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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Uma pequena análise sobre o livro de Enoch

Enoch, o sétimo depois de Adão.

O livro de Enoch foi retirado do corpus bíblico por ser apócrifo, e isto comporta duas assepções, tanto a de oculto, quanto a de se ser suspeito e pouco confiável. Pela estrutura do texto, ambas devem ser aplicáveis.
Excluindo-se o sentido cabalístico do texto, em muitas seções resta apenas um arrazoado sem o menor sentido diante da ciência contemporânea, é claro que o essencial resta oculta nas estâncias do misticismo Sepher Dzieunuta, e do Sepher Yetsirá.
Entretanto, embora este livro tenha sido retirado da oficialidade canônica, não deixa de ser citado muitas vezes no corpus bíblico,como em Lucas (3,37), Hebreus (11,5), Eclesiástico (44,16 ; 49,14). Na epístola de Judas Tadeu cita Enoch textualmente: Tembém Enoch, o sétimo depois de Adão, profetizou destes, dizendo: " Eis que vem o Senhor entre milhares dos Seus santos a fazer juízo contra todos, e a argüir todos os ímpios de todas as obras de sua impiedade..."
O Livro foi reencontrado no século XVIII pelo viajante inglês Bruce. No século XIX, foi feito por Lawrence uma edição em 1821 e muitas outras na Inglaterra e Alemanha. Servimo-nos do tomo 23 do "Dictionaire des Apocryphes", 1856, Ab. Migne de excelente qualidade por sua fidelidade e informações antepostas ao texto.
Os exegetas estão de acordo quanto à possibilidade da redação original do Livro ter ocorrido por volta do século III aC, muito em conta das descobertas dos pergaminhos do Mar Morto no século XX. O Livro dos Esplendores cita o Livro de Enoch como um dos conservados através de gerações, como o Zohar.
É provavel ainda que, sob o nome de Enoch, abrigue-se o nome de um membro da seita dos essênios, o que ocorria com frequência em tais ordens monásticas. Nomes como Hermes Trimegistro, Zoroastro passaram a ser um título distintivo entre iniciados nos Mistérios.
Apenas os estudos comparativos de textos como Bardo Todol, Livro dos Mortos e do Corpus Hermeticum possibilitará o leitor de avaliar os textos contidos no Livro de Enoch.

Enoch segundo os rabinos


Rashi – um dos maiores comentaristas e intérpretes das Escrituras entre os sábios judeus – por exemplo, escreveu que "e andou Enoch – era justo e inocente em seus pensamentos, não sendo acusado em coisa alguma, por isso apressou-se o Eterno, Bendito seja Ele, em removê-lo desta Terra e matá-lo antes do tempo previsto, e esta é a razão de estar escrito, em relação a sua morte, וְאֵינֶנּוּ, “veeinenu” – pois “não havia mais ele” no neste mundo no propósito de cumprir seus anos de vida, porque לָקַח אֹתוֹ, “laqach otô” – “tomou para si (Deus)” antes do tempo.".


Em contraste com Rashi, outro comentarista bíblico - Levi ben Gershom - filosofou que “eis a causa a este fato de não ser lembrada a sua morte neste evento, contrariando os outros descendentes seus cujas mortes foram lembradas, insinuando alguma diferença entre ele e as outras personagens bíblicas: ele fez paz com sua alma e chegou a ela em sua perfeição, e as aquelas outras personagens morreram sem vontade, relutantes com a suas mortes.”. Isto significa que Enoch chegou a perfeição em sua “breve” vida, não sobrevivendo mais aqui, mas sendo tomado pelo próprio Deus."


Os sábios judeus, de abençoada memória, comentaram que “em todas as situações o sétimo é preferido [...] nas gerações: Adam, Seth, Enosh, Kenan, Mehallel, Jered, and Enoch - e entre estas todas “Enoque andou com Deus” (Gen 5:24); Entre os patriarcas, o sétimo é o preferido: Abraham, Isaac, Jacob, Levi, Kehath, Amram, e Moisés: e Moisés subiu para Deus (Ex 19:3)”. – (Peskita de Rab Kahana: cap. 23).


De acordo com o Targum de Yonatan – tradução para o aramaico das Escrituras hebraicas – Enoch tinha se elevado ao céu ainda em vida e teria se transformado no anjo Metatron. O versículo “porque andou (Enoch) com Deus” no Targum de Yonatan: “E não esteve mais (Enoch) entre os habitantes da terra, pois foi tomado e subiu para os céus, pelo comando do Eterno (se fez isso), e chamou seu nome de Metatron, o Grande Escriba.


De acordo com outro midrash, Enoch esteve entre o seleto grupo dos que entraram no paraíso celeste, indicando os que tiveram esta oportunidade - “nove foram os que entraram em vida no Jardim do Éden celestial, e estes são: Enoque, filho de Jarede, e Elias (profeta), e o Messias, e Eliezer, servo de Abraão, e Hiram, rei de Tiro, e o servo do rei de Kush ( Etiópia), e Yaabetz, filho de Rabbi Yehudá o Príncipe, e Batiah, filha de Faraó, e Sarah, filha de Asher, e há os que afirmam também que Rabbi Yehoshua ben Levi.”


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Dicinodonte jachaleria candelariensis teria vivido há 220 milhões de anos. Segundo pesquisadores, trata-se da parte da superior mandíbula.

Belermino Steffanelo e o curador do museu, Carlos Rodrigues, exibem o fóssil do Dicinodonte jachaleria candelariensis (Foto: Maieve Soares/Divulgação/Prefeitura de Candelária)

Um fóssil do dicinodonte jachaleria candelariensis, dinossauro herbívoro que teria vivido há 220 milhões de anos, foi encontrado na cidade de Candelária, a 198km de Porto Alegre. A descoberta é a mais recente do Brasil dentro do período triássico. Segundo pesquisadores, trata-se da parte superior da mandíbula do animal.

O pesquisador Belermino Steffanelo, voluntário do Museu Aristides Carlos Rodrigues, encontrou o fóssil durante escavação nas margens da RSC 287, nas proximidades do Cerro do Botucaraí. O local é considerado um dos mais difíceis de serem explorados da cidade.

“Fomos fazer outro trabalho no local e acabamos encontrando o fóssil. Vamos regularmente até as localidades de afloramento, pois, com as chuvas e demais ações do tempo, acabamos sempre encontrando algo”, conta Steffanello.

O material foi encaminhado para o professor da UFRGS Cezar Schultz, especialista no assunto. O pesquisador destaca a importância da descoberta. “Esse material é correspondente ao período de tempo em que surgiu o grupo dos dinossauros. Há uma grande chance haver em Candelária um testemunho dos primeiros dinossauros que andaram sobre a terra”, afirma.

Descobertas de fósseis já fazem parte da rotina de Candelária. A cidade é localizada na faixa entre os municípios de Bom Retiro do Sul e Mata. A região é a única do país na qual já foram encontrados fósseis do período triássico.

No final de outubro, também foram encontrados fósseis pertencentes a um rincossauro. A descoberta aconteceu na RS 153, no município de Vale do Sol.

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http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/12/fossil-de-dinossauro-do-periodo-triassico-e-encontrado-no-rs.html

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Presença de Cristo em dois livros de Plínio Salgado - João Ameal


João Ameal



Segue belíssimo texto do grande historiador, pensador e doutrinador tradicionalista, patriótico e nacionalista português João Francisco de Sande Barbosa de Azevedo e Bourbon Aires de Campos, 2.º Visconde e 3.º Conde do Ameal, mais conhecido pelo pseudônimo de João Ameal (1902-1982), intitulado Presença de Cristo em dois livros de Plínio Salgado e extraído da obra A verdade é só uma (Porto: Livraria Tavares Martins, 1960, pp. 41-53). O texto, que aqui apresentamos na ortografia original, também pode ser encontrado no segundo volume da obra coletiva Plínio Salgado: “in memoriam” (São Paulo: Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, pp. 148-156).
Fique o leitor com essas belas páginas do ilustre autor da História de Portugal, de São Tomás de Aquino e de Europa e os seus fantasmas, que é, como seu amigo e irmão de ideal Plínio Salgado, um bravo adail da Fé, da Tradição e do Império, um augusto cavaleiro da Nova Reconquista.

