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domingo, 20 de outubro de 2024

A estrutura de um feudo

    O feudo, estrutura central do sistema feudal, era uma grande propriedade de terra que servia como base econômica, social e política da Idade Média. Dividido em várias partes, cada uma desempenhava um papel essencial na organização produtiva e na vida cotidiana dos habitantes. A organização interna dos feudos variava, mas geralmente seguia um padrão comum em toda a Europa feudal.

Reserva senhorial

    A reserva senhorial era a parte da terra destinada exclusivamente ao senhor feudal. Era a área de produção direta sob o controle do senhor, onde os camponeses trabalhavam gratuitamente através de corveias, um tipo de imposto pago em trabalho. Nessa porção do feudo, eram cultivados os alimentos que abasteciam o castelo e as propriedades do senhor. A reserva era sempre a parte mais produtiva e bem cuidada da propriedade, garantindo a subsistência do senhor e sua família.

Manso servil

   O manso servil, também chamado de tenência, era a parte do feudo onde os servos e vilões cultivavam suas próprias terras. Eles podiam utilizar esse espaço para plantar alimentos para o consumo pessoal e familiar, mas, em troca, deviam prestar serviços e pagar tributos ao senhor feudal, como a talha, uma parte da produção que era entregue ao senhor. Esses camponeses viviam em aldeias dentro da propriedade feudal, próximas ao manso servil.

Manso comunal

    O manso comunal consistia em terras de uso coletivo, acessíveis a todos os camponeses. Essas áreas incluíam pastagens, florestas e rios, onde os servos podiam caçar, pescar e coletar lenha. Era uma área essencial para complementar a subsistência das famílias camponesas, já que oferecia recursos que não eram produzidos diretamente nas terras privadas. No entanto, o uso do manso comunal também estava sujeito a restrições impostas pelo senhor feudal.

Castelo

    O castelo era a residência do senhor feudal e o centro administrativo e militar do feudo. Além de servir como habitação da nobreza, também funcionava como fortificação, oferecendo proteção contra invasores e revoltas. O castelo simbolizava o poder e a autoridade do senhor sobre o feudo e seus habitantes. Durante períodos de guerra ou invasões, os camponeses podiam buscar refúgio temporário dentro das muralhas do castelo.

Igreja

    A igreja ou capela era outro elemento essencial do feudo. A religião ocupava uma posição central na vida feudal, e cada feudo possuía uma igreja que servia à comunidade local. O clero, além de orientar espiritualmente os camponeses, também recolhia o dízimo, um imposto que consistia em 10% da produção agrícola, destinado à manutenção da Igreja. A presença da igreja reforçava o poder ideológico do cristianismo sobre a vida cotidiana dos habitantes do feudo.

Vilarejo

    O vilarejo, ou aldeia, era onde residiam os servos, vilões e artesãos do feudo. Era composto por pequenas habitações de madeira e palha, próximas às terras cultivadas, e abrigava a maior parte da população feudal. O vilarejo era a base da vida comunitária, onde os camponeses viviam em condições simples, trabalhando para garantir sua subsistência e cumprir as obrigações para com o senhor feudal.

Você quer saber mais?

BLOCH, Marc. A sociedade feudal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. 3. ed. São Paulo: Vozes, 2015.

DUBY, Georges. Guia da Idade Média: o ocidente feudal. São Paulo: Estação Liberdade, 1993.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

As invasões holandesas no Brasil

    As invasões holandesas no Brasil ocorreram no contexto das disputas coloniais entre as potências europeias no século XVII. A Holanda, que à época era uma potência emergente e rival da Espanha, tinha grande interesse no comércio de açúcar, que prosperava na região nordeste do Brasil. Em 1580, a União Ibérica unificou as coroas de Portugal e Espanha, levando a Holanda a buscar novas formas de controlar o comércio de açúcar, já que os espanhóis eram seus inimigos. Entre 1624 e 1625, os holandeses realizaram a primeira invasão, capturando Salvador, então capital da colônia portuguesa. No entanto, essa ocupação foi de curta duração, sendo a cidade retomada por uma força luso-espanhola.

