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sexta-feira, 15 de julho de 2011
Enfermeiras "Blusas-Verdes" Integralistas.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
O tempo dos assassinos.
A coluna de hoje, data venia dos amáveis leitores, será toda dedicada àquelas criaturas mimosas que, na ética brasileira vigente, representam a epítome das virtudes humanas: os comunistas. Comecemos com uma declaração célebre de Haydée Santamaria, ícone da Revolução cubana. A frase circula pela internet num cartaz de propaganda comunista atribuído falsamente à Petrobras, mas, se foi escolhida numa tentativa muito safada de sujar a reputação da empresa, é porque seu conteúdo é significativo em si mesmo, e é ele que me interessa aqui, não o cartaz. A frase é: "Para mim, ser comunista não é militar num partido, é ter uma atitude ante a vida." Qual atitude, precisamente? A própria Haydée responde, na mesma carta que contém a declaração usada pelos falsários (http://www.rebelion.org/argentina/040521haydee.htm): "Creo que hay que hacer un gran esfuerzo para ser violenta, para ir a la guerra, pero hay que ser violenta e ir a la guerra si hay necesidad." O paralelo com o célebre "no perder la ternura jamás" é inevitável. Faz parte da liturgia comunista o mantra de que os comunistas só matam por obrigação moral, a contragosto. Pela lógica da normalidade humana, quem mata a contragosto tenta reduzir ao mínimo o número de vítimas. Isso contrasta de maneira acachapante com o fato de que os comunistas são os campeões inquestionados do morticínio universal, inclusive na América Latina, onde os feitos de Fidel Castro superam incalculavelmente os de seus mais execrados inimigos direitistas. Mas, como se conclui facilmente do que expliquei em artigos anteriores, o movimento revolucionário moderno não poderia ter-se originado por inversão do cristianismo sem absorver e inverter também os seus critérios morais. O ethos comunista, que as duas sentenças de Haydée Santamaria (e a apologia guevariana do guerrilheiro como "eficiente e fria máquina de matar") exemplificam tão claramente, é a perfeita inversão do bem e do mal. Antonio Gramsci já propunha a substituição do calendário litúrgico da Igreja por um novo panteão de santos, onde os assassinos a serviço da revolução ocupariam os lugares dos mártires cristãos. O método para realizar a inversão é uma tortuosa dialética que faz da truculência revolucionária a expressão máxima do bem e da santidade. Essa dialética emerge diretamente da inversão de tempo e eternidade que aqui expliquei. Na medida em que identificam o bem eterno com o futuro que prometem, os comunistas estão livres para matar e torturar no presente sem poder ser julgados por ele. De outro lado, como o futuro é indeterminado e só os próprios comunistas podem oficializar o seu advento quando ele chegar, o acerto de contas com a moral fica para o dia de são nunca. Enquanto isso, os comunistas deitam e rolam nas delícias da auto-indulgência, matando, torturando, arrasando países inteiros, reduzindo multidões a uma miséria indescritível e, nos intervalos, retorcendo-se em trejeitos de indignação contra o pecaminoso capitalismo. Os representantes do presente maligno não podem julgá-los, e os do futuro maravilhoso julgam em causa própria, prevalecendo-se do direito de adiar o julgamento até o dia da perfeição final, inatingível por definição. Logo, seus crimes não lhes podem ser imputados e recaem fatalmente sobre seus inimigos, isto é, suas vítimas. Daí que tenham tanto mais intensa impressão de santidade quanto mais lavam suas mãos no sangue dos outros. Eles nunca são culpados pelos seus próprios atos. Puros e santos, são forçados pelo maldito capitalismo a violar sua bondosa inclinação natural e sair matando pessoas, como se fossem assassinos. Esse sacrifício lhes dói tanto, que quando matam sentem que são eles próprios as vítimas, em vez de autores do crime. Daí o ódio redobrado que sentem pelo falecido que, perfidadamente, os obrigou a torturá-lo e matá-lo. Daí, mais ainda, a necessidade que sentem de continuar a matá-lo em efígie eternamente, xingando-o e difamando-o a cada oportunidade e negando clemência até mesmo a seus descendentes. Na Romênia de Ceaucescu o ex-ministro da economia, Mihail Manoilescu, foi condenado à morte e executado simbolicamente cinco anos depois de ter morrido na cadeia. Matá-lo uma vez só não bastava. São delicadezas da alma comunista que escapam aos corações insensíveis dos reacionários. Ser comunista é ser um assassino cheio de ternura por si mesmo e de ódio eterno, inextinguível, às suas vítimas.
