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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Água subterrânea: o Aqüífero Guarani.


Glades M. Debei Serra
Pós-graduanda em Educação
Faculdade de Educação - USP


Cada vez mais a possibilidade concreta da escassez da água doce torna-se clara ameaçando o desenvolvimento das nações nas próximas décadas. Entender o ciclo hidrológico, incluindo o estudo das águas subterrâneas, é uma maneira de estimar a disponibilidade dos recursos hídricos em determinada região, podendo ser o ponto de partida para a busca de soluções desse problema. O ciclo hidrológico movimenta a água através da atmosfera, superfície e sob a superfície, criando condições para a manutenção da vida e das atividades humanas.

Da quantidade total de água no Planeta Terra 97,5% está nos oceanos e apenas 2,5% corresponde à água doce disponível. Desta porcentagem de água doce em condições de ser explorada pelo homem 0,3% são superficiais (rios e lagos) e 30% são águas subterrâneas. Os 68,9% restantes estão nas calotas polares e geleiras. Sendo assim, as águas subterrâneas adquirem significativa importância de toda reserva hídrica da Terra.

Uma importante reserva de águas subterrâneas para abastecimento da população e desenvolvimento de atividades sócio-econômicas é o Aqüífero Guarani, localizado na Bacia Geológica do Paraná. É o maior reservatório conhecido de água subterrânea no Planeta, com superfície de quase 1,2 milhões de km² e volume estimado em 46 mil km³. A denominação “Aqüífero Guarani” é atribuída ao geólogo uruguaio Danilo Anton em memória ao povo indígena da região.

Segundo a Enciclopédia Universal, aqüífero é “q ualquer formação geológica capaz de admitir uma quantidade considerável de água (reserva) e de permitir que esta flua em condições favoráveis (escoamento). As rochas de um aqüífero são porosas e permeáveis (cheias de poros interligados), de forma a absorverem água. Os aqüíferos constituem uma importante fonte de água potável para o consumo humano ou para a irrigação”.

O Aqüífero Guarani está localizado na região centro-leste da América do Sul e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, área equivalente aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas. No Brasil abrange os Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Brasil é conhecido como “Formação Botucatu” e é encontrado desde a superfície na cidade de Ribeirão Preto, SP, até a profundidade de 1.800 metros na região do Pontal do Paranapanema. A população atual na área de ocorrência do Aqüífero está estimada em aproximadamente 29,9 milhões de habitantes.

Em território brasileiro o uso das águas extraídas do Aqüífero é destinado ao abastecimento público, irrigação, turismo termal etc., enquanto que nos demais países o uso de suas águas se destina a fins recreativos.

O Aqüífero Guarani é uma possibilidade alternativa de captação de água potável para consumo humano com diminuição de investimento de recursos financeiros, otimização de tempo e favorecimento do desenvolvimento das regiões de incidência do aqüífero. Em 1988 a CETESB constatou que 70% dos municípios do Estado de São Paulo são totalmente abastecidos por águas subterrâneas e que outros 154, o são parcialmente.

Os aqüíferos, devido à sua natureza, são menos vulneráveis à contaminação do que as águas superficiais. Entretanto é necessário considerar que uma construção ou uma perfuração de poços feitos de modos inadequados poderão comprometer e afetar as águas subterrâneas. Portanto, a cultura de uso dessas águas é um aspecto que necessita ser conhecido e explorado de modo a evitar futuras contaminações e degradações da reserva. Faz-se necessário, portanto, campanhas permanentes de educação ambiental que poderão contribuir para conscientização da população em relação ao uso racional da água buscando evitar a escassez desse recurso num futuro próximo.

Você quer saber mais?

www.daaeararaquara.com.br/ guarani.htm

EDUCAÇÃO E CIVILIZAÇÃO

Sérgio Mascarenhas
IEASC/USP


O Brasil enfrenta a mais grave crise de sua história: o ambiente da globalização no século XXI exige não apenas UMA NOVA EDUCAÇÃO, MAS TAMBÉM UMA NOVA CULTURA!

Necessitamos educar com um sistema de alta tecnologia e interdisciplinaridade, capaz de atender às exigências de inserção competitiva no ambiente globalizado.

Mas esta é apenas a primeira etapa, condição necessária, mas não suficiente!

Povos apenas educados, com alta renda, mas com culturas inadequadas, sucumbem na voragem do século do conhecimento.

Nossa cultura herdada dos tempos da colonização resultou na aceitação da miséria como com os escravos, na tradição da ordenação judiciária burocrática, necessária para manter as injustiças do mando dos poderosos e o espírito oligárquico típico dos tempos da coroa, em que tudo que não é permitido, é proibido e não o contrário.

O Estado (executivo, legislativo e judiciário) define o que é lícito para manter o congelamento dessa cultura de 500 anos que herdamos.

Portanto, no século do conhecimento, em plena revolução do próprio conhecimento, que tem como os produtos da globalização, CURTO CICLO DE VIDA, estamos, como disse o poeta, “COM UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO”. Mais que uma pedra, uma MURALHA de pedras de atrasos. Do outro lado da muralha, as enormes possibilidades da ciência, tecnologia e inovação, que são, a meu ver, juntamente com as artes e humanidades, talvez a melhor maneira de sairmos deste “buraco negro” do subdesenvolvimento.

Como me dizia o grande nobelista Abdus Salam, com quem trabalhei por 12 anos: “Países sem conhecimento estão fadados a serem meros exportadores de matérias primas e mão de obra barata”.

A tecnologia educacional com informática, rede mundial web, ambientes sem fio (wireless), dá hoje uma oportunidade única que não podemos perder, para não apenas educar para uma nova cultura, mas de faze-lo de maneira mais urgente, inteligente, interdisciplinar e com mais economia. Entretanto não podemos “sucatear” e perder o mercado da educação, amplo e rico de oportunidades para todas as áreas. Os Estados Unidos da América estão investindo (e não “gastando”) cerca de 500 bilhões de dólares por ano nesse setor!

O Brasil, entretanto, já tem condições básicas para criar uma nova gestão, um novo sistema educacional com a informatização, tendo bons exemplos nas eleições com voto digital, sistema bancário e automação e controle em vários setores como agronegócio, saúde e mídias digitais.

Agora, com os “palm-tops”, TV digital, telefonia móvel, sistemas digitais a cabo e satélites, todos em rapidíssima convergência espacial e temporal, e já disponíveis no Brasil, estamos iniciando um projeto pioneiro apoiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, MCT, e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq.

Estamos objetivando trabalhar um novo modelo de Centro de Produção e difusão de conhecimentos. Felizmente este cenário, portador de futuro, já tem bons exemplos (embora insuficientes) no Brasil e até chegaram ao Ministério de Educação, MEC, com uma Secretaria de Tecnologia Educacional!

