domingo, 3 de maio de 2020

CIVILIZAÇÕES ESQUECIDAS: HARAPPA


A
 primeira civilização da Índia e uma das maiores da Antiguidade, foi tão desenvolvida quanto o Egito e a Mesopotâmia. Mas sua história está apenas começando a ser desvendada.

O vaivém de peregrinos é intenso, frenético, louco. Eles chegam aos montes, vindos de pequenos vilarejos vizinhos, nos vales ao leste do Paquistão. As ruas, tomadas por mercadores itinerantes, ganham, aos poucos, o colorido dos artistas performáticos e das trupes de circo. Músicos ajudam a entreter as multidões. Luzes e sons misturam-se. Mulheres gazeteando pelas vias procuram peregrinos mais experientes, para dar a eles as oferendas religiosas que serão repassadas a divindades de lugares distantes – tudo para garantir que, no futuro, seus filhos sejam saudáveis e – preferencialmente – do sexo masculino. À primeira vista, este é apenas mais um tradicional ritual de cultura popular, desses que o tempo insiste em manter vivos.

E é mesmo. Conhecido por sang – algo como “feira de encontro” –, é realizado até hoje nas grandes cidades do vale do rio Indo, perto da fronteira entre o Paquistão e a Índia. Mas esconde uma curiosidade. Remete a uma das civilizações mais desenvolvidas de toda a Antigüidade, um povo que viveu ali, na mesma região, há milhares de anos. Não eram egípcios, nem mesopotâmios, tampouco chineses. Esse povo esquecido atingiu um surpreendente grau de desenvolvimento, comparável inclusive ao dos célebres vizinhos. A diferença é que não ficaram tão conhecidos – pelo menos nos dias de hoje –, embora tenham interagido profundamente com algumas dessas culturas avançadas. Eles eram a civilização do Vale do Indo, ou civilização harappiana, nome derivado de sua principal cidade, a capital Harappa.

Por volta de 3000 a.C., numa época em que Egito, Mesopotâmia e China começavam a esbanjar desenvolvimento e a ocupar o centro do mundo, os harapiannos floresciam no vale do rio Indo. Como as potências vizinhas, também dominavam técnicas e conhecimentos inimagináveis para aquele período da história. No seu auge, entre 2600 a.C. e 1900 a.C., espalharam-se por mais de 1500 vilas e estenderam-se por uma área duas vezes maior que o próprio Egito antigo e a Mesopotâmia. Ergueram cidades amplas e muito bem planejadas, com sistemas de drenagem sofisticados e prédios muitos complexos, e já conheciam as técnicas de fundição a mais de 930°C. Eram artesãos habilidosos que se destacavam principalmente por seus trabalhos com cerâmica e argila.

O conhecimento traçou os rumos de Harappa. Seus habitantes abriram rotas comerciais que os levaram ao Golfo Pérsico, à Ásia Central e à Mesopotâmia. Por outro lado, as cidades harappianas viraram centros de comércio do mundo antigo. O artesanato local espalhou-se, tendo sido encontrado até nos sítios arqueológicos mesopotâmios. Textos antigos desta civilização, as inscrições cuneiformes, também comprovam o contato entre as duas culturas. Falam sobre o comércio com povos originários da distante Índia, que costumavam chamar de Meluha e Makkan. Assim como ainda acontece atualmente, naquela época os moradores dos pequenos vilarejos harappianos iam para as grandes cidades em dias de festivais – ou feiras de encontro, para comprar, vender ou trocar produtos, participar de cerimônias e até para rever familiares.
Democracia e Religião
Apesar de ser a maior das quatro civilizações da Antigüidade, o Vale do Indo só foi descoberto em 1920, quando arqueólogos escavaram parte das ruínas de Harappa e Mohenjo-daro, as duas maiores cidades da região, áreas que hoje correspondem às províncias paquistanesas de Punjab e Sindh, respectivamente. Mesmo assim, ainda há muito a ser escavado e, principalmente, desvendado. Questões básicas sobre estes povos continuam sem respostas. Vários sítios arqueológicos permanecem intocados, incluindo grandes cidades, e sua escrita está longe de ser decifrada. Alguns pontos, porém, são dados como certos.

