PESQUISE AQUI!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A roda: a maior invenção tecnológica.

A roda: a primeira grande invenção da humanidade

Alberto Cury Nassour Engenheiro de Materiais

Num trecho de linha férrea próximo da cidade de Paris, apenas um zumbido indica a passagem de um trem de passageiros a quase 300 quilômetros por hora. Numa estradinha de terra batida numa fazenda do interior mineiro, uma estrutura barulhenta de carro de bois passa a menos de 5 quilômetros por hora, produzindo um ranger quase sonolento provocado pelo atrito entre a roda de madeira e o eixo de apoio. A única semelhança entre esses dois acontecimentos, converge talvez, para o fato de simplesmente andarem sobre rodas.

Mais depressa, mais devagar, milhões de rodas, pequenas ou grandes, funcionam em todo o mundo, transformando a vida em movimento. Um dos principais indicadores do progresso consumista de um país, costuma ser medido pela facilidade com que seus habitantes podem se locomover e transportar os produtos de seu trabalho ou para seu consumo. Em outras palavras: quantas rodas esse país faz girar e com qual rapidez?

A diferença que a roda, considerado como sendo o maior invento fundamental da história, trouxe para o destino humano é incalculável. Um pouco de matemática ajudará a explicar tal façanha. Um homem adulto e treinado percorre num dia de caminhada, cerca de 30 quilômetros, e a carga máxima que consegue carregar é cerca de 40 quilos, além do seu próprio peso. Com a domesticação de animais, por volta de 5.000 a.C., a capacidade de carga no lombo de bestas aumentou para 100 quilos. A tração animal aumentou ainda mais a capacidade de carga para 1.200 quilos puxados por uma carreira de bois. Acredita-se que os egípcios usaram de artifícios como grandes roletes de madeira para transportar por quilômetros, os enormes blocos de granito e de pedra para a construção das pirâmides, inventando também o que se chama hoje de rota de transportes, ou simplesmente estradas.

Na verdade, a invenção da roda é motivo de discussão entre os grandes historiadores de todos os tempos. Alguns sustentam que essa peça de tamanha simplicidade, foi a maior criação do homem estudando o movimento do astro Sol, como se ele rodasse ao redor da Terra. Por terem sido fabricadas em madeira, as primeiras rodas já foram certamente destruídas pela ação do tempo.

Sem a roda, o homem não iria muito longe. As quatro principais fontes de energia que o homem utiliza para sua existência são fundamentadas na roda: a água, a energia elétrica, o animal e o vento. O simples carrinho de mão inventado pelos chineses, cerca de 200 a.C., conduz sete vezes mais carga e passageiros do que o ombro humano. A bicicleta criada na França em 1645, permitia velocidades até três vezes maiores do que a de um homem caminhando pausadamente.

Além de revolucionar os meios de transportes, a roda possibilitou outro grande salto para a tecnologia – o movimento controlado por rotação. Na Mesopotâmia, há milhares de anos, os primeiros discos de madeira usados pelo homem para trabalhar o barro, talvez tenha sido uma das primeiras criações empregando a roda no sentido explícito da palavra. No século XIV, apareceram simultaneamente em diferentes regiões da Europa, como França e Inglaterra, as primeiras rodas de tecelagem enxertadas com finas agulhas para desfiar o algodão. Desde então, novos engenhos baseados no mesmo princípio não pararam de surgir, porém, cada vez mais complexos. Aproveitando a descoberta de que uma roda de maior diâmetro leva mais tempo para dar uma volta completa do que uma roda pequena, o homem também descobriu a teoria da velocidade centrípeta. Inventaram-se os relógios com rodas dentadas que até hoje encantam as mais belas catedrais do mundo todo; as máquinas a vapor; a locomotiva e o automóvel.

