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terça-feira, 10 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte II.


Leia antes a primeira parte:


Continuando o resumo do livro As Crônicas de Nárnia.

As crianças (Polly e Dygory) descobrem que tio André estava errado sobre os anéis, o amarelo retorna ao “Bosque entre dois Mundos” e verde saí do bosque. Assim elas entram em um dos lagos que estão no bosque e são levados a um pátio com vários prédios e arcos, um local muito antigo como puderam observar devido a aparência de ruínas e abandonado, todo o lugar é banhado por uma tênue luz vermelha. Entram em um grande salão adjacente ao pátio e veem várias cadeiras de pedra e figuras imóveis nelas sentadas, ricamente vestidas e com coroas nas cabeças, seus rostos transmitiam um ar de nobreza. No centro do salão havia uma mesa em formato de coluna e encima da mesa um arco com um sino com um martelinho perto, além de algumas inscrições indecifráveis, mas graças à magia que cercava o local a escrita aos poucos foi se tornando legível. O texto continha um alerta para aqueles que batessem o sino deveriam estar preparados para o perigo. Digory bate o sino, mesmo contrariando Polly, um som que vai aumentando é gerado da batida e espalhasse pelo salão, chegando a derrubar parte do teto. Uma das figuras sentada em um dos tronos, uma mulher muito alta e bela, acorda e se dirige às crianças. Pergunta quem são elas e conta que ela é a rainha daquele lugar que foi enfeitiçada, as crianças contam como chegaram ali e saem conduzidas pela rainha para fora do salão que já estava desabando. Chegam diante de uma porta cor de ébano que está fechada, e com um gesto a rainha destrói a porta. Do outro lado uma cidade igualmente abandonada, no céu um sol avermelhado e pálido brilha próximo a uma estrela.

A rainha fala para Polly e Digory que seu nome é Jadis e  aquela cidade é Charn, ela guerreou contra sua irmã rebelde e quando estava quase perdendo a batalha usou um feitiço proibido chamado “Palavra Execrável” e matou tudo que existia, isso explicou o por quê de não terem encontrado nada vivo até aquele momento. Conversando com Jadis, eles contam que seu mundo é diferente, que seu  sol é amarelo, ela concluí que seu mundo é mais jovem que o dela e acredita que  às crianças estão ali para levá-la para lá por ordens de algum feiticeiro que se apaixonou por sua imagem em alguma visão.  Ela deseja ir ao seu mundo para governar e pede que a conduzam até ele, ao rejeitarem ela agarra Polly, mas conseguem tocar nos anéis que estão em seus bolsos e voltam para o “Bosque entre dois mundos”. Ao chegarem nele, reparam que a rainha foi junto com eles, pois estava agarrada no cabelo de Polly, mas perdeu o vigor e às forças que tinha em seus mundo, pálida e fraca pede socorro para eles. As crianças correm para o lago de acesso a terra e tocam no anéis verdes, mas a feiticeira gruda na orelha de Digory e viaja junto com eles para Londres. Ao chegarem se deparam com o espanto do tio André que concluí que sua experiência saiu melhor do que imaginava. Jadis ao observar André concluiu que ele não é nenhum grande feiticeiro de linhagem real, mas um feiticeiro de livro, como ela mesma afirma.

A feiticeira se dirige ao tio André como seu servo e solicita uma carruagem para que inicie sua conquista, prontamente ele sai correndo para buscar. Jadis ignora a presença das crianças a partir daí e impaciente com a demora de André anda pela casa, encontra com a tia Letícia (Leta) que a interroga. Enfurecida Jadis tenta usar seus poderes nela, nada acontece aparentemente seus poderes não funcionam fora de seu mundo. André chega com um Cabriolé e leva consigo a rainha. Digory fica na casa esperando o retorno da rainha e André para encontra um meio de mandá-la de volta ao seu mundo.

Continua.....

Resumo realizado por Leandro Claudir Pedroso

Você quer saber mais?

LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009

sexta-feira, 6 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte I.




Leandro Claudir Pedroso

            Mesmo estando envolvido no resumo crítico do livro o “Último imperador da China”, não me contive com minha nova leitura e inicie um pequeno resumo desta obra que se tornou um guia para todas as literaturas infanto-juvenis da atualidade.

A história inicia com a menina Polly brincando no quintal de sua casa e vê que está sendo observada por cima do muro por um menino, seu nome é Digory e ele está morando com seus tios solteirões André e Letícia que estão cuidando de sua mãe que está doente. Digory e Polly começam a brincar no porão da casa de Polly e encontram uma espécie de túnel mágico que por meio de uma porta leva até o porão da casa do tio André, ele é um homem considerado misterioso pelo seu sobrinho, justamente por se trancar neste porão.  Lá encontram o tio de Digory sentado em uma poltrona, e oferece um anel amarelo para Polly que ao coloca-lo no dedo faz com que ela desapareça, deixando seu amigo assustado.

            Após o ocorrido André ignora constantemente o pânico de seu sobrinho sobre o desaparecimento de sua amiguinha. Mas relata para ele o que aconteceu e por quê. Ele explica que sua tia avó Lenir, quando estava muito doente pediu para que ele trouxesse uma caixa que ela tinha guardado durante anos e disse que após sua morte a mesma deveria ser destruída. André não destruiu a caixa, mas a estudou e descobriu que ela era muito antiga, que havia vindo de Atlântica e no interior dela havia um “pó de outros mundos”. Para aprender a dominar o que tinha diante dele, começou a estudar magia. Criou por meio do “pó de outros mundos” dois tipos de anéis, um amarelo que leva as pessoas para o outro mundo, e outro verde que trás elas de volta para o seu. André aproveitou-se da situação com as crianças para testar os anéis nelas. André conta para Digory que se ele quiser que sua amiga volte, terá que levar para ela um anel verde.