O problema é não perdermos mais essa oportunidade e não deixarmos que aconteça, como há 500 anos, uma RECOLONIZAÇÃO, desta vez pelo próprio conhecimento! A maioria dos Centros Educacionais no Brasil está resistindo a essas novas tecnologias, não honrando as grandes visões de pioneiros como Anísio Teixeira, José Reis e Paulo Freire.

Você quer saber mais?

http://143.107.180.237/iea/index.php/news_site

Contribuições da Internet para o processo de ensino-aprendizagem escolar.

Rosa Oliveira Marins Azevedo
Amarildo Menezes Gonzaga
Universidade do Estado do Amazonas – UEA


De acordo com Levy (2000, p. 126), a Internet se constitui “[...] o grande oceano do novo planeta informacional”, o principal meio de circulação de informações na atualidade, que pode propiciar a interação com diferentes modos de representação e imagens, diferentes indivíduos, diferentes espaços e unicidade de tempo, configurando-se como um importante ambiente colaborador no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes.

Silva Filho (1998) se posiciona de modo semelhante ao considerar que as p ossibilidades e os limites do uso da Internet, no processo educativo, serão definidos pela qualidade das interações na relação professor-estudante no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos escolares. Esclarece que a Internet pode se constituir em meio auxiliar, facilitador do ato pedagógico, possivelmente contribuindo para ampliar e diversificar as experiências de vida dos estudantes, para a democratização da informação, do conhecimento e das relações.

Desse modo, concordamos com Freire (2003) que a Internet representa uma ferramenta de aprendizagem que inaugura novas formas de gerir as informações, de produzir conhecimentos, podendo inserir os estudantes em uma nova cultura que vá além de informações e horizontalize relações sócio-culturais, levando a uma crescente descentralização de um poder reservado e praticado por poucos, co nfigurando-se, assim, como uma ferramenta de comunicação que pode propiciar a aquisição de valores, saberes e conhecimentos, sistematizados ou não.

Embora essa ferramenta esteja sendo introduzida nas escolas ainda de modo lento, surge não apenas como uma nova ferramenta capaz de promover acesso à informação, mas como uma tecnologia capaz de abrir novas possibilidades de conhecimento e de relação com o conhecimento, gerando reflexões sobre os novos caminhos do processo de ensino-aprendizagem (GARCIA, BRITO e PURIFICAÇÃO, 2003).

Assim como Behrens (2003), entendemos que a Internet pode ser utilizada como um recurso de aprendizagem múltipla em que se aprende a ler, a buscar informações, a pesquisar, a comparar e a analisar, possibilitando aos estudantes dar significados próprios as informações adquiridas, à medida que contribui para desenvolver sua habilidade de considerar os fatos e fenômenos sobre diversos ângulos. Nesse processo, o professor é aquele que assume a atitude de orientador das atividades dos estudantes, no sentido de dinamizar a sua aprendizagem, trabalhando com eles em busca de objetivos comuns.

Percebemos, dessa forma, que a Internet apresenta-se como ferramenta atraente, principalmente para os estudantes de 1ª a 4ª série, que estão em uma fase de desenvolvimento bastante sensorial, uma vez que envolve imagens, cores, sons, entre outros que, juntamente com a orientação do professor, poderá se converter em uma estratégia poderosa no processo de ensino-aprendizagem escolar.

Ainda um outro fator que atrai na Internet é o de oportunizar a socialização, sem fronteira, do produto elaborado, possibilitando que as informações disponíveis possam ser utilizadas, compartilhadas e até reelaboradas por outros estudantes e professores de diferentes partes do mundo.

No entanto, consideramos pertinente o alerta de Cachapuz (2005) quanto à necessidade de se atentar para posições ingênuas, que vêem no uso da Internet a grande revolução para resolver os problemas da educação. Longe dessa visão ingênua, reconhecemos as possibilidades de utilização da Internet como recurso pedagógico atraente que, a partir da colaboração do professor no espaço escolar, pode oferecer contribuições relevantes ao processo de ensino-aprendizagem.

Você quer saber mais?

BEHRENS, M. A. Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. In: MORAN, J. M.; MASSETO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 7 ed. São Paulo: Papirus, 2003, p. 67-132.

CACHAPUZ, A. et al. A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2005.

FREIRE, F. M P. A palavra (re)escrita e (re)lida via Internet. In: SILVA, E. T. da (Coord.). A leitura no oceano da Internet. São Paulo: Cortez, 2003, p. 19-28.

GARCIA, J.; BRITO, G. da S.; PURIFICAÇÃO, I. da. Internet e formação de professores. I Congresso Brasileiro de Formação de Professores, 2003, Campo Largo. Anais. Campo Largo: Faculdade Cenecista Presidente Kennedy, 2003.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2000.

SILVA FILHO, J. J. Computadores: super-heróis ou vilões? Um estudo das possibilidades do uso pedagógico da informática na Educação Infantil. Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Tese de Doutorado, 1998.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Johannes Kepler (1571 – 1630).

Com as comemorações do Ano Internacional de Astronomia, o matemático e astrônomo alemão Kepler deve ser lembrado e reverenciado como um pioneiro que mudou os rumos dos estudos dos astros. Ele precedeu Galileu, o italiano que viveu de 1564 a 1642 e ficou mais famoso.

Naquela época vigorava o modelo de Universo proposto por Aristóteles (século IV a.C.) e Ptolomeu (século I d.C.), segundo o qual a Terra estava no centro do Universo e os astros tinham trajetórias circulares. Depois veio Copérnico (1473 – 1543), que foi o primeiro a afirmar que a Terra não seria o centro do Universo, mas girava em torno do Sol.

Kepler partiu daí e, além de confirmar a teoria do Heliocentrismo (os planetas giram em torno do sol), esclareceu que suas órbitas são elípticas e não circulares. Ele propôs um conjunto de leis, que foram básicas para os trabalhos de Newton e o levaram à Teoria da Gravitação Universal (1687):

1. Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol em um dos focos;

2. O raio vetor que une um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais;

3. Os quadrados dos períodos de revolução (T) são proporcionais aos cubos das distâncias médias (a) do Sol aos planetas.


Kepler também iniciou a distinção entre Astronomia e Astrologia. A primeira passou a ser o estudo dos astros, de suas naturezas e movimentos e os astrônomos deixaram de fazer horóscopos para reis e nobres.

Ele precisou ser extremamente cuidadoso em relação a eventuais perseguições por parte da Inquisição movida pela Igreja Católica Romana, pois sua mãe havia sido queimada devido a acusações de bruxaria Mesmo assim, disse que a Lua não seria tão diferente da Terra quanto desejavam os poetas e os religiosos e chegou até a escrever um conto de ficção científica falando de seres extra-terrestres de dois tipos, que viveriam em cada um dos lados (escuro e claro) da Lua.

Você quer saber mais?

Gleiser, Marcelo. “A Harmonia do Mundo”, São Paulo, 2006.

ENTREVISTA - PROFISSÃO: ASTRÔNOMO.