Rodas e revoluções andam juntas há muito tempo. Numa era de colossais conquistas tecnológicas entre 8.000 e 5.000 a.C., na faixa de países semi-áridos entre os rios Nilo, localizado na África e Ganges, na Ásia, o homem inventou o arado, o barco à vela, os processos de fundição de ferramentas, jóias e o calendário solar. Todos estes inventos baseados no princípio da roda. A primeira indicação da figura de uma roda registrada numa placa de argila, auxiliando um meio de transporte humano foi na Suméira em 3.500a.C.

Atualmente, as rodas de bicicleta já são feitas de alumínio, kevlar ou fibra de carbono. É o homem rinventando a invenção. Após a descoberta da roda pelos sumérios, a notícia se espalhou. Gregos, romanos e egípcios há mais de 2.000 a.C. criaram então novos modelos, com raios ao invés de uma placa de tábuas, para conduzir suas bigas de guerra e revestidas com pedaços de metal fundido para resistirem aos fortes impactos provocados pelas colisões. Enfim, sempre foram modificando a idéia original conforme suas necessidades e abrindo largos espaços para o uso da roda no seu cotidiano. Os celtas, por exemplo, modificaram os carros romanos e inventaram o sistema de eixo dianteiro giratório, capazes de dar maior direção em curvas menos angulosas. O Renascimento, movimento de revolução nas artes, ciências, medicina e literatura que ocorreu por toda a Europa no século XV, fez surgir os famosos cabriolés, diligências de tração animal com cabine fechada para conduzir a aristocracia européia e protegê-la do mau tempo ou da poeira das rudimentares estradas de terra.

Por volta de 1850, começava o declínio da tração animal e iniciava-se a era da tração a vapor, reescrevendo o papel da roda. Não demorou muito, inventou-se então as rodas fabricadas totalmente de ferro forjado no final do século XIX. Barcos a vapor e locomotivas, além de servirem de meios de transporte de carga, eram o fascínio de milhares de bens-aventurados da época. No início do século XX, o veterinário inglês John Boyd Dunlop criou o primeiro aro pneumático. Nada mais era do que um aro metálico revestido com uma câmara de couro costurado e cheio de ar, o qual servia para amenizar os sacolejos provocados pelas rodas de ferro sobre as estradas de pedra, que imediatamente foram introduzidos nos veículos automotivos fabricados por Henry Ford.

O cinema mostrou toda a força dessa invenção no lendário filme "Tempos Modernos", de 1936, brilhantemente estrelado por Charlie Chaplin. Daquela época até os dias atuais a roda nunca mais parou de movimentar a humanidade.

JustificarVocê quer saber mais?

http://cdcc.usp.br/

O Brasil as Armas e a Vítimas.


Minha opinião pessoal

FONTE: Brasil as Ármas e as Vítimas - 1. Impacto da arma de fogo na saúde da população do Brasil.

Intencionalidade

Em 2002, no Brasil, 90,0% das mortes por PAF foram homicídio, enquanto 3,6% foram suicídio. As mortes por PAF cuja intencionalidade não foi determinada representaram 5,6% e 0,8% das mortes foram atribuídas a acidentes. A cada dia, quase 94 pessoas morrem por homicídio, 4 por suicídio e 1 por acidente. Todas vítimas de arma de fogo. A taxa de homicídio por arma de fogo é 20,8 e de suicídio 0,8 por 100.000 habitantes.

Nos Estados Unidos, em 2000, essas mortes apresentaram um perfil diferente: 58% suicídio, 39% homicídio, 4% de intencionalidade desconhecida ou acidental. Em relação à distribuição proporcional das mortes por PAF, o Brasil apresentou o padrão de países menos desenvolvidos, onde há mais homicídios que suicídios, já os Estados Unidos apresentaram o padrão de países mais desenvolvidos, onde há o predomínio de suicídios. A diferença entre o percentual das mortes por intencionalidade desconhecida denota a diferença da qualidade da informação entre os dois países.

As mortes por arma de fogo são, em sua grande maioria, os homicídios.