Presença de Cristo em dois livros de Plínio Salgado


Por João Ameal
Dizia Leopoldo Levaux – um crítico belga desconhecido, segundo creio, em Portugal – haver certas obras que por si mesmas julgam os seus autores. Trata-se (acrescentava Levaux) de obras consagradas aos mais amplos temas, fora da medida comum. O simples facto de se dedicar a tarefas dessa ordem classifica e revela a envergadura, não só intelectual mas moral, de quem assim volta intrèpidamente as costas às facilidades da improvisação e do menor-esforço e tenta empresas de grande vulto e de grande rasgo... Poder-se-ia resumir tal ponto de vista como variante adequada do velho aforismo popular: “diz-me o que visas, dir-te-ei quem és...”

Num momento como este, perante as mil interrogações e apreensões que enchem o horizonte – é a hora dos pensadores e artistas visarem acima de si próprios, explorarem não as zonas brilhantes e superficiais do Efémero, mas aqueles altos domínios em que os problemas do homem, do seu destino essencial, das suas duras lutas, das suas esperanças de resgate têm de ser vistos em plena claridade, sub specie aeternitatis. Só essas vastas perspectivas são dignas de absorver os trabalhadores do Espírito – quando em redor, se joga um dos maiores dramas de todos os tempos...



... Mas quantos se mostram à altura dos apelos e das responsabilidades do instante que passa?

2

Plínio Salgado interessa-me e comove-me por ser artista – dos autênticos; e, também, por ser não apenas artista. Quando escreve ou quando fala, domina-o invariavelmente o propósito de cumprir uma alta missão. Fala ou escreve para dar testemunho da Verdade que o transcende, que nos transcende a todos e que hoje, mais do que nunca, importa proclamar e difundir. Ao lê-lo e ao escutá-lo, tomamos contato com uma “alma viva”, segundo a frase do filósofo. Mais: com uma alma que compreende o sentido total da Vida e tem o dom de acordar essa compreensão à sua volta.
Não se extravia em aspectos secundários e em temas episódicos; consagra-se a defender com ardor a Verdade integral, aquela que traz consigo todas as explicações e soluções – numa época em que os homens sofrem, por certo, das fúrias desencadeadas da guerra mecânica, da agitação social e política, da crise económica, mas sofrem, mais ainda, desse mal de raiz que é a intoxicação do espírito, feita de dúvidas mórbidas, de equívocos pérfidos, de sofismas insidiosos, de problemas supérfluos ou absurdos.

A todos os intoxicados aponta Plínio Salgado a soberana Afirmação que dissipa todas as dúvidas, a soberana Certeza que vence todos os equívocos, a soberana Realidade diante da qual todos os sofismas se esvaem e que suprime ou aclara todos os problemas.
Ao serviço de Cristo – Caminho, Verdade e Vida – põe uma lógica persuasiva e uma eloquência calorosa. Ataca de frente, com destemor, as frágeis mentiras, as paixões empolgantes, os vícios da conduta moral, as graves e ardilosas traições à inteligência. De tudo isso ensina a triunfar com facilidade e segurança. Prepara, de facto, - para empregar a sua conhecida fórmula – a vitória do Sim sobre o Não. Ante um mundo caduco, cheio de mitos decrépitos e de truísmos ocos, é a demonstração luminosa da perene juventude da Ortodoxia, da eficiência do dogmatismo fundado na Revelação – contra as várias espécies de racionalismo, de evolucionismo, de cepticismo, de materialismo concebidas pela impotente vaidade dos homens.

A Verdade que serve, com fervor de paladino, está acima do espaço como do tempo. Mostra-se, em qualquer momento da História, sempre válida – e onde quer que soe, em algum canto da Terra, nós a saudamos e nela encontramos a luz na tormenta e a esperança na batalha sem fim.

3

Aqui está um livro que Linares Rivas poderia dizer “escrito con la sangre del alma”... Plínio Salgado compreendeu que um relato da Vida de Jesus tinha que ser vivido, sentido – ainda mais: sofrido. Dir-se-á, por vezes, ao longo dos seus capítulos que tão de perto acompanham os passos de Cristo na Terra, ter o escritor dispendido um esforço para em si mesmo renovar a experiência dessas remotas jornadas, gloriosas e dolorosas. “Não fiz aqui obra de erudição ou de exegese. Estas narrativas são o espelho de um sentimento que vive em mim e tudo explica em mim”. Vê-se perfeitamente como Plínio obedeceu tão profundo sentimento. A comoção, a exaltação com que escreve tornam a sua Vida de Jesus uma evocação diferente das outras, um livro único acerca de um momento único da História do Mundo.
Não se esqueceu, evidentemente, de traçar o quadro da época; fê-lo até com extraordinário vigor. Mas, para além das circunstâncias do meio e do tempo, soube ressuscitar, ante nós, a figura sempre viva e próxima de Jesus de Nazaré. De certo quis assim prestar alto serviço espiritual. No prefácio, encontro estas linhas elucidativas: - “As paixões e loucuras dos homens continuam as mesmas e a necessidade de Cristo é sempre a mesma.” Hoje, como nunca, na paisagem devastada – a necessidade de Cristo avoluma-se, cresce ainda... Não há só a batalha dos exércitos; há também a decisiva batalha das ideias, dos conceitos de Deus, do Homem e da Vida. Conforme os que venceram, tomará a Civilização um rumo de suicídio ou de convalescença...

Bem haja Plínio Salgado por nos oferecer, nesta hora, a palavra cristã da Verdade, do Amor e da Paz. O seu livro é, por isso, - sem falar já nos méritos propriamente literários – um grande livro. Numa crise de inquietação mórbida e febril como a que hoje consome a maioria dos homens, recorda as forças que tudo superam e as claridades que iluminam o caminho. Grande livro, por não ser, como tantos, apenas estéril e angustioso rol de perguntas; por ser antes fecundo manancial de respostas!

4

Pode-se dizer que nesta há três protagonistas de desigual estatura.



Antes de nenhum, evidentemente, Cristo, Homem e Deus, a quem Plínio Salgado nada tira da humanidade, e nada fez perder também da sua divindade. A vida de Jesus é descrita como a de um homem pertencente a uma sociedade e uma época; mas cada um de seus actos e dos incidentes que o rodeiam possue estranho, misterioso prestígio. Entre os homens passa, de facto, o sopro do Alto – ergue-se a Presença inconfundível e inefável. Ouça-se um trecho expressivo, que restitue, ao mesmo tempo, o sabor da gente e da paisagem nazarenas e aquilo que, em Cristo, ultrapassa uma e outra:
- “Como era boa, e simples, e sem inquietações torturantes aquela vida com Jesus, sobre os barcos, abrindo as velas ao vento na superfície tranqüilo do lago de Genezaré! O sol brilhava sobre as montanhas azuis; as frondes verdes agitavam-se mansamente, emergindo nas ribanceiras; aves cortavam o firmamento translúcido. Quantas vezes, deixando os barcos, o Mestre e os discípulos galgavam a encosta das montanhas, em cujo cimo Jesus gostava de orar! Lá em baixo, ondulavam as searas cor de ouro, subia docemente o fumo dos casais; nas abas das colinas cantavam pastores, pastoreando os rebanhos... A grande lua encontrava os Treze, caminhando pelas estradas brancas; a túnica do Mestre alvejava na frente, e o luar brilhava nos seus cabelos. Tinham assim jornadeado, por aldeias e cidades, onde as multidões se aglomeravam a ouvir a palavra divina e a trazer paralíticos, cegos e surdos, que se punham a andar, a ver e a ouvir, bendizendo o jóvem profeta de Israel”.