            O pequeno Digory sem opção usa o anel amarelo para ir ao outro mundo buscar sua amiga e entregá-la o anel verde para que possa retornar. Após colocar o anel amarelo saiu em um pequeno lago no meio de uma floresta densa. Ele encontra Polly e ambos concluem que o lugar onde estão nada mais é do que um “bosque entre dois mundos”, como o túnel no porão que levava para todos outros porões da vizinhança, pois ali havia vários pequenos lagos que com certeza levariam para outros diversos mundos.

            Antes de viajar pelos outros portais, Polly aconselha a testarem o portal por onde vieram, para ter certeza que poderão voltar para suas casas em Londres.

Continua.........

Você quer saber mais?

LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Resumo crítico do livro “A República de Platão”.



Autor: Leandro Claudir Pedroso, formado em licenciatura Plena em história pela Ulbra e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia pela Uninter.

            Li está antiquíssima obra em 2012, porém em minhas leituras faço inúmeras marcações, para o caso de precisar usar novamente as informações contidas no livro, poderei encontrá-las com facilidade, pois me foram relevantes no passado e poderão vir a ser no futuro. A República (Politeia, no original), foi escrita em 380 a.C e trata-se de um diálogo socrático, aonde tenta reproduzir as conversas de Sócrates com seus discípulos e Platão (427 a.C- 347 a.C), autor desta obra era um dos seus mais brilhantes pupilos. O personagem principal deste diálogo é Sócrates, e o tema central é justiça, o filósofo idealiza uma cidade ideal chamada Kallipólis, que em grego significa “cidade bela”.

I
            Podemos ver no decorrer do diálogo entre Sócrates e Polimarco a presença de afirmações como está: “Riqueza alguma poderá proporcionar paz a um homem mal”. Justiça é ajudar os amigos e prejudicar os inimigos, mas o homem justo deve fazer isto em casos de guerra, lutando com uns e aliando-se a outros. E a mesma também é útil na paz, e o uso dela na paz pode ser realizado por contratos comerciais. Em relações que envolva dinheiro o homem justo é mais útil que qualquer outro. E o diálogo entre ambos se confirma diante da dúvida sobre a justiça deve pertencer aos amigos e não aos inimigos. E se isto seria justo prejudicar os maus e ajudar os bons? O mesmo se desenvolve sobre a premissa de descobrir quem é amigo e quem é inimigo. Sendo o amigo aquele que parece e é realmente honesto, e o inimigo é o que aparenta, mas é desonesto. O interessante é que segundo o que lemos não devemos praticar o mal contra nossos inimigos, mesmo eles sendo desonestos, pois isto os deixaria piores ainda, pois a justiça é uma virtude humana, e não deve o homem justo prejudicar os inimigos e ajudar só os amigos. Pois “não é lícito  fazer o mal a ninguém em nenhuma ocasião".

            No decorrer do diálogo, Sócrates trata a questão da justiça junto a Trasímaco que considera a mesma nada menos que o interesse do mais forte  e que cada governo faz leis para seu próprio interesse e desta maneira acredita que isto é assim em todas as cidades, o justo é a mesma coisa, nada mais nada menos do que aquilo que é vantajoso para o governo, que é o mais forte, ele concluí que  justiça se iguala força. Os governos visam apenas seus interesses e sua justiça e a desvantagem daquele que obedece a suas leis.

            Sócrates discorre sobre os mais virtuosos governantes, que governam sem amor às glorias e ao dinheiro. Declara que uma cidade que surgisse  baseada em homens bons, fugir-se-ia do poder, saberiam que não deveriam visar seus próprios interesses, mas sim daqueles que por eles são governados. A justiça alimenta a concórdia e a amizade e da injustiça nasce toda sorte de dissenções. Sendo deste modo a justiça uma virtude da alma humana, e a injustiça nada menos do que um vício pernicioso.

II
            Os homens decidiram criar suas convenções e leis para evitar que cometam injustiça e a sofram também, pois chegaram à conclusão que devíamos ter uma situação aonde houvesse impotência em cometer injustiça. Glauco um dos personagens do diálogo conta uma história do pastor que se torna invisível graças a um anel e começa a fazer tudo quanto lhe apraz, tanto justas como injustas. Ele acrescenta que ninguém é justo por vontade própria, mas por obrigação, entende que são os fatores limitadores que impedem as pessoas de fazerem injustiças e a extrema injustiça é parecer justo não o sendo. O homem justo e generoso é aquele que não quer somente parecer bom, ele deseja ser bom, como nos ensina Ésquilo. Pois a aparência violenta a verdade! Adimanto interpõem que somente os deuses e os homens da ciência tem aversão pela injustiça, que no mais ninguém é justo por vontade própria.

            Faço um adendo aqui, pois me recordei do que ocorreu com o povo alemão durante o regime nazista, o povo mais culto da Europa e menos antissemita entregou-se completamente as injustiças contra seu semelhante quando todas as travas morais que consideram outros povos como humanos foram retiradas e vemos as barbáries que este povo foi capaz de cometer.