Mortalidade Proporcional das causas externas

Em 2002 houve 126.550 (cento e vinte e seis mil, quinhentas e cinqüenta) mortes por acidentes e violências. Destas, 30,1% foram cometidas por PAF, sejam por motivos não intencionais (acidentes) ou intencionais (homicídio e suicídio), e 25,9% em virtude de acidentes de trânsito.

Apesar do Brasil ser um país eminentemente rodoviário e do uso de arma ser mais restrito que o do automóvel, o número de mortes por arma de fogo (n = 38.088) supera os de acidente de trânsito (n = 32.753). Interessante apontar as semelhanças dessas mortes.

Em ambas as situações, tanto nas mortes que envolvem a arma – sua maioria é o homicídio – como nos acidentes de trânsito – sua maioria é a morte de pedestres – mata-se o “outro”, muitas vezes mais indefeso. Em países mais desenvolvidos, a maioria das mortes por arma relaciona-se com o suicídio, e as mortes no trânsito são, em sua maioria, das pessoas que ocupam o veículo (condutor ou passageiro). No aspecto simbólico, a arma e o automóvel representam poder sobre o outro.

No Brasil morre-se mais por arma de fogo do que por acidente de trânsito.

Homicídios – métodos

No Brasil, 63,9% dos homicídios são cometidos por PAF, enquanto só 19,8% são causados por arma branca. A alta letalidade da arma de fogo é expressada nessas
proporções.

A arma branca implica um envolvimento maior com a vítima, uma aproximação física, uma coragem e uma determinação maior com relação ao ato. Diferentemente da arma de fogo, que pode ser acionada à distância, sem envolvimento.

Um ataque a faca requer uma certa força física ou destreza, enquanto uma arma de fogo pode ser manuseada por uma pessoa de porte pequeno e força física menor que a vítima. Esse contexto certamente favorece a maior participação da arma de fogo nos homicídios.

Arma de fogo, o jeito mais rápido de não ter mais jeito.

Brasil as Armas e as Víntimas na íntegra:

Brasil as Ármas e as Vítimas - 1. Impacto da arma de fogo na saúde da população do Brasil.

Brasil as Ármas e as Vítimas - 2. Legislação para controle de armas leves no Brasil de Vargas a Lula.

Brasil as Ármas e as Vítimas - 3. A indústria brasileira de armas leves e de pequeno porte produção legal e comércio.

Brasil as Ármas e as Vítimas - 4. Posse de Armas de fogo no Brasil mapeamento das armas e seus proprietários.

Brasil as Ármas e as Vítimas - 5. O mercado ilegal de armas de fogo na cidade do Rio de Janeiro.

Brasil as Ármas e as Vítimas - 6. Demanda por armas de fogo no Rio de Janeiro.

Você quer saber mais?

http://www.deolhonoestatuto.org.br/

RADIOATIVIDADE E A POLÊMICA HISTÓRIA DAS SUAS APLICAÇÕES.


Paula Homem de Mello Instituto de Química de São Carlos - USP

Em 1896, o francês Henri Becquerel constatou que um composto de urânio causava uma mancha numa chapa fotográfica, mesmo no escuro e embrulhado em papel negro. Becquerel concluiu que o composto deveria emitir algum tipo de raio capaz de atravessar o papel e atuar sobre a chapa. Essa propriedade era semelhante à dos raios X descobertos um ano antes por Wilhelm Conrad Röntgen.

Em abril de 1898, a polonesa Marie Curie percebeu que, além do urânio, outro elemento conhecido, o tório, também emitia os tais raios. Em julho do mesmo ano, com a ajuda do marido, o físico francês Pierre Curie, descobriu um novo elemento que chamou de polônio e alguns meses depois ambos descobriram um elemento ainda mais radioativo: o rádio. Os estudos sobre radioatividade renderam a Becquerel, Pierre e Marie Curie o Nobel de Física de 1903.