Escravos fujões
Graça Salgueiro, minha amiga e editora do admirável blog Nota Latina (www.notalatina.blogspot.com), me chama a atenção para mais um detalhe maravilhoso na entrevista do professor-assassino João Carlos Kfouri Quartim de Moraes que já comentei aqui e também no Jornal do Brasil (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/070206dce.html e http://www.olavodecarvalho.org/semana/070208jb.html). Fazendo ironia com os fazendeiros do Império que julgavam a escravatura uma instituição benévola, afirma o elemento: "Os escravos, teimando em não compreender as motivações filantrópicas de seus proprietários, fugiam em massa das senzalas e das plantações". Bem, os escravos brasileiros não são as únicas pessoas incompreensivas que fugiram de seus benfeitores. Seis milhões de cubanos escapuliram de Cuba, expondo-se ao risco de morrer afogados ou de ser comidos pelos tubarões caso não fossem metralhados antes pela polícia de Fidel Castro. Seu exemplo abominável foi seguido por dois milhões de vietnamitas que fugiram da generosidade vietcongue em barquinhos, jangadas e até bóias de borracha. Algumas dezenas de milhares de alemães mal agradecidos saltaram o Muro de Berlim para expor-se aos horrores do capitalismo na parte oeste da cidade. O fluxo de refugiados da Polônia, da Rússia, da Hungria, da China e de outros templos da bondade comunista jamais cessou de superlotar as ruas de Nova York, Paris e Londres e até de São Paulo, dando testemunho onipresente da ingratidão humana. E eu mesmo, cínico e indiferente à ternura que jorra do coração do prof. Kfouri, fugi para os EUA antes que desse na veneta filantrópica do indigitado a idéia de constituir às pressas mais um tribunal revolucionário e me mandar para o beleléu como fez com o capitão Charles Chandler.
História invertida
Uma evidência moral que deveria ser óbvia à primeira vista é que, se todo militante nazista é cúmplice moral do Holocausto, todo militante comunista é cúmplice moral da matança de cem milhões de vítimas dos regimes soviético, chinês, cubano etc.
No caso dos terroristas brasileiros, sua participação no esquema genocida internacional montado por Fidel Castro (não menos de quinhentos mil mortos no total) foi algo mais do que moral: foi cumplicidade material, através da ajuda que receberam dele e dos inumeráveis serviços que lhe prestaram. Desde logo, o fato de que a guerrilha nacional agisse sob a orientação da OLAS, Organización Latino-Americana de Solidariedad, é mais que suficiente para provar que ela não foi uma iniciativa nacional independente e sim a consecução local de planos estratégicos traçados pessoalmente por Fidel Castro. Assim como há uma diferença entre o vago simpatizante nazista da França ou da Holanda e o militante efetivo que no exterior cumpria as ordens emanadas da Chancelaria em Berlim, a mesma diferença existe entre o mero esquerdista subjetivo e os nossos guerrilheiros. Como braços armados de Fidel Castro, eles ajudaram a matar cada cubano que morreu de tortura ou de fome nos cárceres da ilha e cada vítima das guerrilhas que o ditador do Caribe espalhou pelo continente latino-americano e pela África. Se compararmos a imensidão desses feitos macabros com a truculência modesta da ditadura que os combateu, a superioridade moral desta última se tornará demasiado evidente. Por isso a historiografia de propaganda esquerdista que forjou a imagem desse período na memória nacional é tão enfática em assinalar