            Adimanto conclui que a justiça é um bem alheio e a injustiça é vantajosa somente para si mesma e nociva para os mais fracos.  Ele concorda com Sócrates que a justiça é um atributo também das cidades e nelas fica mais visível examina-la. Decidem procurar os atributos da justiça primeiro nas cidades e depois no individuo. As cidades existem, pela incapacidade dos indivíduos de se bastarem por si mesmo, necessitando de outros para lhes auxiliar. Debatem se é mais proveitoso para uma cidade se cada indivíduo executasse um só ofício ou não. Concluí que devem existir indivíduos responsáveis por tarefas no mercado, na compra e troca de produtos, existem também aqueles que prestam serviço salariado. Nesta cidade haveria pessoas que levariam uma vida mais e se satisfariam com ela e haveria pessoas que teriam uma vida mais requintada. A cidade cresceria e logo necessitaria de mais espaço vital, e como conclui Glauco, acabaríamos indo a guerra e a necessidade de guerra criaria o oficio de guerreiros.

            Os cidadãos devem ter seus espíritos alimentos desde pequenos pelas fábulas de suas amas e mães, mas não serão qualquer fabulas, estas fábulas devem ser as mais belas e mais adequadas a ensinar-lhes a virtude. Compete aos fundadores conhecer os modelos que devem seguir os poetas. Estes modelos visaram mostrar que sempre houve harmonia em nossa cidade e que Deus é essencialmente bom. Proibiram toda e qualquer fábula que denigra a imagem dos deuses por ser isto prejudicial para o desenvolvimento da juventude da cidade.


III
            Sócrates inicia um novo diálogo aonde declara que os cidadãos destinados à guerra, a serem os defensores da cidade não devem ser homens de lamentos, mas pessoas que devem se bastar em si mesmas, deixando as lamentações para as mulheres e os fracos. As crianças e os homens dessa civilização devem recear mais a escravidão do que a morte e implicaria em uma grande responsabilidade para os guardiões. De seu meio deveriam ser tirados todos os nomes odiosos que trazem medo e arrepios, que remetem as regiões do Hades. Do mesmo modo que evitam as lamentações, não devem ser propensos demais ao riso, pois provoca transformações excessivas. Os guerreiros não deveram receber presentes, tampouco ter ambições, pois as mesmas corrompem o homem. Serão homens que respeitaram e temem aos deuses, diferente de homens como Áquiles e Peleu que desprezavam os deuses. Os guardiões devem ser eximidos de qualquer outra responsabilidade que não seja há de defender a independência de nossa cidade, não deveram imitar outras coisas, mas se imitarem que imitem unicamente as virtudes: coragem, sensatez, pureza e liberalidade, mas nunca imitar a baixeza como aqueles perversos e covardes que falam mal, zombam uns dos outros e dizem coisas indecentes, quer na embriaguez, quer sóbrios.

            Sobre as coisas que devem ser consideradas licitas dizer ou não aos homens, uma delas está relacionada aos poetas e prosadores que não devem desestimular a justiça dizendo que os justos são desafortunados e os injustos felizes! Os governantes da cidade devem impedir que artesãos e outros introduzissem vícios, incontinências, baixeza e feiura em qualquer arte e contaminem nossos guardiões e isto se torne um grande mal em suas almas. Tudo que seguem a eles deve emanar das obras belas, tal como uma brisa transporta a saúde de regiões salubres, e predispondo-os a imitar e amar o que é reto e razoável. A educação musical será a principal, pois o ritmo e harmonia tem a capacidade de penetrar e tocar fortemente a alma. Pois é a alma boa que torna o corpo bem constituído. No seu meio não haverá embriagues, a mesma deixa o defensor incapaz de seu mister. Sua alimentação será alternada constantemente entre bebidas e comidas para que conservem a saúde e tenham os sentidos apurados.

            As pessoas se vangloriam, por vulgaridades de ser hábeis em cometer a injustiças, em poder usar todos os subterfúgios, escapar de todas as maneiras e dobrar-se como o vime, para evitar o castigo? E isso por interesses mesquinhos e desprezíveis, porque não sabem quanto é belo e melhor ordenar a vida de modo a não ter necessidade de um juiz? As pessoas honradas são simples na sua juventude e facilmente enganas pelos perversos por não haver nelas sentimentos que compreendam a postura dos maus.

            Estabeleceremos médicos e juízes em nossa cidade que trataram os cidadãos que são bem constituídos de corpo e alma, e quanto aos outros deixaremos para eles a condenação. A beleza do canto pode tornar o homem distraído, suavizando o elemento irascível de sua alma e sua coragem dissolve-se, tornando o guerreiro sem vigor, impressionável e predisposto a irritar-se e a acalmar-se em vez de corajoso, será colérico e cheio de mau humor. Torna-se inimigo da razão e amigo da violência, selvageria, como um animal passa a viver na ignorância sem harmonia e inútil para a cidade.

            Os guardas serão homens de boa vontade, proveitosos para a cidade, e nunca consentiram e agir em detrimento do Estado. Serão observados em todas as idades para vermos se se manterão fieis a está máxima de trabalhar para o maior bem da cidade e não serem seduzidos com facilidade por qualquer espirito de rebelião.

            Para realizar a divisão de atividade na cidade recorremos as fábulas, ensinaremos que na cidade todos são irmãos, mas que deus os formou e misturou ouro na composição de alguns que deveriam comandar, prata na forma dos auxiliares e bronze e ferro nos lavradores e outros artesãos e em geral procriareis gerando filhos semelhantes a vós, mas visto que são todos parentes pode nascer da prata um rebento de ouro e as mesmas transmutações possam se produzir nos outros metais que os constituem. De certa maneira seria uma cidade gerida por castas que por eventuais acontecimentos um individuo poderia migrar de uma casta para outra. E isto lhes servirá para inspirar maior dedicação à pátria e aos seus concidadãos.