Ainda no ano de 1898, Ernest Rutherford utilizou uma tela fluorescente para detectar as radiações provenientes de um material radioativo. Com auxílio de placas metálicas eletricamente carregadas descobriu que havia dois tipos de radiação, que chamou de α (alfa) e β (beta). A radiação α, segundo ele, deveria ser formada por partículas de carga positiva, uma vez que seu feixe era atraído pela placa negativa. Já a radiação β, deveria ser formada por partículas negativas, pois seu feixe era atraído pela placa positiva. Em 1900, Paul Villard, na França, descobriu uma outra forma de radioatividade que não apresenta carga elétrica e foi chamada de radiação γ (gama).

Hoje sabemos que as partículas α são constituídas por dois prótons e dois nêutrons, isto é, correspondem ao núcleo de um átomo de hélio (He). As partículas β são elétrons emitidos pelo núcleo de um átomo instável. Mas, você vai me dizer: o núcleo não tem elétrons! Na verdade, um nêutron pode se decompor em um próton, um elétron e uma partícula chamada antineutrino . Ao contrário das radiações α e β, que são constituídas por partículas, a radiação γ é formada por ondas eletromagnéticas emitidas por núcleos instáveis logo em seguida à emissão de uma partícula α ou β.

Cada elemento radioativo, natural ou obtido artificialmente, se desintegra (ou decai) com uma velocidade característica. A unidade do tempo de decaimento é a meia-vida. Este é o tempo necessário para que a atividade de um elemento radioativo seja reduzida à metade da atividade inicial. Ou seja, para cada meia-vida que passa, a radioatividade vai sendo reduzida à metade da anterior, até atingir um valor insignificante, que não permite mais distinguir suas radiações das do meio ambiente.

Na natureza existem elementos radioativos que decaem sucessivamente, se transformando em outros elementos, que não sendo ainda estáveis, decaem até que o núcleo atinja uma configuração estável. Essas seqüências de núcleos são denominadas séries radioativas. Existem três séries radioativas naturais: a série do urânio, a série do actínio e a série do tório. A série do actínio, na realidade, inicia-se com o urânio-235 e tem esse nome, porque se pensava que ela começasse pelo actínio-227. As três séries naturais terminam em isótopos estáveis do chumbo, respectivamente, chumbo-206, chumbo-207 e chumbo-208.

Alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial, vários grupos de pesquisadores tentavam obter novos elementos químicos bombardeando o urânio com nêutrons. Este processo foi chamado de Fissão Nuclear. O nêutron, ao atingir um núcleo de urânio, provoca sua quebra em dois núcleos menores e a liberação de mais nêutrons que, por sua vez, irão atingir outros núcleos e provocar novas quebras, liberando grande quantidade de energia. Se a velocidade dessa reação em cadeia não for controlada, a reação ocorre muito rapidamente (em menos de 1 segundo), liberando enorme quantidade de energia. É o que acontece, por exemplo, na explosão da bomba atômica. Mas se a reação for controlada, como ocorre num reator, é possível aproveitar a energia liberada.

O italiano Enrico Fermi e sua equipe, em 1942, construíram o primeiro reator nuclear. Esse reator tinha a finalidade de executar em laboratório a fissão nuclear para que se pudesse compreendê-la melhor, a fim de aproveitá-la como fonte de energia. A versão moderna do reator de Fermi são as usinas nucleares. O calor liberado na fissão aquece a água, mantida a alta pressão. Esta, por sua vez, aquece uma outra porção de água que entra em ebulição. O vapor produzido gira a turbina, cujo eixo se liga a um gerador elétrico, o qual, por sua vez, transforma a energia do movimento em energia elétrica.

