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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Carnaval. A Festa da Morte!
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Resgate da Cabeça. Poema épico do viking Egil Skallagrimsson.
Poema escrito por Egil Skallagrimsson filho do viking Skalla-Grímr e de Bera (nascido na Islândia no povoado de Borg em 910 – 990 dC), um anti-herói escandinavo conhecido pelo nível de sua brutalidade até mesmo para um viking. Para exemplificar esse guerreiro berserker (Homem Fera) matava homens como pobres moscas no campo de batalha. E na falta de uma espada ou outra arma, Egil pulava no pescoço do inimigo, arrancando-lhe a carne e o sangue com seus dentes.
Apesar de ser o mais cruel dos guerreiros bárbaros, no entanto, por mais bizarro e contraditório que pareça, foi também um célebre poeta viking, um Skald (denominação dada aos membros de um grupo de poetas da corte dos líderes da Escandinávia e Islândia durante a era Viking que compunham e apresentavam suas interpretações sobre aspectos que, hoje, é conhecido como poesia nórdica antiga.) - massacrava e recitava poesias, antes, durante e depois de suas carnificinas. Abaixo descrevo um poema escrito por ele em louvor ao Rei Erik, o vermelho.
Egill em holmgang, em combate com Berg-Önundr; pintura de Johannes Flintoe.
Resgate da Cabeça
1. Por mar ao oeste fui,
E de Odin obtive
O sumo da poesia
Assim sempre tenho feito
Em meu navio carreguei
Quando nele embarquei
Fardos de poesia
Já o gelo s fundia.
2. Hospedagem o rei me concedeu,
Devo louvá-lo eu:
De Odin trago hidromel
Na Inglaterra agora é sorvido
Ao rei elogiei,
Na verdade cantei.
Uma canção de louvor preparei,
Se está a ouvi-la rápido.
3. Agora o rei recebe
O poema que cede
O poeta, o recita
Se o silêncio suscita
Conhecidas do senhor
Suas lutas e seu ardor
Odin foi expectador
Dos mortos e do fragor.
4. As espadas soavam
Escudos golpeavam
Feroz luta surgiu
Quando o rei atacou
Então se ouvia
O Sangue corria
Das armas o estrondo
Como ondas rompendo.
5. Uma trama de lanças
Lá se lança
Golpeiam com pujança
Chocam sem erro
De sangue já pleno
Estão os terrenos
As ondas serenas
As bandejas pretas.
6. Os homens caíam,
Os dardos lhes feriam.
Grande fama ganhava
Erik e se agraciava.
7. mais fatos contarei,
Das mortes direi,
Mais longa é minha história
De sua grade memória.
Sua fama se acresce,
Assim orei a merece,
Rompe-se o ferro fiel
Sobre o azul do broquel.
8. Quebrou-se o aço
Contra o ferro arremesso,
A ponta ensanguentada
Chocou contra outra espada
A que pende do talim
Matou a tantos ali,
De Odin os guerreiros
No jogo morreram.
9. Grande fama ganhava
Quando o dardo soava.
A espada talhava,
E Erik se agraciava.
10. Tingiu o rei a espada
De sangue, devorada
Por corvos, era achada
A carne destroçada
Por lobos, e a lança
A Hel guerreiros lança,
Da Escócia o adversário
Nutre assim o sanguinário.
11. Devora da ferida
O néctar da vida
Nos mortos aninha
A boca avermelhada,
O corvo voava
Bebia sangue carminado,
O lobo desgarrava
A carne que sangrava.
12. Ficou alegre isso é certo
O assassino esperto.
Ao lobo entrega o morto,
Junto ao mar aberto.
13. Despertava o guerreiro
O proprietário do aço
Do escudo a beira
Rachou-se primeiro,
As bordas se quebraram
Os gumes cortavam,
Os dardos voavam
Quando ao arco esticavam.
14. O dardo voador
Adiante flutuou
O arco esticado
Ao lobo alegrou
As ânsias de Hel
Venceu o guerreiro fiel,
O arco estalou
Os gumes golpeando.
15. O rei esticou seu arco
Nas sendas do barco.
As flechas voaram,
Ao lobo alimentaram.
16. Ainda mais contarei,
Aos homens direi
As façanhas do rei,
Componho com ardor.
Regala ardente ouro,
Reparte seu tesouro,
A ele se deve louvar,
Governar sem poupar.
17. Os braceletes divide,
Seus presentes não mede,
Não ama a avidez,
Reparte sem mesquinhez.
Abundante tesouro
Possui peças em ouro,
Sempre alegra o marinheiro
Com o metal verdadeiro.
18. Seu escudo defende
Da lâmina que brande,
De sua mão o desprende
Erik, o excelente.
Sei muito bem como era,
Aqui, lá onde impera,
Pelo mar se tem sabido
Que sua fama tem crescido.
19. Ante o rei tenho cantado
Os versos que tenho formado,
De coração tenho falado,
Atento me tem escutado,
Com minha boca recitei
Um poema que imaginei
De Odin o hidromel,
Ao guerreiro fiel.
20. Ao rei devo exaltar,
Recitar sem errar,
Em casa de senhores
Bem sei cantar louvores.
Agora desde o peito
Ao rei um canto tenho feito.
Disse assim meu poema,
Houve atenção suprema.
Estátua de Egil Skallagrimsson em uma praça na Islândia. Na Islândia existe até um dia de celebração a sua memória, 9 de dezembro. Ele é considerado um herói nacional.
Tradução de Ariadne Guedes.
Você quer saber mais?
Seganfredo, Carmen; Francini. A. S. Fúria Nórdica: Sagas Vikings. Porto Alegre, Editora Artes e Ofícios, 2011.