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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A AMAZÔNIA É NOSSA!

EM DEFESA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA.


CIGS: o lado oculto




Acima O CIGS foi o responsável pela retomada dos estudos visando a utilização de duplas de caçadores (Snipers) nas unidades de guerra na selva do Exército Brasileiro. O atirador da foto utiliza a roupa de camuflagem aprovada pelo CIGS e o fuzil Imbel Fz .308 AGLC, no calibre 7,62x 51mm, especialmente desenvolvido para uso por atiradores de elite.




A excelência do trabalho do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) do Exército Brasileiro justifica sua reputação como uma das melhores — senão a melhor — instituição do gênero no mundo. Este artigo cobre uma faceta pouco divulgada do CIGS, mostrando seu papel como desenvolvedor da doutrina de operações na selva da Força Terrestre.


A selva é tudo


O Exército Brasileiro leva a selva e o combate na selva muito a sério. Afinal de contas, o país é possuidor da maior parte da mais extensa floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica, que por sua vez abriga a maior biodiversidade do planeta. Não bastasse isso, além das riquezas que podem advir da correta exploração dessa biodiversidade, sob o solo amazônico encontram-se incalculáveis reservas minerais. E o Exército demonstra a importância que dá a essa região sediando em Manaus, capital do Estado do Amazonas — que, a propósito, mantém 95% de sua cobertura vegetal intocada — a sede do CIGS.




Um grupo de guerreiros de selva desloca-se pela floresta. O primeiro elemento, o esclarecedor, consulta um receptor GPS que só é usado para fins de instrução, uma vez que seu uso é desestimulado no dia-a-dia. Notar a escopeta calibre 12 levada pelo soldado (Foto: Raimundo Valentim).


Como estabelecimento encarregado de preparar homens e tropas para a defesa da Amazônia brasileira, o CIGS tem as seguintes missões:


- especializar oficiais, subtenentes e sargentos em operações na selva;


- orientar e adestrar forças da área da Amazônia e de outras regiões para as operações na selva;


- testar o material de emprego militar voltado para as operações na selva e propor novos equipamentos;


- estabelecer e validar a doutrina de emprego de forças em operações na selva.
Com a responsabilidade de fomentar e desenvolver a doutrina de guerra e operações na selva, o CIGS mantém, em seu organograma, a Divisão de Doutrina e Pesquisa, composta de duas seções: a Seção de Doutrina e a Seção de Pesquisa. E são os oficiais lotados nessas seções os responsáveis por tudo o que diz respeito ao aperfeiçoamento das técnicas e táticas de emprego dos combatentes, armamentos e de equipamentos de guerra na selva.


Ser selecionado para o curso de operações na selva do CIGS é uma meta para muitos militares brasileiros e estrangeiros. Conseguir se formar e conquistar o almejado “Brevê da Onça” é um objetivo atingido por poucos: para ser mais exato, são menos de quatro mil, até hoje. E não é para menos: o ambiente de selva, que já é extremamente hostil ao homem, tem seus efeitos físicos sobre o corpo do combatente amplificados pelo clima quente e úmido. Assim, os testes físicos são rigorosos, e têm início logo na chegada dos candidatos ao Curso de Operações na Selva (COS). Nenhum homem com preparo físico abaixo do exigido é aceito no curso, uma vez que o resultado seria perigoso tanto para ele como para seus colegas. Portanto, julgamos oportuno divulgar o trabalho de dois departamentos do CIGS: seu laboratório e o seu Zoológico.


O laboratório do CIGS


Na selva, a sensação de ter o metabolismo alterado é massacrante. Apesar de estar sempre molhado, seja pela chuva, pela travessia dos inúmeros cursos d’água (rios e paranás), lagos, igapós e igarapés, ou simplesmente pela transpiração, o combatente está sempre com sede. Os cuidados com a alimentação devem ser enormes, pois problemas intestinais que provocam diarréia agravam o quadro. A perda de oito, dez e até 20 quilos em operações prolongadas na selva é comum para os guerreiros de selva.
Exatamente devido ao impacto que o ambiente provoca sobre o corpo do combatente de selva, um dos principais trabalhos exercidos no CIGS para aumentar a eficiência do combatente de selva é aquele desenvolvido em seu Laboratório, subordinado à Divisão de Saúde. Por meio de parceria com a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Hospital Geral de Manaus (HGeM), é desenvolvido o Projeto de Pesquisa e Monitoramento Clínico-Laboratorial do Combatente de Selva. Este projeto tem por objetivo acompanhar o perfil corporal, hematológico, urinário, parasitológico intestinal e bioquímico dos alunos do COS, proporcionando dados valiosos sobre as alterações que a internação prolongada do combatente na selva produz no organismo humano. Os resultados desta pesquisa vêm sendo usados para a otimização do desempenho do guerreiro de selva brasileiro.




O Zoológico do CIGS foi ampliado e reformado há poucos anos, através de convênio entre o Exército, o Governo do Estado do Amazonas, a Prefeitura de Manaus e a Suframa (Foto: CIGS).