Também podemos usufruir dos benefícios da radioatividade na medicina. A Medicina Nuclear é a área que utiliza os radioisótopos, tanto em diagnósticos como em terapias. Células cancerosas ou microorganismos nocivos podem ser destruídos pela absorção da energia das radiações. Fontes de radiação de césio-137 e cobalto-60 são usadas para destruir células de tumores, uma vez que estas são mais sensíveis à radiação do que os tecidos sãos. Um outro exemplo é a utilização do iodo-131 para o diagnóstico e tratamento de doenças da tireóide. O elemento iodo, radioativo ou não, é absorvido pelo organismo humano preferencialmente pela glândula tireóide. Para verificar se a tireóide apresenta problemas, o paciente ingere uma solução de iodo-131 e um detector verifica a absorção do elemento, permitindo o diagnóstico de deformações da glândula. Doses maiores de iodo-131 são utilizadas no tratamento de doenças da tireóide.

Estas são apenas algumas das aplicações da radioatividade. Entretanto, nem sempre a radioatividade é usada adequadamente. Um dos principais problemas é a utilização bélica, ou seja, para a construção de bombas atômicas. Em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas lançadas por aviões do Exército dos EUA. Mais de 200 mil pessoas foram mortas nos ataques e, seis décadas depois, milhares de pessoas ainda apresentam seqüelas devido à exposição à radioatividade.

Uma outra preocupação é o lixo nuclear. As sobras de materiais radioativos e tudo o que estiver contaminado por eles, os resíduos de mineração, o encanamento por onde eles passaram, as vestimentas dos trabalhadores, enfim, tudo o que entra em contato com material radioativo são considerados lixo nuclear. Nos produtos da fissão do urânio-235 já foram identificados mais de duzentos isótopos pertencentes a 35 elementos diferentes. Muitos deles emitem radiações α, β e γ, representando um risco à população e necessitando, portanto, ser armazenados em recipientes de chumbo e/ou concreto e guardados em locais seguros por tempo suficiente para que a radiação caia a níveis não-prejudiciais. Se o lixo nuclear não for armazenado corretamente, podem acontecer acidentes como o de Goiânia (GO) em setembro de 1987: a violação de uma cápsula de césio-137 por sucateiros resultou em quatro mortes e cerca de 250 pessoas tiveram problemas de saúde na época.

Um outro viés é a possibilidade de ocorrerem acidentes nas usinas nucleares e as conseqüências podem ser muito graves. O pior acidente ocorreu em Chernobyl, na Ucrânia, em abril de 1986. A explosão de um dos quatro reatores da usina lançou na atmosfera uma nuvem radioativa que atingiu todo o centro-sul da Europa. Estima-se que morreram entre 15 mil e 30 mil pessoas e aproximadamente 16 milhões sofrem até hoje alguma seqüela em decorrência do desastre.

A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 21, proíbe a utilização da energia nuclear para fins que não sejam exclusivamente pacíficos. A história da energia nuclear no Brasil teve início por volta de 1945, no final da 2ª Guerra Mundial. Apesar de pobre em reservas conhecidas de urânio, o Brasil era um grande exportador de monazita, um mineral radioativo. A primeira central nuclear brasileira, Angra 1, começou a ser construída em 1971, em Angra do Reis (RJ) e foi inaugurada em 1982. De um acordo com a Alemanha, foram propostas mais duas usinas: Angra 2, que começou a operar em 2000, após quase vinte anos de construção, a um custo de cerca de US$ 10 bilhões, e Angra 3, na qual, segundo números oficiais, já foram gastos US$ 750 milhões entre a compra e a estocagem dos equipamentos. O projeto de Angra 3 foi paralisado em 1992 por motivos econômicos, pois para entrar em operação, necessitaria de mais US$ 1,5 bilhão.

São inegáveis os benefícios que a radioatividade traz à humanidade. Porém, são inegáveis também os prejuízos à saúde e à paz que o emprego incorreto provoca. Por isso, a utilização da radioatividade deveria ser muito bem controlada e restrita a situações em que não existem alternativas.

Você quer saber mais?

http://www.comciencia.br/200408/noticias/3/energia.htm

http://www.greenpeace.org.br

VOCÊS ENTENDERAM? ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE PERGUNTAS NAS AULAS DE CIÊNCIAS.