os crimes da ditadura e tão omissa em descrever as conexões da guerrilha local com o esquema estratégico cubano e continental. Mesmo quando fala da Operação Condor, a articulação de governos militares para o combate às guerrilhas, ela busca sempre dar a impressão de que se tratava de uma conspiração transnacional armada contra heróicas resistências locais, e não de um arranjo feito às pressas para enfrentar um esquema revolucionário internacional muito mais antigo, organizado e abrangente. A OLAS, afinal, tinha agentes em todo o mundo e conexões muito fortes na mídia internacional, enquanto os generais latino-americanos mal tinham alguns oficiais de relações públicas, canhestros e mal treinados, para tentar balbuciar explicações diante de repórteres maliciosos, intoxicados de prevenção esquerdista, quando não militantes comunistas eles próprios. É por isso que a história da ingerência dos EUA na situação política latino-americana da época aparece cem por cento invertida no relato que as escolas e o movimento editorial passam às novas gerações. A força dos documentos históricos é aí neutralizada por grotescas lendas urbanas criadas pela propaganda comunista, que se impregnam na memória popular como verdades de evangelho. Na crença geral, os EUA continuam aparecendo como autores ou pelos menos inspiradores do golpe de 1964, embora a correspondência entre o embaixador Lincoln Gordon e o presidente Johnson mostre que o governo americano se limitou a manter-se informado sem interferir em nada. Inversa e complementarmente, a debilitação e queda dos governos militares é atribuída à ação espontânea e heróica das resistências locais, quando os documentos provam que foi tudo uma decisão direta do presidente Jimmy Carter, o pai da prosperidade esquerdista nas décadas seguintes. Ante a pressão americana, nossa ditadura teve de se desmantelar às pressas, abandonando o país nas mãos da canalha esquerdista que desde então não fez senão comer dinheiro público, bajular criminosos e derreter-se em orgasmos de auto-adoração. A anistia jurídica que essa gente recebeu nunca deveria ter vindo junto com a anistia moral que aboliu a memória de seus crimes e tornou eternamente imperdoáveis os de seus adversários. Nem a ditadura foi tão ruim, nem os comunistas que a combateram o fizeram por amor à democracia e aos direitos humanos. A alternativa aos militares, nas décadas de 60 e 70, era exatamente aquela que a guerrilha trazia em seu bojo: a tirania comunista, infinitamente mais brutal e sedenta de sangue do que o mais enfezado dos nossos generais poderia jamais ter sido. A História nunca é uma escolha entre o céu e o inferno, a felicidade integral e o infortúnio absoluto: é uma permanente opção entre a mediocridade do mal menor e a santificação psicótica do mal maior.
Nesse sentido, tendo sido radicalmente oposto ao regime militar enquanto ele durou, hoje não vejo como condená-lo por inteiro em comparação com a alternativa hedionda oferecida pelos santarrões comunistas na época.
No mínimo, os presidentes militares morreram pobres. Morreram pobres porque foram honestos. E, se perseguiram os comunistas, deixaram o resto da nação em paz. Hoje, os cidadãos brasileiros são assassinados à base de cinqüenta mil por ano enquanto os comunistas se empanturram de dinheiro público e trocam beijinhos com a narcoguerrilha colombiana que fomenta a violência nas ruas do Rio e de São Paulo. Moralmente, não há comparação possível.
