sábado, 31 de julho de 2010

PAREM DE FAZER CONTINHAS POVO MEU!!!!!!!!!!

Os fins do mundo


Para quem curte previsões apocalípticas, fim do mundo para 2012 por conta do Calendário Maia, ângulos, oposições e o diabo-a-quatro pra ficar sonhando com o Ragnarok, segue abaixo uma lembrancinha de alguns fatos históricos envolvendo patetices astrológicas. Afinal, lembrar é evitar repetições.
Obviamente, pode parecer estranha a minha obsessão por maluquices e idiotices já feitas em nome da astrologia, mas ela é fácil de entender a partir do ponto que costumo sustentar: posições planetárias não determinam significados absolutos. O que temos são significantes, com uma cadeia de significados possíveis. Obviamente, alguns (poucos) astrólogos parecem ser dotados da peculiaridade de "acertar em cheio", mas isso parece ser mais uma capacidade própria, um dom particular (quiçá uma clarividência mesclada à análise astrológica) do que necessariamente uma simples interpretação pautada em símbolos.


Mas o que acontece quando astrólogos resolvem atribuir significados determinados, colados, limitando a vastidão do significante?
Leiam abaixo:


Em 1179, o astrólogo João de Toledo previu um cataclisma para setembro de 1186, considerando um stellium que ocorreria no signo de Libra. Toledo falou em temporais, terremotos. Nada ocorreu, e Toledo justificou que na verdade a previsão tratava da invasão dos hunos, portanto foi "apenas um pequeno erro interpretativo" - erro interpretativo que gerou pânico, desespero, suicídios e saques uma semana antes.
Mais: em Janeiro de 1523, um grupo de astrólogos londrinos concordou que o fim do mundo se daria num dilúvio que ocorreria em primeiro de fevereiro de 1524 [alinhamento planetário em Peixes]. Um mês antes, duas mil pessoas abandonaram Londres, buscando terras mais altas. Um dia depois, posto que nada ocorreu, os astrólogos anunciaram um "pequeno erro de cálculo" e informaram que o fim do mundo seria em 1624, e não em 1524. A cidade foi toda saqueada por ladrões durante o "dia da evacuação".


Também na Europa, mas não integrante do grupo londrino, o astrólogo Johannes Stoeffler [1452-1531] previu o fim do mundo num dilúvio em 20 de fevereiro de 1524. Apesar de ter previsto o dilúvio para mais ou menos a mesma época em que os astrólogos londrinos previram, Stoeffler falava sobre isso desde 1499! Stoefler era catedrático de uma universidade e conselheiro da corte, tido como fonte idônea.
O caso Stoeffler foi o pior de todos: justamente por ser tão ouvido e tido como sério e respeitável, levou o conde Von Iggleheim a construir uma arca de três andares.


No dia 20 de fevereiro, começou a chover logo de manhã cedo. Torrencialmente. Uma multidão entrou em pânico e tentou invadir a arca, querendo defender a propriedade. O conde conseguiu matar um com sua espada, mas morreu pisoteado pela turba. Antes do final do dia, a população local tinha se chacinado mutuamente: um matando o outro, crianças, velhos e mulheres sendo pisoteados. A arca foi destruída. Diante daquele desastre, Stoeffler simplesmente argumentou que ele estava certo, afinal uma desgraça tinha acontecido! Resolveu então prever novo fim do mundo para 1528, mas ninguém lhe deu atenção.


Quem pagou o pato mesmo foi o monge e astrólogo Michael Stifel, que resolveu calcular novo fim do mundo para 18 de outubro de 1533 (o que estes astrólogos tinham contra o signo de Libra, afinal?). Ninguém deu importância, e quando o fim do mundo não aconteceu, os cidadãos locais resolveram dar uma surra no monge com vara de marmelo, em praça pública.


Durante muito tempo, ninguém mais anunciou o apocalipse.


ATÉ QUE...


William Whiston anunciou que o fim do mundo ocorreria num dilúvio em 13 de outubro de 1736 (Libra de novo!!!). Nada ocorreu, mas as pessoas já tinham esquecido há muito da "leva" de falsas previsões de 1500, e ficaram desesperadas. 13 de outubro de 1736 ficou sendo conhecido como o dia mais feliz para os batedores de carteira da época.


SÉCULO XX


NÃO ESTAMOS SÓS - AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, OS ADVENTISTAS E OS HINDUS TAMBÉM PISAM NO TOMATE DENTRE TANTOS FAZEDORES DE CONTINHAS.


ADVENTISTAS




Os adventistas adoravam fazer continhas mal feitas julgaram que o "Espírito de Deus" comovera primeiramente a Carlos Fitch. A própria pseudo "iluminada" Ellen White escreveu:


"Já em 1842, o Espírito de Deus comoveu a Carlos Fitch, a preparar um mapa profético, e que foi geralmente considerado pelos adventistas como o cumprimento da ordem dada pelo profeta Habacuc" (Ellen White, História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1988, p. 366-367).
Imagine-se um mapa profético !...


E repare que Ellen White, a maior autoridade para os adventistas, aceita que o "o Espírito de Deus comoveu a Carlos Fitch, a preparar um mapa profético". Ela admite essa loucura. Não a nega. Vai negar a conclusão, mas não a causa da comoção de Fitch.
Depois, os adventistas acreditaram nas continhas de William Miller, que:
"Equivocadamente raciocinou que a "purificação do santuário" era o fim do mundo, e a segunda vinda de Cristo. Em 1818, após dois anos de inenarrável concentração, ele chegou à impressionante conclusão de que Cristo retornaria "por volta do ano de 1843" (2.300 anos após 457), e que ""em cerca de vinte e cinco anos...todas as atividades do nosso estado presente serão encerradas".
"O fim dentro de vinte e cinco anos ? Então outros precisavam ser advertidos. Uma voz interior instava-o com freqüência: "Vai e anuncia isto ao mundo" (C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, São Paulo, p.13).


Essas são palavras de um autor adventista, num livro para adventistas.
Então meu caro, de quem era a voz que enganou William Miller em sua "inenarrável concentração"?


Seria a voz de Deus?


Mas Deus não mente e não engana!


De quem era, então, a voz enganadora e mentirosa ouvida pelo primeiro adventista ?
Você não advinha de quem era a voz ?


Você já ouviu dizer quem é o "pai da mentira" ?( Jo. VIII, 44).
E lá saiu Miller pregando a próxima chegada do segundo advento, julgando-se "tão certo quanto Pedro, Tiago e João haviam sido. Com a mesma clareza e pelo mesmo Senhor" (C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 16).
Miller acabou publicando que o fim do mundo e o segundo Advento de Cristo seria entre 21 de Março de 1843 e 21 de Março de 1844. (Cfr. C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 26).


Lá ficaram os "iluminados" a esperar a chegada de Cristo.
"Mas qual! A despeito de todos os sermões pregados, a despeito de todas as publicações distribuídas, de todas as campais realizadas, de toda a clara evidência bíblica de Miller, e a despeito de seu miraculoso chamado para anunciar isso ao mundo, o ano do fim do mundo passou e Cristo não voltou"( C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 27. A contradição é do autor adventista que escreveu isso).


E a despeito dessa clara e evidente prova de que Miller era um falso profeta, os seus sequazes continuam acreditando que ele fora chamado pela voz de Deus !!! Continuam escrevendo em seus livros que acreditam na "clara evidência bíblica de Miller" .


É preciso ser muito cego para não querer ver que a "clara evidência bíblica de Miller" era pura cegueira e ilusão diabólica.
E até hoje se anuncia nos outdoors da Marginal do Tietê que Cristo vem aí. Certamente Ele está atrasado por causa do engarrafamento do trânsito. Mas Ele vem aí. Depois de amanhã!


Logo apareceu outro iluminado, Samuel Snow, que, tirando a prova dos nove das contas feitas por Miller, descobriu que era preciso ter intercalado um tempo de "tardança". O novo alumbrado remarcou a data do fim do mundo para cinco meses depois (cfr. C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, pp 29-30).


Mas os primeiros adventistas, como os atuais, pouco se importam com a recomendação de São Pedro. Continuaram fazendo suas proféticas continhas com base no seu entendimento particular da Bíblia e remarcaram o fim do mundo para o dia 22 de outubro de 1844.
A própria Ellen White, a grande pseudo-profetisa do Adventismo, escreveu sobre a falsa previsão de Snow palavras que deixam o leitor pensando que a interpretação de Snow era correta, coisa que depois a mesma Ellen White vai afirmar ser uma interpretação errada da Escritura.
Escreveu Ellen White:


"No verão de 1844 os adventistas descobriram o engano de sua anterior contagem dos períodos proféticos, -- [a contagem de Miller] -- e chegaram a uma posição correta." (Ellen White, História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1988, p. 369.).