    A segunda invasão holandesa começou em 1630, desta vez em Pernambuco, o principal centro de produção de açúcar da colônia. Com a conquista de Olinda e Recife, os holandeses passaram a controlar uma vasta área do Nordeste, incluindo as capitanias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O objetivo da invasão era estabelecer o controle do comércio açucareiro e explorar economicamente a colônia.

    Entre 1637 e 1644, o Brasil holandês foi governado por Maurício de Nassau, que trouxe um período de relativa estabilidade e progresso. Nassau incentivou o desenvolvimento urbano, a construção de estradas e pontes, além de promover pesquisas científicas e a tolerância religiosa entre colonos. Recife foi modernizada e se tornou um importante centro cultural e econômico durante seu governo. Ele também tentou reconciliar os interesses dos senhores de engenho portugueses e a Companhia das Índias Ocidentais, que financiava a colonização holandesa.

   Contudo, após sua saída em 1644, devido a desentendimentos com a Companhia, a situação se deteriorou. Os holandeses enfrentaram dificuldades financeiras e a resistência luso-brasileira cresceu, resultando nas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649), onde as forças luso-brasileiras, compostas por brancos, negros e indígenas, uniram-se contra o domínio holandês. Essas vitórias foram decisivas para a expulsão dos holandeses, consolidada em 1654, após a rendição em Recife.

    As invasões holandesas deixaram um impacto duradouro na história do Brasil, tanto na economia, que sofreu grandes perdas com a destruição de engenhos, quanto na cultura, pela influência arquitetônica e científica que os holandeses trouxeram para o Nordeste.

Você quer saber mais?

Boxer, Charles R. A História do Brasil Holandês. São Paulo: Editora Unesp, 1996.

Pereira, João Pedro. Os Holandeses no Brasil: A História das Invasões e da Conquista do Nordeste. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

Lima, Jorge. A Invasão Holandesa e a Resistência Pernambucana: O Papel de Maurício de Nassau. Recife: Editora Universitária, 2010.

Os militares presidentes do Brasil (ditadura civil-militar).

    Os governos dos presidentes militares do Brasil ocorreram durante o período da Ditadura Militar, entre 1964 e 1985. Esse período foi marcado por uma série de golpes, repressão política, censura, mas também por algumas iniciativas de desenvolvimento econômico e infraestrutura. O regime teve cinco presidentes militares: Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo.

    Castelo Branco (1964-1967) foi o primeiro presidente do regime militar. Seu governo focou na estabilização econômica, criando o PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) para controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. Ele também aprovou o AI-2 (Ato Institucional nº 2), que extinguiu os partidos políticos existentes e instaurou o bipartidarismo com a Arena e o MDB.

  Costa e Silva (1967-1969) enfrentou uma crescente oposição ao regime, especialmente de movimentos estudantis e intelectuais. Para lidar com isso, ele implementou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, que deu ao governo plenos poderes para fechar o Congresso, intervir nos estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos civis, tornando o regime mais autoritário. Seu governo terminou abruptamente por causa de problemas de saúde.

    Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) é lembrado pelo período mais repressivo da ditadura, com forte censura à imprensa, perseguição e tortura de opositores, especialmente guerrilheiros urbanos e rurais. Ao mesmo tempo, o governo de Médici foi marcado pelo chamado "Milagre Econômico", com crescimento do PIB em níveis elevados, impulsionado por obras de infraestrutura, como a construção da Transamazônica e da ponte Rio-Niterói. No entanto, a desigualdade social aumentou.