            Nenhum dos defensores terá propriedades exclusivas, exceto objetos de primeira necessidade, sua alimentação será suprida pelos cidadãos da cidade, bem como seus salários não deverá faltar e nem sobrar. Isso deverá ser dessa maneira para que não venham a se tornar mercadores, lavradores e proprietários de terras, abandonando sua função de guardiões e tornando-se impuros e inimigos dos outros cidadãos, gerando a ruína da cidade.
            Os cidadãos de Kallipólis deveram evitar a doença que assola as pessoas destemperadas que consideram seu pior inimigo aquele que lhes diz a verdade, isto é, que, enquanto não renunciarem a embriaguez, glutonaria e libertinagem de nada lhes servirão os remédios, amuletos e simpatias que utilizam.

IV
            A ciência será a responsável por conservar o Estado, e encontra-se nos magistrados, chamados de guardiães perfeitos. Será a classe menos numerosa, pois nela estarão aqueles que governam a cidade, fundada sobre homens raros que participam da ciência da sabedoria. Na cidade os guerreiros  serão submetidos aos magistrados como cães aos pastores, pois em casos de sedição é a cólera que pega em armas a favor da razão. Os filósofos chegam à conclusão de que na alma humana e na cidade existem princípios que são correspondentes de maneira igual. E que para tudo funcione de maneira efetiva na cidade, ela deve ser governada pela razão e por meio dela estabelecer uma imagem de justiça nas relações entre os ofícios não permitindo que um intrometa-se nas atividades do outro. A justiça só iria imperar na cidade se cada uma das três classes de cidadãos ocupasse somente da suas tarefas, os artífices e comerciantes cuja virtude é a temperança, os guerreiros cuja virtude é a coragem e os filósofos cuja virtude é a sabedoria.

            Em certo momento do diálogo com Glauco, Sócrates explica os três elementos da alma, o racional, irracional e a concupiscência. O racional seria a parte da alma mais desenvolvida pelos governantes, os magistrados/filósofos, o irracional seria mais forte na alma dos guerreiros que deveriam proteger a cidade e a concupiscência seria mais forte na alma dos comerciantes, agricultores e artesãos. Sendo a injustiça advinda da rebelião dos três elementos da alma, uma usurpação das suas respectivas atividades. Pois todas as boas ações levam irremediavelmente a virtude e más aos vícios.

            Ao analisar as formas de governo proposta por Platão nas palavras de Sócrates vemos que existem três formas de governo:

Monarquia - governo de um, virtude da unidade.
Aristocracia – governo dos melhores, virtude da qualidade.
República - governo de muitos, virtude da liberdade.

            Mas estas formas ditas como formas “Puras de Governo” podem se degenerar em formas “Impuras de Governo”.

Tirana
Oligarquia
Democracia
V
            Para o bem da sociedade é melhor que homens e mulheres participem de todas as atividades, ainda que a mulher seja mais fraca que o homem isso não impede que tenha as mesmas aptidões naturais. Existem mulheres aptas para algumas atividades e outras não, como os homens. Desta maneira elas poderão ser guerreiras e habitarão com os guerreiros, mas elas não pertencerão a um único guerreiro e deste modo seus filhos serão de todos. Aqueles que tiverem domicílio em comum farão suas refeições e não possuirão nada seu, mas tudo lhes será em comum, estudarão e se exercitarão juntos!  

            Os indivíduos membros da elite deveram ter seus filhos educados nas mais altas artes das letras, mas aos filhos das classes inferiores lhes será negada esta instrução para que o rebanho atinja a mais elevada perfeição. Podemos ver que a estratificação social em Kallipólis será algo marcante, pois os magistrados criaram abismos sociais entre os indivíduos. A população da cidade deveria se manter em uma taxa de substituição populacional ao ponto que a população não cresça nem diminua. As uniões serão decididas pelos magistrados, conferindo privilégios aos homens com distinção no combate, podendo os mesmos unir-se com mais liberdade às mulheres, de modo que a  maioria dos filhos provenha deles e herdem as características heroicas dos pais. Os filhos destas uniões serão criados em lares comuns, aonde serão criados por homens e mulheres com responsabilidades iguais para com eles e assistidos por amas. A procriação dos filhos deverá ser realizada na flor da idade, quando todas as funções de seus corpos estiverem em seu máximo vigor! Todos os nascimentos deverão ser autorizados pelos magistrados e por eles santificados.

            A cidade deverá ser fundamentada na comunhão de interesses comuns, como se fosse um corpo com todas as suas partes cooperando em harmonia. Os filósofos serão os reis e soberanos na cidade, armados com as armas da razão repeliram toda a oposição que leva ao caos e ruína das cidades. Buscando constantemente a sabedoria e amando o espetáculo da verdade, mergulhando constante na ciência e nos estudos, os filósofos são os homens mais adequados para governar a cidade.

            Em certo momento do dialogo Sócrates analisa a necessidade dos filósofos conhecerem o intermediário entre a ciência e a ignorância, se como ele diz algo assim existir, que fica entre o não ser da ignorância e o ser da ciência, sendo a opinião este intermediário como nos concluí Glauco.