Ellen White é muito moderada em sua crítica. O erro não foi só nas contas. O erro fundamental foi o de imaginar que a "iluminação" deles vinha de Deus. Ellen White critica o engano matemático, e não condena o erro teológico do livre exame das Escrituras.


No dia marcado para o fim do mundo, os adventistas, crentes em continhas proféticas, aguardaram com ansiedade o "Advento do Senhor"...
Lá se foram eles para o alto de um monte aguardar o nascer do sol do dia final !
Aguardaram ansiosos. Aguardaram, crentes. Aguardaram o dia inteiro ...
E ...


Tan ! Tan! Tan! Taaam !
????????????????????????


E veio a noite. Rotineiramente chegou a noite, como em qualquer outro dia.
E veio a noite do... desapontamento. Chegou a noite para os iludidos "iluminados" !
Depois de Fitch, de Miller e de Snow, apareceu, então, mais um falso profeta, Hirã Edson, o "Cléopas do Milharal", que pretendia que Deus lhe havia dado a compreensão do "ministério sacerdotal de Cristo" e que com esse fato, nasceu a igreja Adventista (Cfr. C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 50).
Revelou o novo pseudo profeta que no dia 22 de outubro, não se deu o fim do mundo, mas que nesse dia "Cristo transferiu-se para o segundo [ Santuário] mais interior, o lugar santíssimo" (C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 51).
Palavra de Hirã Edson, o Cléopas do milharal !
E mais. Hirã gritava a sua "profecia" explicativa do porquê Cristo não havia vindo no dia 22 de outubro de 1844:


"Pode-se imaginá-lo gritando abertamente no campo: "Temos que esperar até que Jesus retorne das bodas ! As bodas são o casamento de Cristo com a sua noiva, a Nova Jerusalém, a capital de Seu novo reino ( Apoc. 21) (Cfr. C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 53).
"Ali estava uma resposta a suas orações ! O Céu dizia que o clamor da meia noite-- a proclamação da vinda do Noivo em 22 de outubro [de 1844]-- era luz genuína. Nenhuma explicação parao desapontamento foi dada, mas isso era realmente uma reafirmação" (Cfr. C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 59).
Entretanto, previne-nos o autor adventista que estamos citando, que não foi só Hirã Edson, que concedeu nova luz para entender o fiasco do dia do grande desapontamento: Ellen White ajudou a esclarecer o que ocorrera. Ellen White recebeu suas "luzes" do próprio Espírito Santo. Palavra de Ellen White! Palavra dos adventistas!
Palavra que tantas vezes ficara provado ser palavra falsa, enganada e enganadora.
Merwyn Maxwell conta como Ellen White vai aderir a essa "enrolação" , dizendo que teve uma visão da mesma cena da entrada de Cristo no santuário celestial, no dia 22 de outubro de 1844. Ela teria tido a visão confirmatória disso, em Exeter, Maine, em fevereiro de 1845 (Cfr. Cfr. C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, pp. 60-61).
Acredite quem amar delírios!
Jesus ainda não havia podido vir, porque estava assistindo à sua festa de casamento no segundo Santuário, no Santuário interior, lá no céu.
Logo mais Ele chega. É só acabar a festa lá em cima, que virá para "acabar com a festa" aqui em baixo.


A heresia é teimosa e incorrigível. Bem disse Nosso Senhor: "O pior cego é aquele que não quer ver". E ainda: "Se um cego guia outro cego, cairão ambos no abismo".
Fitch era cego. Miller era cego. Snow era cego. Hirã, "o Cléopas do milharal", era cego. E a "iluminada" Ellen White cegava com sua pretensa iluminação da entrada de Cristo no santuário celeste para as suas bodas com a sua Noiva, a Nova Jerusalém.
Os que se deixaram levar pelas vozes mentirosas que eles ouviram, e pelas continhas falsas que eles fizeram, eram mais cegos ainda do que eles.
Não lhes bastaram os fiascos escandalosos. Continuaram a acreditar na loucura de continhas mal feitas, nas vozes que profetizaram a mentira, nas iluminações de pitonisas, esquecendo-se do que disse Cristo: "Quanto ao dia e à hora, nem o Filho do Homem a conhece" (Mt XXIV 12).
E o que Cristo, enquanto homem, não conhecia, eles pretendiam, e pretendem, conhecer.
Essa historinha das bodas de Cristo foi a gagueira anunciada por Ellen White como profecia de Deus.


A própria Ellen White, a pitonisa do adventismo, escreverá que:


"Ficara demonstrado que estes dias proféticos terminariam no outono de 1844. Em conformidade com o resto do mundo cristão, os adventistas admitiam, nesse tempo, que a Terra ou uma parte dela, era o santuário, e que a purificação do santuário fosse a purificação da Terra pelos fogos do último grande dia. Entendiam que isso ocorreria na segunda vinda de Cristo. Daí a conclusão de que Cristo voltaria à Terra em 1844" (Ellen White, História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1988, p. 369).


O que ficou demonstrado foi que tudo não passou de uma falsa profecia. Alguns, graças a Deus, abandonaram o delírio. Outros porém, cegos pela sua ilusão e por seu orgulho, procuraram disfarçar o grande fiasco adventista de 1844, dizendo algo incrível.


"Por contraste, um pequeno mas animado grupo de mileritas [adeptos de Miller] preferiu crer que estavam corretos quanto ao tempo do retorno de Cristo. Jesus havia vindo em 22 de outubro, sem dúvida, mas invisivelmente e apenas para Seus verdadeiros crentes, isto é, para eles próprios" (C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 87).
Não é inacreditável? Cristo veio mesmo no dia 22 de outubro de 1844, mas veio invisivelmente. Por isso que ninguém o viu. E apesar de ninguém o ter visto, eles sabiam que Ele tinha vindo mesmo. E que até estava se casando com a Noiva - a Nova Jerusalém -- no Santuário celeste.
Isso é pura pertinácia no erro, para não dar o braço a torcer, para não reconhecer o erro patente.


"Por décadas [os adventistas] continuaram a estabelecer novas datas para o retorno de Cristo. Ainda existem, sendo cerca de 30 mil em número, com o nome de Igreja Cristã Adventista" (C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 88).


"Mas o sol de justiça não apareceu"(...) "As sombras do ocaso estendiam-se serena e friamente por sobre a terra. As horas da noite passavam vagarosamente. Em desconsolados lares de mileritas [seguidores de Miller], os relógios assinalaram doze horas da meia noite. 22 de outubro havia terminado. Jesus não viera. Ele não voltara !"(C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 34
"Não é sem razão que o dia 22 de outubro de 1844 passasse à História como o dia do grande desapontamento" (C. Merwyn Maxwell, História do Adventismo, p. 36)



TESTEMUNHAS DE JEOVÁ




Outros bons fazedores de continhas são as Testemunhas de Jeová vamos então citar na íntegra todas as falsas previsões feita pela Torre de Vigia em 1914, 1915, 1918, 1925, 1941, 1975 e 2000.


Nós apresentamos prova de que... a 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminará em 1914 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre..."- Estudos das Escrituras III, 1905, editorial 26 (em inglês)
"...a completa destruição dos poderes... deste mundo maligno - político, financeiro, eclesiástico - por volta do fim do Tempo dos gentios, outubro de 1914."- Estudos das Escrituras IV, 1897, págs. 604,622 (em inglês).


"A 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminará em 1915 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre...... consideramos uma verdade estabelecida que o final dos reinos deste mundo, e o completo estabelecimento do reino de Deus, se cumprirão próximo do fim de 1915 A.D."- Estudos das Escrituras III, 1915, editorial 101 e 99 (em inglês)


"Parece conclusivo que as 'dores de aflição' da Sião Nominal estão fixadas na passagem de 1918... há razões para crer que os anjos caídos invadirão as mentes de muitos da igreja nominal, levando-os a uma conduta excessivamente tola e culminando com sua destruição às mãos de massas enfurecidas... Também, no ano de 1918, quando Deus destruir as igrejas e seus membros aos milhões..." - O Mistério Consumado, 1917, págs. 128,129 e 485 (em inglês)


"Seja como for, há evidência de que o estabelecimento do Reino na Palestina será provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que nós uma vez tínhamos calculado [isto é, 1915]."- O Mistério Consumado, 1917, pág. 128 (em inglês)


"Por conseguinte, nós podemos esperar confiantemente que 1925 marcará o retorno de Abraão, Isaque, Jacó e os profetas fiéis da antiguidade... um cálculo simples dos jubileus traz-nos a este importante fato."- Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, págs. 88-90 (em inglês)


"... os meses que restam antes do Armagedom." - A Sentinela de 15/9/1941, pág. 288 (em inglês)


"Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente... A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos." - A Sentinela de 15/2/1969, pág. 115 (em português).