A semelhança entre as plantas e a arquitetura das cidades harappianas, por exemplo, mostram que o Vale do Indo mantinha uma estrutura social e econômica uniforme. A economia era baseada na produção agrícola e nas atividades comerciais. Ou seja, comerciantes e artífices tinham grande influência na sociedade e, muito provavelmente, compunham a elite dominante. O povo era pacífico e não apresentava uma cultura belicosa, embora possuísse armas como lanças e espadas. Não havia reis nem teocratas – prova disso é a inexistência de palácios e templos suntuosos, mesmo nas ruínas das grandes cidades. As maiores construções eram mercados e prédios de banhos públicos, algo tão sofisticado para época que nem mesmo no Império Romano, dois mil anos depois, este tipo de facilidade chegava às classes mais baixas. “As principais edificações não são voltadas para os líderes, mas sim para a população. Isso sugere, inclusive, que havia um possível exercício arcaico de democracia, baseado principalmente em valores econômicos”, comenta o professor de cultura da Índia e língua sânscrita Carlos Eduardo Barbosa, do Instituto Narayana, de São Paulo.

Essa organização social não exclui, no entanto, a participação e a influência de líderes religiosos na sociedade. É provável que eles tenham sido a chave para manter unida uma civilização tão abrangente, que não tinha como característica usar a força para subjugar outros povos. Apesar de não haver provas arqueológicas da existência destes líderes, existem estudos que indicam que eles formavam uma elite dominante, que manteve a hegemonia por meio da religião e de rituais sagrados. “É o que aconteceu mais tarde com o hinduísmo, em que milhões de pessoas permaneceram unidas não pelo uso da força, mas sim da persuasão”, pondera Iravatham Mahadevan, do Conselho de Pesquisa Histórica da Índia, que há mais de 30 anos estuda a escrita do Vale do Indo. “Além disso, existem selos encontrados nos sítios arqueológicos que mostram a prática de rituais sagrados, com adorações a deuses nus, sentados em posição de yoga”, acrescenta Mahadevan.

Apogeu e decadência

Embora não se saiba muito da cultura do povo harappiano, sabe-se que a cidade de Harappa viveu seu boom econômico entre os séculos 2800 a.C. e 2600 a.C. Foi nesse período que os artesãos desenvolveram técnicas avançadas de manipulação de argila e outras matérias-primas, criando tijolos simétricos de barro e objetos refinados de cerâmica cobertos por uma espécie de esmalte. A fabricação de produtos têxteis também decolou aí. Enquanto os egípcios notabilizavam-se pela manufatura de peças de linho, os harappianos teciam com algodão. Surgiu nessa época ainda o sistema formal de escrita local, estampada em vários vasos e selos de argila encontrados nos sítios arqueológicos. Estes objetos, ilustrados com figuras geométricas ou representações de animais, parecem ter tido uso comercial ou administrativo. Seriam usados basicamente pela elite dominante e funcionavam como um mecanismo de controle econômico e demonstração de poder político.
Alguns pesquisadores, como Mahadevan, acreditam que eles também indicavam os títulos de seus usuários e até nomes e profissões. Para os harappianos, seria algo útil numa cidade que chegou a ter cerca de 80 mil habitantes, segundo as estimativas do arqueólogo Jonathan Mark Kenoyer, professor de antropologia da Universidade de Wisconsin e um dos líderes dos grupos de escavações dos sítios arqueológicos. Esses e outros segredos de Harappa, no entanto, continuam escondidos atrás de um enigma: a indecifrável escrita do Vale do Indo.

Depois de quase dois mil anos de existência, a civilização do Vale do Indo começou a entrar em declínio. Várias teorias explicam esta fase, mas nenhuma é unânime. A mais aceita combina uma série de motivos. O primeiro deles seria a incapacidade da elite em manter a ordem num território tão vasto e povoado, que por volta de 1900 a.C. já se estendia para além das planícies do rio Ganges. “Essa falta de autoridade levou a uma reorganização da sociedade, não apenas em Harappa mas em toda a região do Vale do Indo”, escreveu Kenoyer em artigo publicado na revista Scientific American. Prova disso é o desaparecimento gradual de símbolos característicos da região, como os selos, vasos e pesos usados na taxação e comércio de produtos.
Outro fator importante para a queda da civilização harappiana foram as alterações climáticas que ocorreram ao longo dos séculos, possivelmente causadas pelo crescente desflorestamento para obtenção de matérias-primas. Em 2000 a.C., um dos mais importantes rios da região, o Sarasvati, começou a secar e deixou várias cidades sem uma base viável de subsistência. Estas populações teriam migrado para áreas agrícolas e cidades como Harappa e Mohenjo-daro, superpovoando lugares que não tinham estrutura para receber mais pessoas. Por conseqüência, os mecanismos de manutenção das rotas comerciais acabaram comprometidos.