Cristo é o primeiro protagonista do livro. No ambiente corrupto do Império Romano, em que todos os vícios e todos os desvarios se conjugam para levantar na História um grito monstruoso de orgulho materialista – lança Jesus de Nazaré a sua revolução de amor, de justiça, de restauração do homem, de amparo aos humildes, de luta sem tréguas contra os tiranos. Revolução que ràpidamente alastra, como incêndio soprado por um vento de cima. Mas atrái sobre o doce Profeta israelita a ira crescente dos poderosos e acaba por tecer à sua volta uma conjura fatal, cujo epílogo será a horrenda jornada do Calvário.
Essa conjura nos leva a falar de outro protagonista do livro: o Homem, na inumerável multiplicidade das suas máscaras, das suas reacções, dos seus destinos diversos – mas na unidade substancial da sua frágil argila pecadora. Em frente de Deus feito Homem, a pobre humanidade vulgar não acerta com o rumo. Seguem uns o Mestre; outros, invejam-nO e combatem-nO; outros caluniam-nO e atraiçoam-nO; todos, por fim, O crucificam. Jesus não se surpreende nem se indigna. Como diz Plínio Salgado, “bem conhecia e bem conhece o barro humano; bem sabia e bem sabe dos conflitos desesperadores entre a nossa carne e o nosso espírito; estava certo, como está certo, de que somos todos falíveis, todos susceptíveis de cair muitas vezes, depois de nos havermos levantado; que o homem não pode confiar no homem e que ninguém pode basear a própria virtude na própria invulnerabilidade”. As contradições humanas são-lhe familiares: - “Coragem e cobardia, verdade e mentira, desprendimento e ambição, caridade e egoismo, fé e descrença, labor e preguiça, pureza e luxúria, sobriedade e gula, paciência e desespero, amor e ódio, afirmação e negação, em suma; o Espírito e a Carne. O Espírito é leve; o Corpo é pesado. O Espírito aspira ao alto, o Corpo tende para a terra. O Espírito respira a misteriosa atmosfera do Infinito; o Corpo satisfaz-se com o ar cá de baixo. E justamente o fim maior do Nazareno é estabelecer a aliança do Corpo com o Espírito”.

Terceiro protagonista do livro: o próprio Autor. A cada momento, além de narrar os factos, com extrema fidelidade aos textos evangélicos – comenta e julga. Das luminosas palavras de Jesus vêmo-lo constantemente extrair ensinamentos novos – alguns de especial aplicação aos males do nosso tempo. A sua intervenção, por isso, longe de ser pesada ou indiscreta, converte-se em preciosa ajuda para bem colhermos tudo o que para nós havia, e continua a haver, no exemplo e na lição de Cristo.
Sirvam de eloquente amostra os desenvolvimentos tão oportunos e tão justos acerca do velho motivo, sempre actualíssimo, das relações entre Cristo e César:

- “As palavras de Jesus dirigem-se a todos os séculos sempre que este problema se propuser: os limites do Estado, a sua área e profundidade de acção, a natureza de seu governo.
A missão do Estado não é a de Cristo, cujo reino não é deste mundo”; porque o reino do Estado é exactamente, e sòmente, “deste mundo”. Sendo o reino de César, ou do Estado, deste mundo, isso não significa que César, ou o Estado, se desinteressem do reino de Cristo, porque o reino de Cristo é para os homens, e César tem deveres espirituais como homem, como os tem na qualidade de chefe de homens.

Os direitos de César, nos limites do seu império, são exclusivos, e tão exclusivos que o próprio César os reconhece e neles não interfere. É claro que César não deverá ultrapassar as fronteiras de seu Império. Quais são essas fronteiras? As do respeito à personalidade humana e a tudo o que dela se origina, pois tais coisas já pertencem ao reino de Cristo. Jámais César deverá penetrar os umbrais da consciência dos seus dirigidos, como estes jamais deverão transpor os arcanos da consciência de César, pois no fundo da consciência o homem pertence exclusivamente a Deus. César não poderá plasmar a consciência dos seus dirigidos conforme seus caprichos, como também seus dirigidos não poderão plasmar a consciência de César, porquanto César é humano, simples cidadão do Reino de Deus, e só ele deverá saber a maneira de melhor cumprir seus deveres de cidadão.
O Povo não pode ser uma criação de César, nem César uma criação do Povo. E toda a vez que César quer criar o Povo, fabrica um monstro; e toda a vez que o Povo quer criar um César, fabrica um Anti-Cristo.

César e Cristo não são antíteses um do outro. Para que César viva não é necessário que Cristo morra; e para que Cristo impere não é preciso que César seja eliminado.
A frase de Jesus é a regra da harmonia perfeita: “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”.

Li até hoje algumas Vidas de Jesus. Lembro, entre as mais antigas, a venenosa obra de Renan; entre as mais recentes, o forte e belo livro de Papini, ou o de Mauriac, cheio de claridades dramáticas. Nenhuma tanto me impressionou como esta – talvez por em nenhuma ter encontrado identificação tão nítida entre o escritor e o tema. A linguagem de Plínio Salgado aparenta-se à dos próprios Evangelistas: traduz a mesma fé, o mesmo alvoroço espiritual, a mesma vocação missionária.
No final estamos longe de assistir a um epílogo, embora seja o glorioso epílogo da Ascensão. Assistimos, sim, a um começo, a um ponto de partida. Terminada a Sua trajectória na Terra, cumprida a Sua missão, nem por isso Cristo deixa de estar ao nosso lado. Pelo contrário: é agora, depois de termos visto desaparecer a Sua transitória forma humana, que O sentimos presente como nunca.

Eis em que estado de espírito se fecha o livro de Plínio Salgado – que se prolonga muito para além da simples leitura e ficará a viver em nós por largo tempo...

6

“Quanto mais Dor, mais Amor!” – exclamou, um dia, um grande filósofo e um grande santo. É na hora em que a Dor se torna mais amarga, mais pungente, mais devastadora – que se devem lançar à terra as sementeiras do Amor prodigioso e misericordioso. Desse Amor que tudo cobre, tudo salva e tudo vence fala o Autor da Vida de Jesus, no pequeno volume complementar a que deu o título de A Imagem daquela noite.
Nele se reúnem alguns ensaios e alegorias em que Plínio Salgado continua a ser infatigável pregoeiro da Verdade. Estas páginas são também escritas ao seu serviço – e resolvem-se num insistente apêlo.

Pobres dos que fecharem os olhos para não verem e cerrarem os ouvidos para não ouvirem!
A Imagem daquela noite – é, ainda, a Imagem de Cristo. De Cristo crucificado. Do Homem-Deus – vítima dos que não souberam compreendê-lO e merecê-lO e miseràvelmente O imolaram entre os seus ódios, os seus crimes, as suas blasfémias. Em redor, agitam-se os desvairados remorsos da turba assassina, os nocturnos pavores dos que principiam a adivinhar, na treva densa, sinais de expiação – e, também, a mágua dos que O deploram e O recordam e, pelo contrário, sabem que, por detrás das espessuras da noite, abrirá a madrugada da Ressureição.

Não se trata, apenas, da evocação de um lance decisivo da História Universal. Plínio Salgado faz-nos reviver o tremendo quadro para nos colocar diante das perspectivas imutáveis que regem, hoje como então, os nossos destinos. E não tarda a formular assim a lição do Calvário, na sua perene actualidade:
- “O Cristo não veio ao mundo para ser apenas tolerado mercê de uma liberdade que se concede igualmente aos falsos profetas. Veio para ser ou rejeitado, ou aceito e proclamado. Não nos indicou terceira forma além da treva e da Luz. Sabem disso os que ardem na insónia daquela primeira noite do crime, uns vendo a própria condenação e outros a salvação na imagem do Filho do Homem a agonizar no seu madeiro.