Diferença abissal
A propósito disso, e com referência à antologia de meus artigos que está para ser publicada como edição especial do Diário do Comércio, creio dever aos leitores uma explicação pessoal, escrita desde o fundo do meu coração. Há uma diferença abissal entre refutar uma idéia e denunciar um crime. Quando condeno os jornais e jornalistas que ocultam a matança de cristãos no mundo, que fingem acreditar na inexistência ou inocuidade do Foro de São Paulo, que jamais noticiam os constantes assassinatos e torturas de prisioneiros políticos em Cuba, na China e nos países islâmicos (e quando o fazem é com uma circunspecção que raia a omissão completa), não estou discutindo suas idéias: estou denunciando sua cumplicidade consciente e obstinada com crimes hediondos. Minha divergência com eles não é de crenças, de convicções, de ideologia: é a diferença moral irredutível entre o homem sincero e um bando de mentirosos cínicos. Do mesmo modo, não é ideológica a distância que me separa daqueles que se sentem mártires porque perderam 376 militantes para a ditadura nacional enquanto ajudavam Fidel Castro a matar quinhentas mil pessoas (v. http://www.cubaarchive.org/english_version) a cujos descendentes a mídia hipócrita e o governo cão negam toda palavra de consolo. Ideologia discute-se. Uma diferença abissal de percepção, de sentimentos, de moralidade, de senso das proporções, só se expressa com gritos de horror ou com o silêncio do desprezo. Não fui eu que criei essa diferença. Foram eles. São eles que abrem um abismo ontológico intransponível entre os seus e os do partido contrário, considerando-se detentores exclusivos do estatuto humano e tratando seus adversários mortos como detritos na lixeira da História. A essa diferença corresponde outra, igualmente invencível, mas de ordem cognitiva, entre eles e aqueles que não medem a condição humana, os direitos humanos, a dignidade da vida humana, por uma carteirinha de partido. É do máximo interesse deles escamotear essa diferença, fingindo que é tudo mera divergência de opiniões, para em seguida choramingar que sou um intolerante, que os maltrato só porque não pensam como eu. O número dos que apelam a esse expediente malicioso é diretamente proporcional à sua falta de vergonha na cara. Não vejo como expor nossa diferença polidamente. Palhaço seria eu se, diante de tantas condutas criminosas, me pusesse a discuti-las em tom de debate intelectual, como se fossem grandes e elevadas teorias, sublimes hipóteses científicas, arrojadas especulações filosóficas. Bem sei que é isso o que querem. Mas eu estaria me rebaixando ao último grau da indignidade se fizesse algo para contentá-los. Nem falo, é claro, daqueles que diante de provas tão patentes e superabundantes da mendacidade esquerdista que impera nos meios de comunicação deste país, ainda se queixam de que a mídia nacional é "conservadora". Se com os primeiros já não havia a menor possibilidade de diálogo, esses, então, não merecem sequer ser mencionados, de raspão, numa conversa entre pessoas decentes. Seu lugar na escala da idoneidade profissional é o das amebas e protozoários na hierarquia animal. Non raggionam di lor, ma guarda e passa. Por outro lado, é superlativamente cínica e de má fé a exigência de “argumentos” por parte de gente que sempre respondeu aos meus mediante a mais sórdida e persistente campanha de difamação de que algum jornalista brasileiro já foi vítima ao longo de toda a história nacional. Insultos a mim e à minha família, ameaças de morte, imputações criminais escabrosas, boicotes profissionais ostensivos não contentaram a sanha dessas criaturas, que em seguida se esmeraram em distribuir pela internet mensagens falsas em meu nome, com conteúdo racista e nazista, e em criar sites inteiros, com conteúdo forjado, para impingir ao público a farsa de um Olavo de Carvalho moldado à imagem e semelhança do ódio e do temor irracionais que o personagem real lhes inspira. Só de cartas que sugerem, pedem, imploram ou exigem sumariamente a minha exclusão da mídia, tenho as cópias de várias dezenas – amostragem modesta do que circulou pelas redações. Como posso crer que tantos sujeitos empenhadas em tapar minha boca estejam ao mesmo tempo ansiosos para ouvir meus argumentos? Quem tem o direito de cobrar argumentos sou eu e não eles, como bem lembra Guilherme Afif Domingos no prefácio à antologia que mencionei. Mas quem, na esquerda supostamente letrada, vai querer discutir comigo? Todos os que o tentaram se saíram muito mal. Seus descendentes aprenderam a lição. Ao primeiro sinal de um confronto, fogem esbaforidos, de medo de que sua vacuidade mental, desprovida das defesas do cargo e da claque, seja exposta à plena luz do dia. Preferem ir fazer fofocas bem longe de