Cristiane Camargo
Departamento de Metodologia do Ensino - UFSCar

As Ciências Naturais (que incluem a Biologia, a Química, a Física, a Geologia etc.) são, por sua natureza, atividades investigativas, que partem dos questionamentos feitos, há gerações, acerca dos fenômenos naturais.

Nada mais natural, portanto, que as aulas de Ciências fossem repletas de...”???”

Se você respondeu “perguntas” já deve ter entendido onde pretendo chegar.

Isso mesmo: as aulas de Ciências deveriam estar repletas de perguntas! Mas, ao contrário do que alguns possam pensar, refiro-me aqui às perguntas feitas pelo professor, não àquelas feitas pelos alunos que, estes, aliás, quanto menores e menos reprimidos pela escola, as têm de sobra.

Você pode estar se colocando diante da seguinte questão: não cabe ao professor perguntar e, sim, responder, já que, supostamente, é ele quem sabe mais e está ali para ensinar aos alunos?

Mas é neste ponto que se pode confundir o papel do professor com o de uma mera fonte de informações. Quero fazer aqui a importante observação de que o professor pode ser, também, uma preciosa fonte de informações, mas seu papel não deve se reduzir a este. Se entendermos o papel do professor como o daquele que deve criar as condições para a aprendizagem mais do que simplesmente transmitir informações, podemos compreender a importância de fazer perguntas em sala de aula.

As perguntas podem servir a muitos fins, ou não servir para nada, como é caso da tão velha e desgastada pergunta repetida pelos professores há séculos “Vocês entenderam?”. Salvo exceções, essa pergunta é invariavelmente acompanhada por um silêncio da classe com, talvez, algumas cabecinhas sinalizando respostas positivas com confiança que varia de nula a total ou, quem sabe, exibindo sinais de total perplexidade diante da questão.

Para servir como fonte de informação para o professor a respeito da aprendizagem, as perguntas devem ser mais objetivas do que isso, ou seja, devem ter um conteúdo objetivo, como por exemplo, quando o professor pergunta “Alguém pode me explicar de que forma as folhas de uma árvore conseguem obter a água que foi absorvida pelas raízes?”, ao invés simplesmente de perguntar “Vocês entenderam?”. Até porque, inclusive, é bastante provável que cada aluno tenha tido um entendimento parcial do assunto e, portanto, a questão “Vocês entenderam?” não pode ser respondida de forma simples com um sim ou com um não.

Ao ouvir as respostas de um ou mais alunos, o professor tem a possibilidade de identificar o que foi e o que não foi bem compreendido, pode explicar novamente, pode esclarecer ambigüidades, mal entendidos.

Mas não é só para verificar a aprendizagem que o professor pode fazer perguntas em sala de aula. Ele pode criar questões que funcionem como desencadeadoras dos processos mentais necessários à aprendizagem de um determinado assunto. São questões que estimulam os alunos a pensar sobre aquele assunto, a selecionar e relacionar as idéias que têm a respeito dele, a distinguir, dentre estas idéias, o que é relevante ou não, o que está correto ou não do ponto de vista da Ciência etc. Ao invés, por exemplo, de dizer aos alunos que os ambientes de água salgada são mais estáveis que os de água doce e, que, portanto, é mais comum encontrar formas larvais nos organismos marinhos, o professor pode, após explicar o que caracteriza a estabilidade/ instabilidade nestes ambientes, pedir aos alunos que relacionem estas características com a vantagem/ desvantagem adaptativa de passar ou não por um estágio larval. Munidos das informações necessárias, lembrando sempre que a transmissão de informações é sim parte muito importante do trabalho do professor, os alunos, provavelmente serão capazes de chegar à conclusão correta.

É interessante, para que as perguntas tenham maiores chances de alcançar este segundo objetivo, que o professor dedique algum tempo no preparo de suas aulas à elaboração das perguntas que pretende fazer. Algumas questões podem ajudá-lo nesta tarefa: o que eu quero que meus alunos aprendam?; quais idéias/ informações relacionam-se com o que quero ensinar?; eles já têm as informações necessárias?; como devem relacionar estas idéias/ informações?; quais raciocínios meus alunos podem seguir para chegar aonde pretendo?