VI
            Os magistrados de nossa cidade baseada na forma de governo da república serão escolhidos entre os homens capazes de zelar pelas leis e pelas instituições de Kallipólis. Serão homens sinceros com tendência natural a verdade, pois poderemos encontrar alguma coisa que se ligue melhor a ciência do que a verdade. Suas almas são justas e brandas, apegados a moderação e jamais feitas de ferocidade. Homens amadurecidos pela educação e pela idade, consagrados aos estudos filosóficos.

            Enquanto as cidades não forem governadas por homens assim, os males que afligem as cidades nunca terá fim. Segundo Sócrates a verdade acompanha a pureza e a justiça, que são juntas a coragem, grandeza de alma, facilidade de aprender e memória são às características que compõem o temperamento dos filósofos.

            Segundo Sócrates em seu diálogo com Adimanto, mesmos as almas bem-dotadas se forem influenciadas por uma má educação, se tornam extremamente más, pois os grandes crimes provem destas almas que teriam tudo para ser grandiosas e são corrompidas, passando a usar seus dons para mal ao invés do bem. São estás almas que recebendo a educação adequada se tornaram os filósofos que governaram a cidade. Sendo estas almas dotadas de todos os pendores necessários para o bom filosofo, enumero-as como a facilidade de aprender, a coragem e a grandeza da alma. Estes elementos constituem a alma do filósofo, mas podem ser deteriorados por uma má educação, afastando as pessoas de sua vocação. São destes homens que saem os maiores males e os maiores benefícios para a cidade, tudo dependerá da educação que a pessoa tiver.

            Sócrates junto com Adimanto conclui que a união entre pessoas de trabalho serviu e as de alma nobre, como as bem-dotadas pelo espirito filosófico devem ser proibidas para que não aja uma deterioração das famílias.

            O Estado deve agir para que a filosofia não pereça, conservando em nossa República o espirito que inspirou a elaboração das leis. Proporcionaram aos jovens e às crianças uma educação e cultura adequada a sua idade, cercados de todo cuidado com seus corpos de forma a prepara-los para servir a filosofia. Ensinando-os a estar em contato com o sagrado, respeitaram os limites da natureza humana, Kallipólis só será feliz se seus planos, digo suas leis e estatutos estiverem em harmonia com o sagrado e tornando a população imaculada pelos princípios que a regerão. Esforçando-os para serem homens divinos como aqueles dos modelos de Homero.

            Adimanto acredita que talvez todos os males da cidade serão extintos quando os filósofos governarem, pois estes formaram homens que respeitaram a Constituição e a manterão. Embutindo em suas almas o amor a pátria, de tal modo que não importar-se-ão com as dores que tiverem que passar para guardar seu Estado e os magistrados serão cumulados de distinção na vida e na morte para servi de exemplo a todos.

            Dois grandes grupos presentes na cidade e dos quais nos fala Sócrates, são os intelectuais e os guerreiros, uns dotados de facilidade de aprender e inteligência serão nossos magistrados, os outros embrutecidos e lentos em compreender serão hábeis na guerra, pois possuíram caráter firme e sólido.

VII
            No livro VII Sócrates discorre sobre o “Mito da Caverna”, aonde fala de uma caverna na qual homens estão presos desde sua infância e tudo que sabem sobre o mundo são as sombras daqueles que passam numa estrada ascendente, aqueles que passam nesta estrada são iluminados por uma fogueira acesa numa colina atrás deles. Se um destes prisioneiros for solto, sofrerá com a luz do Sol que machucará seus olhos e considerará as sombras de sua caverna mais verdadeiras. Demorará um tempo até que seus olhos se acostumem com a luz do Sol e depois considerará este lugar verdadeiro e as imagens refletidas falsas. Então este homem é colocado em seu antigo lugar na caverna, seus olhos ficarão cegos pela escuridão, afastados da luz do Sol. Antes que seus olhos se acostumem com a escuridão tentará convencer os outros que ficaram presos sobre o mundo exterior, mas estes não acreditaram nele. Neste mito Platão nos ilustra nas palavras de Sócrates a elevação da alma humana, a pessoa só poder ter sua alma retirada das trevas para luz por meio da educação, e mesmo aqueles que não possuem temperamentos propícios poderão ser disciplinados desde a infância e libertos dos pesos que corrompem a alma.

            Os filósofos que governam a cidade Estado de Kallipólis deverão ser diferentes dos filósofos de outras cidades, pois eles serão capacitados para descerem as moradas comuns da cidade e se acostumarem com as trevas que ali reinam, pois nela poderão ver mil vezes melhor que os habitantes locais e conheceram a natureza de cada sombra que contemplam. Conhecendo a realidade daqueles que não foram iluminados pela luz da educação será mais fácil descobrir suas necessidades.

            Glauco conversa com Sócrates sobre a educação das crianças e mesmo há mais de dois mil atrás concluem que não se deve usar de violência na educação das crianças, mas que aprendam brincando e assim desenvolveram facilmente suas tendências naturais.

            Os homens que se destacarem na cidade em relação as ciências, a guerra e nos trabalhos prescritos na lei ao completarem 30 anos devem ser afastados dos outros jovens e experimentando-os por meio da dialética, os que são capazes de elevar o próprio Ser pelo poder da verdade. Ao atingirem os 50 anos os que tiverem se saído bem e tiverem distinção em tudo quanto forem provados e elevarem a parte luminosa de sua alma ao Ser que ilumina todas as coisas. Estes serão os modelos com o qual se organizará a cidade, passaram a maior parte de sua vida estudando filosofia. Quando chegar sua vez destinar-se-ão a trabalhar na administração da cidade e verão nisto um dever indispensável, estes serão os governantes modelados pela filosofia que foram esculpidos pela boa educação.  

