“Nunca houve tantos escravos em sociedades democráticas. Escravos no único lugar em que deveriam ser livres: no território de nossa mente.”
A. Cury, em O vendedor de sonhos
Hitler tinha brilhantes pensamentos dialéticos, inclusive no trato com sua cadela. Observe seus discursos e aparentemente verá um homem afetivo e sensível. Porém, o número de janelas que apoiavam suas idéias era pequeno. Não lhe dava subsídios para se colocar no lugar dos outros, para ficar assombrado com o fenômeno da existência, para pensar antes de reagir.
Mas a grande questão é: Hitler tinha na sua memória experiências suficientes para gerar um pensamento multiangular, para enxergar os judeus como membro da sua espécie, para ter compaixão, solidariedade?
Talvez a resposta seja chocante, mas é positiva. Sim, tinha. Caso contrário, não seduziria uma nação inteligentíssima como a alemã.
O problema é que seu pensamento era uniangular. Seu Eu era um péssimo gestor da sua psique. Não abria múltiplas janelas da memória ao mesmo tempo, não desenvolvia, portanto, um raciocínio histórico, existencial, esquemático, capaz de decifrar os códigos da inteligência. Embora tivesse um poderio militar sem precedentes, Hitler era débil, frágil, infantil, no mau sentido da palavra.
Um Eu frágil crê em verdades absolutas, tem um pensamento linear, elimina a arte da dúvida e, por isso, é incapaz de decifrar o código da autocrítica. Não podemos nos enganar, um homem com raciocínio dialético brilhante pode matar, estuprar, destruir, sem piedade.
Stalin, do mesmo modo, tinha mérito em seus raciocínios dialéticos. Defendia a nova ordem social, o socialismo, com paixão e fervor. Mas era paranóico. Tinha idéias de perseguição. Não tinha um raciocínio histórico, existencial e nem muito menos esquemático. Não era gestor da sua psique, não tinha autocrítica e desconhecia a arte da dúvida.
Era meramente lógico-linear.
Em sua biografia, há relações que nos deixam perplexos. Stalin podia mandar matar à noite homens que inventava que eram seus inimigos e na manhã seguinte tomar café com as esposas deles como se nada tivesse acontecido. Homens como esses nunca deveriam assumir o poder. Aliás, talvez 1% dos líderes políticos, empresários, espirituais, estão preparados para assumir o poder com dignidade.
Você quer saber mais?
CURY, Augusto. O código da inteligência: A formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional. Rio de Janeiro: Thomas Nelson/Ediouro, 2008.
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