações desta tribo. Pueblo Bonito é não só a maior casa, como também a mais conhecida. Pedra e madeira eram transportadas pela própria comunidade a fim de edificar todas estas obras de uma engenharia, desenho e geometria complexa. Conta-se que estas amplas habitações circulares atraíam pequenos povos agrícolas que sobreviviam à base do cultivo de cereal e procuravam água. O cenário de Canyon Chaco nem sempre foi desértico e o lugar chegou a ser popular em períodos de mais chuva. No interior de Pueblo Bonito, há diferentes compartimentos que funcionam como o epicentro de rituais religiosos – as Kivas. Aqui ouviam-se os sons dos tambores e cânticos divinos, sentia-se o calor da fogueira e acompanhavam-se os ritmos das danças. Rezas de chuva e campos férteis invocavam o desejo pelo alimento. Porém, não eram só os rituais que sustentavam as suas crenças. Era, também, a arquitetura baseada nas estrelas.
            Alguns investigadores como, Gary David, em The Orion Zone, e arqueólogos defendem que a disposição geográfica das kivas, das janelas e o desenho da construção dos Anasazi espelham os movimentos dos corpos celestes, representando a constelação Orion. As habitações monitorizam as posições do sol e advinham o (des)equilíbrio da Terra, como um calendário arquitetônico-celestial. É possível que o povo Anasazi tenha, ainda, obervado a supernova que formou a Nebulosa do Caranguejo. Os Anasazi tiveram que partir quando Canyon Chacon cobriu-se de pó e a seca predominou. A leitura dos anéis dos troncos das árvore ainda presentes no monumento revelam que tem decrescido o valor da precipitação desde o ano de 1130. O clima desfavorável, a perda da estrutura de poder do povo e o acreditar que estavam em desequilíbrio com a Natureza apresentam-se como possíveis razões da sua migração para outro local.

            Próxima parada? Novo México, Aztec. O povo Anasazi voltou a reconstruir as suas habitações. Contudo, a natureza arbórea e verdejante não foi suficientes para esta civilização estabelecer raízes no local.   Sul do Colorado, Mesa Verde. As terras são férteis mas o local que enraíza a população é de difícil acesso. Apesar das típicas portas em forma de T e da presença das Kivas, Mesa Verde acaba por ser uma compressão das habitações em Canyon Chaco e Aztec. Escadas em pedra dão acesso ao aperto dos diferentes compartimentos. Que medos e inseguranças esconde esta comunidade? A resposta talvez se encontre em imagens simbólicas, fatos e mitos gravados nas rochas – os petróglifos. Combates, pontas de lança, escudos, guerreiros e caveiras são algumas das imagens. Alguns dos elementos são objetos de atração da chuva. Mas há segredos nesta sociedade desesperada, levada ao limite. Há quem se aproveitasse da bruxaria e das forças malignas para desenvolver práticas de canibalismo. O destino final é a floresta de Utah, onde se encontram os últimos vestígios desta comunidade. Neste local há as mesmas escadas pré-históricas, a aproximação aos recursos naturais, os petróglifos e a mesma cultura vibrante e defensiva.

            As pegadas de Anasazi param neste local, em meados do século XIV d.C. A tribo Hopi ainda mantém contacto com a época dos seus antepassados. A arte de trabalhar a cerâmica, a dança do búfalo, o equilíbrio do vaso na cabeça das mulheres para transportar água e os amuletos fazem parte desta cultura. Já se falou que o povo Zuni e Hopi – índios pueblo – seriam descendentes dos Anasazi, porém nunca foi provada a ligação genética entre eles. 

domingo, 28 de dezembro de 2014

Sambaquis, Parte III: Sepultamentos nos Sambaquis e Conclusão - Relatório de Arqueologia.