Visão de morte e de vida, ela atravessará as idades, ressaltando nas esculturas ou estampando-se nos retábulos, à luz dúbia dos vitrais dos templos, à penumbra dos mosteiros, ou recortando-se nas paredes nuas das celas, dos hospitais, dos cárceres, ou coroada de sol, ou batida de invernia, nos átrios das ermidas solitárias e na moldura de ciprestes das necrópoles.
Mas estará mais fortemente esculpida, por todo o sempre, na consciência dos homens!

O Cristo Crucificado não sairá mais do mundo. Será inútil fugir d’Ele, escondendo-se no agnosticismo de Pilatos, na ironia de Herodes ou na impenitência do Sinédrio. Ignorá-Lo é impossível. Tentar esquecê-Lo é esforço vão”.
Um dos mais belos trechos, o “Menino e o Homem”, convida-nos a uma espécie de ressurgimento interior, isto é, a descobrir outra vez as puras nascentes da graça divina – claras e frescas, tais quais em nós fluíram nas jornadas iniciais da Infância. Do que os homens sofrem, acima de tudo, é da perda do Estado de Graça – e da irreparável nostalgia por ele deixada em cada alma. Mostra-lhes o escritor, como supremo objetivo, a reconquista dessa plenitude, sem a qual não poderão encontrar o remédio para as suas amarguras, as suas ansiedades e os seus problemas.
Ante a imagem daquela tenebrosa noite do Gólgota, Plínio Salgado ilumina, com seu verbo de fogo, os rumos promissores do Novo Dia!

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Mito de Kumari Kandam

Kumari Kandam, sendo identificado como Lemuria.

Kumari Kandam (Tamil: Kumarikkaṇṭam) é o nome de um suposta massa de terra que teria afundado, e é referida na literatura antiga Tamil (Os tâmeis (em tâmil: Tradução tamiḻar), são um grupo étnico nativo de Tamil Nadu, um estado da Índia e da região nordeste do Sri Lanka. Falam predominantemente o tâmil, e têm uma história registrada que data em cerca de dois milênios. É dito ter sido localizado no Oceano Índico, ao sul da atual Kanyakumari distrito no extremo sul da Índia.

Referências na literatura Tamil

O antigo continente de Kumari Kandam desenhado com o conhecimento que se reuniu a partir das referências da literatura. Cortesia: Gems from the Past Pre Historic.

Há referências esparsas na literatura Sangam, como Kalittokai, a forma como o mar tomou a terra dos reis Pandiyan, sobre a qual eles conquistaram novas terras para substituir aqueles que haviam perdido. Há também referências aos rios Pahruli e Kumari, que se diz ter fluído em uma terra agora submersa. O Silappadhikaram, um épico do século V, afirma que o "mar cruel" tomou a terra Pandiyan que havia entre o rio Pahruli e os bancos montanhosos do Kumari , para substituir o que o rei Pandiyan conquistou terras pertencentes aos reis Chola e Chera (Maturaikkandam, versículos 17-22). Adiyarkkunallar, um comentarista do século XII sobre o épico, explica esta referência, dizendo que houve uma vez uma terra ao sul da atual Kanyakumari, que se estendia por 700 kavatam do rio Pahruli no norte até o rio Kumari no sul . Como o equivalente moderno de um kavatam é desconhecida, as estimativas do tamanho da terra perdida variam de 1.400 milhas (2.300 km) a 7.000 milhas (11.000 km) de comprimento, para os outros o que sugere uma área total de 6-7,000 quilômetros quadrados, ou menor ainda uma área de apenas algumas vilas.
Esta terra foi dividida em 49 Nadu, ou territórios, que ele chama de sete territórios de coco (elutenga natu), sete territórios Madurai (elumaturai natu), sete territórios de areia (elumunpalai natu), sete novos territórios de areia (elupinpalai natu), sete territórios de montanha (elukunra natu), sete territórios orientais costeiras (elukunakarai natu) e sete pequenos territórios (elukurumpanai natu). Todas estas terras, diz ele, juntamente com a terra de muitas montanhas que começou com KumariKollam, com florestas e habitações, foram submersas pelo mar. Dois destes Nadus ou territórios foram supostamente partes da atual Kollam e distritos Kanyakumari .

Mapa com alguns detalhes do de Kumara Kandam ou Lemuria.

Nenhum desses textos possuia a referencia ao nome da terra "Kumari Kandam" ou "Kumarinadu", como é comum hoje. A única referência semelhante pré-moderno é um "Kumari Kandam", que é chamado no texto medieval Tamil Kantapuranam quer como sendo um dos nove continentes, ou uma das nove divisões da Índia e da região apenas para não ser habitada por bárbaros. Movimentos revivalistas XIX e XX de Tamil, no entanto, veio a aplicar o nome para os territórios descritos no comentário Adiyarkkunallar ao Silappadhikaram. Eles também associada este território com as referências no sangams Tamil, e disse que as cidades do sul do lendário Madurai e Kapatapuram onde os dois primeiros sangams disseram que seria realizada foram localizados em Kumari Kandam.

Reencontro moderno

Mapa ilustrado de Kumari Kandam. Fonte: History Channel.

No final dos anos XIX e início do século XX, nacionalistas Tamil vieram a se identificar com Kumari Kandam Lemuria, um "continente perdido" hipotético postulado no século XIX para responder as descontinuidades na biogeografia. Nesses relatos, Kumari Kandam tornou-se o "berço da civilização", a origem das línguas humanas em geral e a linguagem Tamil, em particular. Essas idéias ganharam notabilidade em na literatura acadêmica Tamil sobre as primeiras décadas do século 20, e foram popularizadas pelo Iyakkam Tanittamil, nomeadamente através da auto-didata Dravidologist Devaneya Pavanar, que declarou que todas as línguas da Terra eram apenas dialetos Tamil corrompido.
R. Mathivanan, então editor-chefe do Projeto Dicionário Etimológico Tamil do Governo de Tamil Nadu, em 1991, afirmou ter decifrado o script ainda indecifrado de linguas Indus como Tamil, seguindo a metodologia recomendada por seu professor Devaneya Pavanar, apresentando o seguinte cronograma (citado após Mahadevan 2002):

200.000 a 50.000 aC: a evolução do "Homo tâmil ou Dravida".

200.000 a 100.000 aC: início da língua Tamil.

50.000 BC: Kumari civilização Kandam.

20.000 aC: A cultura perdeu Tamil da Ilha de Páscoa que havia uma civilização avançada.

16.000 BC: Lemuria submersa.

6087 aC: Segundo Tamil Sangam estabelecida por um rei Pandya.

3031 aC: Um príncipe Chera em suas andanças na Ilha Salomão viu cana selvagem e começou o cultivo em Tamil Nadu.

1780 BC: O Terceiro Tamil Sangam estabelecida por um rei Pandya.

7 º século aC: Tolkappiyam (o mais antigo conhecimento gramático Tamil existente).

Mathivanan usa o termo "Invasão Ariana" como retórica para explicar a queda desta civilização:
"Depois de absorver os costumes da cultura ariana de destruir o inimigo e seus habitats, os dravidianos desenvolveram uma nova abordagem na guerra: vingar e destruir. Isso induziu-os à ruína os fortes e cidades de seus próprios irmãos de inimizade".
Mathivanan afirma que sua interpretação da história é validado pela descoberta do " Selo Jaffna", um selo tendo uma inscrição Tamil-Brahmi confiadas pelos seus escavadores do século III aC (mas reivindicado por Mathivanan até à data de 1600 aC).
teorias de Mathivanan não são considerados principais pela academia da universidade contemporânea internacional.

Cultura popular

Kumari Kandam apareceu no “O Segredo sábados episódios "The King of Kumari Kandam" e "Pin O Atlas". Esta versão é uma cidade na parte de trás de uma serpente marinha gigante com seus habitantes e todas as pessoas como peixes.

