Fóssil de um Cro-Magnon
(Homo sapiens sapiens) encontrado no sitio arqueológico de Mondeval Sora na Itália.
Imagem: Science
Photo.
Como
vimos nos textos
anteriores, como humanidade somos uma espécie que não possui
concorrente na natureza e nem outras variedades de espécies humanas como ocorre
com outros animais, mas aprendemos que nem sempre foi assim. Nas postagens “A
Evolução do Homem: os primatas” e “A
Evolução do Homem: a aurora da humanidade” entendemos que somente
nos últimos 30 mil anos nós temos o domínio no planeta há mais ou menos cerca
de 1,8 milhões de anos disputávamos o
domínio no planeta com mais espécies como o Australopithecus boisei, robustus,
Homo rudolfensis, Homo habilis, Homo erectus e Homo
ergaster. E convivência não é a palavra mais correta a ser usada na
relação que essas espécies mantinham umas com as outras. A suposição de que os "imigrantes" vindos do sul
da África (Homo sapiens sapiens)
teriam superado o Homo sapiens neanderthalensis na Europa e Oriente Médio por
sua técnica mais avançada e sua maior inteligência é uma as suposições que
possuímos acerca dessa situação estudada no texto “A
Evolução do Homem: a supremacia do Homo sapiens sapiens.”.
Atualmente precisamos ver tudo isso como um processo cultural
complexo, apontando as mudanças climáticas nos últimos 40 mil anos de sua
existência como um fator que possivelmente contribuiu para o desaparecimento
do Homo sapiens
neanderthalensis. Tais mudanças podem ter desencadeado movimentos
migratórios, o que teria sido reforçado pela chegada de novos grupos humanos ao
continente. Na Europa de 40 mil anos
atrás viviam 250 mil pessoas no máximo, não deve ter sido muito difíceis para
o novo grupo de Homo sapiens multiplicar-se e superar os "primeiros
europeus [1].” O interessante é que o código genético da raça humana
moderna não possui quase nenhum vestígio de parentesco com os homens e mulheres
do Espécie Homo sapiens neanderthalensis.
Independente
de como tenha sido, seja competindo por espaço, água ou quando possuía a mesma
dieta alimentar competindo por comida, chegando
a lutarem entre si pela sobrevivência da sua espécie [1]. Há diversas
versões, muitas vezes contraditórias, sobre a cadeia
de reações que gerou o homem, sobre o estilo de vida e comportamento
dos hominídeos, de como eles e o Homo sapiens sapiens, entre 75 mil e 100 mil
anos atrás teriam emigrado da África Austral para o resto do mundo, e de como
interagiram com outros descendentes ou antecessores do Homo erectus dessas
zonas. Vários Australopithecus conviveram, por alguns milhões de
anos, com o Homo habilis e erectus. Como interagiram quando se
encontravam, ninguém sabe ao certo [2].
Infelizmente,
jamais será possível encontrar a verdade e os cientistas apenas podem
conjecturar hipóteses, adaptadas aos achados que vão sendo descobertos, já que,
como afirmou Napoleão Bonaparte (1769 - 1821).
"História, é uma versão de acontecimentos do
passado sobre a qual algumas pessoas decidiram concordar."
Napoleão Bonaparte
As
várias espécies de hominídeos que nos precederam, com diferentes graus de
desenvolvimento eram mais propícios a caçarem-se mutuamente do que a terem
convívios amigáveis e, ao entrarem em contato, tentavam matar os machos de
outros grupos de hominídeos. Ainda hoje temos não só várias tribos humanas que lutam
e matam-se mutuamente, por espaço vital [2].
As
descobertas recente demonstram que o número de ossos ancestrais diretos não tem
aumentado muito e essa quantidade de espécies ainda são poucas em relação ao
número imenso de elos perdidos que faltam para fixar a escala evolutiva humana
em uma plataforma segura onde não haverá aberturas para dúvidas.O que diferenciou o Homo sapiens sapiens
foi seu maior desenvolvimento técnico desencadeado na explosão criativa do
paleolítico, com o aperfeiçoamento do desenvolvimento da linguagem e a produção
de ferramentas cada vez mais apurada [1].