Uma das teorias mais antigas, porém, conta outra história. Teria havido uma simples dispersão da população para outras regiões. Mas esta é uma hipótese pouco considerada pelos estudiosos atualmente. “Vestígios arqueológicos encontrados em escavações recentes mostram que as cidades continuavam habitadas entre 1900 a.C. e 1300 a.C.”, escreveu Kenoyer. Uma terceira tese atesta ainda que os harappianos foram aniquilados pelos indo-arianos a partir do segundo milênio antes de Cristo. De fato, o período entre o ano 2000 a.C e o ano 1300 a.C. foi bastante conturbado, com guerras eclodindo em várias partes do mundo. Além disso, existem indícios de batalhas nos sítios arqueológicos do Vale do Indo.

Mesmo assim, é pouco provável que os indo-europeus tenham destruído toda a civilização. A maioria dos especialistas acredita que a imigração ariana aconteceu depois que os harappianos entraram em declínio – e a relação entre estes povos foi muito provavelmente pacífica. “Quando chegaram à região, os indo-europeus tornaram-se sedentários e seus rebanhos ajudaram a fertilizar os campos agrícolas. Em troca, seus cavalos alimentavam-se da palha da cevada que era produzida pelos agricultores”, argumenta Barbosa. E por fim há uma hipótese indiana ultra-nacionalista, que acredita no caminho inverso ao ensinado pelo etnocentrismo europeu. Ela defende a idéia de que a civilização do Vale do Indo deu origem aos védicos, povos que surgiram logo em seguida aos harappianos e formularam o Rig Veda, a mais antiga escritura sagrada hindu. De acordo com a tese, eles conquistaram os sumérios e teriam expandido seus domínios para o oeste, influenciando também os povos do Ocidente. Ufanismo? Pode ser. Mas esta também é mais uma pergunta que continua sem resposta.

Altos e baixos no Vale do Indo

Os harappianos deixaram uma herança para a Índia

3300 a.C. – 2800 a.C.
É a primeira fase da civilização harappiana, chamada de Ravi. No começo deste período, plantam trigo, cevada e leguminosas. Técnicas especializadas de artesanato avançam pelo vale do rio Indo e as primeiras rotas comerciais começam a se desenvolver, com pequenos vilarejos formando-se ao seu redor. Na mesma época, sumérios construíam os primeiros zigurates e egípcios enterravam seus mortos junto com suas riquezas em túmulos de tijolos de barro.
2800 a.C. – 2600 a.C.
Período conhecido como Kot Diji. Harappa torna-se um próspero centro econômico, dando início à urbanização. Artesãos aprimoram suas técnicas e produzem peças refinadas de cerâmica esmaltada, trabalhando com fornos em altas temperaturas. Aumenta a quantidade de matérias-primas que chegam à cidade, em carroças e barcos. Rodas feitas de terracota surgem neste período.

2600 a.C. – 1900 a.C.
É o apogeu da civilização do Vale do Indo, com mais de 1.500 vilas espalhadas por uma área muito maior do que a de todas as antigas civilizações juntas, com exceção da China. As rotas comerciais chegam até o Golfo Pérsico, à Ásia Central e à Mesopotâmia. Cidades amplas e bem planejadas multiplicam-se, com sistemas de drenagem e prédios sofisticados.

1900. a.C. – 1300 a.C.
Uma série de fatores ocasiona a queda de Harappa. Entre os motivos estão até variações climáticas, que provocaram a seca do rio Sarasvati. Há indícios de batalhas nos restos arqueológicos, mas pesquisadores não acreditam que a civilização tenha sido aniquilada por outros povos. A cultura em torno do Ganges assume a hegemonia.

1300 a.C. – 1000 a.C.
Uma nova ordem social entra em vigor. Seguidores da religião védica, que falam línguas indo-arianas, como o sânscrito, povoam o subcontinente indiano. O urbanismo e a arte harappiana, no entanto, sobrevivem. Artesanatos continuam sendo produzidos na regiãodo Vale do Indo, embora adaptados a novas exigências. Surgem garrafas e contasde vidro. Mais tarde, desenvolvem, paralelamente ao Ocidente, o aço.