Um oficial médico retira sangue de um soldado, para a realização de testes que avaliam as condições físicas dos guerreiros de selva (Foto: CIGS).


Mais do que um Zoológico


O Zoológico do CIGS foi idealizado e construído no comando do Ten Cel Jorge Teixeira de Oliveira, tendo iniciado suas atividades em 1967, com o objetivo de transmitir aos alunos dos Cursos de Operações na Selva conhecimentos sobre a fauna amazônica. No mesmo ano foi aberto ao público externo, tornando-se ponto turístico da cidade de Manaus e recebendo visitantes de todo o mundo.
Recentemente o Governo do Estado do Amazonas, a Prefeitura Municipal de Manaus e a Superintendência da Zona Franca de Manaus apoiaram o projeto de modernização das antigas instalações, com a finalidade de aumentar não só o número de recintos para melhor abrigar as espécies da floresta amazônica como também para melhor acolher o público visitante. Atualmente o Zôo possui exemplares de quelônios, jacarés, mamíferos e aves, num total de 430 animais, com mais de 60 espécies diferentes.
Assim, além de servir para aproximar o Exército da sociedade civil, o Zoológico do CIGS cumpre importante papel na formação dos combatentes de selva, pois a instrução referente à sobrevivência na selva culmina com os ensinamentos sobre a utilização da fauna e da flora como fontes de alimento. Essa é uma das maiores tarefas da Divisão de Veterinária do CIGS, responsável pelo Zôo. Além disso, na selva os animais não são vistos com facilidade, e com freqüência ocorre que, durante um curso inteiro, os alunos não vêem nenhum animal. Por isto, os animais apresentados têm de ser observados e estudados constantemente, proporcionando subsídios à instrução.


Atenção aos detalhes


O papel do CIGS e de sua Divisão de Doutrina e Pesquisa no aperfeiçoamento do combatente de selva brasileiro vai muito além de pesquisar e ensinar a construção e uso de abrigos e armadilhas, emprego de armas e equipamentos, etc. Chega-se ao nível de detalhar, por exemplo, o tipo de tecido ideal para uso nos uniformes, a técnica de amarração ideal dos cadarços usados nos coturnos, a composição da ração operacional, o projeto de uma rede de selva adequada, e muitos outros.




Acima A rede de selva aprovada pelo CIGS, com mosquiteiro, compartimento sob o leito e toldo impermeável. Os tirantes de lona nas laterais servem para o trespassamento de hastes de madeira, de modo a utilizar a rede como maca (Foto: Raimundo Valentim).




O coturno de selva, com o sistema de amarração aprovado pelo CIGS, e amostra do uniforme atual (Foto: Raimundo Valentim).


A definição de um tecido ideal para ser usado na confecção dos uniformes foi tarefa para vários anos, até se chegar ao modelo atual, com percentuais ideais de polyester e algodão, de forma a permitir a secagem rápida do uniforme, constantemente exposto à umidade, sem que apresente desconforto ao militar. O mesmo empenho foi aplicado ao estabelecimento da técnica de amarração dos cadarços dos coturnos, de modo a permitir sua rápida desamarração ou mesmo o corte com faca, para que o combatente possa liberar rapidamente seu equipamento e nadar com maior desenvoltura, se isso significar sua sobrevivência na hipótese de, por exemplo, cair em águas profundas e turbulentas.
A definição da composição da ração operacional também mereceu por parte do CIGS intensos estudos, incluindo a análise de rações utilizadas por exércitos de outros países. A ração do exército americano, por exemplo, foi analisada e testada no ambiente da selva amazônica. Devido ao seu elevado teor de gordura, foi constatado que o combatente de selva que fizesse uso dela estaria fora de combate em menos de três dias, com sérios problemas intestinais e diarréia. A ração brasileira, além de estar adaptada ao paladar do soldado brasileiro —com pratos como arroz e feijão, carne assada e frango , tem elevado teor protéico e de fibras.




Acima Um dos instrutores do CIGS, Sargento Ricci, explica o funcionamento de diversos tipos de armadilhas, utilizando-se de maquetes (Foto: Raimundo Valentim).




Saco de ração operacional e seu conteúdo, incluindo os acessórios (Foto: Raimundo Valentim).


Também faz parte das responsabilidades do CIGS instruir os participantes dos Cursos de Operações na Selva sobre o correto uso dos recursos da floresta, seja para a construção de armadilhas (voltadas aos oponentes, ou à caça e pesca), cuidados com animais peçonhentos, e como usar animais e vegetais para os mais diversos fins, incluindo a alimentação. Frutas e animais comestíveis abundam na floresta, assim como os venenosos ou tóxicos. Note-se que, entre os animais considerados comestíveis, encontram-se algumas larvas e insetos de aspecto nada apetitoso para o homem da cidade.
Se a selva já é extremamente perigosa e desconfortável durante o dia, à noite o perigo e o desconforto são ainda maiores. Para permitir que o guerreiro de selva possa manter e recuperar suas energias, com repouso e conforto adequados, e mantendo-se a salvo de mosquitos, ofídios, aracnídeos e outros riscos, o CIGS não mediu esforços para desenvolver uma rede de selva ideal. O modelo aprovado e em uso atualmente possui mosquiteiro, toldo para abrigo da chuva (que, sendo impermeável, também pode ser usado para recolher a água da mesma), compartimento na parte inferior para armazenar as armas e os equipamentos individuais do combatente, e tirantes de lona resistentes nas laterais, que permitem sua transformação em uma maca improvisada, simplesmente passando-se duas hastes de madeira nas laterais.