Entrevistado: Prof. Dr. Roberto Ortiz
Perfil: possui bacharelado em Física pela Universidade de São Paulo (USP),
mestrado e doutorado em Astronomia pela USP
e pós-doutorado pelo Sterrewacht Leiden (Holanda).
Atualmente é professor livre-docente da
Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP).

1. Como são formados os astrônomos no Brasil?


Calculo que talvez uns 90% dos astrônomos brasileiros sejam bacharéis em Física, que depois optam por fazer pós-graduação em Astronomia. Os 10% restantes incluem pessoas com graduação em Astronomia (pela UFRJ), engenheiros, matemáticos, etc. Em grande parte isso decorre do fato de que, até o ano passado, somente a UFRJ tinha um curso de Astronomia em nível de graduação. Então, geralmente quem fazia esse curso é quem morava na cidade do Rio de Janeiro e adjacências. Este ano (2009), o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP) iniciou a primeira turma de graduação em Astronomia. Os primeiros astrônomos formados por esse curso devem se formar daqui a 4 anos.

2. Quais as atribuições do profissional ligado à área de Astronomia?


Ele pode trabalhar em atividades de pesquisa e/ou divulgação. Quando o astrônomo é um pesquisador, ele geralmente faz parte do corpo docente de alguma universidade. No Brasil, a maioria dos astrônomos (cerca de 300) trabalha em Departamentos de Física e/ou Astronomia das universidades federais. Uma minoria se dedica à divulgação da Astronomia, geralmente em planetários e centros de divulgação de Ciências.

3. Qual a importância das atividades de divulgação científica na área de Astronomia?


A Astronomia talvez seja a ciência que mais desperta a atenção no público. Há diversos motivos para isso, tais como as imensas escalas de distância e tempo do universo, a beleza das imagens astronômicas, e até mesmo questões essenciais do ser humano, como: “De onde viemos?” ou “Estamos sozinhos no Universo?”. Então, eu vejo a Astronomia como uma espécie de “porta de entrada” para as demais ciências. Conheci muitas pessoas que, durante a infância ou adolescência, sentiram-se extremamente atraídas pela Astronomia e que, embora não tenham se tornado astrônomas, seguiram uma carreira científica ou tecnológica. Então, nesses casos acho que a Astronomia teve um papel decisivo.

4. 2009 é o ano internacional da Astronomia. Quais são os impactos esperados a partir das atividades programadas para este ano comemorativo?


A percentagem de pessoas que alguma vez já observou o céu com um telescópio não deve passar de uns 2%. Com o aumento da poluição luminosa das cidades, as pessoas não possuem mais o hábito de olhar o céu, e isso limita o horizonte dos cidadãos. Quando ele desconhece o que se passa acima de sua cabeça, seu horizonte torna-se mais limitado, sua visão de Universo torna-se míope e a pessoa pode se tornar excessivamente centrada em si. Até mesmo o conceito de preservação do nosso planeta, incluindo seus recursos naturais, passa pela compreensão do nosso planeta como um corpo celeste que teve uma origem e evolução. Marte, por exemplo, teve água no passado e hoje é um planeta seco. Acredito que a compreensão do que houve com os outros planetas pode nos ajudar a compreender e ajudar a preservar a Terra.
Os astrônomos brasileiros estabeleceram a meta de que pelo menos 1 milhão de brasileiros observe algum objeto celeste através de um telescópio durante 2009. Em todo o Brasil haverá telescópios disponíveis à população em lugares de grande circulação, tais como a Avenida Paulista, o Parque Ibirapuera, o Villa-Lobos, além é claro, da Cidade Universitária.

5. O que você diria a um jovem que gostaria de se dedicar à Astronomia?


O estudo da Astronomia, mesmo como hobbie, traz muitos benefícios. Geometria espacial, por exemplo, é amplamente utilizada em Astronomia, assim como muitos outros conceitos matemáticos como logaritmos, trigonometria, geometria plana, etc. Há também muitas aplicações da Física, como por exemplo, na temperatura dos planetas, das estrelas, etc. A Química entra na composição química da atmosfera dos planetas e as transformações que nela ocorrem, na coloração do solo dos planetas, na cauda dos cometas, etc. Eu diria que um estudante que lê sobre Astronomia e faz algum tipo de atividade astronômica tem mais chances de se dar bem na escola e, consequentemente, em sua carreira futura.
Como profissão, é um pouco difícil de avaliar, porque a formação do astrônomo leva muito tempo (cerca de 10, 12 anos) e é difícil prever como estará o mercado de trabalho nessa escala de tempo. O que posso dizer é que, entre meus ex-colegas de pós-graduação que não desistiram da carreira, todos estão empregados. Alguns têm empregos melhores, outros piores, mas pode-se dizer que praticamente não há astrônomos da minha geração desempregados. A profissão exige estudo e aprimoramento contínuos. Também acho importante citar que o computador é uma das ferramentas mais importantes do astrônomo. Embora o telescópio seja imprescindível, o astrônomo passa mais tempo à frente do computador do que do telescópio.

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http://cdcc.usp.br/

EXAME DE FEZES PRÉ-HISTÓRICAS.

Conhecendo os hábitos alimentares de animais extintos

André Perticarrari
Educador da Casa da Ciência / Hemocentro de Ribeirão Preto-USP

Os animais apresentam os mais variados hábitos alimentares, se alimentando de vegetais a outros animais, além de detritos e outro itens. Essa seqüência onde um ser vivo serve de alimento para outro e cada um tenta conseguir sua cota de energia para sobrevivência chama-se cadeia alimentar.

Os animais podem ser herbívoros, outros carnívoros e ainda podem se alimentar tanto de outros animais quanto de vegetais, sendo, portanto onívoros.

Que os animais têm hábitos alimentares tão variados é fato, mas como os biólogos fazem para estudar o comportamento alimentar das espécies?

É fácil, estudando e analisando suas fezes. Parece um trabalho não muito agradável, porém, a análise das fezes pode indicar o hábito alimentar de um animal, ou seja, se ele alimenta-se de pequenos animais, se é “vegetariano” (herbívoro) ou onívoro.
Portanto, para se estudar o “cardápio” preferido dos animais é só ir a busca de suas fezes e analisá-las.

Agora responda rápido: como os cientistas conseguem saber sobre os hábitos alimentares de animais extintos? Como é possível saber que um dinossauro era herbívoro ou carnívoro, se alimentava de insetos ou era onívoro?

Você deve estar pensando que esse conhecimento é apenas uma hipótese ou imaginação dos cientistas, pois se conhecem apenas os ossos destes animais, ou seja, os fósseis.

Bem! Antes de respondermos as perguntas anteriores, precisamos entender o que são fósseis.

Os fósseis: pistas do passado

É fato que a vida na Terra surgiu a mais ou menos a 3,5 bilhões de anos atrás e que desde então ela vem se transformando ao longo do tempo. Muitos seres vivos já não existem mais, outros surgiram a muitos milhões de anos e apresentam representantes nos dias atuais. Conhecer esses seres é conhecer o passado da Terra e entender como a vida evolui. E esse conhecimento vem através do estudo dos fósseis.