    Ernesto Geisel (1974-1979) adotou uma política de abertura lenta, gradual e segura, começando um processo de transição para a democracia. Geisel iniciou a distensão política, enfrentando resistências internas dos setores mais radicais das Forças Armadas. Seu governo suspendeu o AI-5 em 1978 e promoveu a reforma partidária, que permitiu o surgimento de novos partidos. No entanto, a repressão ainda continuou, como foi o caso do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, que gerou grande repercussão.

   João Figueiredo (1979-1985) foi o último presidente militar e deu continuidade ao processo de abertura política iniciado por Geisel. Em 1979, aprovou a Lei da Anistia, que permitiu o retorno de exilados políticos e perdoou crimes cometidos tanto por militares quanto por opositores. Seu governo enfrentou uma grave crise econômica, com alta inflação e crescimento da dívida externa. A insatisfação popular crescia, impulsionando movimentos por eleições diretas, como a campanha das "Diretas Já". Em 1985, após eleições indiretas, o civil Tancredo Neves foi eleito, encerrando o ciclo militar.

    Esse período da história brasileira deixou marcas profundas na política e na sociedade, com legados que ainda são debatidos até hoje.

Você quer saber mais?

Skidmore, Thomas E. Brasil: De Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Gaspari, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Dreifuss, René Armand. 1964: A Conquista do Estado. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.

Fico, Carlos. O Grande Irmão: Da Espionagem à Filtragem na Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). São Paulo: Civilização Brasileira, 2008.

Martins Filho, João Roberto. O Poder Militar no Brasil: Política e Ideologia no Exército Brasileiro (1964-1984). São Paulo: Hucitec, 1995.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A abolição da escravidão no Brasil

        A abolição da escravidão no Brasil, consumada em 13 de maio de 1888, foi um marco histórico que transformou a sociedade brasileira. Esse processo de libertação foi impulsionado por diversos fatores, incluindo a pressão interna de abolicionistas e a influência internacional do movimento abolicionista. Entre os protagonistas dessa luta estava a Princesa Isabel, filha do Imperador Dom Pedro II, que se destacou como uma fervorosa defensora da causa abolicionista.

        A Princesa Isabel, muitas vezes chamada de "Redentora", assumiu a regência do Brasil em duas ocasiões, enquanto seu pai viajava à Europa. Durante sua primeira regência, em 1885, ela já havia assinado a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de escravas nascidos a partir daquela data. Esse passo significou um avanço significativo na luta pela liberdade, mas a escravidão ainda persistia.

        Com a crescente pressão da sociedade civil, incluindo grupos abolicionistas, intelectuais e artistas, a necessidade de uma mudança definitiva tornou-se evidente. A Casa de Bragança, da qual a Princesa Isabel fazia parte, desempenhou um papel essencial nesse processo. Os membros da família real, especialmente Dom Pedro II, sempre foram contrários à escravidão, reconhecendo sua incompatibilidade com os ideais de justiça e liberdade.

        A assinatura da Lei Áurea foi um ato de coragem e comprometimento da Princesa Isabel. Ela não hesitou em tomar essa decisão, mesmo ciente de que isso poderia gerar descontentamento entre os setores que sustentavam o sistema escravocrata. Ao abolir a escravidão, Isabel não apenas libertou milhões de brasileiros, mas também posicionou o Brasil no contexto global como uma nação que caminhava para a modernidade e a igualdade.

        A determinação e fé da Princesa Isabel serviu como símbolo de esperança e mudança para os que lutavam pela abolição. Sua determinação e fé na liberdade ajudaram a moldar o futuro do Brasil. A abolição, embora tenha sido um triunfo, também trouxe desafios, como a falta de políticas públicas para integrar os ex-escravizados na sociedade.

        Com a abolição da escravidão, o Brasil passou por uma transformação profunda. A Princesa Isabel, ao agir em prol da justiça social, deixou um legado que perdura até hoje, destacando-se como uma das figuras mais emblemáticas da luta pela liberdade. A Casa de Bragança, ao abraçar a causa abolicionista, mostrou que a nobreza também poderia ser um agente de mudança e defender os direitos humanos, pavimentando o caminho para um Brasil mais justo e igualitário.