Armas e equipamentos


Uma das maiores responsabilidades da Divisão de Doutrina e Pesquisa do CIGS é a avaliação e aperfeiçoamento de armas, visando seu emprego na Guerra de Selva. O ditado sempre lembrado pelos homens do CIGS é o que diz que “A selva não pertence ao mais forte e sim ao mais habilidoso, ao mais resistente e ao mais sóbrio”. Assim, o CIGS tem sido nos últimos anos um dos mais importantes atores no desenvolvimento da chamada “Estratégia de resistência” do Exército Brasileiro, para a eventualidade de um confronto militar entre nossas forças e as de um país ou coligação de países com poderio militar bem superior.




Armas testadas e utilizadas nas instruções do CIGS. O Fuzil Pára-FAL à direita está equipado com um visor noturno de fabricação israelense, com capacidade de telemetria (Foto: Raimundo Valentim).




A besta usada pelas tropas de selva brasileiras é precisa e tem alcance de 700 metros, sendo capaz de atravessar um corpo humano a cerca de 100 metros (Foto: CIGS).


Diversas armas, táticas e equipamentos vêm sendo exaustivamente testados, modificados ou aperfeiçoados pelo EB nos últimos anos, com vistas ao seu emprego na guerra de selva. Muitos são aprovados e muitos são recusados. A constatação de que equipamentos receptores GPS não funcionam corretamente sob a densa cobertura vegetal da floresta, por exemplo, fez com que o Exército restringisse seu uso somente à instrução e a casos nos quais a determinação de coordenadas precisas é imprescindível, como numa evacuação aeromédica. Nesta situação, entretanto, o militar com o receptor seria obrigado a se deslocar até uma clareira ou até a margem de um rio para usar o equipamento. No dia a dia das operações de selva do Exército, o que se usa são as tradicionais cartas e bússolas. Forças excessivamente dependentes de recursos tecnológicos como o GPS poderiam ficar em sérios apuros na Amazônia.
No que se refere ao armamento individual do guerreiro de selva, o EB tem, ao mesmo tempo, o problema e a solução. Fuzis de assalto de diversos tipos foram e são avaliados, incluindo armas de alta qualidade, como o fuzil alemão Heckler & Koch HK33 e o norte-americano M16A2, ambos no calibre 5,56mm, e o tradicional FAL do Exército Brasileiro, no calibre 7,62mm. O fuzil padrão das tropas de selva brasileiras é o Pára-FAL, a versão com coronha rebatível, usada também pelas tropas pára-quedistas brasileiras e outras unidades. O Pára-FAL tem se mostrado a arma ideal para emprego na selva por suas características de peso, rusticidade e simplicidade de manuseio. Por outro lado, sua substituição no futuro será, certamente, um sério problema para o Exército. O calibre 5,56mm, usado na maior parte dos modernos fuzis de assalto, é considerado inadequado para o combate de selva, devido ao pequeno peso do projétil e à sua tendência de assumir uma trajetória instável ao colidir com pequenos obstáculos, como folhas e galhos de árvores. Isso acaba retirando do projétil muita energia e, consequentemente, poder de parada (stopping power).




Acima Tanto o lança-chamas (à esquerda) quanto o lança-granadas (à direita) tiveram seu uso por parte dos combatentes de selva do EB aprovado pelo CIGS (Foto: Raimundo Valentim).


O respeito que o Pára-FAL conquistou entre os combatentes de selva justifica-se, por exemplo, pelo resultado de um teste realizado numa das bases de instrução do CIGS, quando um exemplar de cada do HK33, do M16A2 e do Pára-FAL foram comparados, com o objetivo de determinar sua resistência às condições da floresta. Numa manhã, cada uma das armas recebeu limpeza e a necessária manutenção, de acordo com as recomendações do fabricante, foi municiada e colocada sobre cavaletes de madeira, e exposta ao Sol e à chuva durante todo o dia e a noite seguinte.
Pela manhã do outro dia, um oficial retirou o HK33 do cavalete e tentou disparar uma rajada contra um alvo: a arma travou várias vezes. Ao repetir a experiência com o M16A2, verificou-se que este não disparou um só tiro, pois estava grimpado. Finalmente, o oficial dirigiu-se ao Pára-FAL, conhecido como “pit-bull” entre a tropa e, surpreendentemente, não somente conseguiu descarregar todo o pente no alvo, como ainda remuniciou a arma e repetiu a dose. Este oficial confidenciou ao autor que não coloca em dúvida a qualidade das outras duas armas, mas o teste evidencia o fato de que ambas necessitam de muito mais cuidados e manutenção do que o tradicional e confiável Pára-FAL.