Estes organismos deixaram vestígios de sua existência, como restos de plantas, ossos, além de pegadas, ovos de animais entre outros. Esses vestígios são chamados de FÓSSEIS. Os restos de seres vivos sofreram um processo de mineralização dos tecidos “transformando-se em pedras”. As partes duras do corpo, como por exemplo os ossos, dentes, conchas, são as mais facilmente fossilizadas. Contudo, impressões deixadas por organismos, como pegadas, impressões de folhas e conchas, rastros e penas também são fósseis, mais especificamente ICNOFÓSSEIS, que evidenciam a atividade dos organismos extintos.
Voltando as nossas perguntas, é possível sim conhecer os hábitos alimentares de animais extintos. Mas, como isso é feito? Como vimos, fóssil é qualquer vestígio de organismos que viveram em um passado remoto. E as fezes de animais extintos também podem sofrer o processo de fossilização. Fezes fósseis são conhecidas pelos cientistas como COPRÓLITOS (do grego antigo, copros = fezes + litos = pedra), um tipo de icnofóssil (FIGURA 1). Elas podem fornecer importantes informações a respeito da dieta destes animais. Entretanto, é muito difícil associar uma fezes fossilizada ao animal que a originou.

coprolito29b
http://www2.igc.usp.br/replicas/coprolito29c.jpg
http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Mineralizacao/Minerl05.jpg
A
B

Figura 1. Fotos de coprólitos (A). Em B coprólito de mamífero. fonte:IGC/USP.

Para estudar os coprólitos, os paleontólogos fazem cortes muitos finos através de técnicas especiais, para observá-las ao microscópio. A partir destas análises é possível identificar restos de comidas petrificadas, como exoesqueletos de insetos, ossos e partes de plantas. Com isso, os cientistas podem afirmar com alguma certeza que um animal, como um dinossauro, era herbívoro, carnívoro ou onívoro.

Você quer saber mais?

http://www2.igc.usp.br/replicas

http://www.cienciahoje.uol.com.br.

Kuck D.W., 2003. Fezes fossilizadas revelam hábitos de dinossauros: estudo de coprólitos ajuda a entender dieta de espécies pré-históricas do Brasil. Ciência Hoje on line.

O processo de Galileu.


Prof. Rogério C. Trajano da Costa, IFSC Transcrição da Revista do CDCC, agosto/1988

“A Bíblia nos ensina como se vai para o céu e não para onde o céu vai”
Cardeal Baronius (1538 – 1607)

Uma das razões pelas quais o processo de Galileu sempre despertou o interesse dos leitores da História das Ciências foi, sem dúvida, a simpatia que em todos nós desperta a condição daqueles que, armados de verificações objetivas, ousam desafiar as verdades estabelecidas pelas antigas tradições.

Mas, mesmo deixando de lado os aspectos mais emocionais do problema, ainda há, no processo de Galileu, muita coisa para despertar o interesse do investigador sóbrio e imparcial, por causa da ausência de registros escritos sobre alguns fatos que permaneceram obscuros até os dias de hoje.

Embora seja obviamente impossível apresentar neste artigo uma cobertura completa dos acontecimentos que resultaram neste famoso processo, vamos procurar, mesmo nos limitando aos fatos essenciais, dar ao leitor uma idéia geral daquilo que realmente se sabe e dos acontecimentos sobre os quais só podemos infelizmente fazer suposições.

Todos concordam, em princípio, que a causa imediata do processo de Galileu foi a publicação da sua obra “Diálogo sobre os dois maiores sistemas do mundo”, onde se discute, sob a forma de um debate entre três personagens, os méritos dos sistemas astronômicos de Ptolomeu e Copérnico. Devemos lembrar aqui que, desde sua publicação em 1543, a teoria de Copérnico (segundo a qual os planetas giram em torno do sol) encontrou forte oposição, tanto entre os astrônomos como entre os teólogos.

Alegavam os primeiros que o modelo copernicano não era suficientemente preciso para suplantar o de Ptolomeu (onde a Terra se encontra imóvel, no centro do sistema solar) no cálculo da posição dos astros, e que um corpo tão grande e pesado como a Terra não poderia girar em torno do sol. Mais perigosa, entretanto, que as dúvidas dos astrônomos era a oposição das autoridades eclesiásticas, baseada no apoio que desde longa data a Igreja tinha dado às idéias de Aristóteles e Ptolomeu, e também no fato de que a hipótese de uma Terra em movimento era contrária à verdade revelada nas Sagradas Escrituras. O próprio Galileu parece não ter tido uma opinião definitiva a respeito deste problema até a época de suas primeiras investigações telescópicas (1609 – 1610), quando teve a oportunidade de observar as montanhas da lua, os satélites de Júpiter e as fases do planeta Vênus.
Os dois primeiros resultados, que podem parecer secundários nos dias de hoje, eram importantes para a época, pois mostravam que:

1. a lua era semelhante à Terra e girava em torno desta, o que tornava plausível o fato da Terra girar em torno do Sol, e
2. ser o centro de um sistema em rotação não era privilégio do nosso planeta, como queria a teoria de Ptolomeu.


É verdade, entretanto, que a aparência de Vênus, vista no telescópio era o argumento mais importante contra a teoria de Ptolomeu. De fato, de acordo com esta teoria, a órbita deste planeta estaria sempre contida entre a Terra e o Sol, o que estava em franco desacordo com as observações de Galileu que viu suas fases indo desde a Vênus “nova” até a Vênus “cheia” (caso em que o Sol deveria estar entre a Terra e Vênus).

Apesar de convencido da superioridade do sistema de Copérnico, Galileu esperou até 1632 para publicar seu “Diálogo”. A razão desta demora é conhecida: em 1616 ele foi chamado para uma entrevista com o cardeal Bellarmino (um dos maiores teólogos da época) na qual ele foi oficialmente informado da posição da Igreja, contrária à teoria de Copérnico, conforme consta de uma declaração (preservada até hoje) na qual o cardeal acrescenta, provavelmente a pedido do próprio Galileu, que este não tinha recebido nenhuma penitência ou sido forçado a desmentir qualquer opinião herética. (Deve-se acrescentar que a Igreja não se opunha diretamente à discussão das idéias de Copérnico, desde que estas fossem tratadas como uma hipótese matemática conveniente para ilustrar a disposição dos corpos celestes).

Por que então Galileu decidiu-se a escrever o “Diálogo”? O motivo para esta resolução deve ter ocorrido a partir de 1623, quando o cardeal Barberini, colega de Galileu na “Academia dos Linces” (uma das primeiras sociedades científicas), que mostrara anteriormente interesse pelos seus estudos, foi eleito papa adotando o nome de Urbano VIII. Se, ao que tudo indica, Galileu julgou que a situação tornava-se mais favorável para a divulgação de suas idéias ele estava certamente equivocado, pois assim que a obra foi publicada houve logo forte pressão, da parte dos seus adversários, para que ele fosse oficialmente condenado.