Não deixe de ler a primeira e segunda postagens sobre o tema para ficar inteirado de todas as informações:



SEPULTAMENTOS NOS SAMBAQUIS 
              Quando durante as escavações os arqueólogos chegavam em profundidades que correspondiam aos primeiros sepultamentos, os arqueólogos encontraram covas com uma grande quantia de buracos de estacas que revelam o que um dia foi uma estrutura de madeira, hoje já decomposta, que demarcava o local onde estava o morto, na cova. Encontramos também grossas camadas de conchas que separam grupos de sepultamentos em níveis, algo que reflete sepultamentos de pessoas que não possuíam laços sentimentais com os sepultamentos anteriores, essas camadas de conchas são encontradas com dezenas de anos de diferença, o que explica a falta de laços com os antigos sepultamentos, pois o grupo atual desconhecia os indivíduos sepultados anteriormente.

              Ao serem escavados, alguns sambaquis revelaram que o sepultamento em si com conchas e objetos do morto e aonde algumas vezes são encontrados alimentos para o falecido ficava logo abaixo de onde havia ocorrido a cerimonia fúnebre devidos aos vestígios de oferendas e fogo ritual que foram encontrados acima do mesmo. Quando analisamos as práticas funerárias desenvolvidas pelos grupos sambaquianos, vemos desde o principio o desenvolvimento de uma hierarquização com base nos bens depositados juntos ao corpo na sepultura e também pelo modo como o corpo do individuo é tratado após a morte, pois indivíduos de status superior recebiam um tratamento de preparação de seus corpos antes do sepultamento em si. Embora alguns arqueólogos afirmam que não havia uma relação direta entre estes aspectos de tratamento, pois são verificados dois tipos de status: um é aquele que a pessoa adquiri com seus feitos durante o decorrer de sua vida e o outro é aquele que pode ser herdado de seus ancestrais.

              Os arqueólogos ao analisar os sepultamentos de jovens aonde são encontrados um tratamento diferenciado com deposito de artefatos lindamente pintados como esculturas em pedra e osso especialmente confeccionadas com motivos do cotidiano do seu povo denota um status herdado, pois alguém tão jovem não teria tido tempo de realizar algo significante para sua sociedade segundo os padrões e expectativa de vida de seu grupo.

Crânios de sambaquianos: 12. Crânios encontrados em sepultamentos em sambaquis, os indivíduos tinham entre 40 e 50 anos. Fonte: DUARTE, 1968, p.43.

              Nos sepultamentos os ossos humanos estão muitas vezes juntos com conchas os quais acabam como matéria-prima na construção moderna, uma falta de respeito com os povos que sepultaram seus parentes nessas estruturas denominadas Sambaquis. Se esses povos possuíam uma preocupação com o sepultamento provavelmente preocupavam-se com a vida pós-morte do sepultado o que nos remete que este individuo não foi simplesmente colocado ali.   Algo que se destaque nos sepultamentos em geral são os ossos robustos dos esqueletos encontrados que nos mostram que pertenciam a pessoas que realizavam atividade física de modo rotineiro com certeza relacionados a pesca e ao remar dos seus barcos, pois sabemos que os sambaquianos tinham barcos que os levavam até ilhas no litoral.
              Alguns corpos sepultados, devido a rituais religiosos tinham seus corpos pintados de vermelho com algum corante natural, isto é verificado nos ossos dos esqueletos que aparecem cobertos com este material. Conforme os sepultamentos iam ocorrem o sambaqui crescia no decorrer de centenas de milhares de anos, aliados ao acumulo de restos alimentícios e de utensílios era um verdadeiro monumento a vida e ao cotidiano desses povos que nos seu final culminava com seus próprios corpos os principais componentes destes maravilhosos monumentos aos seus grupos sociais.

Pobres que foram humildes e grosseiros, os homens dos sambaquis eram, no entanto, acompanhados frequentemente à sepultura de seus toscos utensílios de pedra e osso, de algum alimento como se verifica da omoplata duma anta ou dum veado, com frequência ao lado dos objetos, e até de restos humanos incompletos: crânio mais comumente, às vezes dentro de cerco de pedras brutas contornando os corpos. Daí o encontro duma pedra maior, atípica, ter-se tornado, a princípio, sinal de ossada perto, quando em trabalho de pesquisa em sambaqui. (DUARTE, 1968.p.103).