Acima A eficiência da roupa de camuflagem (Ghilie Suit) utilizada pelos caçadores (snipers) do EB na Amazônia é demonstrada nesta foto (Foto: CIGS).


Mas as armas disponíveis para o uso na selva não se resumem ao fuzil, à faca de combate e ao inseparável facão de mato. Armas incomuns, como bestas e até mesmo a tradicional zarabatana dos indígenas da região, podem fazer parte do arsenal do guerreiro de selva. Os modelos de bestas usados têm grande precisão e poder de penetração, podendo atravessar um corpo humano a quase 100 metros de distância. Silenciosa e mortal, a besta é considerada uma arma excelente para eliminar sentinelas. O mesmo se aplica à zarabatana, principalmente associada a dardos com venenos cujo preparo é um segredo bem guardado pelo EB e pelos soldados indígenas que, em número cada vez maior, engrossam as fileiras dos Batalhões de Selva na Amazônia, com excelente avaliação por parte de seus comandantes.
A importante participação dos índios brasileiros na formação das tropas de selva brasileiras pôde ser exemplificada durante a Operação Ajuricaba II, em outubro/novembro de 2003, quando as Forças do Partido Azul, responsáveis pela defesa da região, usaram soldados indígenas como rádio-operadores. Falando em sua própria língua, eles evitavam que as comunicações fossem decifradas pelas forças invasoras, ou Partido Vermelho, compostas por elementos da Brigada Pára-quedista, Fuzileiros Navais e outras tropas de elite, sediadas em diferentes regiões do país. Essas, diga-se de passagem, tinham efetivos maiores e eram dotadas de armas e equipamentos de alta tecnologia, tendo total controle sobre o espectro eletromagnético na área da operação.




Instrutor do CIGS durante aula do COS a oficial da Legião Estrangeira da França, um Comando do Exército Argentino e um membro das Forças Especiais do Exército do Equador (Foto: CIGS).


Num conflito na Amazônia, as forças de selva do EB agiriam em pequenas frações, mas capazes de inflingir pesadas perdas ao adversário, fazendo uso do seu conhecimento da floresta para desaparecer sem deixar vestígios. Dentro deste espírito, uma tática que voltou a ter força dentro do EB nos últimos anos foi o emprego de equipes de atiradores de elite (snipers), denominados "caçadores" no Exército. Uma equipe de caçadores é formada por dois sargentos, sendo um o atirador (o sniper, propriamente) e o outro o observador (spotter). A arma já testada e aprovada para o uso por essas equipes é o fuzil Imbel Fz .308 AGLC, de projeto e fabricação nacionais. O AGLC é uma arma de precisão baseada na ação Mauser, de reconhecida e inegável confiabilidade e segurança. Com um cano flutuante, tipo “match”, forjado a frio e adaptado para o tiro com luneta, e usando munição 7,62 x 51mm, a arma saiu-se muito bem quando comparada a diversos tipos de fuzis de precisão de fabricação estrangeira. O tipo de camuflagem (ghillie suit) usado pelas equipes de caçadores também já teve sua eficiência determinada pelo trabalho do CIGS.
Outra arma testada e adotada para uso por tropas de selva é a tradicional escopeta calibre 12, empregada pelos esclarecedores dos grupos de combate. Como o esclarecedor é o elemento que vai à frente da formação, precisa de uma arma com o máximo de poder de fogo, para a possibilidade de um encontro com uma patrulha inimiga. Outras armas que tiveram seu uso aprovado para guerra na selva graças aos estudos realizados pelo CIGS foram o lança-granadas de 40 mm e o lança-chamas.




Um “cachê” aberto, mostrando seu conteúdo. No caso, rações de combate. Camuflados, dificilmente são percebidos pela tropa adversária, nativos ou animais (Foto: Raimundo Valentim).


Mas o trabalho desenvolvido pelo CIGS em busca de meios que possam fazer valer a chamada “estratégia de resistência” foi ao ponto de testar e aprovar o emprego da tradicional e popular carabina Puma, modelo Winchester, de ação por alavanca, fabricada pela empresa Amadeo Rossi, enquanto a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) fabrica sua munição, calibre .38. A idéia por trás disso era encontrar uma arma que fosse de fácil manuseio, relativamente precisa e barata, que pudesse ser distribuída para reservistas e mesmo entre a população civil, no evento de uma intervenção militar estrangeira na Amazônia, e cuja munição fosse facilmente encontrada no comércio. Nos testes realizados pelo CIGS, ficou demonstrado que a carabina Puma pode ser precisa em distâncias superiores a 100 metros. Bons atiradores conseguem tiros precisos a quase 200 metros. E, na opinião dos oficiais instrutores do CIGS, 100 metros pode ser a largura de uma margem a outra de um rio, separando o atirador com a Puma de uma fração de tropa inimiga.
Uma tática desenvolvida pelo CIGS e já disseminada entre as tropas de guerra na selva é o emprego de “cachês”, como meio de pré-posicionamento de armas, munição, medicamentos, rações e outros suprimentos fundamentais às frações de tropa. Os cachês são, basicamente, depósitos de suprimentos enterrados, com a finalidade de ressuprimento de tropas nacionais, que estejam operando em nosso território, em área sob intervenção de uma nação ou força multinacional incontestavelmente superior, em meios, à brasileira. Os cachês são enterrados em locais de difícil acesso e percepção pelo invasor, mas de fácil abordagem pela tropa interessada. Os buracos são resistentes a intempéries, forrados por madeiras nas laterais e com drenagem no fundo, sendo usados para acondicionar containers de fibra de vidro com suprimento para pequenas frações (10 a 15 homens). A camuflagem dos “cachês” é tão eficiente que não eles são percebidos por animais ou nativos.