VIII
            Neste capitulo os diálogos se desenvolvem sobre as formas de governos e suas características. Sendo as outras formas de governo falhas e a República sendo a boa. Aqui ele discorre sobre outras quatro formas de governo: Monarquia hereditária, Oligarquia, Democracia, Timocrácia e Tirania. Também trata neste capitulo sobre a população da cidade que deve manter um número controlado de cidadãos e as uniões bem como os nascimentos devem ser ordenados de acordo com as necessidades e propósitos da cidade, caso contrários os filhos de uniões desenfreadas serão uma geração menos culta advinda da mistura das raças, resultando em uma mistura defeituosa da qual resulta todas as discórdias e guerras. Não deixo observar nas palavras de Platão algo que chamamos hoje de Eugenia ou raça pura, uma busca pelas uniões dentro da pureza de uma elite racial que é dotada de todas as nobres qualidades humanas e mantê-la pura é manter o Estado.

            Platão nas palavras de Sócrates nos cita algumas raças pelo nível de pureza, como a raça de Hesíodo, do Ouro, Prata, Bronze e Ferro, sendo as duas últimas as mais inferiores que não devem aspirar enriquecer nem física ou intelectualmente enquanto as duas primeiras devem almejar e buscas estas duas metas. A raça do Ferro e Bronze ao possuírem riquezas se apegam nelas e se fartaram dos prazeres, desprezando a dialética e filosofia.

            Discorrem os diálogos seguintes sobre as características de alugns tipos de governos:

            Monarquia: governo do Rei-filósofo.
            Oligarquia: governo em que os ricos mandam e os pobres não participam do poder, somente os que possuem fortunas ascendem aos cargos públicos. O cumprimento de suas leis e feito através das forças das armas. Seu sistema político funciona pela divisão entre pobres e ricos, jogando constantemente uns contra os outros, vivem em constate conspiram. Exteriormente parecerá ser um governo bom, mas não possuí uma alma uma e harmoniosa.
            Democracia: forma em seu meio homens de bem, preocupados com a política da cidade, pessoas benevolentes. Um governo agradável, anárquico e variado, que dispensa uma espécie de igualdade, tanto ao que é desigual como ao que é igual.
            Tirania: sua origem está na democracia, nas perversões advindas do excesso de liberdade. Pais se assemelhando a filhos, não respeitando e nem temendo seus genitores, mestre recearam seus discípulos que fazem pouco caso deles. O resultado de todos estes abusos é uma população melindrosa que a mínima aparência de opressão causa revolta. Seu governante suscitará as guerras constantes, eliminará toda a oposição para poder manter-se no poder, manterá uma guarda fiel de mercenários (homens pagos) ou escravos libertos, isto devido ao ódio de seus súditos.
            Timocrácia: designa-se a transição entre a constituição ideal e as três formas mais tradicionais (oligarquia, democracia e tirania). Platão se pergunta se esta forma de governo não estaria situada entre a Aristocracia e a Oligarquia.
Cito diretamente está excelente frase:

“Sócrates – Desse modo, o excesso de liberdade conduz a um excesso de servidão, tanto no indivíduo como no Estado.”

IX
            Neste capitulo Platão discorre sobre a Tirania, afirma que a alma tiranizada ficará cheia de perturbações e remorsos e serão arrastadas por todas formas de desejos violentos. O tirano segundo Sócrates nada mais é do que um homem que governa mal a si próprio é semelhante a um doente que não tem domínio do corpo e passa a vida a bater-se com os outros. Na verdade é um escravo, condenado a uma baixeza e servidão extremas, assim define-se o Tirano. Os filósofos Glauco e Sócrates estabelecem em um diálogo que o governo mais feliz é a monarquia e o mais infeliz a tirania, por ser o mais injusto.

Trata em seus dilemas filosóficos a existência de um estado da alma humana aonde não se sente nem alegria e nem tristeza, um estado igualmente afastado destes dois sentimentos, um estado de repouso.

X
Segundo o que nos ensina Sócrates sobre o equilíbrio é que devemos manter sempre a calma durante os períodos de infelicidade, pois nestes momentos não conseguimos distinguir bem as coisas e confundimos o bem  e o mal, não ganhamos nada nos indignando, mas sim mantendo a calma e não nos afligindo para que saibamos ver quando estão vindo em nosso socorro. Devemos tratar as feridas, erguer-se e seguir em frente, calando os lamentos. Assim prosperarão em nossa cidade os homens nobres e fortes. Acusam neste capitulo de vários males causados pela poesia, e um deles é o de corromper as pessoas honestas. Para comprovar sua opinião sobre a imortalidade da alma, neste capitulo Sócrates nos conta a história de Er, um homem que morreu em batalha e teve seu corpo encontrado no campo após vários dias de sua morte ainda estava intacto, ao levarem para casa e o colocarem na pira funerária ele ressuscitou. E após recobrar os sentidos contou tudo o que viu no além, o relato é extenso e vou me manter em alguns pontos que considerei mais importante. Sócrates usa o relato de Er para deixar um aviso aos seus concidadãos de que devem se manter longe dos excessos, tanto nesta vida quanto na vida futura no Hades, pois é isto que se liga a maior felicidade humana. Os homens que ao nascerem nesta vida se aterem aos caminhos da filosofia terão vidas felizes nesta terra como no outro mundo terão sua passagem não pelo subterrâneo, mas pelas vias do céu. Discorre sobre vários personagens do passado que escolheram retorna ao mundo como animais devido ao desgosto pelo gênero humano, como Agamenom e Ulisses. Fala de várias crenças de sua rica mitologia e termina o livro afirmando sua posição sobre a imortalidade da alma e capaz de se manter na pratica da justiça e da sabedoria. Estando assim de acordo com os deuses tanto neste mundo quanto no além.