            Ao serem analisados devidamente, esses sepultamentos nos mostram em parte como eram as estruturas físicas desses povos paleo-americano, podemos encontrar ossos de crânios, com dentes muito fortes, desgastados pela areia dos mariscos ou pelo mastigo de raízes e outros alimentos duros, mas, incrivelmente, sem uma só cárie, algo incrível até para a atualidade. Verificaremos como eram realizados os rituais de sepultamento, uma área de estudo responsável pela escatologia. 


Mas embora grosseiros esses túmulos primevos não deixavam de insinuar outros túmulos toscos também, perfeitamente característicos e pequenos do Egito ainda selvagem, dos clãs e das tribos nilóticas, cujo culto dos mortos evoluiria para os megálitos, tipicamente documentados pelos menhires e dólmens de tantos sítios da Europa, da Ásia e da América, e também para as sepulturas coletivas do Egito nação, para as pirâmides faraônicas, possível estilização dos mastabas, cuja forma embora mais avançada atrai claramente as longínquas origens nos grosseiros amontoados de conchas mesolíticas. Das pirâmides e das tumbas, subterrâneas ou não, ao túmulo de Máusolo ou de Cleópatra, seria apenas uma questão de tempo. [...] Resumindo: estaria no sambaqui a forma primeva de um complexo sociológico iniciado em plena era totêmica? De um lado os ritos funerários, a sepultura do chefe e indivíduos diferenciados, o Panteão. De outro, as assembleias do grupo. Para decisões coletivas, combinações de guerra ou de paz; conselho dos velhos, característico das sociedades primitivas; ritos mágicos de caça, de pesca, de instituições sociais, nascimento, casamento, alianças; festejos, danças e cantos, refeições coletivas, comemorações de todo o grupo; refúgio para segurança noturna ou defesa contra as feras e os homens. Tudo se desenrolaria no sambaqui, como à influência de um mimetismo ou contágio sociológico das grutas pintadas do Magdalense, alguns milhares de anos antes. (DUARTE, 1968, p.104-5).

            Essa reflexão de Paulo Duarte me faz pensar até aonde poderiam ter ido os grupos sambaquianos senão tivessem desaparecido. Poderiam ter-se desenvolvido e aperfeiçoado suas tradições e culturas de modo que isto seria só uma questão de tempo? Algo que muitos arqueólogos respondem positivamente.


Sepultamento: Sambaqui Ilhote do Leste, Ilha Grande, RJ. Sepultamento. Fonte: WESOLOSKY, 2000 p.162.

Enquanto em outras culturas é comum uma certa separação do espaço destinado ao sepultamento, uma vez que o cemitério é visto como um lugar a ser ignorado e/ ou evitado, os construtores de sambaquis e acampamentos litorâneos criaram um vínculo espacial claro com seus mortos ao manterem as sepulturas na mesma área do sítio, e este fato deve ser considerado como o eixo principal de todo o padrão funerário estabelecido por estes grupos. (WESOLOSKY, Verônica. Práticas funerárias Pré-históricas do litoral de São Paulo. TENÓRIO, Maria Cristina (Org.) Pré-história da Terra Brasilis, Rio de Janeiro: UFRJ, 2000, p. 190-1).
  

CONCLUSÃO
            O relatório aqui apresentado visa expor de forma clara e extremamente curiosa esses grupos sambaquianos que habitaram os litorais do Brasil e expor de forma clara suas origens e motivos de existência. Vimos que alguns sambaquis chegam a ter mais de 6 mil anos de existência e que foram construídos grupos considerados não-indígenas, pois sambaquianos não eram índios. Entendemos que os sambaquis eram monumentos erguidos durante milhares de anos gerações e gerações de grupos que habitaram e utilizaram do mesmo em seu cotidiano como abrigo, cemitério e deposito de restos alimentares e artefatos. Sendo que os principais vestígios são os restos de conchas provindos de sua alimentação diária, além de ossos de mamíferos e peixes, incluindo também restos de tubarões e outros peixes que habitavam águas mais profundas.

