Armênios sendo expulsos de suas terras e casas pelos Turcos otomanos. Estes vagões repletos de seres humanos levavam essas pessoas para campos de concentração ou para acampamentos. Em ambos os armênios eram na maioria mortos ou levados a morte pela fome ou doenças.
Você já ouviu essa história?
Há mais de 90 anos, o povo armênio quase foi exterminado pelos turcos. E, até
hoje, luta pelo reconhecimento internacional do massacre, que vitimou 1,5
milhão de pessoas.
O
Domingo Vermelho, 24 de Abril de 1915
As detenções começaram na
noite de 24 para 25 de Abril, entre 235 e 270 líderes armênios da
Constantinopla, sacerdotes, médicos, editores, jornalistas, advogados,
professores, políticos, entre outros foram presos após uma instrução do
Ministério do Interior. Em uma segunda “remessa” o número de presos subiu para
aproximadamente 550.
A maioria das deportações
era da capital. No fim de Agosto de 1915 cerca de 150 armênios com
nacionalidade russa foram deportados da Constantinopla para Ancara e Mudshur.
Acampamento de exilados armênios. Além do inimigo implacável a fome, sede e doenças ceifaram a vida de milhões de pessoas.
A ação de 24 de Abril de
1915 foi operada pelo chefe de polícia de Constantinopla, Bedri Bey. Poucos dos
detidos foram libertados na mesma semana do escritor Alexander Panossian
(1859-1919), antes mesmo de serem transferidos para Anatólia. A maioria dos presos
foi enviada à estação ferroviária de Haydarpaşa. Após esperar por 10 horas eles
foram enviados, por trem, na direção de Ancara no dia seguinte. O trem seguia
com 220 Armênios. Um condutor de trem armênio conseguiu uma lista com os nomes
dos deportados, que foi entregue ao Patriarca Armênio de Constantinopla, Zaven
Der Yeghiayan, que tentou, em vão, salvar o máximo de armênios possíveis. O
único embaixador estrangeiro a ajudá-lo em seus esforços foi o embaixador dos
Estados Unidos, Henry Morgenthau. Depois de uma jornada de trem de 20 horas, os
deportados chagaram em Sincanköy (perto de Ancara) ao meio-dia de terça-feira.
Na estação Ibrahim o diretor da Penitenciária Central de Constantinopla fez a
triagem. Os deportados foram divididos em dois grupos.
Um grupo foi enviado para Çankırı e o outro para Ayas. Quase todos
dos enviados a Ayas foram mortos vários meses mais tarde em desfiladeiros perto
de Ancara. Apenas dez deportados deste grupo foram
receberam permissão para voltar à capital a partir de Ayas.Um grupo de 20
retardatários presos em 24 de Abril chegou a Çankırı entre 7 e 8 de maio de
1915. Cerca de 150 presos políticos foram detidos em Ayas e cerca de 150
intelectuais presos em Çankırı.
Soldados do Império otomano posam para foto ao lado de civis armênios executados em campo de concentração.
Os enviados a Çankırı
obtiveram permissão de continuar na cidade vivendo de suas próprias despesas,
com a condição de continuarem sobre supervisão, enquanto os enviados para Ayas
foram mantidos presos na guarnição.Um primeiro comboio com 56 prisioneiros
deixou Çankırı no dia 11 ou 18 de julho sem sobreviventes. Um segundo comboio,
com 30 deportados, deixou Çankırı em 19 de agosto. Dois deles sobreviveram (um
deles Aram Adonian).
No total, doze deportados
tiveram a permissão de voltar à capital a partir de Çankırı. Os deportados
libertados conseguiram isso através da intercessão de pessoas influentes que
eles descobriram através de seus próprios meios. Cinco deportados de Çankırı
foram libertados por causa de uma intervenção do embaixador Morgenthau.
A
lei de expulsão temporária (a lei “Tehcir”)
Em maio de 1915, Mehmed
Talat Pasha solicitou que o gabinete e o grande vizir Said Halim Pasha
legalizassem uma medida para realocação de armênios para outros locais, o que
Talat Pasha chamou de “os motins e massacres armênios, que aumentaram em alguns
lugares no país”. Entretanto, Talat Pasha estava se referindo especificamente
aos eventos ocorridos em Van e estendendo a implementação nas quais “motins e
massacres” afetariam a segurança da zona de guerra da Campanha do Cáucaso
(conflito armado entre o Império Otomano e o Império Russo). Mais tarde, a
extensão da imigração foi ampliada para incluir armênios de outras províncias.