Combat Boat CB90H, produzido na Suécia, analisando seu uso da Bacia Amazônica (Foto: Dockstavarvet AB).


O trabalho do CIGS na avaliação de armas e equipamentos, bem como de toda tática ou meio que aumente as já superlativas capacidades dos guerreiros de selva brasileiros, não pára. Ainda no primeiro semestre de 2004, o CIGS deverá se envolver na avaliação de um exemplar do Combat Boat CB90H, uma lancha produzida pela empresa sueca Dockstavarvet AB, que deverá enviar um exemplar a Manaus em abril. O CB90H é capaz de transportar 20 soldados totalmente equipados (o equivalente a cerca de 2,8 toneladas), em velocidades de até 40 nós e com relativo conforto, mesmo em condições climáticas adversas, sendo capaz de realizar abicagens violentas em praias ou margens de rios, ocupadas por forças adversárias. As tropas desembarcam através de uma rampa lançada por sobre a proa. O CB90 é largamente utilizado pela marinha sueca (172 unidades do CB90H), e foi exportado para a Noruega (20 CB90N), Malásia (17 CB90H) e México (40 CB90H).


O projeto Búfalo


Uma das primeiras preocupações do CIGS era resolver a questão do transporte de armas, munição, água, rações e outros equipamentos por frações de tropa empenhadas na guerra de selva. Assim, na busca de um meio de transporte eficiente e de baixo custo para o ressuprimento nas operações na selva, tentou-se a utilização de animais de carga ou que pudessem ser adestrados para esse fim.
Uma das primeiras tentativas desenvolvidas pelo CIGS foi durante o Comando do Cel Gélio Fregapani, com a utilização de uma anta, criada desde cedo no zoológico do Centro com este fim. A experiência infelizmente não obteve sucesso, já que o animal, selvagem, jamais aceitou que fosse transportada qualquer carga nas costas.




Um búfalo da raça Mediterrâneo equipado com o colete especialmente desenvolvido pelo CIGS para o transporte de suprimentos diversos. O animal, equipado com este colete, suporta o seu próprio peso em carga, ou cerca de 400 kg (Foto: CIGS).


Outra tentativa, também frustrada, mas que começou a demonstrar a validade do conceito da utilização de animais, foi executada a partir de 1983 com a utilização de muares. Estes, apesar de historicamente já haverem sido bastante utilizados, não só pela população civil como em operações militares, infelizmente não se adaptaram à Amazônia, sendo que o principal problema verificado foi de natureza veterinária. O animal teve sérios problemas com apodrecimento de cascos e doenças de natureza epidérmica.
Com a continuidade dos estudos chegou-se finalmente ao búfalo, animal já criado com sucesso na Amazônia em pelo menos quatro espécies, rústico e com diversas características que foram ao encontro das necessidades militares para o emprego de animais.
O chamado Projeto Búfalo nasceu em 2000, e tem demonstrado ser uma das soluções para as necessidades das tropas de selva brasileiras, devido à resistência do animal, sua adaptação ao ambiente e, principalmente, à sua capacidade de transportar 400 kg ou mais de carga no lombo, ou até três vezes isso quando tracionando carroças. A história completa do Projeto Búfalo, por si só, já mereceria uma matéria à parte, que poderá vir a ser tratada em uma futura edição.


Defendendo a Amazônia brasileira


Para os oficiais, subtenentes e sargentos do Exército Brasileiro, completar o Curso de Operações na Selva é uma das maiores honras a conquistar em suas carreiras. O CIGS, que já formou quase quatro mil especialistas em guerra na selva durante sua existência, cumpre assim o seu papel de formulador da doutrina de guerra na selva do Exército Brasileiro, pois esses oficiais e sargentos, que tão duramente conquistaram o direito de usar em seus uniformes o almejado “Brevê da Onça”, agirão como elementos disseminadores de tudo que aprenderam em sua passagem pelo CIGS, em toda unidade por onde passarem em suas carreiras. Muitos retornarão ao Centro, como instrutores, formando novas gerações de guerreiros de selva. Após sua formação, ao deixarem pela última vez a unidade, atravessando o portão da guarda e ouvindo o tradicional grito de “Selva!”, saberão que, na floresta, nunca mais se sentirão como caça. São agora caçadores, prontos a defender a brasileira Amazônia.