 A sociedade das castas

Com o fim de Harappa, a Índia foi retalhada. Surgiu em cena o modelo que bagunça a estrutura social do país até hoje.

A divisão da sociedade indiana em castas surgiu da turbulência social e das invasões do subcontinente, logo após o declínio de Harappa. Foram criadas pelos védicos (hindus), na tentativa de instaurar a ordem e acalmar os ânimos das diferentes lideranças. A idéia era instituir territórios culturais das linhagens familiares. No início, quatro castas foram estabelecidas a partir da observação das aptidões naturais de cada grupo: brâhmanes, a classe dos sábios, sacerdotes e professores, incumbidos da orientação espiritual e aconselhamento dos governantes; kshatrias, a casta guerreira, encarregada de manter a ordem política e garantir a proteção social; vayshias, composta por comerciantes, artesãos e grandes proprietários de terras, responsáveis pela economia da sociedade; e shudras,ou trabalhadores braçais,que deveriam seguir os desígnios das outras três classes. De acordo com a teoria da invasão indo-ariana, esta era a casta dos harappianos, depois que foram assimilados pelos védicos. Com o passar dos anos, as castas multiplicaram-se e, hoje, estima-se que haja mais de 2000. Surgiram, por exemplo, os párias, cujo grau mais baixo é o dos chantalas – ou intocáveis, pessoas sem função social, como mendigos e andarilhos. O sistema das castas durou com relativa organização até o século 17, quando foram declaradas hereditárias. Até então, havia alguma mobilidade e pessoas de uma determinada classe poderiam ascender socialmente. Com a nova medida, a bagunça foi geral. Chegou a tal ponto que, no século 19, o guru hindu Sri Ramakrishna declarou o fim das estratificações. Oficialmente, porém, a estranha divisão da sociedade perdurou até 1960, quando as castas foram finalmente banidas por lei. Mas, na prática, a história é diferente. Até hoje elas são mantidas vivas pelo preconceito e por iniciativas do próprio governo indiano, que cria empregos, por exemplo, apenas para castas menos privilegiadas.

Que língua é essa?

Como ninguém consegue decifrar o harappiano, a civilização do Vale do Indo permanece envolta em mistérios que estão longe de serem desvendados.

O povo de Harappa deixou ruínas de grandes cidades como herança arqueológica, mas a única forma de escrita encontrada pelos pesquisadores são as pictografias dos selos e outros ornamentos artesanais. Decifrá-las segue sendo o desafio de estudiosos mundo afora. Primeiro, porque não existe – ou, pelo menos, não foi descoberta – uma Pedra de Roseta que contenha inscrições em duas línguas para ajudá-los a quebrar o código. Além disso, a variação de sinais dos milhares de selos achados pelos arqueólogos é muito pequena – há uma média de cinco por objeto, apenas, repetidos em outras peças. "Tudo indica que a disposição é totalmente aleatória. Se alguém encontrar uma placa de automóvel daqui a milhares de anos, por exemplo, dificilmente vai dizer que se trata de uma forma de escrita", compara o professor Carlos Eduardo Barbosa.

É certo que estes sinais foram amplamente difundidos na maioria das cidades da civilização harappiana, por causa da unidade cultural e das necessidades econômicas desses povos. A maior parte dos selos reproduz, também, figuras de animais e objetos usados em rituais. A imagem de unicórnios é a mais comum (aparece em 65% das peças), mas há desenhos de elefantes, búfalos, tigres, rinocerontes e outros animais.

Uma possibilidade sustentada por pesquisadores é a de a escrita harappiana ser a forma arcaica de alguma língua dos dravidianos, que habitaram o norte e noroeste do subcontinente. Como o balúchi por exemplo, que ainda é falado no Baluchistão e em algumas partes do Irã. "Mas isso é apenas uma teoria. A única coisa que podemos dizer é que são sinais escritos da direita para a esquerda, assim como o árabe e ao contrário do sânscrito", avalia o estudioso indiano, Iravatham Mahadevan. Mas ele ainda tem esperança de encontrar a chave da antiga civilização. "Sempre existe a possibilidade de se descobrir algo novo, um objeto ou mesmo uma tábua de argila bilíngue, em lugares como o Oriente Próximo. Os harappianos fundaram espécies de colônias por lá e é bem capaz de terem fabricado objetos com traduções na língua local".