No dia 29 de maio de 1915, o comitê central da CUP aprovou a Lei Temporária de
Deportação (“Lei Tehcir”), concedendo ao governo otomano e aos militares
autorização para deportar qualquer um que eles “sentissem” que poderia ser uma
ameaça à segurança nacional. A “Lei Tehcir” trouxe algumas medidas que
respeitavam as propriedades dos deportados, mas em setembro uma nova lei seria
proposta. Segundo a Lei das “Propriedades Abandonadas” o governo otomano tomava
posse de todas as propriedades e bens “abandonados” pelos armênios. O
parlamentar representativo otomano, Ahmed Riza, protestou essa legislação:
“É ilegal designar os bens
armênios como ‘bens abandonados’ já que os armênios, os proprietários, não
abandonaram suas propriedades voluntariamente; eles foram forçosamente
removidos de seus domicílios e exilados. Agora o governo se esforça para vender
os bens deles... Se nós somos um regime constitucional funcionando conforme uma
lei constitucional nós não podemos fazer isso. Essa atrocidade. Agarre-me pelo
braço, retire-me da minha vila, então venda meus bens e propriedades, esse tipo
de coisa nunca deve ser permitido. Nem a consciência dos otomanos nem a lei
podem permitir isso.”
Civis armênios massacrados pelo exercito Turco otomano. Mesmo diante de fotos, evidencias e testemunhos a Turquia nega aceitar a culpa por esses crimes contra a vida humana.
Em 13 de setembro de 1915 o
parlamento otomano aprovou a “Lei Temporária de Expropriação e Confiscação”,
estabelecendo que toda propriedade, incluindo terras, gado e casas, pertencente
aos armênios seria confiscada pelas autoridades.
“Já foi comunicado
que o governo decidiu, por ordem de Diemiet, aniquilar inteiramente todos os
armênios que moram na Turquia. Aqueles que se opuserem a esta ordem e a esta
decisão, perderão a sua nacionalidade. Por mais trágico que possa parecer o
recurso da aniquilação, é preciso dar um fim à existência deles, sem
consideração por mulheres crianças e doentes, sem dar ouvidos aos sentimentos e
à consciência”
15 de setembro de 1915
Ministro do Interior Talaat
Telegrama
de Tallat entregue ao tribunal do julgamento de Salomon Teiliran. Retirado de
Um Genocídio em Julgamento, p.244. Fac-símile em Andonian, p. 146.
Com
a implantação da lei Tehcir o confisco de propriedades armênias e o massacre de
armênios que ocorreu após a promulgação da lei indignou grande parte do mundo
ocidental. Nos Estados Unidos o New York Times noticiou quase todo dia a
matança em massa do povo armênio, descrevendo o processo como “sistemático”,
“autorizado” e “organizado pelo governo”. Theodore Roosevelt mais tarde
caracterizaria como “o mais importante crime da guerra”.
Colocava-se na praça central
de cada povoado, um aviso no qual dizia que a população devia partir para a "recolocação". O pretexto consistia em fazer os armênios acreditarem
que se re-situaria a população para levar-los a uma zona de exclusão bélica,
que os protegeria dos efeitos da guerra que estava acontecendo. Numa portaria
assinada por Talaat apareciam as palavras “O objetivo da deportação é o nada”.
Estavam planejadas todas as rotas de deportação, ao norte seriam afogados no
Mar Negro, os que viviam no centro da Anatólia, seriam levados sem comida e
caminhando até o deserto de Der Zor, de onde seriam descartados nos depósitos
naturais deste deserto para em seguida serem queimados. Os métodos de
aniquilamento eram realmente espantosos e obviamente não se respeitava nem o
sexo nem a idade das vítimas. As ordens de Talaat esclareciam que não deveriam
viver nem no ventre de suas mães.
O rio Eufrates de águas cristalinas, durante dias apresentou uma cor
vermelha de transportar centenas de cadáveres. Por outro lado, milhares de mulheres e crianças
terminaram servindo nos haréns dos Pashá (Jefes) Turcos, tanto que hoje em dia
muitos cidadãos turcos desconhecem que sua verdadeira origem pertence ao sangue
armênio.