"O apóstolo Paulo servia de ponta de lança na atividade missionária cristã. Ele também lançava o alicerce para uma obra que seria terminada em nosso século vinte." - A Sentinela de 1/1/1989, pág. 12 (em português)


IGREJA BATISTA




A princípios do século XX, o conhecido Dr. Isaa M. Haldeman, pastor da Primeira Igreja Batista da cidade de Nova York, predisse que antes de que os judeus voltassem a Palestina apareceria o Anticristo. Em seu livro The Signs of the Times, págs. 452-453, Haldeman explicou: “As Escrituras ensinam que este homem (o Anticristo) será o principal fator de que voltem os judeus como conjunto a sua própria terra; que será o poder que consiga o sucesso do sionismo; que através dele triunfará o nacionalismo dos judeus”. Quando se fundou Israel em 1948, os judeus foram restaurados a Palestina sem que tivesse chegado o Anticristo.



HINDUÍSMO




Astrólogos hindus reúnem-se e anunciam que o fim do mundo ocorreria em 2 de fevereiro de 1962, por conta de um aglomerado planetário no signo de Capricórnio (vale aqui lembrar que a astrologia hindu é diferente da nossa, e eles utilizam o zodíaco sidéreo, e não o trópico).


O Primeiro Ministro da Índia, Nehru, teve um ataque e disse que isso tudo era ridículo.
Ainda assim, resolveu-se que uma tonelada e meia de manteiga seria queimada com o objetivo de invocar a proteção de Chandi Path, deusa da força. A liturgia hindu foi entoada quatrocentas e oitenta mil vezes por uma cadeia de duzentos e cinquenta sacerdotes.


Convencido pelos astrólogos indianos, o Primeiro Ministro da Birmânia, U Nu soltou três bois, três porcos, nove cabras, sessenta galinhas, sessenta patos, cento e vinte pombos, cento e vinte peixes e duzentos e dezoito caranguejos na esperança de aplacar as forças malignas.


Como nada aconteceu, ficaram todos felizes em ver que seus procedimentos foram aceitos e que os deuses não desejaram o fim do mundo.
Por fim, vale citar Nostradamus, o véio Nostra que, segundo intérpretes, previu o fim do mundo para quando a páscoa caísse em 25 de abril. Tal sincronia ocorreu em 1666, 1734, 1886, 1943. A próxima vez será em 2038 - isto se o mundo não acabar em 2012, como sugerem alguns estudiosos do Calendário Maia.


Ainda temos o grupo religioso TEMPO FINAL que divulga em 15 Dvds para o Brasil inteiro o FIM DO MUNDO para esse ano 2010! A IGREJA UNIVERSAL por meio de seu Bispo e Fundador Edir Macedo, preveram o fim do mundo para 2000, não aconteceu, então o Bispo disse "Jesus voltará antes de 2100!" Por favor nos poupe!!!!


E POR AI VAI, A LISTA É INFINITA DE TANTAS PREVISÕES, PRINCIPALMENTE SE VOLTARMOS A ANTIGUIDADE.


VOCÊ QUER SABER MAIS?


http://members.fortunecity.com/torredevigia/dossie.htm


White, Ellen , História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1988, p. 369.


www.tempofinal.com/prepare-se_n1.htm

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O HOMEM DE FERRO MAIS PARECE DE LATINHA QUANDO A MÁSCARA CAÍ.

Josef Stalin




Josef Vissarionovitch Stalin (em russo: Иосиф Виссарионович Сталин; Gori, 21 de dezembro de 1878 — Moscou, 5 de março de 1953) foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comité Central a partir de 1922 até a sua morte em 1953, sendo assim o líder soberano da União Soviética. Seu nome de nascimento era Ioseb Besarionis Dze Djughashvili (em georgiano: იოსებ ბესარიონის ძე ჯუღაშვილი; em russo: Ио́сиф Виссарио́нович Джугашви́ли, Ióssif Vissariónovich Djugashvíli). Em português seu nome é referido algumas vezes como José Estaline.
Sob a liderança de Stalin, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, e a expandir seu território, para um tamanho semelhante ao do Antigo Império Russo.



Biografia




Stalin em 1902, um jovem que acreditava poder mudar o mundo, o que ele não sabia era respeitar o livre arbitrio das pessoas.


Nascido em uma pequena cabana na cidade georgiana de Gori e filho de uma costureira e de um sapateiro, o jovem Stalin teve uma infância difícil e infeliz. Chegou a estudar em um colégio religioso de Tiflis, capital georgiana, para satisfazer os anseios de sua mãe, que queria vê-lo seminarista. Mas logo acabou enveredando pelas atividades revolucionárias contra o regime tsarista. Passou anos na prisão (por organizar assaltos, num dos quais 40 pessoas foram mortas) e, quando libertado, aliou-se a Vladimir Lenin e outros, que planejavam a Revolução Russa.
Stalin chegou ao posto de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1922 e 1953 e, por conseguinte, o chefe de Estado da URSS durante cerca de um quarto de século, transformando o país numa superpotência.
Antes da Revolução Russa de 1917, Stalin era o editor do jornal do partido, o Pravda ("A Verdade"), e teve uma ascensão rápida, tornando-se em novembro de 1922 o Secretário-geral do Comitê Central, um cargo que lhe deu bases para ascender aos mais altos poderes. Após a morte de Lenin, em 1924, tornou-se a figura dominante da política soviética – embora Lenin o considerasse apto para um cargo de comando, ele ignorava a astúcia de Stalin, cujo talento quase inigualável para as alianças políticas lhe rendera tantos aliados quanto inimigos. Seus epítetos eram "Guia Genial dos Povos" e "O Pai dos Povos".
De acordo com Alan Bullock, uma discordância com Stalin em qualquer assunto tornava-se não uma questão de oposição política, mas um crime capital, uma prova, ipso facto, de participação em uma conspiração criminosa envolvendo traição e a intenção de derrubar o regime Soviético.


A "Grande Purga" ou "Grande Expurgo"


Em 1928 iniciou um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura soviética, impondo uma grande reorganização social e provocando a fome-genocídio na Ucrânia (Holodomor), em 1932-1933. Esta fome foi imposta ao povo ucraniano pelo regime soviético, tendo causado um mínimo de 4,5 milhões de mortes na Ucrânia, além de 3 milhões de vítimas noutras regiões da U.R.S.S. Nos anos 1930 consolidou a sua posição através de uma política de modernização da indústria. Como arquitecto do sistema político soviético, criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender e deportar opositores, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como arma ideológica. A acção persecutória de Stalin, supõe-se, estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que o assassinato de Leon Trótski, então exilado no México é creditado a ele. Por mais que Trótski tomasse todas as providências para proteger-se de agentes secretos, Ramón Mercader, membro do Partido dos Comunistas da Catalunha, foi para o México e conseguiu ganhar a confiança do dissidente, para executá-lo com um golpe de picareta.
Desconfiando que as reformas econômicas que implantara produziam descontentamento entre a população, Stalin dedicou-se, nos anos 1930, a consolidar seu poder pessoal. Tratou de expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável desse ponto de vista, ele se encarregava de desacreditá-lo perante a opinião pública. Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado- e tido como sucessor presuntivo de Stalin - foi assassinado por um anônimo, Nikolaev, de forma até agora obscura; muitos consideram até hoje que Stalin não teria sido estranho a este assassinato. Seja como fôr, Stalin utilizou o assassinato como pretexto imediato para uma série de repressões que passaram para a história como o "Grande Expurgo".


Estes se deram no período entre 1934 e 1938 no qual Stalin concedeu tratamento duro a todos que tramassem contra o Estado soviético, ou mesmo supostos inimigos do Estado. Entre os alvos mais destacados dessa ação, estava o Exército Vermelho: parte de seus oficiais acima da patente de major foi presa, inclusive treze dos quinze generais-de-exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas. Sofreu a acusação de ser agente do serviço secreto alemão. Com base em documentos entregues por Reinhard Heydrich, chefe do Serviço de Segurança das SS, Tukhachevsky foi executado, além de deportar muitos outros para a Sibéria. Com isso foi enfraquecido o comando militar soviético; ou seja, Stalin acreditou nas informações de Heydrich, e sua atitudade acabou debilitando a estrutura militar russa, que no entanto conseguiu resistir ao ataque das tropas da Alemanha.
O principal instrumento de perseguição foi a NKVD. De acordo com Alan Bullock, o uso de espancamentos e tortura era comum, um fato francamente admitido por Khrushchev em seu famoso discurso posterior à morte de Stalin, onde ele citou uma circular de Stalin para os secretários regionais em 1939, confirmando que isto tinha sido autorizado pelo Comitê Central em 1937.