mim, protegidos em suas salas de aula, ante alunos previamente vacinados contra a tentação de me dar ouvidos. Aí sim, deitam e rolam, dizem de mim o que querem, fazem piadas, contam garganta e me derrotam em mil e um embates imaginários. Os exemplos de baixeza, de covardia, de mendacidade grupal organizada que vi desde a primeira edição de O Imbecil Coletivo (1996) são uma amostragem sociológica mais que suficiente do perfil moral médio do esquerdismo falante. Antes disso eu já conhecia, é claro, o poder da máquina de difamação esquerdista. Sabia o que ela tinha feito com Gilberto Freyre, com Otto Maria Carpeaux, com Gustavo Corção, com Georges Bernanos, com José Osvaldo de Meira Penna, com Antonio Olinto, com Roberto Campos – com um punhado de homens ilustres. A fúria inventiva que ela mobiliza contra aqueles a quem quer destruir não tem limites. Não há mentira, não há invencionice, não há intriga, por mais rasteira e porca que seja, a que seus funcionários não recorram com a cara mais bisonha do mundo, seguros da indulgência plenária garantida pela sua superioridade moral inata, indiscutível, divina. E a tudo isso denominam "debate intelectual", desfolhando-se em chiliques de donzela ultrajada quando os chamamos de delinqüentes camuflados. Minha experiência pessoal com essa gente só veio a confirmar, com sobra de evidência, tudo o que a História me havia ensinado a seu respeito. Hoje entendo que o esquerdismo não é um ideal, uma crença, uma filosofia: é uma doença moral horrível, a substituição do senso instintivo do bem e do mal por um conjunto de artifícios lógicos que, por etapas, vão levando da mera perversão à inversão completa, à santificação do mal e à condenação do bem.
Autor: Olavo de Carvalho
Você quer saber mais?
Diário do Comércio, 12 de fevereiro de 2007
http://www.olavodecarvalho.org/semana/070212dc.html
http://www.olavodecarvalho.org/index.htm
http://www.olavodecarvalho.org/links.htm
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Fronteiras da Europa
A tentativa de implantação da cultura européia em extenso território, dotado de condições milenares, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em conseqüências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrado0s em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevarem à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.
Assim antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e idéias de que somos herdeiros.
É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário.
Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres européias, e sem delas receber qualquer incitamento, que já não trouxesse germe.
Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pirineus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?
Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além Pirineus, faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da Península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional. Para eles, o índice do valor de um homem infere-se, antes de tudo, da extensão em que não precise depender dos demais, em que não necessite de ninguém, em que se baste. Cada qual filho de si mesmo, de seu esforço próprio, de suas virtudes e as virtudes soberanas para essa mentalidade são tão imperativas, que chegam por vezes a marcar o porte pessoal e até a fisionomia dos homens.
Sua manifestação mais completa já tinha sido expressa no estoicismo que, com pouca corrupção, tem sido a filosofia nacional dos espanhóis desde o tempo de Sêneca. Essa concepção espelha-se fielmente em uma palavra bem hispânica “sobranceria” palavra que indica inicialmente a idéia de superação. Mas a luta emulação que ela implica eram tacitamente admitidas e admiradas, engrandecidas pelos poetas, recomendadas pelos moralistas e sancionadas pelos governos.
É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.
Os privilégios hereditários, que, a bem dizer, jamais tiveram influência muito decisiva nos países de estirpe ibérica, pelo menos tão decisiva e intensa como nas terras onde criou fundas raízes o feudalismo, não precisaram ser abolidos neles para que se firmasse o princípio das competições individuais. À frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódios mais singulares da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e o Brasil. Os elementos anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolência displicente das instituições e costumes. As iniciativas, mesmo quando se quiseram construtivas, foram continuamente no sentido de separar os homens, não de uni-los. Os decretos dos governos nasceram em primeiro lugar da necessidade de se conterem e de se refrearem as interesses particulares momentâneas, só raras vezes da pretensão de se associarem permanentemente as forças ativas.