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(HARAPPA)

quinta-feira, 16 de abril de 2020

A História dos zoológicos humanos



Zoológico humano de senegaleses na Bélgica.

Autora: Isabel Cristina S. Pedroso, estudante e colaboradora do Construindo História Hoje.

Os zoológicos humanos surgiram em 1874, ano o qual o mundo vivia o Neocolonialismo. Neste ano um vendedor de animais selvagens chamado Karl Hagenbeck, resolveu apresentar à visitantes, nativos de Samoa e da Lapônia. Diante do sucesso que obteve com essa exibição e outras, resolveu em 1876 encaminhar seu ajudante ao Sudão egípcio, com o objeto de trazer novos animais para sua atração. Esse novo modelo de negócio se estendeu por variados países, como Alemanha, Inglaterra, Noruega, França e entre outros. Assim, com essa popularidade uma exibição qualquer recebia em torno de 300 mil espectadores, e era perceptível que para a população ocidental os nativos eram inferiores e selvagens. Esses visitantes arremessavam alimentos e itens sem valor, sem contar que falavam sobre suas fisionomias, o comparando-os com primatas. As exposições tinha como objetivo saciar o sadismo europeu que se consideravam superiores a outros povos, e estavam cada vez mais espalhando pelo mundo, uma imagem de inferioridade dos nativos. Com essa errônea animalização de outro ser, é absurdo perceber o quanto jornalistas,
políticos ou até cientistas não se comoveram com a atual situação dos nativos, em relação às precárias condições sanitárias e moradia.

Até mesmo publicações científicas apresentam o povo nativo como uma conquista colonial e um povo medíocre, por exemplo a obra do Conde de Gobineau concretiza a desigualdade racial, onde aponta diferenças da inteligência, força física e beleza das formas, criando as noções de “raças superiores” e “raças inferiores”. O médico Samuel George Morton afirmava que os crânios possuem diferentes tamanhos, e quanto maior forem, maior o cérebro e a inteligência contida. Assim, Samuel, abordava que os crânios de europeus e americanos eram significamente maiores do que os de africanos, mongóis, tasmanianos e entre outros. Com isso, eram considerados raças inferiores podendo serem escravizados e torturados, Samuel e diversos outros médicos realizavam o racismo científico, trazendo abordagens para os povos negros serem considerados "estranhos" e inferiores.

O desenvolvimento científico na análise da espécie humana, fez com que fosse visto a espécie humana como um todo, e diferentes etnias dentro da mesma, e junto com a criação de universidades e colégios, auxiliou com que muitas pessoas possuíssem consciência sobre isso. Hoje em dia não temos mais situações como ao zoológico humano, mas pessoas negras ainda enfrentam diferentes problemas na sociedade, como falta de empregabilidade, olhares de julgamentos, falas desnecessárias sobre o cabelo ou cor de pele, e entre outras. Atos como esses de 1874 jamais serão aceitos e cometidos novamente, já que hoje em dia possuímos leis sobre os direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada após a Segunda Guerra Mundial em resposta às atrocidades cometidas com os Judeus.

Isabel Cristina S. Pedroso

segunda-feira, 30 de março de 2020

Humanidade, mais que um principio filosófico!




"A espécie humana não é boa, mas ela possui um grande potencial para o bem. Tangência a bondade e beira a monstruosidade, mas tenho esperança que um dia voltaremos a ser o que já fomos em um passado há muito esquecido. Quando éramos humanos no sentido literal da palavra e não como somos hoje, aonde humanidade é mais um princípio filosófico do que uma experiência vivida!"

Leandro Claudir Pedroso

domingo, 29 de março de 2020

Crônicas esquecidas!


              Vejo por meio da neblina de muitas eras da antiguidade, tantas quando qualquer livro ou civilização possam ter vestígios. Somente por pedras encontramos os restos de um mundo há muito esquecido. Vejo antes que as grandes águas se erguessem, antes que sua civilização se degenerasse e abandonasse os caminhos da verdade do Criador. Um mundo aonde as vimanas cruzavam os céus e às águas, unindo os dois grandes reinos de justiça, prosperidade e paz. A humanidade era uma grande família, não haviam guerras, doenças ou sofrimento, a longevidade de seu povo era inimaginável.