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PLATÃO, República. Tradução de Enrico Corvisieri. Editora Best Seller: São Paulo, 2002.
   



domingo, 9 de fevereiro de 2020

Breve introdução sobre a Primeira Guerra Mundial




A
 Primeira Guerra Mundial foi conhecida como "a guerra que acabaria com todas as guerras". Imagem: Só História. Vários problemas atingiam as principais nações européias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Grande Guerra.          
Vale lembrar também que no início do século XX havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus, principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.
Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.
O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influenciou e aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos.
 O início da Grande Guerra
O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Servia.
Política de Alianças
Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial estas alianças permaneceram. De um lado havia a Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação de França, Rússia e Reino Unido.
O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.
 Desenvolvimento
As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de pequenos pedaços de território. A fome e as doenças também eram os inimigos destes guerreiros. Nos combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas como empregadas.
 Fim do conflito
Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema importância : a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impunha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlada,  perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial.
A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.

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domingo, 2 de fevereiro de 2020

O CONTROLE DO FOGO DIANTE DA REALIDADE HUMANA



A
lguns acreditam que a civilização humana começou quando o homem conseguiu produzir e controlar o fogo para seu benefício. Antes disso, o fogo era visto como algo terrível e destruidor. Eventualmente, humanos, em diversas partes do planeta, descobriram que pequenos fogos controlados, ou fogueiras, podiam trazer conforto quando fazia frio e ajudar a enxergar no escuro. Passaram a reunir-se ao redor de fogueira. Logo descobriram que alimentos preparados no fogo tinham melhor gosto e duravam mais, e também que o fogo ajudava durante a caça e servia como defesa contra predadores. Por volta de 500.000 a.C., métodos pra se criar fogo foram descobertos quase ao mesmo tempo em várias partes do mundo. Os métodos mais antigos incluem diversas técnicas de fricção, como esfregando dois gravetos. Na América do Norte, as tribos iroquois e inuit (esquimós) desenvolveram instrumentos bastante eficientes que criavam fogo com facilidade.
Com o controle do fogo, o homem pôde amenizar as duras condições de vida impostas por uma natureza muitas vezes hostil e dar um passo decisivo na luta pela sobrevivência. Os alimentos passaram a ser cozinhados. A iluminação e o aquecimento dos locais frios e escuros tornaram mais fácil a permanência nas cavernas. A defesa contra os animais ferozes tornou-se mais eficaz. O fabrico de instrumentos aperfeiçoou-se. A utilização do fogo provocou ainda alterações físicas, demográficas e sociais na vida das primeiras comunidades.
Nossos ancestrais levaram milhares e milhares de anos para conseguir o domínio do fogo. Não foi tarefa fácil. O ato “ridiculamente simples” de acender um fósforo representa a luta e o esforço de milhares de indivíduos ao longo de milhares de anos. Não é possível precisar as circunstâncias exatas em que se deu esse grande passo da humanidade. É provável que não tenha sido um evento isolado. É mais plausível supor que o domínio do fogo tenha sido conquistado e perdido várias vezes ao longo das gerações e em lugares e circunstâncias diferentes.
Isso não importa num sentido mais amplo, podemos perfeitamente retratar essa grande conquista pela história de Uga, “o deus dos macacos”. A luta do homem com a natureza hostil e contra seus próprios temores do desconhecido de ter sido fenomenal. Não fosse a coragem ou curiosidade de um Uga ou, quem sabe, um raio fortuito (;)) é que quase certo que você não estaria hoje lendo essa página. É provável inclusive que você sequer existisse ou fosse, ainda, apenas um outro Uga, ou talvez nem isso.
 Foi o fogo que deu ao homem pré-histórico o poder de realmente dominar outros animais. Foi graças ao fogo que o homem pôde sair de seu ninho seguro para desbravar o planeta. Foi o fogo que permitiu ao homem sobreviver aos rigores do tempo. Foi o fogo que permitiu ao homem desenvolver uma tecnologia, fundir metais, vidros e cozer alimentos. Sem o fogo, continuaríamos eternamente na pré-história ou, quem sabe, teríamos sido simplesmente extintos por animais mais fortes e adaptados ao meio.
Parece estranho, quase um absurdo, que uma simples tocha de madeira tenha feito tamanha diferença. Mas é exatamente esse o ponto. São as pequenas diferenças que fazem o grande mistério do Universo.

Leandro Claudir Pedroso

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Biehl, Luciano Volcanoglo. A Ciência Ontem, Hoje e Sempre, Canoas: Editora da Ulbra, 2008.

Popper, Karl. A Miséria do Historicismo. São Paulo: Cultrix, 1980.

Capra, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 1997.

Capra, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1986.