Você quer saber mais?
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969.
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sábado, 18 de junho de 2011
NIGHT ANGEL. Formulário de denúncias da Polícia Federal vai abastecer mecanismo de busca parecido ao do Google
Josie Jeronimo, Do R7 de Brasília
- Em termos de proteção à criança todo mundo é polícia, ninguém pode se omitir.
Souza acrescenta que o formulário vai incrementar o trabalho da polícia, pois antes o rastreamento era feito manualmente, com a visita página a página.
O trabalho da PF será feito em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e a ONG SaferNet. O diretor de prevenção da ONG, Rodrigo Nejm, diz que o formulário eletrônico vai auxiliar o internauta que sabe de um conteúdo ilícito, mas se omitia para não ter a imagem exposta.
- A denúncia será feita sem que o internauta tenha de ir a uma delegacia de polícia para registrar a denúncia.
Além da pornografia infantil, o formulário eletrônico da PF também vai receber denúncias em relação a crimes de ódio (relacionados a preconceito racial, sexual e religioso) e genocídio.
De acordo com o delegado da PF, as regiões Sul e Sudeste estão no topo "da cadeia predatória" da divulgação de pornografia infantil.
Com o método do formulário eletrônico a polícia vai investigar dez vezes mais pedófilos do que investiga atualmente. Souza afirma que a maior dificuldade da polícia é a falta de cadastro dos internautas, pois os dados do usuário não são liberados pelos provedores de acesso.
- A gente vai pegar o dado para investigar, a gente não vai pegar simplesmente o dado e fazer a prisão.
Você quer saber mais?
http://nightangel.dpf.gov.br/
http://www.safernet.org.br/site/denunciar
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/formulario-de-denuncias-da-policia-federal-usa-mecanismo-de-busca-parecido-ao-do-google-20091112.html
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Profetas - Parte Final. João Batista. Um Profeta segundo a Bíblia Sagrada.
O Batismo de Cristo (1475) quadro dos artistas Andrea Del Verrocchio e Leonardo da Vinci que mostra São João Batista batizando Jesus Cristo.
Os profetas eram homens de Deus que, espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos. Nenhuma categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os profetas bíblicos. Os profetas tinham cada um , lugar distinto na história, mas nenhum deles, logrou alcançar a estatura dos profetas.
Um exemplo de Profeta do Deus das Escrituras Bíblicas.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz.
“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.”
Apareceu João Batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados.
João andava vestido de pêlos de camelo e com cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos mel silvestre, e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.
E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
E confessou e não negou; confessou: EU NÃO SOU O CRISTO.
E perguntaram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: NÃO SOU. És tu profeta? E respondeu: NÃO.
Disseram-lhe, pois: Quem és, para que devemos resposta àqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?
Disse: “EU SOU A VOZ DO QUE CLAMA NO DESERTO: ENDIREITAI O CAMINHO DO SENHOR, COMO DISSE O PROFETA ISAÍAS.”
E os que tinham sido enviados eram dos fariseus, e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
João respondeu-lhes, dizendo: “Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim...
No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
ESTE É AQUELE DO QUAL EU DISSE: APÓS MIM VEM UM HOMEM QUE FOI ANTES DE MIM, PORQUE JÁ ERA PRIMEIRO DO QUE EU.
No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos.
E, vendo passar a Jesus, disse: EIS O CORDEIRO DE DEUS.
Resumindo a obra de um verdadeiro profeta de Deus, nesse versículo da Bíblia Sagrada. Quando João Batista afirma em relação à Jesus Cristo:
“É necessário que ele cresça e que eu diminua.” João 3:30
Você quer saber mais?
A Bíblia Sagrada, King James Version. Nashville: Thomas Nelson Bibles, 2003. Lucas 1: 5-80; 3: 1-22; Mateus 3: 1-17; Marcos 1: 1-13.
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