sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Poesias Integralistas-Na São Paulo de Ontem

Victor Emanuel Vilela Barbuy*

Manhã. Sol. Gotas de orvalho. Sobre as flores do jardim.

Jardim modesto de meu sobradinho.

Um aeroplano passa voando pelo céu de translúcido azul.

Um bonde leva namorados para "pic-nics" na Represa de Guarapiranga.

Em Santo Amaro. O meu Santo Amaro. De onde vem este vento fresco.

Centro da Paulicéia. Rua XV de Novembro. Passantes apressados.

Jornaleiros. Um almofadinha passa numa baratinha. Fon-fon.

Charretes. Carroças. Bondes. Mais baratinhas. Um Rolls-Royce.

É de um grã-fino. Paulista dos quatro costados. Quatrocentão.

Frisa no Municipal. Palacete nos Campos Elíseos. Estilo neoclássico.

Jardins italianos. Gárgulas. Chafariz. Ciprestes. Móveis vindos de França.

Lustres de cristal de Baccarat. "Aubussons". "Gobellins". Jarrões de Sèvres.

Se dirige ao Automóvel Clube. O "chauffeur" é italiano.

Bairro operário. Chaminés cospem fumaça. Apitos.

Um vassoureiro passa com seu pregão. "Liberté, égalité, vassouré".

Crianças brincam. Amarelinha. Um fonógrafo. Ecoa a voz de Caruso.

Verdi. "Rigoletto". "La donna è mobile". Outro gramofone. Chora um tango.

Argentino. Triste. De volta ao Centro. Arranha-céus.

Quando ficar pronto o Martinelli será o maior arranha-céu.

Fora dos Estados Unidos. São Paulo não pára.

É a Chicago da América do Sul. Maior centro industrial. Da América Latina.

A cidade que mais cresce no Mundo.

E o Conde Matarazzo é o italiano mais rico do Mundo.

E o homem mais rico fora da Pátria de Lincoln. E de Ford. E do fox-trot.

Tarde. Avenida Paulista. Plátanos. Palacetes suntuosos.

Trianon. Moças elegantes. Alunas de Madame Poças Leitão.

Palacete mourisco. Uma linda turquinha passeia no jardim.

Palacete renascentista. O filho do Cav. Uff. sai numa Isotta-Fraschini.

O pai da turquinha começara como mascate.

E o Cav. Uff. como colono. Quase escravo. Numa fazenda da Mogiana.

Jardins. Os bairros. "Bungalows". "Chalets". Alamedas. Arborizadas.

Escurece. Noite. Estrelas. Jaci. Garoa. Frio.

Um "rendez-vous" perto da velha Academia.

Jazz-band. Charleston. Maxixe. Luzes de néon. Polacas.

Francesas. Champanha. Charutos. Cigarros. Piteiras.

Teatro Municipal. Reminiscências. 22. A Semana. Pinturas.

Poesias. Vaias. Aplausos. Futurismo.

Saudades. Infância. Santo Amaro.

O cemitério. Bento do Portão. A Igreja. O Largo.

O casarão imortalizado por Paulo Eiró.

Praça Floriano. A nossa casa. Roseiras.

Na janela tinha um limoeiro que vivia carregado.

Mais lembranças. Minas. Alterosas. Sertão. Oeste.

Oeste. Alto São Francisco. A cidadezinha da mãe.

Casarões coloniais. Igrejas. Fazendas.

Brejos. Saracuras. "Três pote'. Três pote'".

Ainda mais lembranças. Tosse. Sangue.

Trem. Montanha. Um rancho na Mantiqueira.

Araucárias. Pedra do Baú. Casas baixas. Caboclos.

Modinhas de viola. Cigarros de palha. Inverno.

Frio quase siberiano. Geada. Primavera. Floradas.

Pessegueiros. Pereiras. Cascatas. Pinheiros.

Morte do Bezerra. Colega de quarto e de doença.

Cemitério. Ciprestes em fila. Viúva. Choro. Coroas de flores.

Cura. Volta pra casa. Paro de recordar. Amanhece. Fim.

* Σ - São Paulo - SP. Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira - FIB.

Poesias Integralistas- E POR TODOS OS SÉCULOS DOS SÉCULOS...


Versos aos que vacilam

Mayrink

Desta luta sem fim, ninguém deserta!

Trazes as mãos de sacrifícios cheias:

Não é possível que afinal descreias

da Vitória do Bem – porque ela é certa!



Como se faz a um caramujo, aperta,

no ouvido d’alma, a Pátria – e, em tuas veias,

sentirás saudades das cadeias

e a voz dos Mortos te dizendo – Alerta!