Depurações


A condenação dos contra-revolucionários nos julgamentos de 1937-38 depois das depurações no Partido, exército e no aparelho estatal, tem raízes na história inicial do movimento revolucionário da Rússia.
Milhões de pessoas participaram no quê acreditavam ser uma batalha contra o csar e a burguesia. Ao ver que a vitória seria inevitável, muitas pessoas entraram para o partido. Entretanto nem todos haviam se tornado bolcheviques porque concordavam com o socialismo. A luta de classes era tal que muitas vezes não havia tempo nem possibilidades para pôr à prova os novos militantes. Até mesmo militantes de outros partidos inimigos dos bolcheviques foram aceitos depois triunfo da revolução. Para uma parcela desses novos militantes foram dados cargos importantes no Partido, Estado e Forças Armadas, tudo dependendo da sua capacidade individual para conduzir a luta de classes. Eram tempos muito difíceis para o jovem Estado soviético e a grande falta de comunistas, ou simplesmente de pessoas que soubessem ler, o Partido era obrigado a não fazer grandes exigências no que diz respeito à qualidade dos novos militantes.De todos estes problemas formou-se com o tempo uma contradição que dividiu o Partido em dois campos - de um lado os que queriam ir para frente na luta pela sociedade socialista, por outro lado os que consideravam que ainda não havia condições para realizar o socialismo e que propunha uma política social-democrata. A origem destas últimas ideias vinha de Trótski, um antigo inimigo de Lênin que havia entrado para o Partido em Julho de 1917, ou seja pouco antes da insurreição. Trótski foi com o tempo obtendo apoio de alguns dos bolcheviques mais conhecidos. Esta oposição unida contra os ideais defendidas pelos marxistas-leninistas, eram uma das alternativas na votação partidária sobre a política a seguir pelo Partido, realizada em 27 de Dezembro de 1927. Antes desta votação foi realizada uma grande discussão durante vários anos e não houve dúvida quanto ao resultado. Dos 725.000 votos, a oposição só obteve 6.000 - ou seja, menos de 1% dos militantes do Partido apoiaram a Oposição trotskista.



Deportações


Antes, durante e depois da Segunda Guerra, Stalin conduziu uma série de deportações em grande escala que acabaram por alterar o mapa étnico da União Soviética. Estima-se que entre 1941 e 1949 cerca de 3,3 milhões de pessoas foram deportadas para a Sibéria ou para repúblicas asiáticas. Separatismo, resistência/oposição ao governo soviético e colaboração com a invasão alemã eram alguns dos motivos oficiais para as deportações.
Durante o governo de Stalin os seguintes grupos étnicos foram completamente ou parcialmente deportados: ucranianos, polacos, coreanos, alemães, tchecos, lituanos, arménios, búlgaros, gregos, finlandeses, judeus entre outros. Os deportados eram transportados em condições espantosas, frequentemente em caminhões de gado, milhares de deportados morriam no caminho. Aqueles que sobreviviam eram mandados a Campos de Trabalho Forçado.




Stalin como todo bom político sabia que uma criança no colo fazia uma grande diferença aos olhos do povo ingênuo.

Em fevereiro de 1956, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khrushchov condenou as deportações promovidas por Stalin, em seu relatório secreto. Nesse momento começa a chamada desestalinização, que, de chofre, engloba todos os partidos comunistas do mundo. Na verdade, esta desestalinização foi a afirmação de que Stalin cometeu excessos graças ao culto à personalidade que fora promovido ao longo de sua carreira política. Para vários autores anticomunistas, teria sido somente neste sentido que teria havido desestalinização, porquanto o movimento comunista na URSS deu prosseguimento à prática stalinista sem a figura de Stalin. De fato, a desestalinização não alterou em nada o caráter unipartidário do estado soviético e o poder inconteste exercido pelo Partido e pelos seus órgãos de repressão, mas significou também o fim da repressão policial em massa (a internação maciça de presos políticos em campos de concentração sendo abandonada, muito embora os campos continuassem como parte do sistema penal, principalmente para presos comuns), a cassação de grande parte das sentenças stalinistas e o retorno e reintegração à vida quotidiana de grande massa de presos políticos e deportados. A repressão política, muito embora tenha continuado, não atingiu jamais, durante o restante da história soviética, os níveis de violência do stalinismo, principalmente porque foi abandonada a prática das purgas internas em massa no Partido.
As deportações acabaram por influenciar o surgimento de movimentos separatistas nos estados bálticos, no Tartaristão e na Chechênia, até os dias de hoje.


Número de vítimas


Em 1991, com o colapso da União Soviética, os arquivos do governo soviético finalmente foram revelados. Os relatórios do governo continham os seguintes registros:


Número de mortos:


Executados: 800 mil


Fome e privações (gulags): 1,7 milhões


Reassentamentos forçados: 389 mil


Total: aproximadamente três milhões


Entretanto os debates continuam alguns historiadores acreditam que relatórios soviéticos não são confiáveis. E de maneira geral apresentam dados incompletos, visto que algumas categorias de vitimas carecem de registros – como as vitimas das deportações ou a população alemã transferida ao fim da Segunda Guerra.
Alguns historiadores acreditam que o número de vítimas da repressão estalinista não ultrapasse os quatro milhões; outros, porém, acreditam que esse número seja consideravelmente maior. O escritor russo Vadim Erlikman, por exemplo, fez as seguintes estimativas:


Número de mortos:


Executados: 1,5 milhão


Fome e privações (gulags): cinco milhões


Deportados: 1,7 milhão


Prisioneiros civis: um milhão


Total: aproximadamente nove milhões.


Os estudos continuam e alguns pesquisadores, como Robert Conquest acreditam em cerca de vinte milhões de vítimas.




Stalin encontra Churchill e Harry Truman em 1945, em Berlim, ao final da Segunda Guerra Mundial. O que uma Guerra não faz!!!!!!!


Em 23 de agosto de 1939, assinou com Adolf Hitler um pacto de não-agressão que ficou conhecido como Pacto Ribbentrop-Molotov, nome dos Ministros do Exterior alemão e soviético. Stalin esperava ganhar tempo e reorganizar a força industrial-militar da qual a União Soviética não poderia prescindir com vistas a um confronto com a Alemanha Nazista que para alguns sempre fora inevitável. E Hitler estava ansioso por evitar um confronto imediato com os soviéticos, pois naquele momento ocupar-se-ia de Reino Unido e França. O Pacto Molotov-Ribbentrop assegurou em setembro de 1939 a divisão do território polonês entre os nazistas e os soviéticos.




Se você não sabia essas duas figuras (Stalin e Hitler lutaram juntos contra a Polônia e Finlândia).


Mas a invasão da União Soviética pelas forças alemãs, em 1941, levou-o a aliar-se ao Reino Unido e aos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Sob a sua ferrenha direção, o exército soviético conseguiu fazer recuar os invasores — não sem perdas humanas terríveis — e ocupar terras na Europa Oriental, contribuindo decisivamente para a derrota da Alemanha Nazista.
Seus críticos, como Leon Trótski, denunciaram o pacto com o governo nazista como uma traição imperdoável e mais um dos crimes do stalinismo contra o movimento operário internacional. Já o stalinismo sempre considerou uma manobra de genial de Stalin objetivando impedir o avanço nazista, ganhando tempo, o que lhe permitiu vencer a Segunda Guerra Mundial.




Olha ele de novo no meio do povo ao qual ele mesmo viria a assassinar sumariamente. Povo acorda! Não vemos essa hoje em dia?


Com a sua esfera de influência alargada à metade oriental da Europa, nos chamados Estados Operários, Stalin foi uma personagem-chave do pós-guerra. Dominando países como a República Democrática Alemã, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária, Hungria e a Roménia, estabeleceu a hegemonia soviética no Bloco de Leste e rivalizou com os Estados Unidos na liderança do mundo.


Morte



Stalin morre em 1953.