Humanos,
que estranhos primatas. Andando sobre duas pernas, possuidores de cérebros
enormes e colonizadores incansáveis de cada canto da Terra. Antropólogos e
biólogos procuraram sempre entender como a nossa raça diferenciou-se tão
profundamente do modelo primata. Foram desenvolvidos, ao longo dos anos, todos
os tipos de hipóteses, visando explicar cada uma dessas particularidades. Um
conjunto de evidências, porém, indica que essas idiossincrasias mistas de
humanidade têm, na realidade, uma linha em comum: elas são, basicamente, o
resultado do que Charles
Darwin, chamou de
seleção natural, atuando para maximizar a qualidade dietética e a eficiência na
obtenção de alimentos. Mudanças na oferta de alimentos parecem ter influenciado
fortemente nossos ancestrais hominídeos. Assim,
em um sentido evolutivo, somos o que comemos.
Dessa
forma, o que comemos é ainda uma outra forma pela qual nos diferenciamos de
nossos parentes primatas. Populações de humanos contemporâneos pelo mundo
afora, adotam dietas mais calóricas e nutritivas que aquelas de nossos primos,
os grandes macacos.
1-Então,
quando e como os hábitos alimentares de nossos ancestrais divergiram dos
hábitos de outros primatas?
O
tipo de ambiente que uma
criatura ocupa irá influenciar a distribuição
de energia entre esses componentes, em que condições mais duras
representam, obviamente, maiores dificuldades. No entanto, o objetivo de todos
os organismos é o mesmo: assegurar a
reprodução, visando garantir, a longo prazo, o sucesso das espécies.
Portanto, ao observarmos a forma como os animais se deslocam para obter a
energia alimentar, podemos compreender melhor como a seleção natural produz a mudança evolutiva. As
características que mais distinguem os humanos de outros primatas são,
certamente, os resultados da seleção natural, agindo no melhoramento da
qualidade da alimentação humana, e a eficiência com que nossos ancestrais
obtiveram os alimentos [1]. Alguns cientistas sugeriram que muitos dos
problemas de saúde enfrentados pelas sociedades modernas seriam consequências
de uma discrepância entre o que ingerimos e o que nossos antepassados comeram.
Estudos
entre populações que vivem tradicionalmente apontam que os humanos modernos estão aptos a suprir suas necessidades
nutricionais usando uma ampla variedade de estratégias. Adquirimos flexibilidade
alimentar. A preocupação com a saúde no mundo industrial, em que
alimentos calóricos concentrados estão facilmente disponíveis, não se originam
de desvios de uma dieta específica, mas
de um desequilíbrio entre a energia que consumimos e a que necessitamos.O
que é extraordinário em nosso cérebro grande, sob uma perspectiva
nutricional, é o quanto de energia ele consome aproximadamente 16 vezes mais
que um tecido muscular por unidade de peso. Porém, apesar de os humanos
apresentarem, quanto ao peso corporal, cérebros maiores que os dos outros
primatas (três vezes maior que o esperado), as necessidades totais de energia
em repouso do corpo humano não são maiores que a de qualquer outro mamífero do
mesmo porte. Usamos uma grande parte
de nossa quota diária de energia para alimentar nossos cérebros vorazes. Na
verdade, o metabolismo de um cérebro em repouso ultrapassa de, 20 a 25%, as
necessidades de energia de um humano adulto - bem mais que os 8 a 10%
observados em primatas, e que os 3 a 5% em outros mamíferos [2].
2-Além disso, quanto
os humanos modernos se distanciaram do padrão alimentar ancestral?
Baseando-nos
nas estimativas de tamanho corporal de hominídeos compilados por Henry M. McHenry, da University of
California, em Davis, Robertson estimamos a proporção das necessidades de
energia em repouso que poderiam ser necessárias para alimentar os cérebros de
nossos antigos ancestrais. Um Australopithecus
típico, pesando entre 35 e 40 kg,
com um cérebro de 450 cm³, teria
reservado cerca de 11% de sua energia em
repouso para o cérebro. Enquanto um H.
erectus, pesando entre 55 e 60 kg
e com um cérebro de cerca de 850 cm³,
teria reservado cerca de 16% de sua
energia em repouso - ou seja, cerca de 250 das 1.500 kcal diárias - para este
órgão [1]. Além de todos os primatas, espécies com cérebros maiores
ingerem alimentos mais ricos; os humanos são um exemplo extremo dessa
correlação, ostentando o maior tamanho relativo de cérebro e a dieta mais
variada. Conforme as análises recentes de Loren
Cordain, da Colorado State
University, os caçador-coletores contemporâneos obtêm, em média, 40 a 60% de energia da carne, do leite e de outros
produtos de origem animal [2].