VOCÊ QUER SABER MAIS?


www.cigs.ensino.eb.br/


www.cigs.com.br/


www.exercito.gov.br/06OMs/centros/cigs/indice.htm

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

HADITH E SUNNAH!

Hadith




A Hadith (الحديث, pl. Ahadith) é um corpo de leis, lendas e histórias sobre a vida de Maomé, (estas histórias chamam-se em Árabe Sunnah e incluem a sua biografia ou sira) e os próprios dizeres nos quais ele justificou as suas escolhas ou ofereceu conselhos; muitas partes da Hadith lidam com os seus companheiros (Sahaba).
Para a maioria dos muçulmanos, a hadith contém uma exposição com autoridade dos significados do Corão. A lei islâmica é deduzida dos actos, afirmações, opiniões e modos de vida de Maomé. Muçulmanos tradicionais acreditam que os académicos islâmicos dos passados 1400 anos foram bem sucedidos na maior parte em determinar a exactidão de boa parte da hadith com que lidaram.


A literatura, como um todo, foi passada de geração em geração oralmente até meados do século VIII (menos de 100 anos após a morte de Maomé e seus companheiros), ponto a partir do qual foram escritas colecções da Hadith. Mais tarde, elas foram editadas. Este processo chamou-se de isnad, e tomou duas formas:


• musnad - classificação de acordo com os nomes dos tradicionalistas


• musannaf - classificação de acordo com o tema; editada de acordo com o conteúdo.


Os diferentes ramos do Islão (Sunitas e Xiitas) aceitam diferentes colecções da hadith como genuínas.
Tal como o Talmude está para a Torá no Judaísmo, a Hadith está para as leis do Corão no Islão. A Hadith é a interpretação autoritativa do Corão, mesmo quando a prática corrente está em conflito com o significado do texto. A lei islâmica tem alguma flexibilidade, já que algumas tradições do profeta foram anuladas por outros dizeres posteriores dele.


Suna




A palavra árabe Suna significa ‘um caminho’, e logo, suna do profeta significa os caminhos do profeta, ou aquilo que é normalmente conhecido como Tradições do Profeta. Terminologicamente, a palavra “Suna” significa também os feitos, dizeres e aprovações do Profeta Maomé durante os seus 23 anos de profeta, e isto significa que tudo o que ele disse, fez ou aprovou durante o seu tempo como profeta e mensageiro de Alá é considerado uma suna, e os muçulmanos têm de seguir e praticar as suas tradições. Os registros validados (a "hadith") desse "caminho", constituem um exemplo moral para os muçulmanos.


Suna, deste modo, é a segunda fonte da lei islâmica após o sagrado Corão. O sagrado Corão, que é a palavra de Alá incorporada no livro chamado “Mus-haf”, e a Suna incorporada em muitos livros, os mais importantes sendo: Sahih Bukhari, Sahih Muslim, Sunan An-Nasai, Sunan Attirmidhi, Sunan Ibn Majah, e Sunan Abu Daud, que perfazem um corpo de lei islâmica e directivas divinas para muçulmanos em todo o mundo.


A Suna, ao contrário da Hadith, é o caminho ou feitos do Nobre Profeta Maomé durante o seu período de profecia enquanto que a Hadith é uma colecção de suas narrações e aprovações durante o mesmo período.
As duas palavras são praticamente equivalentes quando se referindo às tradições do Profeta, mas na verdade existe uma diferença entre as duas. Hadiths são classificadas quanto ao seu estatuto, em relação aos seus textos e à sua cadeia de transmissores. Académicos de Hadiths estudaram a Suna do profeta desde o seu contexto bem como os seus transmissores por forma a estabelecer o que é verdade e o que é falso nestes hadiths.


Através da pesquisa do transmissores da Hadith, académicos da Hadith chegaram a um sistema para saber as diferentes categorias da Hadith, e de como avaliar o texto por forma a estabelecer se ele é correcto, bom, fraco ou falso.
A Suna deve ser distinguida da fiqh, que são as opiniões de juristas religiosos, e o Corão, que é uma revelação em si e não um registro.


VOCÊ QUER SABER MAIS?


http://www.islamismo.org/

LIMITE DE VENDA DE TERRA PARA ESTRANGEIROS NO BRASIL.

AGU aprova limite de venda de terras do País a estrangeiros




O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o advogado-Geral da União, ministro Luís Inácio Lucena Adams, aprovaram nesta segunda-feira um parecer da Consultoria-Geral da União (CGU) que limita a venda de terras brasileiras a estrangeiros ou empresas brasileiras controladas por estrangeiros. O documento, segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), levou em consideração alterações no contexto social e econômico no Brasil, assim como aspectos como a valorização das mercadorias agrícolas, a crise mundial de alimentos e o desenvolvimento do biocombustível.