Em fevereiro de 1633, apesar do rigoroso inverno e da idade avançada, Galileu teve que comparecer perante o tribunal em Roma, onde foi acusado de desobedecer uma ordem formal do Cardeal Bellarmino (na famosa entrevista de 1616) para nunca mais discutir a teoria de Copérnico sob qualquer pretexto. (Esta acusação estava apoiada num documento, retirado dos arquivos do Vaticano, que o consenso dos historiadores modernos considera como tendo sido forjado especialmente para livrar a Igreja do embaraço de condenar uma obra cuja publicação tinha sido aprovada pelas autoridades eclesiásticas).
Apesar de ter apresentado o atestado do próprio cardeal, Galileu foi obrigado a confessar seus erros e condenado à pena de prisão domiciliar em sua própria casa, na qual veio a falecer em 1642.

Por que houve tanto empenho na condenação de Galileu? Aqui entramos necessariamente no terreno das conjecturas, sendo perfeitamente possível que mais de um fato tenha contribuído para este fim. O motivo mais comumente lembrado é que teria Galileu “exagerado na dose” ao escrever o “Diálogo”. De fato, o personagem que defende a teoria de Ptolomeu, chamado “Simplício” (nome que por si só já não é dos mais simpáticos), além de amplamente derrotado nas discussões encerra o livro dizendo que, apesar de reconhecer o valor dos argumentos contrários às suas convicções, ele se mantinha fiel à idéia “recebida de uma pessoa eminente”, segundo a qual Deus poderia ter produzido os mesmos resultados por meios totalmente diferentes.
Ora não deve ter sido difícil convencer o papa sobre quem era esta “pessoa eminente” nem este deve ter ficado contente ao ver a posição oficial da Igreja defendida por um personagem que se sai nos debates de modo tão desastrado. Devemos lembrar ainda que tudo ocorreu numa época em que a Igreja Católica não tinha ainda absorvido o impacto da reforma religiosa do século anterior, conforme atesta a opinião dos jesuítas que insistiam (evidente exagero) que a obra de Galileu poderia ter piores conseqüências do que “Lutero e Calvino juntos”.

Mais recentemente outras possibilidades foram lembradas como possíveis motivos para a condenação de Galileu, envolvendo desde o uso que este faz do raciocínio indutivo (que era avançado em relação à argumentação científica da época) até uma possível associação da parte dos seus opositores, da sua obra com a de Giordano Bruno.

Você quer saber mais?

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Por que os satélites artificiais não caem.

Prof. Rogério C. Trajano da Costa, IFSC Transcrição da Revista do CDCC, julho/1987

Todos nós sabemos, pela experiência da nossa vida diária, que qualquer corpo projetado para cima acaba caindo de volta na superfície da Terra.

Este fato, como certamente já fomos informados, é devido à força da gravidade que a Terra exerce sobre todos os corpos; de modo que, para nos mantermos afastados de sua superfície, precisamos exercer uma força oposta que anule a influência da atração terrestre.

Esta força tanto pode ser a tensão de uma corda na qual estamos pendurados como o empuxo do ar no caso de um balão (o mesmo tipo de força que permite os navios flutuarem na água), ou ainda a diferença de pressão do ar entre as partes inferior e superior das asas de um avião; mas, num caso ou outro, podemos sempre reconhecer um meio de sustentação capaz de se opor ao efeito da força da gravidade.

Ora, no lançamento de um satélite artificial a propulsão do foguete atua apenas durante um tempo limitado no começo da trajetória, após o qual o satélite permanece em órbita sem o auxílio de qualquer força aparente.
Por que então um satélite não cai?

Para responder a esta pergunta a primeira coisa que devemos saber é que qualquer corpo abandonado nas vizinhanças imediatas da Terra é por esta atraído, com aceleração constante (a aceleração da gravidade).

Dizer que a aceleração de um corpo é constante significa dizer que sua velocidade cresce continuamente numa taxa uniforme, isto é, ela sofre acréscimos iguais em intervalos de tempo de mesma duração. No caso da gravidade, por exemplo, a velocidade de um corpo abandonado a partir do repouso (com velocidade nula portanto) cresce 9,8 m/s em cada segundo. Assim, por exemplo:

  • No fim de 1 segundo sua velocidade será: 0 + 9,8 m/s = 9,8 m/s.
  • No fim de 2 segundos sua velocidade será: 9,8 m/s + 9,8m/s = 19,6 m/s.
  • No fim de 3 segundos sua velocidade será: 19,6 m/s + 9,8m/s = 29,4 m/s.

Observe a Figura 1. No seu lado esquerdo mostramos as posições A0, A1, A2, A3, ocupadas por este corpo em intervalos iguais de 1 segundo, desde o momento em que é largado (0 segundos) até atingir o solo (3 segundos). (Note que os espaços percorridos nestes intervalos são cada vez maiores pois a velocidade está crescendo continua­mente).

Text Box:  Figura 1
Figura 1

Já no lado direito da mesma figura, indicamos as posições B0, B1, B2, B3, ocupadas, nos mesmos instantes de tempo por um outro corpo que foi projetado horizontalmente, a partir da mesma altura, com a velocidade inicial de 10 m/s.

Observamos que:

  • no fim de um mesmo intervalo de tempo os dois corpos encontram-se na mesma altura; isto é, caíram a mesma distância, embora, somente um deles o tenha feito em linha reta;
  • o corpo que foi projetado horizontalmente continua caminhando nesta direção, com a mesma velocidade de 10 m/s.

Veja que ele está a 10 metros à direita da posição inicial no fim de 1 segundo, 20 m no fim de 2 segundos, 30 m no fim de 3 segundos, etc..

  • Podemos ir da posição inicial B0, para a posição B1 (1 segundo depois), num processo que envolve duas etapas: primeiro andamos 10 metros em 1 segundo na direção horizontal até atingir o ponto C1, e depois caímos de C1 até B1, durante o mesmo tempo, como se a velocidade inicial fosse nula. Da mesma maneira podemos ir de B0, até B2, indo primeiro até C2, mantendo constante a velocidade inicial (20 metros em 2 segundos), e depois caindo durante 2 segundos até atingir a posição B2. Desta maneira o movimento sempre pode ser dividido em duas partes percorridas no mesmo tempo: uma horizontalmente com a mesma velocidade inicial e a outra caindo, a partir do repouso, na direção vertical (notemos que o tempo de queda é o mesmo para qualquer valor da velocidade horizontal; o alcance de um projétil disparado horizontalmente aumenta com a velocidade porque no mesmo tempo ele caminha uma distância maior).