            Até que a escuridão foi derrubada na terra, ela corrompeu a ciência dos reinos, degenerou suas almas e mudou a ordem natural do Criador. Os reinos das terras do Norte das grandes águas e do Sul das baixas águas se digladiaram em  um conflito hediondo, aonde sua ciência foi usada para replicar o poder do  Sol em armas e envenenar suas cidades. Então lágrimas do céu caíram, os abismos se abriram e os povos dos dois reinos  foram tragados pelas águas. Tudo que eram foi esquecido, mergulhado nas profundezas das águas e revolvidas  pela abertura dos abismos.


             Hoje o que restou deles é relegado aos mitos, mas o sonho dos fundadores dos reinos ainda vive dentro de seus descendentes das Terras Novas, sonho escondido nas entranhas de sua carne e de seu sangue. Sangue que clama por aquele que os criou: Bereshit bará Elohim (no princípio criou Deus)!

Leandro Claudir Pedroso

quarta-feira, 25 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte IV.





Leandro Claudir Pedroso

            Seguimos agora com mais uma parte do resumo do livro “As Crônicas de Nárnia”, espero que estejam gostando deste meu humilde trabalho, pois sei que muitos não possuem tempo para ler livros extensos, e na dúvida acabam nem começando algumas leituras por não conhecerem bem o livro. Vejo nos resumos e resenhas uma luz para estes amantes da leitura que não podem dispender de muito tempo para as mesmas. Iniciemos então mais uma parte....

            As crianças são ajudas pelo recém transformado em cavalo alado, Pluma. Ele irá conduzi-las até a montanha onde está o jardim, ao chegar lá deverão cumprir a missão dada por Aslam. Voando com Pluma a viagem ficará mais curta, e ao chegarem lá encontram o jardim cercado por uma cerca de relva, com um portão feito de ouro que possuí uma placa contendo um alerta que dizia: “quem ali entrar deverá pegar a fruta para outro e não para si.”

            Somente Digory entra no jardim, lá encontra várias árvores e no centro da macieira, ele pega uma maça e coloca no bolso para levar, mas ao ir em direção a saída se depara com a rainha Jadis, sentada no chão comendo uma maça, todo seu orgulho está expresso em si. Mas seu semblante é pálido, como no alerta da entrada ela está sendo consumida pelo seu próprio desejo de poder.

            Jadis vê Digory e tenta convencê-lo a levar a maça da eterna juventude para sua mãe que se encontra mortalmente doente. Digory resiste as investidas malignas da rainha e volta o mais rápido possível para Aslam e entrega a maça para ele, Aslam pede que enterre a maça. Nesse meio tempo o grande Leão coroa o ex-cocheiro como Rei Franco de Nárnia e sua esposa como Rainha Helena, após a coroação resplandecem de coragem e bondade.


            Tio André encontra-se preso em uma gaiola feita de árvores, o Leão Aslam estão explica a Digory que tudo continuará crescendo rapidamente ali por algum tempo, mas depois irá parar. Também explica que seu tio André está separado dele por seus pecados e não consegue ouvir sua voz, somente seus rugidos, não podendo deste modo ser consolado por ele, e para acalma-lo faz  com que caia em um sono profundo. Enquanto isso, a maça plantada por Digory, cresce e transforma-se em uma frondosa macieira que protegerá Nárnia da feiticeira com seu perfume. Com o tempo a feiticeira tornar-se-á mais forte, mas sua eternidade lhe será por tormento.

            Aslam explica que ao plantar a maça o que importa é a intensão do coração de quem a planta, se a intensão fosse má, Nárnia se tornaria como Charn, um império poderoso e cruel. Por que a feiticeira comeu um dos frutos do jardim com a intensão má, não poderá se aproximar desta árvore plantada com intensão boa.

            O grande leão entrega para Digory uma maça que acabou de nascer da macieira e diz para o menino entregá-la para sua mãe, que ao comê-la ficará curada. Então leva Digory, Polly e tio André para o “Bosque entre dois mundos” e lá deixa uma alerta para eles: o que aconteceu em Charn poderá acontecer no mundo dos filhos de Adão se não se mantiverem no caminho do bem. Não há mais lago para Charn, em seu mundo algum tirano poderá descobrir também a palavra execrável e leva-lo ao mesmo fim! Pede às crianças que enterrem os anéis. Aslam envolve todos em sua face de luz, todos sentem bondade e paz, e em minutos estão novamente em Londres, mas era como se a confusão cauda pela feiticeira em frente a casa do tio André acabasse de acontecer.