Em 5 de março de 1953, Stalin morreu de hemorragia cerebral fato que, segundo muitos, ainda merece uma profunda investigação; existem aqueles que acreditam que ele foi assassinado.Os mais destacados historiadores mundiais, no entanto, ainda consideram que Stalin morreu de causas naturais.
Entretanto, vale destacar que o período imediatamente anterior ao seu falecimento, nos meses de fevereiro-março de 1953 foram marcados por uma atividade febril de Stalin nos preparativos de uma nova onda de perseguições e campanhas repressivas, exceção até para os padrões da era stalinista. Tratava-se do conhecido complô dos médicos: em 3 de janeiro de 1953, foi anunciado que nove catedráticos de medicina, quase todos judeus e que tratavam dos membros da liderança soviética, tinham sido "desmascarados" como agentes da espionagem americana e britânica, membros de uma organização judaica internacional, e assassinos de importantes líderes soviéticos. Tratava-se da preparação de um novo julgamento-espetáculo, desta vez com claros traços de anti-semitismo, que certamente levaria a um pogrom nacional, e que implicaria , segundo Isaac Deutscher, na auto-destruição das próprias raízes ideológicas do regime, razão pela qual a morte de Stalin pareceu a muitos ter sido provocada pelos seus seguidores imediatos, claramente alarmados diante da iminente fascistização promovida por Stalin. O fato de que Beria estivesse alheio à preparação deste novo expurgo fêz com que ele fosse apresentado como possível autor intelectual do suposto assassinato de Stalin; o fato é, no entanto, que Stalin era idoso e que sua saúde, desde o final da Segunda Guerra Mundial, era precária; aqueles que tiveram contato pessoal com ele nos seus últimos anos lembram-se do contraste entre sua imagem pública de ente semi-divino e sua aparência real, devastada pela idade. Simon Sebag Montefiore considera que, apesar de Stalin haver recebido assistência atrasada para o derrame que o vitimaria, a tecnologia médica da época nada poderia fazer por ele em termos terapêuticos.


Seu corpo ficaria exposto no mesmo salão que Lenin até o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), realizado as portas fechadas em fevereiro de 1956, no qual Nikita Khrushchov, seu sucessor, denunciou no chamado "relatório secreto" as práticas stalinistas, particularmente o chamado "culto à personalidade".
Malenkov assume o governo após a morte de Stalin mas, devido às posições que defendia, foi forçado a renunciar à liderança do Partido em 13 de março, sendo sucedido por Nikita Khruschev em setembro.


Após o XX Congresso do PCUS o corpo de Stalin foi enterrado próximo aos muros do Kremlin, sendo o túmulo mais visitado ali. Seu epíteto era "O Pai dos Povos".
Uma década após a morte de Stálin, sua política seria defendida e até seguida em parte por parte do novo secretário-geral, Leonid Brejnev, que após a saída de Khrushchov, tentaria "reabilitar" o nome de Stálin.


Em 1965, em uma comemoração dos vinte anos da Grande Guerra Patriótica, sob aplausos, citou pela primeira vez positivamente o nome de Stálin após sua morte, e disse que iria usar o mesmo título que usava o antigo líder, Secretário-Geral, o que na época era algo intolerável; realmente, Brejnev fora impedido por forças maiores de realizar a reabilitação de Stálin, mas seguiu uma política que se estruturava bastante nas raízes do Stalinismo, chamada Brejnevismo, que defendia a burocracia no estado, o culto da personalidade, a hegemonia soviética e o expansionismo do país, uma das poucas diferenças, era a invocação da paz pela parte desta doutrina; ficaria conhecida como "neo-stalinismo" e "doutrina Brejnev".


Em 1978, centenário de seu nascimento, a mando de Leonid Brejnev, seu túmulo foi reformado e um busto do antigo líder erguido sobre ele, tornando-se um túmulo de herói nacional.


Grande Expurgo


O Grande Expurgo (português brasileiro) ou Grande Purga (português europeu) (em russo: Большая чистка, transl. Bolshaya tchistka) foi uma ação persecutória movida pelo ditador soviético Josef Stalin (1879-1953) contra seus opositores políticos, verdadeiros ou não, entre os anos de 1934 e 1939. Súbita e inexplicavelmente, Stalin liquidou cerca de dois terços dos quadros do Partido Comunista da URSS, ao menos 5.000 oficiais do Exército acima da patente de major, 13 de 15 generais de cinco estrelas do Exército Vermelho – criado durante a Revolução Russa por Leon Trotsky, seu dissidente mais conhecido – e inúmeros civis, considerando-os todos "inimigos do povo".


É provável que algumas das vítimas de fato fossem dissidentes de suas reformas econômicas (conhecidas como Planos Quinquenais), mas a grande maioria das vítimas não apresentava nenhum indício de oposição direta ao ditador soviético.
De fato, os Planos Quinquenais – que Stalin promulgara com o intuito de transformar a União Soviética numa potência industrial-militar em tempo recorde – provocaram enorme descontentamento na população, muitas vezes forçada a sacrifícios de toda ordem para que as metas de produção industrial e de alimentos fossem cumpridas. Evidentemente, ninguém era louco de expressar abertamente seu desagrado com a política econômica stalinista, mas muitos denotavam um ar de insatisfação com os rumos traçados por Stalin.


No prefácio de 1938 à sua obra O ano I da Revolução Russa, o revolucionário russo-belga Victor Serge sintetiza o que, na altura desse ano, tinham já suposto as perseguições políticas de Stalin:


"Dentre os homens cujos nomes serão encontrados nas págians seguintes deste livro, apenas um sobrevive, Trotsky, perseguido há dez anos e refugiado no México. Lenin, Dzerjinski e Tchitcherin morreram antes, evitando assim a prostração. Zinoviev, Kamenev, Rykov e Bukharin foram fuzilados. Entre os combatentes da insurreição de 1917, o herói de Moscou, Muralov, foi fuzilado; Antonov-Ovseenko, que dirigiu o assalto ao Palácio de Inverno, desapareceu na prisão; Krylenko, Dybenko, Chliapnikov, Gliebov-Avilov, todos os membros do primeiro Conselho dos Comissários do Povo, tiveram a mesma sorte, assim como Smilga, que dirigia a frota do Báltico, e Riazanov; Sokolnikov e Bubnov, do Bureau político da insurreição estão presos, se é que ainda vivem; Karakhan, negociador em Brest-Litovsk, foi fuzilado; dos dois primeiros dirigentes da Ucrânia soviética, um Piatakov, foi fuzilado, e o outro, Racovski, velho alquebrado, está na prisão; os heróis das batalhas de Sviajsk e do Volga, Ivan Smirnov, Rosengoltz e Tukhatchevski foram fuzilados; Raskolnikov, posto fora da lei, desapareceu; dos combatentes dos Urais, Mratchkovsky foi fuzilado, Bieloborodov desapareceu na prisão; Sapronov e Viladimir Smirnov, combatentes de Moscou, desapareceram na prisão; o mesmo aconteceu com Preobrajenski, o teórico do comunismo de guerra; Sosnovski, porta-voz do Partido Bolchevique noprimeiro Executivo Central dos sovietes da ditadura, foi fuzilado; Enukidze, primeiro secretário desse Executivo, foi fuzilado. A companheira de Lenin, Nadejda Krupskaia, terminou seus dias não se sabe em qual cativeiro… Dentre os homens da revolução alemã, Yoffe suicidou-se, Karl Radek está preso; Krestinski, que continou atuando na Alemanha, foi fuzilado. Da oposição socialista-revolucionária de 1918, Maria Spiridonova, Trutovski, Kamkov, Karelin, provavelmente sobrevivam, porém na prisão já há 18 anos. Blumkin, que aderiu ao Partido Comunista, foi fuzilado. Entre os homens que, no Ano II, asseguraram a vitória da revolução, pequeno número ainda vive: Kork, Iakir, Uborevitch, Primakov, Muklevitch, chefes militares dos primeiros exércitos vermelhos, foram fuzilados; fuzilados os defensores de Petrogrado, Evdokimov e Okudjava, Eliava; fuzilado Fayçulla Khodjaev, que teve papel de grande importância na sovietização da Ásia Central; desaparecido na prisão, o presidente do Conselho dos Comissários dos Sovietes da Hungria, Bela-Kun… "


Sistemática de uma perseguição


Analisando-se o perfil das vítimas de Stalin, e os acontecimentos noticiados pela imprensa oficial da época, pode-se chegar a traçar um comportamento-padrão do Grande Expurgo. Mestre na intriga política, ele tratava de acusar políticos de médio ou alto escalão por crimes imaginários; as acusações eram cercadas de imensa publicidade, e o julgamento imposto à vítima não era de forma alguma justo. Frequentemente, os expurgados eram exilados para trabalhos forçados na Sibéria, onde morriam de fome, frio, doenças – ou de uma combinação destes três males.
Após silenciar a oposição no campo político, Stalin atacou o Exército Vermelho. A tropa criada por Trotsky para fortalecer a Revolução era agora uma potencial fonte de intrigas dentro do país, e o ditador soviético raciocinava que quaisquer conspirações destinadas a derrubá-lo passariam, direta ou indiretamente, pelos homens de quepe. Ao fim do expurgo, o alto comando do Exército Vermelho estava dilacerado, carente de oficiais competentes para comandar a defesa da URSS contra a Wehrmacht de Adolf Hitler.