            Verificamos que através de estudos os grupos sambaquianos tem origem nos primeiros habitantes da América que aqui chegaram a 10 mil AP e se estabeleceram nos litorais sul-americanos com cultura material própria e que denota grande habilidade com artefatos feitos de ossos e pedra. Na análise dos sítios sambaquianos do Sul do Brasil descobrimos que os primeiros datam de 3 mil AP e que em SC no Sambaqui de Jabuticabeira-II existem mais de 43 mil sepultamentos. Por meio dessa complexidade vemos que os grupos que habitavam o litoral brasileiro eram organizados em estruturas sociais hierarquizadas com redes de troca entre outros grupos, e com uma população alta se comparada com outros grupos e que eram sedentários. Não eram simples agrupamentos humanos, mas existia uma estrutura cultual envolvida em suas relações diárias entre si e o mundo que os rodeia. Possuidores de uma indústria lítica aonde eram preparados machados, armas (incluindo pontas de flecha e outros), moedores e outros artefatos como um grande número de artefatos lascados e lascas de quartzo. Registraram-se raspadores, furadores, pontas-de-arremesso triangular, facas, quebra-cocos, percutores, talhadores e alisadores. Não podemos esquecer é claro dos zoólitos, que são esculturas feitas de osso ou pedra com a forma dos animais das regiões onde habitavam, alguns zoólitos tem forma de animais marinhos, aves e raramente, mas existem alguns com forma humana. Mas a característica mais marcante dessa cultura sambaquiana é o hábito de acumular todas essas coisas é o que diferencia seu grupo de tantos outros que ocuparam o território brasileiro. Eles consideravam os restos alimentares como material construtivo e os acumulavam, dia a dia, erguendo uma plataforma que, com o passar do tempo, mais se destacava na paisagem.

            Esse costume de acumular restos alimentares e usa-los para erguer construções não é um costume que deva ser entendido segundo a visão pratica, pois se relaciona com o prestígio dos moradores de cada local em relação aos vizinhos.  Os sambaquis eram locais de moradia, sabemos disso, pois, são encontrados diferentes artefatos e nos mostram sua relação com o cotidiano desses povos e sua vida. Outro indicio importante é que nunca foi encontrado outro local de habitação dos povos sambaquianos além do sambaqui em si. Mesmo realizando muitas atividades do dia-a-dia no próprio sambaqui os seus construtores exploravam muito todos os locais nos arredores do sambaqui.

Autor: Leandro Claudir. Criador e administrador do Projeto Construindo História Hoje e Acadêmico de História.

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REFERÊNCIAS

CADASTRO NACIONAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS, sítio RS-LN-19: Capão Alto, sambaqui localizado no município de Xangri-lá/Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.iphan.gov.br/sgpa/cnsa_detalhes.php?11993. Acessado em 13 de nov. de 2014.
CUNHA, Manuela Carneiro da Cunha. Os mortos e os outros. São Paulo: Hucitec, 1978.
DUARTE, Paulo. O sambaqui visto através de alguns sambaquis. São Paulo: Instituto de Pré-história da Universidade de São Paulo, 1968. p.100-105.
FERREIRA, C. C.; TORRES, F. R.; BORGES, W. R. Cubatão: Caminhos da História. Cubatão: do autor, 2007.
GASPAR, Maria Dulce. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
GASPAR, Maria Dulce. Os ocupantes Pré-históricos do litoral brasileiro. TENORIO, Maria Cristina (Org.) Pré-história da Terra Brasilis. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.
SCHMITZ, Pedro Ignácio. Pré-história do Rio Grande do Sul: arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil 2º Edição. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2006.
WESOLOSKY, Verônica. Práticas funerárias Pré-históricas do litoral de São Paulo. TENÓRIO, Maria Cristina (Org.) Pré-história da Terra Brasilis, Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.
Sambaqui Figueirinha I. Disponível em:
Sambaqui Figueirinha II. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sambaqui#mediaviewer/File:Figueirinha_II_Areia.JPG> Acesso em 10 de nov. de 2014.
Modelo de estratificação das camadas de um sambaqui do litoral sul catarinense, no Brasil. Disponível em:
Sambaqui MAE-USP. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sambaqui,_MAE-USP_(2).JPG> Acesso em 11 de nov. de 2014.
Zoólitos. Disponível em: <http://atmosferasapiente.blogspot.com.br/2013/08/sambaquis-arqueologia-no-litoral.html>. Acessada em 11 de nov. de 2014.
Rara escultura de pedra em forma humana: Disponível em:
Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville/MASJ. Disponível em:


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quinta-feira, 12 de junho de 2014

A Questão do Paleoíndio e as tradições culturais



A Questão do Paleoíndio
Pedro Ignácio Schmitz

As periodizações locais e regionais no Brasil apresentam algumas controvérsias por se basearem em diferentes pressupostos, métodos ou dados.