Por sobre o tremedal do conformismo,

atira a tua Fé no Integralismo

- puro e distante como a luz de um astro:



Eu só posso enrolar a bandeira,

a que entreguei uma existência inteira

- para crucificar-me no seu mastro...

(Transcrito do Boletim “O Idealista” – Ano 1 – Abril – Maio – Junho de 1987 – Nº 3 – pág. 2)

Poesias Integralistas

A Revolução Necessária

Mayrink

Despe a camisa verde - imediatista,

incapaz da renúncia do presente:

Nem por mudar uma camisa, a gente

conseguirá fazer-se Integralista...

Quem a vestiu, sonhando uma conquista

ambiciosa, iludiu-se, totalmente:

- O soldado de Deus não traz em mente

nenhuma presunção personalista...

Integralismo é a escola da humildade:

- Cristo pregando a reforma interior,

na Judéia do egoísmo e da vaidade...

Despe a camisa verde, da revolta

que não sentiste - ó mísero impostor...

Anula-te a ti esmo... e depois volta...

(Transcrito do Nº 1 da Revista Anauê!, Janeiro de 1935, Ano I)

Poesias

TRANSFORMAÇÕES

A. Lorenzzoni*

Ilusões da Vida


"Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem
Só passou pela vida, não viveu”.

Francisco Otaviano
(1825 - 1889)

Narrar-te tudo o que vivi...
As batalhas e adversidades,
Sobretudo (e por quê não? ) as felicidades
Escuso-me agora.
Não cabe aqui,
Em poucas palavras.
Esta que envio-te por hora
É apenas uma carta.
Longa história se demora;
E como não estou vendo teus olhos,
Recuso-me a contar.

Interessa apenas o vazio que senti...
Sombrio como vagalhões
Em negras tempestades,
Que arrebatam e afogam o solitário navio.
[Velejava
Sem rumo
Imenso oceano
Sem perspectiva]


Tão diminuta cultura...
Falta-me o Latim.
E onde estão os símbolos pátrios
Que deveriam ornar vestes,
carros e jardins?


Tão estranhas pessoas...
Respeito, discrição, dignidade
Parecem ter se dissipado
(Quase sepultados!)
Entre brumas formadas
Pelos excessos materiais,
Vícios, agitações,
Apostarias e liberalidades.
E onde estão as artes e memórias
De ilustres brasileiros


Nossos antepassados?




Tão misteriosa vida...
Segui também o caminho atraente,
Despojado de preceitos morais.
Abandonei virtudes,
Neguei tradições.
Acreditei numa falsa liberdade;
Tardiamente percebo os grilhões.
Onde está minh’alma?


Alquebrada...
Deixei-a muito tempo à deriva,
Como aquele navio.
É então deste vazio que te falo...


Acabrunhada...
Voltei-me ao passado.
Descobri fortalezas;
Desejos íntegros,
Ideais sinceros.
Apoderaram-se do meu pensamento
Esses novos e nobres sentimentos.
Ocupam, gradativos, o vazio.
E já consigo entrever um futuro gentil.


Mas, tencionava eu ser breve...
Então apresso as despedidas.
Em tempo, previno-te ainda:
Urge indicar-nos a direção
Ao quebrantado navio!
(Onde está nosso Brasil?)

novembro /2000.



* Σ – Curitiba – PR

Origens da Maçonaria.


Léon de Poncins*

São vagas e multiplas, se nos basearmos nas versões contradictorias fornecidas pelos maçons. Parece indiscutivel que a associação data de época remota. Na Inglaterra, provem das confrarias dos pedreiros constructores da Idade Média.

Historicamente, póde-se affirmar que, sob a fórma actual, a Maçonaria existe desde 1717. Nessa época, diversas lojas inglezas reuniram-se em Londres e fundaram a Grande Loja da Inglaterra, a mais antiga de todas as lojas do universo. James Anderson foi encarregado de reunir, corrigir e redigir, sob uma fórma definitiva, os estatutos maçonicos. O seu trabalho appareceu em 1723 e serviu de base a todas as constituições maçonica actuaes. 1

(¹) Informações minuciosas nas obras seguintes: W. J. Hughan - Constitutions of the Free-Masons of the premier grd. Lodge of England. Londres 1889. W. Begemann - Vorgeschichte und Anfange der Freimaurerei in England. Berlin 1909.

PONCINS, Léon. As Forças Secretas da Revolução. Maçonaria - Judaismo. [1. ed.]. Porto Algre: Livraria do Globo, 1931. Transcrtito da página 22. Foi conservada a grafia do original.

* O Conde Léon de Poncins(1897-1976) foi um combativo e controvertido intelectal francês do Século XX. Publicou diversas Obras, entre as quais: La Franc-Maçonneríe puissance Occulte, Société des Nations Super-État Maçonnique, Tempête sur Le Monde e muitas outras.

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