            Digory leva a maça correndo para sua mãe Mabel que está muito debilitada, ela come a maça da vida e logo começa a melhorar. O menino então enterra o miolo da maça que no dia seguinte já é um broto nascente, ele enterra ao redor da macieira os anéis.


            Com sua mãe Mabel recuperada e o retorno de seu pai das índias após a morte do tio avô de Digory sua família fica rica e vão morar na casa de campo do tio avô falecido. Enquanto isso em Nárnia a paz reina e o broto plantado por Digory se torna uma grande árvore que na velhice de Digory acaba caindo, mandando o mesmo fazer um roupeiro com ela.
            Deste roupeiro, novas e fantásticas aventuras virão, mas estás são outras histórias para um outro momento, por enquanto encerro meu resumo com estás quatro partes que são a introdução das histórias que a maioria conhece pelos filmes.


            Encerro este resumo introdutório na página 97 do volume único desta obra. Deixo em vocês a curiosidade de lerem o restante desta magnifica obra de C.S Lewis.

Você quer saber mais?

LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

PARTE I

PARTE II

PARTE III

terça-feira, 10 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte III.


Leia antes a primeira segunda parte:



Dando continuidade ao resumo do livro “As Crônicas de Nárnia”.

Digory tinha razão, a feiticeira retorna para sua casa e trás consigo a maior confusão de cabriolés da polícia que a seguiam e moradores locais, após ter roubado uma joalheria. Tio André também está junto, após uma briga da rainha com as autoridades e moradores, Digory consegue tocar no calcanhar da dela e com o anel amarelo leva ela junto a Polly, tio André, um cocheiro pego no meio da confusão e o cavalo de Jadis montava. Voltam novamente ao bosque entre dois mundos, mas não demoram, pois o menino logo entra em um dos lagos que acredita levará a rainha de volta a Chairn, mas leva todo mundo junto novamente, pois todos estavam tocando nele e um no outro e deste modo o efeito mágico do anel verde levou todos juntos.

Chegam a uma dimensão vazia e escura, todos ficam apavorados, não há nada. Mas ao longe ouvem um canto, e devido a esse canto começam aparecer estrelas no céu, luz, e árvores e grama brotam do chão. Com o aumento da luminosidade veem que um leão canta enquanto a vida brota de seu canto. A rainha e o tio André ficam desconfiados e pedem para sair dali, mas todos os outros gostam do canto e sentem-se melhores, mais saudáveis e vivos. Tio André já especula em explorar o lugar financeiramente e Digory pensa que este lugar ou algo daqui poderia curar sua mãe Mabel. O menino então decide falar com o leão, e de repente o som do canto do leão se modifica e do chão começam a brotar em meio ao borbulhar da terra todos os tipos de animais. Então ele escolhe alguns, separa eles e sopra neles, e com uma voz profunda diz: “Nárnia, Nárnia desperte...” esses animais recebem o dom da fala e consciência. Da floresta surge todo tipo de animais e seres míticos, e todos clamam “Salve Aslam”! E os visitantes agora sabem o nome do leão criador.

Então com muito esforço o menino consegue se aproximar de Aslam  para pedir por sua mãe, Aslam o questiona o por quê de ter trazido o mal para o seu mundo recém criado, (se refere a rainha feiticeira), Aslam trata Digory pelo nome filho de Adão. O menino conta toda história para ele, o leão pede que ele seja fiel protetor dos animais que ele acabou de criar e pede ao menino que traga uma maça que nasce em uma cordilheira distante, pois precisa da semente dela para planta. Esta árvore que nascerá da semente protegerá Nárnia por séculos até que a rainha retorne. Para facilitar seu trabalho Aslam transforma o cavalo que veio com eles em um Pégaso, que recebe o nome de Pluma e voará com Digory. Aslam salienta que futuro sofrerá para que eles não sofram nas mãos do mal que chegou a sua terra.

Diante da presença do mal em seu mundo, Aslam convida o cocheiro para ficar e declara que fará dele o primeiro rei de Nárnia junto a sua esposa que por meio de um som emitido ele trás para Nárnia, sendo eles os primeiros reis daquela terra e que seus filhos o seguiriam no trono. Deveriam zelar pelos animais e por tudo, protegendo-os dessa força maligna invasora. 

Continua....

Resumo realizado por Leandro Claudir Pedroso

Você quer saber mais?

LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.