A primeira vítima


Sergei Kirov era chefe do Partido Comunista em Leningrado. Reputado pelo carisma e pela competência administrativa, foi encontrado morto misteriosamente, a 1 de dezembro de 1934. Ninguém tem dúvidas de que Stalin ouvira falar e fora conivente com o crime, se é que não o ordenou pessoalmente. De qualquer maneira, usou a morte de Kirov como pretexto para iniciar uma perseguição implacável a seus oponentes políticos, que perduraria por cinco anos.


O caso Tukhachevsky


Mikhail Tukhachevsky era general-de-divisão na época do Grande Expurgo. Foi acusado –injusta e falsamente – de ser colaborador do Estado-Maior alemão. Sua morte foi a mais notável entre os generais do Exército Vermelho, por ser ele um veterano e bem reputado oficial. As provas seriam documentos forjados por Reinhard Heydrich, chefe do Sicherheitsdienst (serviço de segurança nazista), desejoso de enfraquecer o comando do Exército Vermelho e preparar o terreno para uma futura invasão alemã. Para que se tenha uma idéia, o Grande Expurgo matou mais oficiais de alta patente do que a II Guerra (o que não é surpresa, já que em guerras os oficiais de alta patente são comumente preservados da frente de batalha).


Consequências


Por mais que o povo soviético estivesse aterrorizado pelo Grande Expurgo, jamais ofereceu qualquer resistência ao delírio persecutório de Stalin. Muitas pessoas, temerosas de ser implicadas nas acusações, sempre as acatavam, por mais absurdas que fossem. A diplomacia ocidental ficou estarrecida com a dimensão da matança; em pelo menos uma ocasião, analistas militares britânicos afirmaram que a Polônia seria um aliado muito mais útil ao Reino Unido do que a Rússia stalinista.
Percebendo que os britânicos permaneciam indiferentes a suas propostas de aliança para conter o avanço nazista, e fiel ao homem inescrupuloso que era, Stalin concordou em fazer uma aliança com a Alemanha de Hitler. O acordo, conhecido como Pacto Ribbentrop-Molotov (uma referência aos ministros das Relações Exteriores de ambos países) ou Pacto de Não-Agressão, foi assinado entre a União Soviética e o Terceiro Reich em 23 de agosto de 1939, com validade de dois anos. Mas Hitler, é claro, jamais abriu mão de seu ódio aos que ele chamava de Untermensch (sub-humanos), atacando-os menos de dois anos depois, em 22 de junho de 1941.


VOCÊ QUER SABER MAIS?


Bullock, Alan, Hitler and Stalin : Parallel Lives - Vintage 1993 - pág.505


Michael, Kort, The Soviet colossus: history and aftermath, páginas 318 e 319


Bullock, Alan ,Hitler and Stalin : Parallel Lives - Vintage 1993 - pág.471

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal

quarta-feira, 28 de julho de 2010

REVOLUÇÃO QUE MUDOU O MODO DE VÊR O MUNDO.

Revolução Francesa



A Liberdade Guiando o Povo, por Eugène Delacroix.

Revolução Francesa era o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de estado do 18 Brumário de Napoleão Bonaparte. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade.
A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em 1789 o longo período de convulsões políticas do século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia constitucional e dois impérios.

Por que uma Revolução?

A França tomada pelo Antigo Regime era um grande edifício construído por cinquenta gerações, por mais de quinhentos anos. As suas fundações mais antigas e mais profundas eram obras da Igreja, estabelecidas durante mil e trezentos anos.
A sociedade francesa do século XVIII mantinha a divisão em três Ordens ou Estamentos típica do Antigo Regime – Clero ou Primeiro Estado, Nobreza ou Segundo Estado, e Povo ou Terceiro Estado – cada qual regendo-se por leis próprias (privilégios), com um Rei absoluto (ou seja, um Rei que detinha um poder supremo independente) no topo da hierarquia dos Estados. O Rei fora antes de tudo o obreiro da unidade nacional através do seu poder independente das Ordens, significando que era ele quem tinha a última palavra sobre a justiça, a economia, a diplomacia, a paz e a guerra, e quem se lhe opusesse teria como destino a prisão da Bastilha. A França sofrera uma evolução assinalável nos últimos anos: não havia censura, a tortura fora proibida em 1788, e a representação do Terceiro Estado nos Estados Gerais acabava de ser duplicada para contrariar a Nobreza e o Clero que não queriam uma reforma dos impostos. Em 14 de Julho de 1789, quando a Bastilha foi tomada pelos revolucionários, albergava oito prisioneiros.

Com a exceção da nobreza rural, a riqueza das restantes classes sociais na França tinha crescido imensamente nas últimas décadas. O crescimento da indústria era notável. No Norte e no Centro, havia uma metalurgia moderna (Le Cresot data de 1781); em Lyon havia sedas; em Rouen e em Mulhouse havia algodão; na Lorraine havia o ferro e o sal; havia lanifícios em Castres, Sedan, Abbeville e Elbeuf; em Marselha havia sabão; em Paris havia mobiliário, tanoaria e as indústrias de luxo, etc..
Existia uma Bolsa de Valores, vários bancos, e uma Caixa de Desconto com um capital de cem milhões que emitia notas. Segundo Jacques Necker, a França detinha, antes da Revolução, metade do numerário existente na Europa. Nobres e burgueses misturavam muitos capitais em investimentos. Antes da Revolução, o maior problema da indústria francesa era a falta de mão de obra.

Desde a morte do rei Luís XIV, o comércio com o exterior tinha mais do que quadruplicado. Em 1788, eram 1,061 milhões de livres, um valor que só se voltará a verificar depois de 1848. Os grandes portos, como Marselha, Bordéus, Nantes, floresciam como grandes centros cosmopolitas. O comércio interior seguia uma ascensão paralela.
Sabendo-se que existia uma burguesia tão enriquecida, muitos historiadores colocaram a hipótese de haver uma massa enorme de camponeses famintos. Na França, o imposto rural por excelência era a "taille", um imposto recolhido com base nos sinais exteriores de riqueza, por colectores escolhidos pelos próprios camponeses. A servidão dos campos, que ainda se mantinha em quase todos os países da Europa, persistia apenas em zonas recônditas da França, e sob forma muito mitigada, no Jura e no Bourbonnais. Em 1779, o Rei tinha apagado os últimos traços de servidão nos seus domínios, tendo sido imitado por muitos senhores.

Ao longo da História, a miséria tem provocado muitos motins, mas em regra não provoca revoluções. A situação da França, antes da Revolução, era a de um Estado pobre num país rico.

A Revolução

A Revolução Francesa pode ser subdividida em quatro períodos: a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa, a Convenção e o Diretório.
O período da Assembleia Constituinte decorre de 9 de Julho de 1789 a 30 de Setembro de 1791. As primeiras ações dos revolucionários deram-se quando, em 17 de Junho, a reunião do Terceiro Estado se proclamou "Assembléia Nacional" e, pouco depois, "Assembléia Nacional Constituinte". Em 12 de Julho, começam os motins em Paris, culminando em 14 de Julho com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e depósito de armas. Sob proposta de dois aristocratas, o visconde de Noailles e do duque de Aiguillon, a Assembleia suprime todos os privilégios das comunidades e das pessoas, as imunidades provinciais e municipais, as banalidades, e os direitos feudais. Pouco depois, aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão". O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas logo em 14 de Junho de 1791, se aprovou a Lei de Le Chapelier que proibia os sindicatos de trabalhadores e as greves, com penas que podiam ir até à pena de morte. Em 19 de Abril de 1791, o Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Católica, sendo aprovada em Julho a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os padres católicos passam a ser funcionários públicos.
O período da Assembléia Legislativa decorre de 8 de Outubro de 1791, quando se dá a primeira reunião da Assembléia Legislativa, até aos massacres de 2 a 7 de Setembro do ano seguinte. Sucedem-se os motins de Paris provocados pela fome; a França declara guerra à Áustria; dá-se o ataque ao Palácio das Tulherias; a família real é presa, e começam as revoltas monárquicas na Bretanha, Vendeia e Delfinado.
Entra o período da Convenção Nacional, de 20 de Setembro de 1792 até 26 de Outubro de 1795. A Convenção vem a ficar dominada pelos jacobinos (partido da pequena e média burguesia, liderado por Robespierre), criando-se o Comitê de Salvação Pública e o Comitê de Segurança Geral iniciando-se o reino do Terror. A monarquia é abolida e muitos nobres abandonam o país, vindo a família de Luís XVI a ser guilhotinada em 1793.