Para que possamos nos localizar no tempo e no espaço faremos abaixo uma tabela de comparação entre os nomes das periodizações usadas de uma forma geral e os nomes americanos aproximadamente correspondentes:

Periodização Geral

Periodização Americana

Paleolítico
(Inferior, Médio e Superior)
Período Lítico
(Pré-Pontas e Paleolíndio)
Mesolítico
Período Arcaico
Neolítico
Período Formativo

Conceitua-se Paleoíndio a cultura que possui os seguintes elementos: populações que teriam vivido predominantemente da caça de megafauna, sítios principalmente de matança, artefatos identificadores usados como facas, raspadores e raspadeiras, ambiente frio e seco, populações  pouco numerosas, dispersa e nômade. O Período Arcaico por sua vez caracteriza-se por uma cultura de adaptação ao clima pós-glacial e que buscava novos recursos alimentares de forma geral e diversificada.

O nome Tradição Itapirica criado pelo PRONAPA, a partir de material da Bahia, designa um complexo tecnológico que data cerca de 9.000 à 6.500 anos a.C, sendo que em alguns lugares teria alcançado datas mais recentes, predominantemente dentro do Holoceno mas com elementos paleoíticos que ultrapassavam o período e talvez o ambiente característico do Pleistoceno, daí a ideia de chama-lo de Paleoíndio Defasado.

Nesses sítios a alimentação era baseada na caça generalizada e no consumo de produtos vegetais, sua localização se dava  em abrigos rochosos, grutas e cavernas. Esta cultura arqueológica também se estende em Goiás de 9.000 a 6.000 a.C.

A fase Paranaíba, de Goiás caracteriza-se por uma cultura arqueológica em que as pontas de projétil estão ausentes, não podendo assim ser chamadas de Pré-pontas. Atualmente pesquisas  ainda nos revelam que as culturas arqueológicas dos caçadores das savanas tropicais têm como identidade a unifacialidade de seus artefatos.

A dúvida que resta é que esses materiais não contêm elementos paleolíticos suficientes para adequar- se ao conceito de Paleoíndio no Brasil Central.

Pré-história da Região do Parque Nacional Serra da Capivara
Anne-Marie Pessis

O Parque Nacional Serra da Capivara localiza-se no sudeste do Estado do Piauí. O clima da região hoje é semi-árido mas em épocas pré-históricas predominava um clima tropical úmido que se estendeu até cerca de 12.000 anos atrás, permitindo o desenvolvimento de uma grande vegetação.

Existem evidências de que a presença humana nesta região  remota 50.000 anos dado que autora nos mostra seguir a mesma linha de raciocínio da arqueóloga Niède Guidon. Por outro lado há também evidências da presença humana no sítio arqueológico Monte Verde que datam 33 mil anos. Ainda não é possível precisar as vias de penetração do continente nesse período, nem construir teorias que expliquem o processo do povoamento americano.

Comprova-se através de vestígios que durante milênios essa região teria uma única cultura material . Possuíam como habitação lugares abertos próximos a fontes de água independentemente do grau de nomadismo ou sedentarismo. Foram encontradas nas paredes do Parque Nacional uma grande quantidade de pinturas rupestres com representações de animais muito diversificadas.

A partir de 10.000 anos as transformações climáticas afetaram a sobrevivência dos grupos humanos, as populações ali instaladas desde o Pleistoceno iniciaram um novo período cultural que perdurou de 12 mil á 3.500 anos AP ( Tradição Nordeste e Agreste).