Com a nova interpretação, as compras de terras serão registradas em livros especiais nos cartórios de imóveis. Todos os registros feitos por empresas brasileiras controladas por estrangeiros devem ser comunicados trimestralmente à Corregedoria de Justiça dos Estados e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O parecer prevê, entre outras restrições, que as empresas não poderão adquirir imóvel rural que tenha mais de 50 módulos de exploração indefinida. Só poderão ser adquiridos imóveis rurais destinados à implantação de projetos agrícolas, pecuários e industriais que estejam vinculados aos seus objetivos de negócio previstos em estatuto. Esses projetos devem ser aprovados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.


As restrições alcançam também o tamanho da terra. A soma das áreas rurais pertencentes a empresas estrangeiras ou controladas por estrangeiros não poderá ultrapassar 25% da superfície do município.


Histórico


Em 1994, a pedido do Ministério da Agricultura, a CGU emitiu parecer argumentando que só poderia haver restrições à compra de terras por empresas brasileiras de capital estrangeiro caso esse impedimento estivesse expresso no texto constitucional, o que não ocorria, segundo o entendimento da época, em conformidade com Constituição Federal de 1988. Mais tarde, em 1998, o parecer foi ratificado pela AGU.


CNJ: cartórios devem informar compra de terras por estrangeiros


A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça determinou, nesta terça-feira, que os cartórios de registro de imóveis de todo o País passem a informar, trimestralmente, às corregedorias dos Tribunais de Justiça todas as compras de terras por empresas brasileiras controladas por estrangeiros.


A medida foi adotada pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, em resposta ao requerimento da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal e põe fim a uma discussão que se arrasta desde a promulgação da Constituição Federal em 1988, sobre se deveria ou não haver controle das compras de terras por empresas nacionais controladas por pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras.
No entendimento da Corregedoria Nacional de Justiça, se os tabeliães não prestarem as informações estarão sujeitos à perda do cargo. Além disso, as aquisições de terras poderão ser anuladas, caso sejam denunciadas e comprovadas irregularidades.


VOCÊ QUER SABER MAIS?


http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4564617-EI306,00-CNJ+cartorios+devem+informar+compra+de+terras+por+estrangeiros.html


http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4638720-EI306,00-AGU+aprova+limite+de+venda+de+terras+do+Pais+a+estrangeiros.html

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DESCOBRIMENTO OU ACHADO

As civilizações que os europeus destruíram:


ESSE TRABALHO POSSUÍ DIREITOS AUTORAIS.


TRABALHO ACADÊMICO DO CURSO DE HISTÓRIA.


AMÉRICA I


LEANDRO


É possível nomear aquele que já tem nome? É possível colocar-se como deus diante dos homens e ditar seus caminhos? É possível chegar a uma terra e dizer que a História começa com a sua chegada, como se os nativos estavam estáticos; sem idioma, cultura ou organização própria como se estivessem parados no tempo e só começassem a se movimentar com a chegada do europeu? É possível destruir culturas que em muitos aspectos supera a sua? Os Espanhóis mostraram para a humanidade que sim!




Quando os europeus chegaram ao continente que denominariam América (A popularidade trazida pelas narrativas das viagens de Américo Vespúcio converteu-o num dos autores mais vendidos à época. Foi o cartógrafo Martin Waldseemüller quem primeiro nomeou o novo continente de América em sua homenagem em 1507). Agora que sabemos porque nosso continente traz um nome de um europeu ao invés de um nome de um herói ou deus nativo, vamos olhar um pouco para o homem que foi o primeiro europeu a chegar a América, no ano 1000 dc Erik o Vermelho um Viking. Ele chegou à costa do atual Canadá e EUA, aonde denominaram a terra de Vinland devido ao grande número de vinhas ali encontradas, mas devido à distância impediu que realizassem um contato mais freqüente com o continente. O ponto do continente onde mais permaneciam é hoje a denominada Ilha da Groenlândia aonde na época chegaram a cultivar cereais em toda parte sul da ilha devido ao clima local mais ameno que o atual.


Agora falaremos de quem oficialmente segundo eles mesmos foram os primeiros europeus a chegarem na nomeada América, falaremos de Colombo e sua chegada ao novo continente, e sua repercussão no mundo que pensavam na época ser bem menor e isso se dava não só na Europa em relação ao restante da Ásia e África, mas também aqui na América onde os povos nativos não se conheciam em sua totalidade. O desembarque de Colombo é um símbolo de um grande processo, cuja conseqüência é a globalização da humanidade. Segundo o autor Miguel Leon Portilla nós americanos só podemos comemorar esse acontecimento e não celebrar, porque nesse processo houve abusos e a morte de 50 milhões de nativos. O mesmo número de mortos que houve na II Guerra Mundial. Engraçado ninguém lembrar disso? Mas devemos comemorar, pois não podemos permitir que esse fato horrendo ocorrido com os nativos caia no esquecimento.