CRO-MAGNON DAS ILHAS CANÁRIAS



O
 Museu das Canárias, na Ilha Grã-Canária, se orgulha de possuir a maior coleção do mundo de crânios do homem de Cro-Magnon.  Interessante também é o terraceamento para agricultura em torno de elevações arredondadas pela erosão, de origem desconhecida, que se encontra por todas as ilhas.
Na Ilha Tenerife existe um complexo piramidal feito de pedra negra vulcânica. As técnicas de arquitetura e engenharia empregadas na construção dessas pirâmides de seis “degraus” são similares àquelas encontradas no México, no Peru e na antiga Mesopotâmia.
Os arqueólogos da Universidade de La Laguna e o Dr. Thor Heyerdahl provaram que as estruturas são obra humana. A escavação revelou que elas foram erguidas sistematicamente com blocos de pedra, cascalho e terra. Escadas construídas cuidadosamente no lado oeste de cada pirâmide levam ao cume, uma plataforma perfeitamente plana, coberta de cascalho. Descobriu-se que o principal complexo piramidal, inclusive as esplanadas diante delas, é astronomicamente orientado para o poente no solstício de verão da mesma maneira que as pirâmides do Egito foram orientadas segundo os pontos cardeais.
Quem as construiu é um mistério, e nenhuma teoria é empurrada à força aos visitantes da cidade de Guimar e suas pirâmides. Um cartaz com um único ponto de interrogação rotula a exposição:
“OS HABITANTES CONHECIDOS MAIS ANTIGOS DE TENERIFE SÃO OS GUANCHES (hoje em dia extintos como cultura), QUE NÃO SABIAM DIZER QUANDO AS PIRÂMIDES FORAM CONSTRUÍDAS NEM POR QUEM”.
Entretanto, como veremos, os guanches provaram ser um elo cultural entre sociedades antigas e modernas. Quando os primeiros europeus modernos chegaram às Ilhas Canárias durante o início do século XIV, ficaram surpresos com as características físicas de seus habitantes guanches, que não eram muito diferentes daquelas das populações brancas nas regiões ao sul do Mediterrâneo. Investigadores do século XX ficaram ainda mais surpresos pela similaridade entre os esqueleto do homem de Cro-Magnon de 40 mil anos encontrado na Dordonha, França, e os restos mortais dos guanches.  Alguns pesquisadores acreditam que as similaridades não eram apenas físicas, mas também culturais como evidenciam as pinturas nas cavernas em Gáldar, Belmaco, Parque Cultural La Zarza e Los Letreros, por exemplo. Assim como as culturas Cro-Magnon, os guanches adornaram as cavernas com zigue-zagues, quadrados e símbolos espirais usando tinta vermelha ou preta. Os guanches continuaram pintando cavernas até o século XIV.

De acordo com a antropóloga alemã Ilse Schwidetzky, as Ilhas Canárias oferecem um extraordinário campo para investigações antropológicas. A população pré-histórica que vivia lá enterrava seus mortos em cavernas, o que proporcionou um material extraordinariamente abundante no que diz respeito a esqueletos. A despeito do fato de que os guanches não existem mais como cultura, grupos pré-hispânicos sobreviveram até o presente, mesmo depois do processo de cristianização e aculturação. Vários estudiosos dedicaram-se a identificá-los nos séculos XVIII, XIX e XX.

Em um estudo de 1984, o professor Gabriel Camps, da Universidade de Provença, foi bastante explícito quando à questão de identificar corretamente os naturais das Ilhas Canárias e seus predecessores. Nessa pesquisa, ele concentrou-se na antiga população Cro-Magnon da África do Norte, à qual ele se referia especificamente como iberomaurusianos. Esses iberomaurisianos eram uma cultura de 16 mil anos de idade do noroeste da África, que habitavam a planície costeira e o interior do que são hoje a Tunísia e o Marrocos. Viviam da caça do gado selvagem, gazelas, antílopes e carneiros-da-Barbária, e da coleta de moluscos. Hoje em dia, características físicas Cro-Magnono são raras nas populações da África do Norte. As características gerais ali pertencem a diferentes variedades de tipos mediterrâneos. No máximo, o grupo com características semelhantes às do homem de Cro-Magnon representa 3% da atual população do Magreb (Marrocos, Argélia e Tunísia). Mas são muito mais numerosos nas Ilhas Canárias.

O termo “iberomaurusiano” se refere à fabricação de implementos no final da Idade do Gelo caracterizados por ferramentas e armas de pedra menores, se comparadas às das culturas anteriores, e que apresentam pequenas lâminas com uma das extremidades sem corte, para que fosse possível segurar o instrumento daquele dão, ao manuseá-lo.  Os fabricantes dessas ferramentas estavam presentes em muitos pontos do Magreb africano, como AfalouBou-Rhummel, La Mouillah, Caverna Taza I e Taraforalt, entre 20 e 10 mil anos atrás. Muitos desses sítios encontram-se aglomerados em cavernas e abrigos rochosos ao longo do litoral do Magreb. Tinham esqueletos fortes que se pareciam como do Cro-Magnon europeu, embora tivessem as feições mais duras e outros tipos de diferenças. As origens do Cro-Magnon da África do Norte são desconhecidas. Estudiosos sugerem que eles tenham vindo da Europa, oeste da Ásia, ou de outro ponto da África, ou que tenham se desenvolvido na própria África do Norte. Eram relativamente altos (1,73 m para os homens e 1,62 m para as mulheres), e possuíam feições muito marcantes, rosto largo e forte, e um crânio alongado e estreito. Esse tipo de conformação craniana é referida como dolicocéfalo.

Leandro Claudir Pedroso

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MALKOWSKI, Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens pré-históricas. São Paulo: Editora Cultrix, 2010.

Egito Antigo. Disponível em: http://www.eurekabooking.com/en/guide/spain/guimar/photos.html. Acessado em janeiro de 2014.