Para compreender a órbita circular do nosso satélite é importante ter em mente que a Figura 1 só é boa para descrever o movimento dos corpos projetados em baixa velocidade; e isto por duas boas razões. A primeira é que no caso de velocidades maiores devemos levar em conta a diminuição da velocidade horizontal devida ao atrito com o ar. A segunda, que nos interessa mais de perto no momento, é que na Figura 1 consideramos o chão como se fosse plano, com a aceleração de gravidade atuando sempre na mesma direção (vertical). Ora, se a velocidade inicial for muito alta, a distância horizontal percorrida pelo corpo pode ser suficientemente grande para que seja necessário levar em conta a curvatura da Terra. De fato, consideremos a figura 2, onde aparece um satélite projetado tangencialmente da Terra de uma altura h.

Text Box:  Figura 2
Figura 2

Notemos, primeiramente que se não houvesse a atração terrestre, o satélite se afastaria do nosso planeta, seguindo a direção B0C1. É por causa da atração da Terra que o satélite “cai” a distância C1B1, permanecendo, por causa disto, numa altura constante h acima da superfície terrestre.

É interessante comparar a Figura 2 com o lado direito da Figura 1. Nesta a superfície da Terra foi considerada como plana (o que é uma boa aproximação apenas para curtas distâncias), de modo que a velocidade inicial é paralela ao solo e a força da gravidade curva a trajetória até que este seja atingido.

Já na Figura 2, onde levamos em conta a forma esférica da Terra (por causa de alta velocidade dos satélites), a força de gravidade curva a trajetória de modo a mantê-lo numa distância constante (do contrário o satélite iria embora para sempre). A rigor, para usarmos na Figura 2 os mesmos resultados da Figura 1, o ângulo no vértice O do triângulo B0OC1 deve ser pequeno, de modo a podermos desprezar a mudança na direção da força de gravidade ao longo do arco B0B1 Deste modo, a melhor resposta para o título deste artigo deverá ser: os satélites artificiais estão sempre caindo, e é justamente por isto que sua trajetória pode ser circular.

Para encerrar este artigo vale a pena observar, ainda na Figura 2, que para manter o satélite sempre na mesma distância da Terra é preciso que este “caia” a distância C1B1 no mesmo tempo em que ele andaria o comprimento B0C1, caso a gravidade não existisse.

Não é difícil perceber que isto não é possível com qualquer valor de velocidade inicial. Na verdade, fixada uma distância da Terra, só existe um valor que corresponda a uma órbita exatamente circular. Para um movimento feito junto à superfície da Terra esta velocidade é de 7900 m/s, suficiente para dar uma volta ao longo de equador em aproximadamente 1 hora e 25 minutos.

É claro que este movimento nunca poderia ser realizado dentro da atmosfera terrestre pois a resistência do ar nesta velocidade é muito grande (suficiente para destruir o satélite por causa do calor produzido pelo atrito). Esta é a razão pela qual os satélites se movimentam em altitudes elevadas, onde a densidade da atmosfera é desprezível.

E já que estamos falando em satélites, não é justo que nos esqueçamos do nosso satélite natural: a lua.

Para aplicar estes mesmos raciocínios ao movimento lunar, basta leva em conta o fato de que a atração da Terra diminui com o quadrado da distância, razão pela qual a aceleração da gravidade na região onde está a lua é 3600 vezes menor do que na superfície da Terra. O resultado disto é que a velocidade da lua é menor do que a de um satélite artificial o que, somado com um percurso maior para dar uma volta em torno da Terra, resulta num período de 27 dias e 8 horas aproximadamente.

Você quer saber mais?

http://cdcc.usp.br/

Alquimia: Ciência ou Seita?


Luís Antônio Silva & Daniel Dias Gato
Estudantes de Licenciatura em Ciências Exatas da Universidade de São Paulo - USP - campus São Carlos e Professores do Colégio CAASO

História da Alquimia

A palavra alquimia, AL-Khemy, vem do árabe e quer dizer "a química". Esta ciência começou a se desenvolver por volta do século III a. C. em Alexandria, o centro de convergência da época e de recriação das tradições gregas, pitagóricas, platônicas, estóica, egípcias e orientais. A alquimia deve sua existência à mistura de três correntes: a filosofia grega, o misticismo oriental e a tecnologia egípcia. Obteve grande êxito na metalurgia, na produção de papiros e na aparelhagem de laboratório, mas não conseguiu seu principal objetivo: a Pedra Filosofal.

A alquimia sempre se assaciou aos elementos da natureza

Os preceitos e axiomas alquímicos encontram-se condenados na misteriosa “ Tábua Esmeraldina”(a esmeralda era considerada como a pedra preciosa mais formosa e mais cheia de simbolismo: a flor do céu), um dos quarenta e dois livros da doutrina hermética atribuídos a Hermes Trimegisto.

Hermes "Trismegisto" (isto é, três vezes grande) é identificado como sendo o deus egípcio Toth, que é uma representação do poder intelectual. Referências a ele já existiam nos tempos do filósofo Platão, por volta do ano 400 a. C.. Diz a lenda que os preceitos de Hermes foram gravados em uma esmeralda, o que deu origem ao nome "Tábua de Esmeralda". Os preceitos e ensinamentos de Hermes pautaram o trabalho dos alquimistas, que em suas obras faziam referências à Tábua de Esmeralda pelo seu nome latinizado, Tábula Smaragdia. São preceitos metafísicos bastante avançados e complexos, de forma que só eram compreendidos pelos iniciados. Do nome de Hermes derivou o termo "hermético" e o "hermetismo", que significam "aquilo que é fechado, restrito". Algo que é hermeticamente fechado significa inacessível. Ensinamentos herméticos são restritos aos iniciados e pessoas comprometidas com determinada área do ocultismo.

Figura de Hermes Trimegisto

Os sábios que dedicaram sua vida inteira à pesquisa alquímica pretendiam transformar os materiais opacos em metais brilhantes e nobres. Em suas recolhas de laboratórios realizavam valiosas pesquisas e idealizaram uma linguagem cheia de símbolos indecifráveis para, deste modo, burlar a vigilância a que estavam submetidos por parte daqueles regulamentos sociais, que em todos os tempos tem considerado como tarefa prioritária a perseguição, ou desqualificação daqueles que se atrevem a discordar e não compartilhar dos convencionalismos. Os grandes personagens do pensamento hermético e esotérico anotavam sua investigações em códigos e as chaves decifradoras só eram conhecidas pelos iniciados. Com isso muitos alquimistas se separavam da sociedade, formando seitas secretas e seu engajamento era feito através de juramentos:

Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pela trevas; Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água; Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do tártaro; Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anubis, pelo rugido do dragão Kerkorubos e pelo latido do cão de três tetas, Cérbero, guardião do inferno; Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas”.


A mística sempre foi uma das ferramentas dos estudos alquímicos.