A Perda do real ao imaginário

Livro Sumathi Ramaswamy, a terra perdida de Lemúria: Geografias Fabulas, Histórias catastrófica (2004) é um estudo teoricamente sofisticada das lendas Lemuria, que amplia a discussão para além tratamentos anteriores, olhando para narrativas Lemuria da ciência do século XIX da era vitoriana para Euro- Americana ocultismo, colonial e pós colonial da Índia. Ramaswamy discute particularmente como as culturas processam a experiência de perda.

Você quer saber?

Ramaswamy, Sumathi (2000), "History at Land's End: Lemuria in Tamil Spatial Fables", The Journal of Asian Studies (The Journal of Asian Studies, Vol. 59, No. 3) 59 (3): 575–602.

Ramaswamy, Sumathi (2004), The Lost Land of Lemuria: Fabulous Geographies, Catastrophic Histories, Berkeley: University of California Press.

http://www.tamilnet.com/art.html?catid=79&artid=13862

http://tamiltv2u.com/history/kumari-kandam-the-lost-lemuria-continent

FALE COM O CONSTRUTOR

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OBJETIVO

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PESSOAL

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INTEGRALISMO

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DESCONSTRUINDO O COMUNISMO

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DESCONSTRUINDO O NAZISMO

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Democracia da Memória e da Informação: Os Museus Virtuais Totais.

Concepção artistica do interior da Biblioteca de Alexandria.

A palavra museu é um termo latim, derivado do grego mouseion, que originalmente significa o templo dedicado às nove Musas, filhas de Zeus com Mnemósine, e donas da memória absoluta, da imaginação criativa, danças, músicas e narrativas. Ajudavam os homens a esquecer a ansiedade e a tristeza. Elas presidiam às ciências e às artes, guardavam os tesouros da cultura. Um dos tesouros era guardado por Mnemósine, a deusa da Memória.


O mouseion era uma mistura de templo e instituição de pesquisa, voltada, sobretudo, para o saber filosófico.

O mouseion era então esse local privilegiado, onde a mente repousava e onde o pensamento profundo e criativo, liberto dos problemas e aflições cotidianos, poderia se dedicar às artes e às ciências. As obras de arte expostas no mouseion existiam mais em função de agradar as divindades do que serem contempladas pelo homem. (SUANO, 1986:10-11).

Com a dinastia dos Ptolomeus, no século II a C., a cidade de Alexandria, Egito, formou o seu grande mouseion, cuja principal preocupação era o saber enciclopédico. Ou seja, buscava-se discutir e ensinar todo o saber existente nos campos da religião, mitologia, astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia etc.

Popularmente conhecido como “Biblioteca de Alexandria, esse mouseion, fundado por volta de 290 a C. pelo Rei Ptolomeu I Sóter era um complexo que apoiava a comunidade local e as escolas. À comunidade incluía apartamentos, salas de jantar, leitura, claustro, jardim botânico, parque zoológico, observatório astronômico e biblioteca. Os objetos litúrgicos e instrumentos astronômicos, animais de pêlo, presas de elefantes, estátuas e bustos eram também guardados e usados por professores em aula. O espaço museístico e mais a livraria foram destruídos por volta de 270 a C durante distúrbios civís.

E entre os grandes trabalhos por ele abordado figuravam um dicionário de mitos, um sumário do pensamento filosófico e um detalhado levantamento sobre todo o conhecimento geográfico de então. (SUANO).

Naquele mesmo período, os templos da Grécia eram preenchidos por estátuas, vasos, pinturas e ornamentos de bronze, ouro e prata, dedicados aos deuses; alguns desses trabalhos eram exibidos para o público ver e apreciar. A partir desse costume, os trabalhos de arte podiam ser vistos em templos da Antiga Roma. Já nos fóruns, jardins, termas e teatros e em vilas de generais e Chefes de Estados, os trabalhos de arte e dos saques capturados em guerras eram exibidos para apreciadores particulares. O imperador Adriano ainda foi mais longe. Ele ordenou a reconstrução de toda a sua vila. Na história, e por esse fato, ele é considerado o precursor dos museus abertos.

No processo de desenvolvimento dos sistemas museísticos o objeto e as informações dos acervos sempre foram restritos às próprias classes que os criaram. A igreja e a nobreza a partir da Idade Média passaram a colecionar e conservar objetos do patrimônio histórico próximo, principalmente dos castelos e das igrejas. Durante esse período, as catedrais e os mosteiros da Europa tornaram-se repositórios de jóias, esculturas, manuscritos e relíquias de santos. No início do século VII, despojos das Cruzadas foram adicionados a esses repositórios. Ocasionalmente apresentados, as jóias e ouro também serviam como uma reserva para ser penhorada em tempo de guerra. Por exemplo, o tesouro da Catedral de Notre Dame em Reims foi aumentado ou esgotado de acordo com as fortunas nas batalhas francesas. (HUDSON)

No século XVI, período renascentista, tornou-se costume apresentar esculturas e pinturas em grandes salas ou galerias dos palácios e das residências de pessoas ricas, o que incentivou ainda mais o termo galeria para os trabalhos de arte serem vistos. Mudou também a postura, tornando-se mais documental e institucional, embora ainda restringindo os objetos e as suas informações apenas ao Clero, nobreza e artistas, situação que perdurou até o século XIX, quando já se inicia a sistematização museística, na documentação e exposição, sobretudo com o advento da Arqueologia – época da descoberta de Pompéia e Herculano no século XVIII -, e dos gabinetes de curiosidades ([1]).

Vale lembrar que, a partir do Renascimento, a estratificação social se modifica. Da tríade Clero-Nobreza-Servos medieval, a Idade Moderna terá a servidão transferida para uma camada denominada povo e uma intercessão entre ela e a Nobreza, os burgueses, compostos por artistas, escritores, políticos, médicos etc., embrião da burguesia que ascenderá no processo da Revolução Francesa de 1798.

Porém, antes do período da Revolução Francesa, mas época inicial do Iluminismo, coleções de pequenos objetos artísticos ou de curiosidade eram guardadas em gabinetes (do italiano gabinetto; germânicokabinett – todos derivados do latim cavea, “lugar oco” ou “caverna”). Originalmente uma peça de mobiliário onde pequenos valores eram guardados e protegidos, o gabinete foi mais tarde estendido no uso e significado para designar uma pequena sala onde objetos semelhantes eram guardados. Os primeiros gabinetes foram formados na Itália, propagando-se para o norte no século XVII; eles expandiram-se em toda a extensão da Europa com a prosperidade do comércio no século seguinte. Ocasionalmente, viajantes selecionados tiveram a permissão de visitar esses gabinetes privados; gradualmente, entre os séculos XVII e XVIII, eles foram abertos para a visita públicas. (AAGAARD-MOGENSEN)

Os primeiros museus modernos

Os Museus, como são conhecidos hoje, foram primeiramente criados na Europa no séc. XVIII. Em 1750 o Governo Francês passou a admitir sócios do público, muitos eram artistas e estudantes que, dois dias por semana, se dirigiam para ver algumas centenas de pinturas fixadas no Palácio de Luxembourg, em Paris; essa coleção foi mais tarde transferida para o Louvre. O Louvre, criado a partir de coleções reais do século XVI, do Rei Francisco I, iniciou, durante o período da Revolução Francesa, o primeiro grande museu público de arte; as suas portas foram abertas ao público em 1793. (HUDSON).

O Museu Britânico, em Londres, foi fundado como uma instituição pública em 1753, embora os visitantes tivessem que pedir por escrito a visita. Ainda em 1800 as pessoas tinham que esperar por duas semanas por um bilhete de visita; visitantes, em menor grupo, eram limitados para ficar por duas horas.