Chimpanzés modernos, em comparação, obtêm somente entre 5 e 7% de suas calorias
provenientes dessas fontes. Alimentos de origem animal contêm bem mais
calorias e nutrientes que a maioria dos alimentos vegetais. Por exemplo, 100 g
de carne geram acima de 200 kcal. A mesma quantidade de frutas libera entre 50
e 100 kcal. Uma porção comparável de verduras produz somente entre 10 e 20
kcal. Faz
sentido, então, que, para o antigo Homo, adquirir mais matéria cinzenta
significou procurar alimentos energeticamente mais densos.
Para
compreendermos a importância da alimentação na evolução humana, devemos nos
lembrar de que a procura pelo alimento, seu consumo e, finalmente, como ele é
usado para processos biológicos são, todos, aspectos críticos da ecologia de um
organismo. A energia dinâmica entre organismos e seus ambientes, ou seja, a
energia despendida comparada à energia adquirida, tem consequências
adaptativas importantes para a sobrevivência e reprodução. Esses dois componentes da aptidão
darwiniana refletem-se na forma como estimamos o estoque de energia de um
animal. A energia de manutenção é o que mantém um animal vivo. A
energia produtiva está associada à concepção e manutenção da prole para a
próxima geração. Para mamíferos, isso deve cobrir as demandas das mães durante
a gravidez e lactação.
“Quando analisamos os fósseis, também, encontramos indícios que a
melhoria na qualidade dietética acompanhou o crescimento evolutivo do cérebro”.
Roger Lewin
Todos
os Australopithecus
apresentavam características esqueléticas e dentais estruturadas para processar
alimentos vegetais duros e de baixa qualidade. O Australopithecus mais antigo e
robusto - um ramo da outra ponta da árvore genealógica humana, que viveu lado a
lado com membros de nosso próprio gênero - teve adaptações especialmente
pronunciadas para triturar alimentos vegetais fibrosos, incluindo faces maciças
em forma de prato, mandíbulas fortemente estruturadas; cristas sagitais, no
alto do crânio, para a fixação de potentes músculos mastigatórios; e dentes
molares enormes e fortemente esmaltados. Mas, membros mais antigos do gênero
Homo, descendentes dos graciosos Australopithecus, possuíam faces e molares
menores, mandíbulas mais delicadas, e não apresentavam cristas sagitais -
apesar de serem bem maiores, em termos de porte corporal total, que seus
predecessores.
Com
o aumento da capacidade de comunicar-se
e guerrear, tornou o sapiens
sapiens superior às outras espécies que há
45 mil anos competiam com nos pela hegemonia no planeta, sendo eles o
Homo erectus na Ásia e o Homo sapiens neanderthalensis na Europa e Oriente
Médio [1].
Até
agora em nossos estudos desconhecemos ainda se nossa hegemonia sobre eles se
deu em razão dos novos inventos, como armas
ou se indiretamente pela disputa de
recursos naturais, aonde nós
mais preparados tecnologicamente superamos os erectus e os Neandertais,
que houve guerras entre essas
espécies é incontestável mas se este foi o motivo principal e que não sabemos,
nós podemos ter oprimindo eles com o nosso crescimento populacional acelerado
ate que entrassem em extinção naturalmente por sua inferioridade em relação há
nós, o Homo sapiens sapiens.
25/02/2013
Leandro Claudir é Acadêmico de História pela Universidade Luterana
do Brasil, Técnico em Informática pela QI Escolas e Faculdades. Habilitado em
Liderança de Círculos de Controle de Qualidade Empresarial pelo Sesi. Criador e
Administrador do Projeto Construindo História Hoje. IBSN- 7837-12-38-10.
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Você quer saber mais?
[1] LEWIN, Roger. Evolução Humana. São Paulo: Editora Atheneu,
1999.
[2] CAVALCANTE,
Rodrigo. “Nós Vencemos”. Super Interessante, São Paulo, v.159, dezembro de
2000.
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