Os armênios foram removidos
para a cidade Síria Der ez-Zor, para o deserto sírio (onde milhares de armênios
foram forçados a “marchas mortais”), Rakka, Meskene, Ras-el-Ain até Mossul. Uma
boa parte das evidências sugere que o governo otomano não forneceu nenhuma
instalação ou suporte para sustentar os armênios durante sua deportação, nem
quando eles chegaram. Em Agosto de 1915 o New York Times repetiu uma informação
anônima de que “as estradas de Eufrates estão repletas de cadáveres de
exilados, e os que sobreviverem estão destinados à morte certa”.
Milhares de ossos ainda são encontrados até os dias de hoje nos locais onde o povo armênio sofreu com o massacre Turco otomano. ESQUECIDOS? RESPONDA-ME VOCÊ!
As tropas otomanas que
acompanhavam os armênios não só permitiam que outros roubassem, matassem e
estuprassem os armênios como também participavam desses atos. Desprovidos de
seus pertences e marchando pelo deserto, centenas de milhares de armênios
morreram, muitos de fome e esgotamento sendo algumas mulheres e meninas que
foram vendidas pelos guardas e raptadas pelos turcos e curdos.
As ordens recebidas do
ministro do interior, Talaat, eram tão desumanas que alguns soldados turcos e
chefes do exército não podiam acreditar no que os estava sendo pedido e pediam
explicações e esclarecimentos. O resultado: foram fuzilados aqueles que se negaram
a responder às ordens.
Talaat havia sido muito claro, "… os armênios haviam perdido o
direito à vida no Império Otomano…”, mas como não se podia desperdiçar munição
da Grande Guerra, deveriam ser mortos a faca, ou afogando-os no rio Eufrates,
entre outras metodologias abomináveis.
Acreditasse
que 25 grandes campos de concentração existiram, sobre o comando de Şükrü Kaya,
um dos braços diretos de Talaat Pasha. A maioria dos campos era
situada perto das fronteiras da moderna Turquia, Iraque e Síria., e alguns eram
usados temporariamente como covas gerais e foram deixados de ser usados no
outono de 1915. Alguns autores também afirmam que os campos Lale, Tefridje,
Dipsi, Del-El e Ra’s al-‘Alin foram construídos especificamente para aqueles
que tinham uma expectativa de vida de poucos dias.
Embora todos os campos
estivessem ao ar livre a matança em massa em campos secundários não era
limitada a mortes diretas, mas também à queima de corpos vivos. Eitan
Belkind era um membro Nili que se infiltrou no exército otomano como um
oficial. Ele foi nomeado para o quartel general de Camal Pasha. Ele alega ter
testemunhado a queima de 5.000 armênios. Hasan Maruf, do exército otomano,
descreve como uma população de uma vila foi levada inteira e depois queimada.
O comandante do Terceiro
Exército relatou uma queima tão grande da população de uma vila inteira perto
de Mus que in Bitlis, Mus e Sassoun, “O método mais rápido para se livrar das
mulheres e crianças concentradas em vários campos era queimá-las. Prisioneiros
que aparentemente testemunharam algumas dessas cenas ficaram horrorizados e
enlouquecidos de lembrar as cenas. Eles disseram aos russos que o mau cheiro da
carne humana queimada permaneceu no ar por muitos dias depois”. Os alemães,
aliados dos otomanos, também testemunharam a forma que os armênios foram
queimados de acordo com o historiador israelense Bat Ye’or, que escreveu: “Os alemães, aliados dos turcos na 1ª
Guerra Mundial, [...] viram como civis foram presos em igrejas e queimados ou
reunidos em massa em campos, torturados até a morte e reduzidos a cinzas”.
Ocorreram também, por parte de médicos turcos, casos de mortes por
envenenamento, através de injeções de morfina e equipamentos de gases tóxicos
utilizados em escolas para matar crianças armênias, além de forjarem documentos
de mortes por causas naturais.
Oscar S. Heizer, o cônsul
americano em Trabzon, relata: “Muitas das crianças foram colocadas em botes,
levadas e jogadas ao mar". O cônsul italiano de Trabzon em 1915, Giacomo
Gorrini, escreve: “Eu vi milhares de mulheres e crianças inocentes serem
colocados em botes que eram virados no Mar Negro”.
Do
oficial Alemão Von Sanders:
“As ordens que
recebi estavam assinadas por Enver Pasha e tinham um teor mais leve. Às vezes
eram totalmente despropositadas e impossíveis de serem executadas. Por exemplo,
certa vez chegou uma ordem para afastar todos os judeus e armênios do
Estado-Maior. Evidentemente ela não foi cumprida porque necessitávamos dos
armênios e dos judeus como intérpretes. Com frequência recebíamos ordens
absurdas.”