Entre outros museus fundados no período do Iluminismo, estão: o Museu Nacional de Nápoles (1738); a Galeria Uffizi, em Florença (1743); o Museu Sacro (1756) e o Museu Pio Clementino (1770-74), que são partes do complexo do Museu do Vaticano; e o Museu Nacional de Ciência de Madri (1771). Coleções reais foram abertas para o público em Viena (1770), Desden (1746), e o Hermitage, em São Petersburgo (1765). (Id.)

Na América do Norte, mesmo antes da Revolução Americana, os museus foram fundados nas colônias por cidadãos. O Museu Charleston, em Charleston, na Carolina do Sul (1773), voltado para a história natural e da região, é um exemplo de mais de 60 gabinetes e galerias estabelecidos por volta de 1850. Alguns, embora populares, não resistiram – como os museus fundados na Filadélfia pelo artista e antiquário suíços Pierre Eugène Du Simitiere em 1782 e pelo artista americano Willson Peale em 1786. Du Simitiere foi especialista em documentação da Revolução Americana. Outras instituições, todavia, permanecem até os dias atuais – por exemplo, a Sociedade Histórica de Massachusetts, em Boston (1791); o Instituto Smithsonian, em Washington, d.C. (1846); e o primeiro museu casa histórico, o Quartel General de Washington em Newburgh, Nova York, aberto em 1850. (HUDSON, NICHOLLS)

No nordeste dos EUA e no Norte da Europa, o final do século XIX foi um período de rápida proliferação de museus de história social e de emergência de museus de arte, particulares, mas importantes e de distintas instituições. O Museu Metropolitano de Artes de Nova York (MOMA), um dos museus mais importantes para a categoria das artes, foi fundado em 1870.
No século XX os museus de modo geral passaram a abrigar muito mais do que pinturas, esculturas, paleontologia e acervos histórico-arqueológicos. Gravuras, desenhos em vários meios, a própria edificação, as fotografias, os filmes, são também apresentados, assim como elementos das artes decorativas e do folclore, a arte indígena no México, EUA, Canadá e outras nações. No Brasil esse reflexo acontecerá somente na década de 1920 quando os museus sistematizaram os seus acervos, embora seja oportuno dizer que essas instituições seguiam um modelo enciclopedista ([2] ).

Hoje, os museus são considerados como instituições permanentes, sem fins lucrativos, que abrigam coleções de variados valores e categorias, com o propósito de conservar, pesquisar, informar e exibir suas coleções para a educação, a pesquisa e a visitação pública.

Definições e propósitos similares dessa natureza sobre o museu vêm sendo propagadas por diversas organizações que hoje guiam políticas e trabalhos museais pelo mundo. Por exemplo, a Associação Americana dos Museus (fundada em 1906), a Associação dos Museus Canadenses (1947), a Associação dos Museus Britânicos (1889), e o Conselho Internacional dos Museus (ICOM). Fundado em 1947, o ICOM é uma organização profissional independente que providencia fóruns para mais de 7000 membros em 119 países através de comitês locais, publicações, e atividades.

Trabalhando em parceria com a UNESCO e outras organizações mundiais, a missão do ICOM é desenvolver novos museus e forçar uma ligação entre os já existentes através dos governos e comitês responsáveis. Os encontros gerais do ICOM acontecem a cada três anos em diferentes países, e cerca de 20 comitês internacionais organizam fóruns em épocas intercaladas.

Com toda a metodologia, organização sistemática, ambiental e de tratamento das informações públicas e científicas, o museu é considerado como uma das mídias mais antigas, pois se consolidou como “uma ‘instituição-unidade de comunicação’ desde quando se institucionalizou na Idade Moderna, precisamente no Renascimento, cujo propósito (não necessariamente fundamental) era o de recuperar a informação histórica do desenvolvimento social e humano em várias das manifestações culturais, processá-las e logo devolvê-la...” ao observador, (BORDENAVE) alguém que tinha o privilégio de entrar nas restritas salas de exposição e nos mais ainda reclusos bancos de dados, que seriam posteriormente o sistema de documentação e informação.

Ainda hoje, quando não combinado à velharia, o museu é sinônimo de lugar pomposo e do luxo, do silêncio e do bom comportamento – “cuidado, não toque, não coma por perto”, “utilize as pantufas”, “15 pessoas de cada vez”. Isso para falar das salas de exposição, pois as reservas técnicas e o sistema de informação de acervo são ainda mais distantes do público amplo, restringindo-se a pesquisadores.

O povo latino-americano ao referir-se a algo que está superado, que não tem mais importância, diz: ‘isto é coisa de Museu’, ou ‘ isto não serve mais para nada[...] deve ficar em um Museu’” (FERREZ, 198?:8)

O museu é também lugar onde as “belas artes”, “as cadeiras dos imperadores”, “canetas dos presidentes” e símbolos da “gente ‘grande’ ou famosa” estão “guardados”, num sinal permanente da ostentação de classes e dirigentes políticos, criando a esfera de um ambiente onde nem a própria população local tem acesso.

No século XX, a partir da década de 1930, a mística da pomposidade e dos objetos reluzentes, com informações herméticas na exposição, muda em certo sentido O museu passa a se abrir para as pesquisas mais sistematizadas e acadêmicas e será visto como suporte para a educação. Além de ser uma instituição com fins de preservação, terá em seu ambiente cursos das áreas da Museologia, Numismática, Heráldica, Filatelia, Artes, Documentação e Diplomática. (BARROSO)

Mesmo nesse contexto do século XX, o museu limita e impõe valores que devem estar no seu ambiente, principalmente de exposição. Então, as taxas são cobradas, as lojas são criadas para a venda dos souvenires, exposições continuam com o mesmo caráter comportamental para os visitantes, com plotters e etiquetas com linguagem científica, a reserva técnica ainda se mantém como uma caixa forte e o BDI, e tudo que o engloba (livro de tombo, index, fichas de catalogação e identificação), é mantido a sete chaves.

Se os principais objetivos do sistema de documentação-informação-comunicação do museu são “conservar os itens da coleção, maximizar o acesso aos itens, maximizar o uso da informação contido nos itens” (FERREZ, 198?:13), então se percebe que em meados dos século XX havia um certo atraso no processamento. (v. esquema abaixo)

A partir do Museum Bus ([3] ), nos finais da década de 1950, a instituição museu se aproxima mais da sociedade, estendendo esta perspectiva com os Museu Abertos e de Vizinhança – anos 1970 -, até no Museu Comunitário, em meados dos anos 70, com o objetivo de se integrar a comunidade local cuja meta é criar o acervo com ela, e não para ela, quebrando a estética dos museus-casa oitocentistas.

Os projetos dos museus comunitários “foram resultado do trabalho conjunto de técnicos e comunidade, com custos muito baixos, já que essencialmente se trabalha com voluntariado e doações. Cada museu é distinto do outro, pois são fruto de trabalho de pessoas e cultura diferentes”. (CARVALHO, 1990:4).

Os museus comunitários obedecem à linha da história local, na tentativa de “superar as barreiras até hoje existentes, em nossos países, entre comunidade e técnicos. Muitas pessoas concordam com a idéia de que os Museus são elitistas, já que a maioria está feita e dirigida para a classe dominante e, por isso, seus textos, sua linguagem, sua mensagem é ininteligível ao povo, que passa a encará-los como algo obsoleto. O operário, o camponês, o indígena, enfim, as classes marginalizadas do processo histórico cultural, tem pelas condições de vida oferecidas a eles, uma visão prática das coisas”. (Id., 5).

Uma das primeiras experiências de museus comunitários no Brasil aconteceu em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em 1977. A população foi convidada através da televisão, “para voluntariamente organizar e montar o Museu. A partir daí, o Museu passou a ser o ponto de encontro da própria comunidade”. (Ib.,11)

Duas décadas depois, precisamente em 1994, depois que os museus comunitários se consolidaram, os museus encontraram um outro caminho para se apresentar ao público e tentar desenvolver as suas construções metodológicas (ambientes e sistemas) e expandir as suas informações. Os museus descobriram o caminho do ciberespaço, num momento em que a informação se tornou constante em uma mão dupla: a que tece o desenvolvimento da informática, com as facilidades da tecnologia e a da velocidade da informação.