Vai seguir-se o período do Diretório até 1799, também conhecido como o período da "Reação Termidoriana". Um golpe de Estado armado desencadeado pela alta burguesia financeira marca o fim de qualquer participação popular no movimento revolucionário. Foi um período autoritário assente no exército (então restabelecido após vitórias realizadas em campanhas externas). Elaborou-se uma nova Constituição, com o propósito de manter a alta burguesia (girondinos) livre de duas grandes ameaças: o jacobinismo e o ancien régime.
O golpe do 18 de Brumário em 9 de Novembro de 1799 põe fim ao Diretório, iniciando-se a Era Napoleônica sob a forma do Consulado, a que se segue a Ditadura e o Império.
A Revolução Francesa semeou uma nova ideologia na Europa, conduziu a guerras, acabando por ser derrotada pela instalação do Império e, depois da derrota de Napoleão Bonaparte, pelo retorno a uma Monarquia na qual o rei Luís XVIII vai outorgar uma Carta Constitucional.

Causas da Revolução


Os sans-culottes eram artesãos, trabalhadores e até pequenos proprietários que viviam nos arredores de Paris. Recebiam esse nome porque não usavam os elegantes calções que a nobreza vestia, mas uma calça de algodão grosseira.

As causas da revolução francesa são remotas e imediatas. Entre as do primeiro grupo, há de considerar que a França passava por um período de crise financeira. A participação francesa na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, a participação (e derrota) na Guerra dos Sete Anos, os elevados custos da Corte de Luís XVI, tinham deixado as finanças do país em mau estado.
Os votos eram atribuídos por ordem (1- clero, 2- nobreza, 3- Terceiro Estado) e não por cabeça. Havia grandes injustiças entre as antigas ordens e ficava sempre o Terceiro Estado prejudicado com a aprovação das leis.
Os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e apenas uma ordem sustentava o país, deixando obviamente a balança comercial negativa ante os elevados custos das sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos gastos da corte do rei Luís XVI.
O rei Luís XVI acaba por convidar o Conde Turgot para gerir os destinos do país como ministro e implementar profundas reformas sociais e econômicas.

Sociais


O Terceiro-Estado carregando o Primeiro e o Segundo Estados nas costas.

A sociedade francesa da segunda metade do século XVIII possuía dois grupos muito privilegiados:

- o Clero ou Primeiro Estado, composto pelo Alto Clero, que representava 0,5% da população francesa, era identificado com a nobreza e negava reformas, e pelo Baixo Clero, identificado com o povo, e que as reclamava;

- a Nobreza, ou Segundo Estado, composta por uma camada palaciana ou cortesã, que sobrevivia à custa do Estado, por uma camada provincial, que se mantinha com as rendas dos feudos, e uma camada chamada Nobreza Togada, em que alguns juízes e altos funcionários burgueses adquiriram os seus títulos e cargos, transmissíveis aos herdeiros. Aproximava-se de 1,5% dos habitantes.

Esses dois grupos (ou Estados) oprimiam e exploravam o Terceiro Estado, constituído por burgueses, camponeses sem terra e os "sans-culottes", uma camada heterogênea composta por artesãos, aprendizes e proletários, que tinham este nome graças às calças simples que usavam, diferentes dos tecidos caros utilizados pelos nobres. Os impostos e contribuições para o Estado, o clero e a nobreza incidiam sobre o Terceiro Estado, uma vez que os dois últimos não só tinham isenção tributária como ainda usufruíam do tesouro real por meio de pensões e cargos públicos.
A França ainda tinha grandes características feudais: 80% de sua economia era agrícola. Quando uma grande escassez de alimentos ocorreu devido a uma onda de frio na região, a população foi obrigada a mudar-se para as cidades e lá, nas fábricas, era constantemente explorada e a cada ano tornava-se mais miserável. Vivia à base de pão preto e em casas de péssimas condições, sem saneamento básico e vulneráveis a muitas doenças.
A reavaliação das bases jurídicas do Antigo Regime foi montada à luz do pensamento Iluminista, representado por Voltaire, Diderot, Montesquieu, John Locke, Immanuel Kant etc. Eles forneceram pensamentos para criticar as estruturas políticas e sociais absolutistas e sugeriram a idéia de uma maneira de conduzir liberal burguesa.

Econômicas

A causa mais forte de Revolução foi a econômica, já que as causas sociais, como de costume, não conseguem ser ouvidas por si sós. Os historiadores sugerem o ano de 1789 como o início da Revolução Francesa. Mas esta, por uma das "ironias" da história, começou dois anos antes, com uma reação dos notáveis franceses - clérigos e nobres - contra o absolutismo, que se pretendia reformar e para isso buscava limitar seus privilégios. Luís XVI convocou a nobreza e o clero para contribuírem no pagamento de impostos, na altamente aristocrática Assembleia dos Notáveis (1787).
No meio do caos econômico e do descontentamento geral, Luís XVI da França não conseguiu promover reformas tributárias, impedido pela nobreza e pelo clero, que não "queriam dar os anéis para salvar os dedos". Não percebendo que seus privilégios dependiam do Absolutismo, os notáveis pediram ajuda à burguesia para lutar contra o poder real - era a Revolta da Aristocracia ou dos Notáveis (1787-1789). Eles iniciaram a revolta ao exigir a convocação dos Estados Gerais para votar o projeto de reformas.


Jacques Necker.

Por sugestão do Ministro judeu-suiço de origem prussiana Jacques Necker, o rei Luís XVI convocou a Assembléia dos Estados Gerais, instituição que não era reunida desde 1614. Os Estados Gerais reuniram-se em maio de 1789 no Palácio de Versalhes, com o objetivo de acalmar uma revolução de que já falava a burguesia.
As causas econômicas também eram estruturais. As riquezas eram mal distribuídas; a crise produtiva manufatureira estava ligada ao sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. Isso descontentou a burguesia.
Outro fator econômico foi a crise agrícola, que ocorreu graças ao aumento populacional. Entre 1715 e 1789, a população francesa cresceu consideravelmente, entre 8 e 9 milhões de habitantes. Como a quantidade de alimentos produzida era insuficiente e as geadas abatiam a produção alimentícia, o fantasma da fome pairou sobre os franceses.

Política

Em Fevereiro de 1787, o ministro das finanças, Loménie de Brienne, submeteu a uma Assembleia de Notáveis, escolhidos de entre a nobreza, clero, burguesia e burocracia, um projeto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da nobreza e do clero. Esta Assembleia não aprovou o novo imposto, pedindo que o rei Luís XVI convocasse os Estados-Gerais. Em 8 de Agosto, o rei concordou, convocando os Estados Gerais para Maio de 1789. Fazendo parte dos trabalhos preparatórios da reunião dos Estados Gerais, começaram a ser escritos os tradicionais cahiers de doléances, onde se registraram as queixas das três ordens. O Parlamento de Paris proclama então que os Estados Gerais se deveriam reunir de acordo com as regras observadas na sua última reunião, em 1614. Aproveitando a lembrança, o Clube dos Trinta começa imediatamente a lançar panfletos defendendo o voto individual inorgânico - "um homem, um voto" - e a duplicação dos representantes do Terceiro Estado. Várias reuniões de Assembleias provinciais, como em Grenoble, já o haviam feito. Jacques Necker, de novo ministro das finanças, manifesta a sua concordância com a duplicação dos representantes do Terceiro Estado, deixando para as reuniões dos Estados a decisão quanto ao modo de votação – orgânico (pelas ordens) ou inorgânico (por cabeça). Serão eleitos 291 deputados para a reunião do Primeiro Estado (Clero), 270 para a do Segundo Estado (Nobreza), e 578 deputados para a reunião do Terceiro Estado (burguesia e pequenos proprietários). Entretanto, multiplicam-se os panfletos, surgindo nobres como o conde d'Antraigues, e clérigos como o bispo Sieyès, a defender que o Terceiro estado era todo o Estado. Escrevia o bispo Sieyès, em Janeiro de 1779: “O que é o terceiro estado? Tudo. O que é que tem sido até agora na ordem política? Nada. O que é que pede? Tornar-se alguma coisa”. A reunião dos Estados Gerais, como previsto, vai iniciar-se em Versalhes no dia 5 de Maio de 1789... certamente isso causou um grande estrago.


A Assembleia Constituinte. Sessão inaugural dos Estados Gerais, em Versalhes (1789).