Você quer saber mais?

Silva, Manuel Nery. A Abolição da Escravatura no Brasil: Uma Questão de Justiça. São Paulo: Editora Moderna, 1998.

Freyre, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. São Paulo: Global Editora, 2008.

Oliveira, Darlene F. de. A Abolição da Escravidão: Um Estudo das Propostas de Libertação dos Escravizados no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2005.

Holloway, Thomas. A Abolitionist's Guide to Brazilian History: A Comparative Perspective on the Abolition of Slavery in Brazil. New York: Cambridge University Press, 2018.

Almeida, Maria Helena Moreira de. A Princesa Isabel e a Abolição da Escravidão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1997.

Feudalismo, uma breve introdução.

            O feudalismo foi um sistema político, econômico e social que predominou na Europa durante a Idade Média, aproximadamente entre os séculos IX e XV. Esse modelo era caracterizado pela descentralização do poder, onde grandes proprietários de terras, os senhores feudais, detinham autoridade sobre extensas regiões, enquanto o poder central, como o do rei, era muitas vezes limitado.

       A base econômica do feudalismo era a agricultura, e as terras eram divididas em feudos. Os camponeses, principalmente os servos, trabalhavam nas terras em troca de proteção e de uma parcela da produção para sua subsistência. Os servos eram obrigados a prestar serviços ao senhor feudal e pagar tributos em produtos ou trabalho.

        O feudalismo também envolvia uma relação de vassalagem, onde nobres juravam fidelidade aos senhores mais poderosos em troca de terras e proteção militar. A Igreja Católica, poderosa na época, tinha grande influência social e ideológica, legitimando a estrutura feudal e controlando boa parte das terras.  Esse sistema começou a se desintegrar com o crescimento do comércio, o surgimento de burgos e o fortalecimento dos reis, especialmente após as Cruzadas e a Peste Negra, levando ao desenvolvimento de uma sociedade mais urbana e capitalista.

       A Igreja Católica desempenhou um papel fundamental no período feudal, sendo uma das instituições mais respeitadas e influentes da época. Ela oferecia orientação espiritual e legitimava a estrutura social, reforçando a ideia de que a ordem estabelecida era parte de um plano divino. Além de ser uma grande proprietária de terras, a Igreja atuava na educação, preservação do conhecimento e assistência aos necessitados, contribuindo significativamente para a coesão social. Sua presença garantiu estabilidade e serviu como uma autoridade moral e espiritual para a sociedade medieval.

Você quer saber mais?

Duby, Georges. O Ano Mil: A Vida Cotidiana no Ocidente Medieval. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 1994.

Bloch, Marc. A Sociedade Feudal. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1990.

Le Goff, Jacques. A Idade Média Explicada aos Meus Filhos. São Paulo: Editora Pioneira, 1998.

Gies, Frances e Joseph Gies. Life in a Medieval Castle. New York: Harper & Row, 1974.

Holt, Richard. Medieval England: A Social History 1250-1550. New York: St. Martin's Press, 1992.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Os governos dos presidentes: Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart.

     O governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) marcou a transição do Brasil para a democracia após o fim do Estado Novo. Durante seu mandato, Dutra promulgou a nova Constituição de 1946, que restabeleceu as liberdades democráticas. Sua política econômica foi caracterizada por um controle rigoroso da inflação e pela abertura do mercado brasileiro às importações, o que gerou críticas da indústria nacional. No campo social, seu governo destacou-se pelo conservadorismo, como a proibição dos jogos de azar no país. Dutra também alinhou o Brasil à política externa dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria.

    O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) foi marcado por uma política nacionalista e de fortalecimento da economia brasileira. Vargas criou estatais como a Petrobras, visando garantir a soberania sobre os recursos naturais do país. Sua gestão buscou o desenvolvimento industrial e a melhoria das condições de trabalho, com aumentos salariais e a criação do salário mínimo. No entanto, seu governo enfrentou forte oposição de setores conservadores e empresariais, culminando em uma grave crise política. Pressionado, Vargas acabou cometendo suicídio em 1954, encerrando tragicamente seu mandato.