Este novo mundo construído sobre as redes de telecomunicações, abriu aos museus uma era de grandes possibilidades. Sabemos que os museus são na atualidade um dos empreendimentos culturais mais bem sucedidos. Eles se constituem naturalmente em objeto de interesse público, uma vez que são guardiões e zeladores do patrimônio artístico da humanidade. (ALMEIDA FILHO, 1999).

Os museus virtuais, sobretudo aqueles criados sem interface da instituição tradicional, deram aval à criação e informação de histórias de qualquer personagem, de objetos artísticos (de artistas renomados e de iniciantes) e não-artísticos (de artistas, iniciantes e leigos), poemas e debates, tudo que compõe os acervos digitais, quebrando as barreiras do tempo-espaço, dos horários de visita, da comunidade local, do silêncio e mostrando textos que partem das mais simples pessoas de um lugar qualquer.

Agora não é o viajante que se desloca ao Museu, mas sim as suas informações, enviadas a um endereço eletrônico. Para André Lemos, na “sociedade em rede é o espaço, não mais físico, mas de fluxos de informação, que passa a organizar o tempo”. (LEMOS, 2001:17) O visitante vai ao museu sem sair do seu espaço geográfico, visita um museu cujo referencial é comum em um espaço sem limites, sem demarcações ou barreiras, um espaço não “extramuros” – como o fizeram o museum bus e o museu comunitário – mas simplesmente “sem-muros”. Uma ótica que reflete na própria estética do mundo contemporâneo, a da velocidade, o que seria, portanto, a ótica do ciberespaço. (VIRILIO, 2000).

Na sociedade global a moeda forte é a informação disponibilizada de forma universalmente acessível, just in time. As mudanças daí decorrentes terão enorme impacto nos modos de aprender e fazer do ser humano. A revolução da informação poderá modificar de forma permanente a educação, o trabalho, o governo, os serviços públicos, o lazer , as formas de organizar a sociedade e, em última análise, a própria definição e o próprio entendimento do ser humano. A nova sociedade caminha para a multidisciplinaridade, para a flexibilidade operacional, para a velocidade, a precisão e a pontualidade da informação. A humanidade está entrando na era da socialização da informação e da democratização de seu acesso. (JAMBEIRO, 2000:207)

Para Jesús Cáceres, “Outra sociedad apareció; el texto permaneció como figura que obliga, que ordena, que organiza, pero la lectura se liberó. Outro mundo emergió de las posibilidades de interpretar, de significar. El control sobre la mente se mantuvo gracias a la textualidad como imagen de la disciplina que permite avanzar. La gramática ocupó el lugar del texto para leer y ser leído. Em principio cualquiera que tuviera acceso a las normas de construcción podría leer lo armado a partir de ellas, y podría escribir. Pero no fue así, muchos tuvieron la oportunidad de leer, pero pocos tuvieron la oportunidad de escribir y de ser leídos. El control sobre el texto garantizó aún cierto control, más sutil, com menos gasto energético, com mayores posibilidades de manejo de la apariencia de la nueva libertad gramatológica”. (CÁCERES, 1999:2)

Os museus virtuais totais são aqueles criados, digitalmente, com funcionamento no próprio ciberespaço e que, portanto, não possuem uma “arquitetura presencial”, edificada como conhecemos convencionalmente, com salas, circuitos, teto, parede e chão de concreto. Mais uma criação que se revelou e vem se desenvolvendo no ciberespaço. Tecendo um estudo sobre cibercidades e cibersociedade, Cáceres observa que

La revolución de la cibersociedad trajo nuevos cursos metafóricos; ahora es posible leer y escribir, y hacerlo em grupo y colectivamente, no sólo la interactividad sino la multinteractividad, no sólo la escritura sino la hipertextualidad. El tiempo pasó y la sociedad cambió, el ciberespacio social inaugura la metáfora de la configuración de mundos distintos desde la interacción real em el espacio virtual. Y sí, cuantos cambios implica todo esto. (Id, 3)

Tudo isso, mais a inserção do cidadão comum no museu trouxe conteúdo que desmistifica o museu, primeiro, enquanto lugar reluzente, depois como espaço que coletiviza as produções (LÉVY) que, vale enfatizar, são cultura, história e patrimônio cultural, num ambiente que oportuniza a criação do acervo à distância, cujas imagens, disponíveis a qualquer comunidade, permitem que as informações “antes reprimidas participem na condução social" (STOCKINGER). Seria também a ótica do lugar comum (AUGÉ) e da quebra do personalismo e da história dos “grandes nomes”.

Há alguns exemplos de museus virtuais totais criados por grupos na América do Sul. Os que mais se destacam são, no Brasil, o Museu do Inconseqüente Coletivo
http://www.eca.usp.br/in-consequente/museu.html (USP), o Núcleo de Artes da UNB,
http://www.unb.br/vis/museu/museu1.htm E o Museu da Pessoa
http://www2.uol.com.br/mpessoa/.

O Núcleo de Artes da UNB disponibiliza textos referentes às relações entre arte e tecnologia e imagens produzidas por professores, alunos e pesquisadores convidados. Em produção contínua e sempre atualizando textos, o site do museu desse núcleo é obrigatório para interessados em arte e tecnologia, principalmente para aqueles que desejam enviar o seu trabalho para ser exposto. Os trabalhos são enviados on-line. A importância do núcleo como um todo se deve ao fato de ser ele um centro de pesquisa que, como dissemos, permite ao visitante/navegador encontrar os resultados sempre atualizados de suas investigações e de tornar qualquer pessoa expositora do seu trabalho, principalmente da arte digital. http://www.unb.br/vis/museu/museu1.htm

Já o trabalho do In-conseqüente coletivo está num fórum de debates que faz lembrar os museus comunitários, sem exposição de imagens, mas listas de discussões articuladas em temas e situações, gravadas com a finalidade de criação de acervos temáticos. Além disso, o próprio museu oferece uma extensa relação de links que ajudam nos debates cujos temas podem ser vistos a partir da navegação nos outros museus hipertextualizados. http://www.eca.usp.br/in-consequente/museu.html.

Certamente que o pioneiro é o Museu da Pessoa: http://www2.uol.com.br/mpessoa/ , que tinha como idéia original preservar depoimentos de quem acumulou experiências de vida ao longo de décadas. Desde 1992, esse museu vem recolhendo relatos de brasileiros de todo o país, famosos ou não. A equipe, que tem apenas o escritório sediado na Rua Delfina, 342, Vila Madalena, São Paulo, criou um projeto para quem deseja saltar do anonimato para a posteridade, pois, além de qualquer pessoa poder participar e ter a sua história no acervo pode enviar a foto e o texto à distância.