A Tradição Nordeste (12 mil a 6 mil anos AP) desenvolveu uma cultura material mais aperfeiçoada se comparada com seus antecessores. Aparece o uso de instrumentos feitos de sílex que eram mais duráveis, surge  o polimento do material lítico, introduzindo o uso da queima da argila para fabricação de cerâmica. Sua característica mais importante é a arte rupestre marcada por três estilos baseados na organização social dos grupos da Tradição Nordeste:

1 Estilo Serra Capivara: pinturas homogenias relacionadas com a vida, caça e mitos.
2 Estilo De Transição Serra Talhada: o aumento da população gerou variedades de grupos e rivalidade entre eles fato testemunhado pelos temas violentos nas pinturas.
3 Estilo Serra Branca: os grupos da Tradição Nordeste já tinham suas características étnicas bem diferenciadas e procuravam expressar essa diferença pintando ornamentos próprios de sua etnia.

A Tradição Agreste (10.500 a  3.500 anos AP) esse povo surge na região do Parque Nacional com uma cultura diferente, sua técnica de arte rupestre era grosseiramente pintada.
Em 3.500 anos aparecem os primeiros agricultores ceramistas na região.

Os mais Antigos Caçadores-Coletores do Sul Do Brasil
Pedro Augusto Mentz Ribeiro

Os mais antigos caçadores-coletores da região sul do Brasil, seriam os componentes da Tradição Umbu e Humaitá. Devido as paisagens abertas e fechadas encontradas no sul brasileiro, afirma-se que a Tradição Umbu e Tradição Humaitá apresentam traços característicos peculiares a cada uma delas, o que lhes diferencia.

Permanecem discussões sobre qual das duas tradições teria sido a primeira a penetrar na América e no sul do Brasil. Mas através das datações obtidas, acredita-se que a primeira teria sido a Tradição Umbu na qual encontrava-se nesta área em torno de 12.000 a 7.000 anos AP, sendo que a Tradição Humaitá só chegaria ao sudeste do Paraná e ao nordeste do Rio Grande do Sul a partir de 7.000 anos AP. Entretanto, não dispõem-se de dados, que poderiam referir-se aos caminhos percorridos por ambas tradições antes de chegar ao sul do Brasil.

Tradição Umbu

Os habitantes que formaram essa tradição conviveram com uma fauna extinta composta por tatu- gigante, tigre-dentes-de-sabre, mastodontes e etc.

A cultura material desta tradição, está dividida em :

I Período – O mais antigo, que vai de 6.000 à 11.500 anos AP, ocorreu no sudoeste e na encosta do planalto sul do Rio Grande do Sul.

II Período – Datado de 6.000 AP, a cultura material irá surgir na encosta do planalto, centro e leste do Rio Grade do Sul.

III Período – Datado de 6.000 AP até mais ou menos a época da conquista, 575, já será possível encontrar em toda a região a indústria pré-cerâmica Umbu.

O que vai indicar um aumento populacional e uma melhor adaptação ao meio ambiente, será a sofisticação na tipologia de pontas, os aterros nas áreas alagadiças, a adoção de cerâmica e o aumento de sítios arqueológicos com grande quantidade de material.

Foram os únicos a ocuparem áreas alagadiças, que no verão propiciaram melhor coleta de moluscos e caça de rãs, cuícas e etc.

Utilizavam a técnica de lascamento e polimento para obter seus instrumentos líticos, dominavam o lascamento por percussão direta  e indireta (bipolar) e pressão.

A Tradição Umbu possui como material característico a pedra lascada (furadores, raspadores, pré-formas bifaciais, facas bifaces), pedra utilizada (bigorna, polidores), pedra matéria corante (fragmentação de laterita com e sem sinais de utilização), ossos (furadores, agulhas, anzóis), dente (canídeo, tubarão) e as conchas que eram utilizadas na fabricação de discos de colar.

A arte rupestre encontrada no sul do Brasil, são atribuídas aos portadores desta tradição, quase todas estas manifestações são encontradas na encosta dos planaltos, foram produzidas utilizando a técnica de alisamento e picoteamento. Usam motivos geométricos, bimorfos (pegadas) e puntiformes.