      Após o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, o Brasil passou por um período de transição política até a eleição de Juscelino Kubitschek em 1955. Inicialmente, o vice-presidente Café Filho assumiu a presidência, governando de agosto de 1954 até novembro de 1955. Porém, por problemas de saúde, Café Filho se afastou do cargo e foi substituído interinamente por Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados, que ficou no poder por poucos dias. Em seguida, Nereu Ramos, presidente do Senado, assumiu e governou até a posse de Juscelino Kubitschek em 1956.

  O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi marcado por um ambicioso plano de desenvolvimento, conhecido como "Plano de Metas", cujo lema era "50 anos em 5". Seu foco era a industrialização, com investimentos em infraestrutura, energia e transportes, além de incentivos à indústria automobilística. A construção de Brasília, nova capital do Brasil, foi um dos marcos de sua administração, simbolizando o progresso e a integração do interior do país. O crescimento econômico foi acelerado, mas também trouxe aumento da inflação e da dívida externa. JK governou com um espírito democrático e desenvolvimentista, sendo amplamente lembrado por seu otimismo e dinamismo.

    O governo de Jânio Quadros, em 1961, foi breve e turbulento, durando apenas sete meses. Eleito com forte apoio popular e uma plataforma de combate à corrupção, Jânio adotou medidas moralizadoras e excêntricas, como a proibição de biquínis em concursos e de brigas de galo. Na política externa, buscou uma posição de neutralidade, aproximando-se de países comunistas, o que gerou controvérsias. Seu governo enfrentou resistência do Congresso e de setores conservadores. Em agosto de 1961, surpreendentemente, Jânio renunciou à presidência, alegando pressões "ocultas" como motivo, mergulhando o Brasil em uma crise política.

       João Goulart (Jango), foi presidente do Brasil de 1961 a 1964, assumindo após a renúncia de Jânio Quadros. Inicialmente enfrentou resistência de setores militares, o que levou à adoção do regime parlamentarista, limitando seus poderes. Em 1963, um plebiscito restaurou o presidencialismo, e Jango passou a governar com plenos poderes. Seu governo focou em reformas de base, incluindo a reforma agrária, fiscal e educacional, buscando reduzir a desigualdade social no Brasil. No entanto, suas propostas geraram forte oposição das elites, militares e setores conservadores, que o acusavam de simpatizar com o comunismo. A crescente polarização política e social culminou no golpe militar de 1964, que depôs Goulart e deu início a 21 anos de ditadura no Brasil. Jango se exilou, passando os últimos anos de sua vida no Uruguai e na Argentina.

Você quer saber mais?

D'ARAÚJO, Maria Celina. Eurico Gaspar Dutra: um presidente conservador (1946-1951). Rio de Janeiro: FGV, 1997.

CARONE, Edgard. O Estado Novo (1937-1945). São Paulo: DIFEL, 1976.

LIRA, Napoleão. A Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e política (1930-1954). Rio de Janeiro: Vozes, 1982.

SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio a Castelo (1930-1964). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

D'ARAÚJO, Maria Celina; CASTRO, Celso. Juscelino Kubitschek. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001.

BANDEIRA, Moniz. Presença dos Estados Unidos no Brasil: dois séculos de história. São Paulo: Civilização Brasileira, 2010.

GUIMARÃES, Lúcia Maria P. Jânio Quadros: a renúncia e a crise política de 1961. São Paulo: Editora 34, 2004.

MENDONÇA, Sonia Regina de. João Goulart: entre a memória e a história. São Paulo: FGV, 2007.

DULLES, John W. F. Castelo de cartas: um ano do governo Jânio Quadros. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975.

FICO, Carlos. Além do Golpe: versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2004.