“O Museu da Pessoa, fundado em 1992, tem por objetivo democratizar o registro da memória, permitindo que todo e qualquer indivíduo da sociedade tenha sua história de vida registrada e preservada [...] é um museu virtual do qual você pode fazer parte, escrevendo e incluindo em nosso acervo a sua história de vida. Além disso, você pode consultar fotos, documentos, áudios e outras biografias”. http://www2.uol.com.br/mpessoa/

Outro excelente exemplo é o MUVA. http://www.diarioelpais.com/muva “/Administrado a partir de sua sede em Montevidéu, Uruguai, o MUVA abriu suas portas on-line em 20 de maio de 1997. Este museu virtual, consagrado à arte e à cultura uruguaias, constitui o mais importante website do país. Suas galerias reúnem obras procedentes de ateliês de artistas, de coleções privadas e de museus, que seriam impossíveis de serem admiradas de outra forma e que não são facilmente acessíveis aos visitantes. Por outro lado, embora existindo no ciberespaço, o MUVA está consciente da importância da autenticidade, acessibilidade e idoneidade dos dados que apresenta e por isso respeita as normas profissionais de um museu comum”. (HABER, 2001)

La posibilidad de construir um museo para las artes como los que destacan em las grandes capitales metropolitanas Del mundo habria insumido más de 40 millones de dólares, cifra inalcanzable para la realidad uruguaya. Sin embargo, los avances em materia de realidad virtual y el desarrollo de Internet permitían intentar la gran aventura: diseñar esse museo imposible em forma virtual, para ser puesto luego em Internet. De esa forma, los ciudadanos de la gran red mundial podrían visitarlo, caminar dentro de él, investigar, conocer, y disfrutar.
http://www.diarioelpais.com/muva

O MUVA foi e é uma opção para menores custos de espaço arquitetônico e possibilidade de artistas, com ou sem renome, apresentarem os seus trabalhos, inserindo no museu peças guardadas em ateliês, o que seria aquela história renascentista e oitocentista dos objetos guardados nos gabinetes, cujas informações somente o dono as possuía e elucidaria ao público restrito quando da visitação. No exemplo do MUVA e do Museu da Pessoa pode-se perceber que a história e os objetos saem da redoma e são difundidos para além do local fixo.

Ao contrário dos museus virtuais que possuem interface presencial, ou seja, que têm o edifício arquitetonicamente construído em uma rua, os museus virtuais criados no ciberespaço desenvolvem aspectos que aproximam mais o observador do objeto de estudo e dos conteúdos informativos sobre os temas, e assim, com conteúdo, deixam de ser meros catálogos e o observador não é mais um sujeito passivo diante de informações e imagens.

Os ‘museus virtuais’, por exemplo, muitas vezes nada mais são do que catálogos ruins na Internet, enquanto é a própria noção de museu como ‘fundo’ a ser ‘conservado’ que é colocada em questão pelo desenvolvimento de um ciberespaço onde tudo circula com uma fluidez crescente e onde as distinções entre original e cópia evidentemente não têm mais valor. Em vez da reprodução das exposições clássicas em sites ou displays interativos, seria possível conceber percursos personalizados ou então constantemente reelaborados pelas navegações coletivas em espaços totalmente desvinculados de qualquer coleção material”. (LÉVY, 1999:188-9)

Para Pierre Lévy, o acesso no ciberespaço está para todos. “Mas não se deve entender por isso um ‘acesso ao equipamento’, a simples conexão técnica que, em pouco tempo, estará de toda forma muito barata, nem mesmo um ‘acesso ao conteúdo’ (consumo de informações ou de conhecimentos difundidos por especialistas)”. O que realmente interessa é “entender um acesso de todos aos processos de inteligência coletiva, quer dizer, ao ciberespaço como sistema aberto de autocartografia dinâmica do real, de expressão das singularidades, de elaboração dos problemas, de confecção do laço social pela aprendizagem recíproca, e de livre navegação nos saberes”. (Id, 196)
Seguindo esse pensamento, podemos dizer que o museu virtual total possui essa expansão, ignorando a passividade do observador e atentando para os seus objetivos de também participar da construção de uma media. Seria uma prática democrática nesse sentido. A quebra das restrições e das normas do lugar seleto. A interação e a partilha de dados e informações; a inserção da história do cidadão comum no acervo, elucidando ainda mais uma memória coletiva (LÉVY) e, certamente, apontando para um novo gênero de museu: o possível museu de uma comunidade universal.

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ABREMC - Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários

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Referências Bibliográficas:

ALMEIDA FILHO, Otávio. O museu virtual: um novo meio de experiência estética. Salvador: UFBA/Mestrado em Comunicação/FACOM, 1997. (Digitado)
AAGAARD-MOGENSEN, Lars. The idea of the museus. E. Mellen, 1989. Essays with illustrations on “Philosophical, artistic and political questions” (subtitle)
ATKINSON, Kate. Por trás das imagens no museu. São Paulo: Rocco, 1999. 290 p. il.
AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. São Paulo: Papirus, 1994.
BARRETO, Raquel Goulart (org.) Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2001. 192 p. (Educação e Sociedade)
BARROSO, Gustavo. Introdução à técnica de museus. Parte geral e parte prática. Rio de Janeiro: MÊS/MHN/Gráfica Olímpica, 1946. 336 p. il. V I
BORDENAVE, Juan, ROCHA, João D. O museu como sistema de comunicação popular alternativa. S/lu., UNESCO/Oficina regional de educação para la América Latina y el Caribe. 1989, 6 p. (CINEDUC)
CARVALHO, Ione. “Os museus didático-comunitários: fortalecimento da identidade cultural e sua função social hoje”. In: Interdisciplinary and Complementarity in Museum Education work and School Programmes. Conpenhagen:UNESCO/ICOM, 1999. 19 p. (Digitado do original)
DEBRAY, Régis. Vida e morte da imagem. Petrópolis: Vozes, 1999. 322 p.
FERREZ, Helena Dodd. Documentação museológica: teoria para uma boa prática. Rio de Janeiro: UNIRIO, 198? 13 p.
GIRAUDY, Danièle, BOUILHET, Henri. “Para conhecer a museologia e os museus”. In: O museu e a vida. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-memória, Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro; Belo Horizonte: UFMG, 1990. (Digitado. Coletânea de trechos sobre museus e museologia retirados do referido livro).
GUIMARÃES Jr, Mário José Lopes. “A cibercultura e o surgimento de novas formas de sociabilidade” [on-line]. Article. UFSC. Santa Catarina, Brasil: Nov. 1999. [cited 30 Novembro 1999]. Available from Word Wide Web: http://www.cfh.ufsc.br/~guima
HABER, Alicia. “As comunidades do ciberespaço:
o muva, museu virtual de arte el país”. [on-line] Article. Brasil, jun.2001. Available frm Word Wide Web:
http://www.museunet.com.br/Leitura/novastec.htm. Texto original em francês no informativo Nouvelles de l' ICOM, vol. 54, no. 1, 2001, pág. 6. www.diarioelpais.com/muva

HAUPT, Gerhard. “Os museólogos exploram um novo meio. É a internet uma alternativa adequada para a difusão das artes e da cultura no mundo inteiro? A América Latina avança ousadamente pela rede global”. Humboldt, São Paulo, n 76, 1998, p. 12-16, 1998.
HORTA, Maria de Lourdes Parreira. “O processo de comunicação em museus”. In: Cadernos museológicos, 2. Rio de Janeiro: IBPC, 1989. P. 68-80
HUDSON, Kenneth. Museums of Influence: The pioneers of the last 200 years. Cambridge, 1987. Covers 37 museums in 10 countries; reviews trends.
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JCAO, 15/8/02
José Cláudio Oliveira (**)
claudius@ufba.br

*) Texto desenvolvido em 15/8/2002, para o III Seminário da Ciberpesquisa realizado em 22 e 23 de agosto de 2002 em Salvador, Bahia, a partir do original apresentado pelo autor em disciplinas na FACED/UFBA e FACOM/UFBA, ministradas pelos Professores. Doutores Edvaldo Couto e André Lemos, respectivamente, em junho de 2002 ** )Aluno regular do doutorado do Programa.da Pós-graduação da FACOM-UFBA, [1] Salas com objetos que variavam entre arqueológicos, artísticos, paleontológicos etc, sem uma organização planejada no espaço, onde havia reuniões, encontros e espécie de vernissage entre a classe social da qual pertencia o dono das salas. Geralmente as salas eram nos próprios palácios. [2] Museus enciclopédicos são aqueles que possuem uma vasta categoria, mesclada entre objetos históricos, artísticos, numismáticos, astronômicos etc. É o caso do Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro. [3] Projeto iniciado por volta de 1958, em Nova York, que teve como objetivo levar as comunidade carentes informações sobre DSTs, higiene, educação e questões contra a violência. Esse projeto, que na prática era conduzido em um ônibus composto de exposição museográfica, foi implantado na França em 1970 e perdura até os dias atuais.