Algumas perguntas interessantes também podem advir de um pouco de leitura sobre História da Ciência. Conhecer a história de como foram construídos os conhecimentos dentro de determinada área ou assunto específico pode ajudar a entender melhor a respeito dos processos mentais, que na verdade são construções coletivas, de produção do conhecimento.

Você quer saber mais?

Lorencini Júnior, A.; O ensino de Ciências e a formulação de perguntas e respostas em sala de aula. In: Cadernos de Textos da III Escola de Verão. Serra Negra, São Paulo: FEUSP, 1994, p. 128-137.

DA DESCOBERTA DO NEURÔNIO À NEUROCIÊNCIA.


Agnaldo Arroio Faculdade de Educação – USP

Fala-se muito em aumentar a inteligência através de exercícios. Até que ponto isto é válido? Será que só usamos 10% de nosso cérebro? Você acredita nisso?

O cérebro e as funções cerebrais têm sido estudados cientificamente por diversos ramos do saber, a partir de uma perspectiva biológica. A neurociência é a ciência que reúne diferentes disciplinas com o objetivo de estudar o funcionamento do sistema nervoso central, principalmente em relação à anatomia e à fisiologia do cérebro humano.

No início do século XX, três grandes áreas de pesquisa que contribuíram muito para o conhecimento sobre o cérebro, esse órgão tão complexo! Foram o localizacionismo cerebral, a eletrofisiologia e a anatomia microscópica.

O localizacionismo cerebral, isto é, a busca pelas localizações das funções nervosas e mentais, foi evidenciada com as pesquisas de Pierre Flourens mostrando que as principais divisões anatômicas do cérebro eram responsáveis por funções bem distintas.

Outra contribuição foi feita simultaneamente por Carlos Mateucci, Julius Bernstein e Emile du Bois-Reymond, com seus estudos sobre a natureza elétrica dos impulsos nervosos e o novo modelo de funcionamento do sistema nervoso baseando-se nas descobertas sobre eletricidade de Luigi Galvani.

A anatomia já estudava as estruturas macroscópicas do cérebro, porém ainda eram desconhecidos sua estrutura microscópica e seu funcionamento. Porém com os avanços tecnológicos e o desenvolvimento do microscópico óptico composto foi possível o estudo do tecido neural, possibilitando assim o estudo da estrutura microscópica cerebral. Os cientistas começaram a estudar os diferentes tecidos do cérebro e entre 1836 e 1838. As primeiras células neurais foram descritas pelos anatomistas. Gabriel Gustav Valentin foi o primeiro a descrever a estrutura do neurônio, composto de núcleo e nucléolo.

Em 1863, Otto Friedrich Karl Deiters sugeriu que as terminações dos axônios pareciam se fundir com os dendritos de outra célula formando uma espécie de ponte. Foi então proposto que os impulsos nervosos recém descobertos propagar-se-iam de célula para célula por meio destes filamentos, possibilitando ao cérebro funcionar como uma gigantesca rede, com um número muito grande destes filamentos interconectados.

Entretanto, 70 anos após Galvani ter proposto a primeira teoria sobre o funcionamento do tecido neural, surgiu a idéia de que as funções neurais poderiam ser o resultado da transmissão de mensagens elétricas por essa rede, que era o cérebro, onde os neurônios não se fundem e são interdependentes. Assim os impulsos nervosos poderiam ser elos das mensagens sendo transmitidas. Cabe hoje à neurociência estudar esta linguagem e explicar como funciona o nosso cérebro. Mas se os neurônios não estão ligados uns aos outros como então acontece essa transmissão? Pois é, na próxima vez falaremos sobre a transmissão química destes impulsos.

Você quer saber mais?

http://cdcc.usp.br/