Os deputados dos três estados eram unânimes em um ponto: desejavam limitar o poder real, à semelhança do que se passava na vizinha Inglaterra e que igualmente tinha sido assegurado pelos norte-americanos nas suas constituições. No dia 5 de maio, o rei mandou abrir a sessão inaugural dos Estados Gerais e, em seu discurso, advertiu que não se deveria tratar de política, isto é, da limitação do poder real, mas apenas da reorganização financeira do reino e do sistema tributário.
O clero e a nobreza tentaram diversas manobras para conter o ímpeto reformista do Terceiro Estado, cujos representantes comparecem à Assembléia apresentando as reclamações do povo (materializadas nos "Cahiers de Doléances"). Os deputados da nobreza e do clero queriam que as eleições fossem por estado (clero, um voto; nobreza, um voto; povo, um voto), pois assim, já que clero e a nobreza comungavam os mesmos interesses, garantiriam seus privilégios.
O terceiro estado queria que a votação fosse individual, por deputado, porque, contando com votos do baixo clero e da nobreza liberal, conseguiria reformar o sistema tributário do reino. Ante a impossibilidade de conciliar tais interesses, Luís XVI tentou dissolver os Estados Gerais, impedindo a entrada dos deputados na sala das sessões. Os representantes do Terceiro Estado rebelaram-se e invadiram a sala do jogo da péla (espécie de tênis em quadra coberta), em 15 de junho de 1789, e transformaram-se na Assembléia Nacional, jurando só se separar após a votação de uma constituição para a França (Juramento da Sala do Jogo da Péla). Em 9 de julho de 1789, juntamente com muitos deputados do baixo clero, os Estados Gerais autoproclamaram-se Assembleia Nacional Constituinte.


O Juramento da Péla.

Essa decisão levou o rei a tomar medidas mais drásticas, entre as quais a demissão do ministro Jacques Necker, conhecido por suas posições reformistas. Em razão disso, a população de Paris se mobilizou e tomou as ruas da cidade. Os ânimos mais exaltados conclamavam todos a tomar as armas.
O rei decidiu reagir fechando a Assembléia, mas foi impedido por uma sublevação popular em Paris, reproduzida a seguir em outras cidades e no campo.
O Conde de Artois (futuro Carlos X) e outros dirigentes reacionários, defrontados a tais ameaças, fugiram do país, transformando-se no grupo dos émigrés. A burguesia parisiense, temendo que a população da cidade aproveitasse a queda do antigo sistema de governo para recorrer à ação direta, apressou-se a estabelecer um governo provisório local, a Comuna. Este governo popular, em 13 de julho, organizou a Guarda Nacional, uma milícia burguesa para resistir tanto a um possível retorno do rei, quanto a uma eventual mais violenta da população civil, cujo comando coube ao deputado da Assembléia e herói da independência dos Estados Unidos, Marie Joseph Motier, o Marquês de La Fayette.
A bandeira dos Bourbons foi substituída por uma tricolor (azul, branca e vermelha), que passou a ser a bandeira nacional. E, em toda a França, foram constituídas unidades da milícia e governos provisórios.


A Queda da Bastilha, símbolo mais radical e abrangente das revoluções burguesas.



A Tomada da Bastilha, por Jean-Pierre Louis Laurent Houel.


Sans-culottes.

Enquanto isso, os acontecimentos precipitaram-se e a agitação tomou conta das ruas: em 13 de julho constituíram-se as Milícias de Paris, organizações militares-populares. No dia 14 de julho, populares armados invadiram o Arsenal dos Inválidos, à procura de munições e, em seguida, invadiram a Bastilha, uma fortaleza que fora transformada em prisão política, mas que já não era a terrível prisão de outros tempos. Dentro da prisão, estavam apenas sete condenados: quatro por roubo, dois nobres por comportamento imoral, e um por assassinato. A intenção inicial dos rebeldes ao tomar a Bastilha era se apoderar da pólvora lá armazenada. Caiu assim um dos símbolos do Absolutismo. A Queda da Bastilha causou profunda emoção nas províncias e acelerou a queda dos intendentes. Organizaram-se novas municipalidades e guardas nacionais.
A partir de então, a revolução estendeu-se ao campo, com maior violência: os camponeses saquearam as propriedades feudais, invadiram e queimaram os castelos e cartórios, para destruir os títulos de propriedade das terras (fase do Grande Medo). Temendo o radicalismo, na noite de 4 de agosto, a Assembléia Nacional Constituinte aprovou a abolição dos direitos feudais, gradualmente e mediante amortização, além de as terras da Igreja haverem sido confiscadas. Daí por diante, a igualdade jurídica seria a regra.

A Elaboração de uma Constituição


Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

A Assembléia Nacional Constituinte aprovou a legislação, pela qual era abolido o regime feudal e senhorial e suprimido o dízimo. Outras leis proibiram a venda de cargos públicos e a isenção tributária das camadas privilegiadas. E, para dar continuidade ao trabalho, decidiu pela elaboração de uma Constituição. Na introdução, que seria denominada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration des Droits de l'Homme et du Citoyen), os delegados formularam os ideais da Revolução, sintetizados em três princípios: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade " (Liberté, Egalité, Fraternité). Inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos e divulgada em 26 de agosto, a primeira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (a que não terá sido estranha a ação do então embaixador dos EUA em Paris, Thomas Jefferson) foi síntese do pensamento iluminista liberal e burguês. Nesse documento, em que se pode ver claramente a influência da Revolução Americana, defendia-se o direito de todos à liberdade, à propriedade, à igualdade - igualdade jurídica, e não social nem econômica - e de resistência à opressão. A desigualdade social e de riqueza continuavam existindo.
O nascimento, a tradição e o sangue já não podiam continuar a ser os únicos critérios utilizados para distinguir socialmente os homens. Na prática, tais critérios foram substituídos pelo dinheiro e pela propriedade, que, a partir daí, passam a garantir a seus detentores prestígio social.


Palácio das Tulherias.

Pressionado pela opinião pública, Luís XVI deixou Versalhes, estabelecendo-se no Palácio das Tulherias, em Paris (outubro de 1789). Ali, o monarca era mais acessível às massas parisienses.
Fervilhavam os clubes: a imprensa tinha papel cada vez maior nos acontecimentos políticos. Jean-Paul Marat e Hébert escreviam artigos incendiários.


Cópia de um dos assignats (bônus do tesouro), que visavam a recuperar as finanças do Estado francês.

A nobreza conservadora e o alto clero abandonaram a França, refugiando-se nos países ainda absolutistas, de onde conspiravam contra a revolução. Numa reação contra os privilégios do clero e buscando recursos para sanar o déficit público, o governo desapropriou os bens da Igreja, colocou-os à venda e, com o produto, emitiu bônus do tesouro, os assignats, que valeram como papel-moeda, logo depreciado. As propriedades da Igreja passaram majoritariamente às mãos da burguesia, restando aos camponeses as propriedades menores, que puderam ser adquiridas mediante facilitações.
Em agosto de 1790, foi votada a Constituição Civil do Clero, separando Igreja e Estado e transformando os clérigos em assalariados do governo, a quem deviam obediência. Determinava também que os bispos e padres de paróquia seriam eleitos por todos os eleitores, independentemente de filiação religiosa. O papa opôs-se a isso. Os clérigos deveriam jurar a nova Constituição. Os que o fizeram ficaram conhecidos como juramentados; os que se recusaram passaram a ser chamados de refratários e engrossaram o campo da contra-revolução.
Procurando frear o movimento popular, a Assembleia Nacional Constituinte, pela Lei de Le Chapelier, proibiu associações e coalizões profissionais (sindicatos), sob pena de morte.


O retorno de Luís XVI a Paris após sua desastrada fuga.

No palácio real, conspirava-se abertamente. O rei, a rainha, seus conselheiros, os embaixadores da Áustria e da Prússia eram os principais nomes de tal conspiração. A Áustria e a Prússia, países absolutistas, invadiram a França, que foi derrotada porque oficiais ligados à nobreza permitiram o malogro do exército francês. Denunciou-se a traição na Assembléia. Em junho de 1791 a família real tentou fugir para a Áustria. O rei foi descoberto na fronteira, em Varennes, e obrigado a voltar. A assembléia Nacional, contudo, acabou por absolver Luís XVI, mantendo a monarquia. Para justificar essa decisão, alegou que o rei, ao invés de fugir, fora seqüestrado. A Guarda Nacional, comandada por La Fayette, reprimiu violentamente a multidão que queria a deposição do rei.

A Constituição de 1791


Proclamação da Constituição francesa de 1791.

Em setembro de 1791, foi promulgada a primeira Constituição da França que resumia as realizações da Revolução.
Foi implantada uma monarquia constitucional, isto é, o rei perdeu seus poderes absolutos e criou-se uma efetiva separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Além disso, foram concedidos direitos civis completos aos cidadãos.
A população foi dividida em cidadãos ativos e passivos. Somente os cidadãos ativos, que pagavam impostos e possuíam dinheiro ou propriedades, participavam da vida política. Era o voto censitário. Os passivos eram os não-votantes, como mulheres, trabalhadores desempregados e outros.