Devido às suas origens, a alquimia apresentou um caráter místico, pois absorveu as ciências ocultas da Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia, Egito e Síria. A arte hermética da alquimia já nasceu em lenda e mistério. Os alquimistas usavam fórmulas e recitações mágicas destinadas a invocar deuses e demônios favoráveis as operações químicas. Por isso muitos eram acusados de pacto com o demônio, presos, excomungados e queimados vivos pela Inquisição da Igreja Católica. Por questão de sobrevivência, os manuscritos alquímicos foram elaborados em formas de poemas alegóricos, incompreensíveis aos não iniciados. Mais de dois mil anos antes do início da nossa era, os babilônios e os egípcios, procuravam obter ouro artificialmente, e já se interessavam pela transformação dos metais em ouro. Nessa época, a prática da alquimia era realizada sob o mais absoluto dos segredos, pois era considerada uma ciência oculta. Sob a influência das ciências advindas do Oriente Médio, os alquimistas passaram a atribuir propriedades sobrenaturais às plantas, letras, pedras, figuras geométricas e os números eram usados como amuletos, como o 3, o 4 e o 7.

Em função das condenações proclamadas pela Igreja Católica aos alquimistas, durante a Idade Média, o cheiro de enxofre passou a ser associado ao diabo. Os alquimistas faziam suas experiências com enxofre comum, sendo denunciados pelos fortes cheiros emanados de suas casas ou laboratórios, o que permitia que fossem facilmente detectados e acusados de bruxaria e pacto com o demônio, pondo fim aos seus trabalhos. É também digno de registro a criação de Drácula, o vampiro, acusado de obter longevidade às custas do sangue humano. Seu surgimento não passou de uma bem sucedida tentativa para desmoralizar uma ordem mística alquimista, surgida na Idade Média, que trabalhava na obtenção do elixir da longevidade. Importante também, é enumerar as muitas descobertas feitas por alquimistas em seus laboratórios, nas suas tentativas para atingir a Pedra Filosofal: Água-régia(mistura de ácido nítrico e clorídrico), arsênico, nitrato de prata (que produz ulcerações no tecido animal), acetato de chumbo, bicarbonato de potássio, ácidos sulfúrico, clorídrico, canfórico, benzóico e nítrico, sulfato de sódio e de amônia, fósforo, a potassa cáustica (hidróxido de potássio, que permitia a fabricação de sabões), entre muitas outras coisas que possibilitaram a evolução da humanidade. O sucesso da alquimia na Europa se deve aos árabes, que introduziram idéias místicas acompanhadas por avanços práticos no procedimento químico como a destilação e a descoberta de novos metais e componentes.

À baixo e à direita, temos um quadro de Henri Khunrath que mostra um laboratório oratório. Nos frascos que se alinham sobre a bancada da chaminé se guardam certas substâncias alquímicas. Reparem também no alquimista que, de joelhos diante da tenda-oratória, implora a graça divina para o consumação do feito. A palavra Laboratório tem a seguinte origem: Labor = trabalho; Oratório = local de orações.

Laboratorio

Alquimista

A partir das obscuras etimologias, através de uma leitura intrincada, enigmática e carregada de símbolos dos escritos alquimistas, o que pode-se ter claramente é que as finalidades que perseguia a alquimia resume-se em três fundamentos:

  1. Transformar os metais chamados inferiores (principalmente o mercúrio e o chumbo) em ouro e prata, metais tidos como superiores;
  2. Preparar uma panacéia que cure as enfermidades humanas, conserve e devolva a juventude e prolongue a vida - a Medicina Universal ou o Elixir da Longa Vida;
  3. Conseguir a transformação espiritual do alquimista, de homem caído em criatura perfeita.

As Culturas Alquímicas

A Alquimia Árabe

A Europa entrou em contato com a alquimia através das invasões árabes na península ibérica. Os árabes fundaram universidades e ricas bibliotecas (que entre os séculos VIII e XIII emitiram as bases teóricas da alquimia), as quais foram destruídas nas Cruzadas. A química árabe aperfeiçoou as artes de destilação e de extração por gorduras, a fabricação de sabão, as ligas metálicas e a medicina farmacêutica.

Os primeiros textos traduzidos do grego para o árabe foram os textos de alquimia, dizia o sábio Ibn Al Nadim, no século X. Al Nazi é o primeiro alquimista cuja obra e vida foram descritas por outros autores credíveis.

Dispositivos novos ou aperfeiçoados são introduzidos: o “banho-maria” (banhos de ar quente), os cadinhos perfurados permitindo a separação por fusão, as diferentes retortas de destilação, de sublimação. A classificação das substâncias é variável de um autor para outro. Exemplos:

  • Ouro é nobre, pois resiste ao fogo, à umidade e ao enterramento sob a terra;
  • Cânfora, enxofre, arsênico, mercúrio e amoníaco fazem parte dos espíritos, pois são voláteis;
  • O vidro se enquadra nos metais, pois é susceptível de fusão.

As operações alquímicas eram longas, duravam horas e até dias, mas tratava-se de reproduzir no laboratório, na “matriz artificial” que constitui um alambique bem fechado, um processo que, na natureza, se mede em séculos.

A Alquimia Cristã

No mundo islâmico, os alquimistas eram alvos de gracejos já que os escritos alquímicos eram cheios de símbolos e era impossível saber se um autor compreendia o que ele escrevia. Quando os textos foram traduzidos em latim, por volta do século XII, os sábios cristãos estavam divididos entre o nobre desejo de melhor combater o inimigo infiel e a curiosidade devoradora pelos saberes.

A alquimia cristã, como a alquimia árabe, toma questão de avaliação. Saber quem era alquimista medieval, era a primeira dificuldade presente na alquimia cristã devido a sua situação anônima.

Enquanto os árabes possuíam apenas ácidos fracos e soluções de sais corrosivos, os alquimistas europeus aprenderam a preparar e condensar ácidos forte, no século XVI. Primeiro o ácido nítrico, depois o ácido clorídrico, em seguida o ácido sulfúrico até chegar a água régia que dissolve até o ouro.

A Alquimia Chinesa

Para os alquimistas chineses, o principal objetivo era atingir a imortalidade. Para eles, a não reatividade do ouro era inalterável e, por isso, imortal. Tentavam manufaturar o ouro e esperava-se que, dessa forma, poderia ser preparada uma “pílula da imortalidade”. Acreditava-se também que, ingerindo os alimentos em pratos feitos com esse ouro, seria possível alcançar a tão sonhada longevidade.

Os alquimistas chineses criaram elixires à base de enxofre, arsênico, mercúrio, e não obtiveram sucesso em sua busca. Joseph Needham fez uma lista de imperadores cuja morte se pode pensar ter sido causada pelo envenenamento causado pelo consumo desses elixires. Dessa forma, a alquimia chinesa foi perdendo força e acabando desaparecendo com a ascensão do Budismo.

