Em tempos que se perde tempo esperando o fim do mundo, ao invés de procurarem preocupar-se com problemas reais acho que vale analisar a vida de alguns ditos profetas. Mesmo porque os maiores idealizadores que laboram dia a pós dia em prou da destruição de tudo quanto é louvável é o próprio ser humano, não precisamos da ajuda de nenhum profeta para prever uma situação caótica no futuro, se não modificarmos nossa visão do mundo e de nosso semelhante.
O mais neófito estudante de batalhas militares sabe que uma das maneiras mais fácil de se derrotar um inimigo é de dentro do seu próprio exército. Digamos que estamos como humanos no mesmo “exército”. Se não aprendermos a simples palavra respeito ao semelhante à midiatrix ainda terá muito lucro para ganhar com as atrocidades cometidas por irmãos contra irmãos (quando digo irmãos estou referindo-me a raça humana).
Sem mais demora vou começar alguns estudos sobre a vida desses conhecidos "profetas" extra-bíblicos que muito alvoroço causou e causam até hoje para homens e mulheres, néscios e doutos.
Quando Nostradamus nasceu, a América estava descoberta havia onze anos, e Roma encaminhava-se para seu período de maior brilho no Renascimento: Leonardo da Vinci estava pintando sua La Gioconda, o arquiteto italiano Bramante iniciava a construção da Basilica de São Pedro e o famoso Michelângelo dava as primeiras pinceladas dos afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, por encomenda do Papa Júlio II.
Conselheiro de três Reis da França – Henrique II, Francisco II e Carlos IX – e homem de confiança da Rainha Catarina de Médicis, Michel de Nostredame, mais conhecido como Nostradamus, foi certamente uma figura excepcional. Formou-se em Medicina, mas dedicou muito de seu tempo à astrologia, à alquimia, à teologia e à literatura, chegando a ser considerado por alguns de seus biógrafos “um dos homens mais eruditos de sua época”. Mesmo assim, não é fácil como sua biografia: os dados e as informações disponíveis nem sempre se mostram coerentes entre si. Nostradamus nasceu na França, mais precisamente na pequena cidade de Saint-Rémy, na Provença, por volta de 12 horas do dia 14 de dezembro de 1503, uma quinta-feira. Seu pai, Jacques de Nostredame, era o tabelião da localidade e descendia de família um tanto modesta. Por parte da mãe, Renée de Saint-Rémy, há entretanto ascendentes mais ilustres, tanto no campo da matemática como na medicina. A família, que professava o judaísmo, converteu-se à fé cristã quando Michel contava 9 anos de idade. Ainda bem jovem, depois de aprender latim, grego, hebraico, matemática e astrologia com seu avô materno, Michel foi mandado para Avignon para estudar humanidades, mas logo se viu atraído pela medicina. Assim, como decorrência natural, acabou sendo matriculado na Escola de Medicina da Universidade de Montpellier.
Nostradamus, rodeado por símbolos astrológiocos e esotéricos, na primeira edição das Centúrias.
Em 1525, com 22 anos, Nostradamus começa sua carreira de médico, enfrentando os primeiros obstáculos. Tenta fixar-se em Narbonne, passa por Toulouse e acaba ficando quatro anos em Bordeaux, onde combate uma epidemia de peste em condições muito precárias. Em seguida, retorna a Montpellier para aperfeiçoar-se, tenta novamente Toulouse e, finalmente, fixa-se em Agen, à margem do rio Garona, onde se casa e tem dois filhos (um menino e uma menina). Mas a peste não respeita ninguém, nem mesmo a família dos médicos. É assim que Nostradamus fica sem família, só no mundo e “sem saber para onde olhar em busca de um pouco de paz”, como diria. Passa algum tempo viajando pela Itália e depois volta a sua terra natal, a Provença, para descansar e recuperar-se.
Quando retorna à atividade, vai primeiro para Marselha e, depois, para Aix, capital da Provença, onde permanece três anos a serviço da cidade. E Aix desafia-o com uma situação tão dramática como a de Bordeaux: a peste de 1546.
A parada seguinte é Salon-de-Craux, onde se casa novamente com uma viúva, Ana Gemella, e tem seis filhos (três homens e três mulheres). O primeiro deles é César, ao qual mais tarde dedicaria a primeiras Centúrias.
É nessa época que Nostradamus começa a escrever suas Centúrias e outras mensagens proféticas – mas, receoso de incorrer em desagrado e perseguições, prefere adiar a sua publicação. Seu desejo de vê-las conhecidas, porém, é mais forte. Manda-as então para a impressão e, em breve tempo, suas profecias se tornam famosas.
O próprio Rei Henrique II da França, perturbado pelas previsões sobre os anos imediatos – nelas Nostradamus falava de carestia, peste, seca e de mares e terras tingidos de sangue - , convida o vidente a fazer parte de seus conselheiros, na corte. Era 1556. Com a morte de Henrique II em 1559, Nostradamus continua continua nas mesmas funções com o sucessor, Francisco II, e com o sucessor deste, Carlos IX. Francisco II, e com o sucessor deste, Carlos IX.
A lápide na entrada da casa em Salon-de-Craux, onde o vidente viveu muitos anos e morreu em 1566.
Contam os biógrafos que Carlos IX quis ir pessoalmente, acompanhado de seus principais dignitários, para entregar ao sábio, em sua casa, o documento com o qual o nomeava médico pessoal do rei. Dizem que, durante a visita, Nostradamus pediu para examinar as manchas no corpo de um jovem que fazia parte do séquito real, e “predisse” que um dia ele seria rei da França. O rapaz era Henrique de Navarra, que mais tarde veio a se tornar Henrique IV. É o momento em que a estrela de Nostradamus brilha com mais força. Sua fama de médico e de “adivinho” ultrapassa as fronteiras da França; de todos os cantos da Europa chegam celebridades para conversar com ele e “obter uma luz ainda que tênue, sobre o futuro”.
A saúde de Nostradamus, entretanto, não acompanhava todo esse brilho. Já há alguns anos ele vinha sofrendo de artrite e gota, enfermidade que, com o passar do tempo, dominam cada vez mais o seu organismo. Em meados de 1566, sofre um forte ataque de hidropisia (acumulação de liquido nos tecidos) que obriga a permanecer no leito.
Nostradamus morreu em 2 de julho de 1566, sendo sepultado de pé numa das paredes da Igreja dos Cordeliers, em Salon. Sobre o túmulo, sua esposa mandou gravar um epitáfio, semelhante ao do historiador romano Tito Lívio:
D.M
Clarissimi Ossa
MICHAELIS NOSTRADAMI,
Unis omnium mortalium judicio digni,
cujus penè divino calamo totius Orbis,
Ex Astrorum influxu, futuri eventus,
conscriberentur.
Vixit annos LXII. menses VI. Dies XVII.
Obiit Sallone na. M.D.LXVI.
Quietem Posteri ne invidete. Anna Pontia Gemella
Conjugi opt. V. felicit.
Durante a Revolução Francesa, no entanto, o túmulo de Nostradamus foi aberto por soldados supersticiosos. Seus restos foram então reenterrados em outra igreja de Salon, a Igreja de São Lourenço, onde permanecem até hoje.
Você quer saber mais?
BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda, 1985.
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