Você quer saber mais?
  • ARRUDA, M. L. & PIRES, M. H., Filosofando, São Paulo, Moderna, 1988.
  • ALLORGE, Henry. Le secret de Nicolas Flamel. Paris, 1929.
  • ARES, José Manuel. Re-criações Hermeticas. Ensaios Diversos sob o signo de Hermes. Lisboa, Hugin,1996.
  • EBERLY, John. Al-Kimiai: The Mystical Islamic Essence of The Sacred Art of Alchemy. Aramneses Press, 1995.
  • JACOBI, Jolande. Paracelsus . Selected Writings. Princeton, 1979.
  • TRIMBLE, Russell, The Encyclopedia of the Paranormal, Nova York, Prometheus Books, 1996.
Sítios:

Siberianos sobrevivem a temperaturas de 60 graus negativos.

Quando Mynott chegou à Sibéria, a temperatura era de 32ºC negativos, considerada amena pelos moradores

Moradores do leste da Sibéria sobrevivem a temperaturas de até 60 graus negativos em um dos lugares mais frios do planeta.

A BBC iniciou uma série na qual o jornalista Adam Mynott visita o local mais frio e o mais quente do mundo, a Mundo de Extremos, para mostrar como as populações sobrevivem em condições tão difíceis. E este é o relato de sua visita a um dos locais mais gelados do mundo.

Logo na chegada, ao descer em Yakutsk, no leste da Sibéria, em um avião vindo de Moscou, a temperatura que encontra o visitante já é de 32 graus negativos, considerada até suave pelos moradores da região.

Um dos traços característicos de Yakutsk, capital regional da província de Sakha, são os prédios, que parecem preparados para uma grande enchente: todos eles foram construídos em estacas de concreto e aço, suspensos a 2 metros acima do chão.

Mas, Valentin Spector, um dos pesquisadores do Instituto Permafrost, explicou ao repórter da BBC que os prédios suspensos não têm nada a ver com enchentes.

Segundo Spector, durante o verão, as temperaturas podem chegar a mais de 40 graus. A camada de cima do chão, congelada, se aquece e descongela e, em alguns lugares, a uma profundidade de um metro, em outras, pode chegar a três metros.

Esta 'camada ativa', como é chamada por Spector, é muito instável e, a não ser que as fundações dos prédios sejam fincadas firmemente na camada de permafrost (camada do solo permanentemente congelada) logo abaixo, o movimento desta primeira camada faria com que os prédios desabassem.

Spector afirma ainda 65% da Rússia está localizada em permafrost e, em alguns lugares da Sibéria, o solo congelado tem profundidade de até 1,5 mil metros.

Covas

No dia seguinte, voamos até Ust-Nera, uma cidade ao norte de Yakutsk, já dentro do Círculo Ártico e em meio a montanhas. A temperatura caiu outros dez graus e chegou a 42 negativos.

No caminho entre a cidade e o aeroporto viajava também um comboio de carros que participavam de um funeral. E aí está outro problema para os que vivem na região de permafrost: como sepultar os mortos no inverno.

São necessários dois ou três dias para fazer uma cova no solo congelado.

Os moradores da região acendem uma fogueira e o carvão é colocado nas chamas. Depois de algumas horas, o carvão é colocado de lado e os 15 centímetros de solo descongelado pelo calor das chamas é cavado e retirado. Os pedaços de carvão quente então são colocados de volta no buraco e o processo começa novamente até que a cova tenha dois metros de profundidade.

Casacos

No inverno ninguém sai de casa a não ser que seja absolutamente necessário.

Durante o inverno, há poucas horas de sol durante o dia

Quando alguém precisa sair para ir a uma loja, para a escola ou trabalho, a pessoa precisa usar muitos agasalhos, e os chapéus e longos casacos de pele são uma visão comum na região.

No entanto, um casaco de pele longo custa mais de US$ 1550 (cerca de R$ 2660), muito além do que as pessoas podem comprar, pois o salário médio na região é equivalente a US$ 600 (cerca de R$ 1030).

Mas os bancos locais fazem financiamentos de casacos.

Ao chegar, sem um bom chapéu para enfrentar o frio, recebi a informação de que o único que serviria seria um de pele. Mas, como não queria ser responsável pela morte de um coelho ou de uma raposa do Ártico, e pelo fato de chapéus de pele verdadeira serem caros, optei pelo chapéu de pele falsa.

Esta decisão gerou a desaprovação do guia do governo que me acompanhava. 'Hum, Greenpeace', disse.

Gulag

A cidade de Ust- Nera começou como um pequeno assentamento, depois que geólogos descobriram ouro e outros minerais na região em 1937.

O líder soviétivo Joseph Stalin enviou muitos dos chamados 'inimigos do Estado' para a região, dezenas de milhares de prisioneiros políticos, para trabalhar nos gulags, como eram chamados os campos de trabalho forçado, para extrair o ouro e outros mineirais.

Mikhail Ivanov é um dos poucos trabalhadores do gulag sobreviventes. O acadêmico e historiador tem um apartamento em Yakutsk e conta que seu único crime foi elogiar os textos de um morador de Yakut, acusado de ser nacionalista e, por isso, ele foi enviado ao gulag.

'Se eu levasse 25 carrinhos de mão cheios de carvão até a superfície, eu receberia dois pratos de mingau. Se eu não conseguisse os 25, receberia apenas um', afirmou.

As minas ainda estão operando, sob outro regime de trabalho. Agora, os salários pagos atraem mineiros de toda a Rússia.

É a mineração que sustenta a economia neste ambiente gelado. Sem as minas, a cidade de Oymyakon, que é o lugar habitado mais frio da Terra, seria povoado apenas por pastores de renas.

Na mina de ouro de Badran, a temperatura na superfície era de 45 graus negativos.

Andrei Dubov, que trabalhava na mina por uma década, afirmou que o frio não é um problema.

'Me agasalho e é seco. Então é um clima muito melhor do que em muitas outras partes da Rússa', afirmou. Ele afirmou que a temperatura mais gelada que pode se lembrar foi de 63 graus negativos.

'Provavelmente era mais frio, mas o termômetro ia apenas até 63 graus negativos', disse.

Congelamento

A temperatura mais baixa que enfrentei em meus dias na Sibéria foi de 53 graus negativos, tão frio que depois de poucos minutos fora de casa, a pele exposta ao frio começava a doer, as superfícies úmidas em minhas narinas congelavam, e dedos das mãos e dos pés ficavam muito gelados rapidamente, apesar das três camadas grossas de meias e dois pares de luvas.

O cabo flexível do microfone também ficou rígido e fui avisado que, se tentasse dobrar o cabo, ele provavelmente iria partir.

Mas, apesar de todas as dificuldades os moradores de Ust-Nera não pretendem ir embora. Como é o caso da família Vadreyev, todos nascidos na cidade.

'Claro que temos que nos agasalhar muito. Em outras partes da Rússia você pode só vestir um casaco e sair, aqui é preciso muito mais tempo para nos vestir. Mas estamos acostumados com isso, Este é nosso lar', afirmou Martina Vadreyev enquanto vestia sua filha Maria com um casaco de pele.

E foram as duas para o frio de 52 graus negativos. E em queda.

Você quer saber mais?

http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2010/12/01/siberianos-sobrevivem-temperaturas-de-60-graus-negativos-923161037.asp