Outro problema a ser abordado é alguns conceitos inseridos pelos europeus aos nativos, como certas terminologias errôneas. Quando Colombo teve o primeiro contato com os nativos chamou-lhes de “Índios”. Essa denominação surgiu porque se julgou terem chegado às Índias e por isso passou a se chamar de índios aos habitantes da região. Uma denominação errada que não foi corrigida mesmo depois de descobrirem que não estavam nas Índias, pois não se deram ao trabalho de respeitar a designação que cada povo tinha e mantiveram a sua absurda nomenclatura. No período colonial, índio para o espanhol era aquele que deveria trabalhar nas minas, cidades e fazendas, ser reconhecido como índio era sinônimo de trabalho compulsório para aqueles de sangue e cor de pele que consideravam inferiores, bem apropriado para o colonizador espanhol branco. Dentro do mesmo problema temos a designação de “altas culturas” que era aplicada pelos europeus somente aos povos da Confederação Asteca e ao Império Inca que sobrepujaram outros povos das suas respectivas regiões. Enquanto o correto é que todas as sociedades americanas que passaram pelo processo de adoção da agricultura extensiva e da revolução urbana deveriam receber essa designação. Abordando a terminologia altas culturas da outra forma da se uma impressão de dominação política dos Astecas e Incas sobre os outros povos. Tanto Astecas como os Incas, no período anterior as suas expansões, eram tribos no mesmo estágio cultural que seus vizinhos e em certo momento, chegaram a estar a eles subordinados.


Por um processo especifico, e numa expansão rápida, passaram a subjugar, dominar e tributar outros povos, outrora seus iguais. Desta forma identificar somente Astecas e Incas como as altas culturas é esquecer a rede de dominação e tributação construída por estes Estados, além de referir-se a culturas que se tornaram hegemônicas e dominantes a partir de uma expansão militar, e não por uma suposta sofisticação cultural própria e autônoma. Outro termo avassalador para aqueles que almejam o respeito aos nativos da nomeada América é o Pré-Colombiano, pois essa expressão supõe que estas sociedades não têm História e que, no máximo, a História se inicia com a chegada do europeu civilizado e culto. Posicionando como marco da História da nomeada América é a chegada de Colombo e com ele veio a forma civilizada de viver.


Quando estudamos o Império Inca (América do Sul) e Asteca (América Central) nos é revelado a existência de sociedades extremamente complexas e hierarquizadas com mitologia e religião próprias a sua realidade.
A Confederação Asteca tem sua origem na cultura mãe da civilização meso-americana a cultura Olmeca (um exemplo de sua cultura é o centro cerimonial de La Ventana) e seus predecessores. Os mexicas provenientes do norte instalaram-se no vale do Anahuac em 1168 as margens do lago Texcoco e assimilaram para sua cultura muito da cultura Olmeca. O conflito pela terra com as cidades vizinhas leva-os lentamente a vitórias consecutivas onde foram edificando templos, casas, palácios, aquedutos e montou-se uma burocracia estatal e hierarquizou-se a religião. Sua economia baseava-se no modo de produção tributário que exige que as comunidades aldeãs extraiam da terra o alimento necessário para sua auto-sustentação e a manutenção da Classe-Estado. Teotihuacán era sua capital e era composta por um conjunto arquitetônico ligado por diversas estradas. O fim de sua civilização veio com a chegada de Hernando Cortes um navegado Português a serviço da coroa espanhola que esteve no México em 1519, em expedição onde submeteu os Astecas tornando-se governador geral do México em 1521. Praticou uma serie de castigos aos nativos da região, tornando-se famoso por suas crueldades.


Falaremos um pouco sobre o Império Inca que não foi nada mais nada menos que o sucessor de culturas anteriores, períodos em que as autoridades centrais conseguiram controlar as comunidades das montanhas e costeiras. O Horizonte (Império) Primitivo era centrado em Chavín de Huantar um templo nas montanhas lestes que teve seu apogeu a uns 3000 anos atrás, quando influenciou outras colônias da região. No Horizonte (Império) Médio temos Tiahuanaco perto do lago Titicaca na Bolívia e Huari no atual Peru, ambos foram verdadeiras colônias urbanas de Estados de vasta extensão há 2500 anos atrás. No Período Intermediário Tardio que corresponde aos séculos imediatamente anteriores a expansão inca, tinha sido um tempo de guerras. A expansão inca daria se por meio de 8 comunidades que procediam da região Colha próxima do lago Titicaca, de língua aimará. Apos submeterem as populações locais de língua quíchua concentraram esforços em dominar o vale onde construiriam sua futura capital.


O Império Inca, respeitando as antigas funções das comunidades aldeãs chamadas ayullus, incorporou militarmente outros estados impondo uma unidade política, econômico-social e religiosa, justificando a denominação de Império. A ideologia transmitida pelos incas aos povos submetidos referia-se ao soberano como filho do sol que lhe outorgava proteção divina. Sendo assim o Império Inca era apresentado desta forma: os historiadores oficiais escreviam duas historias; uma para a hierarquia e outra para o povo. Na segunda versão se excluía tudo o que pudesse diminuir o respeito e a fidelidade ao soberano, a História foi deliberadamente falsificada para divinizar o inca e tornar sua vontade a dos deuses.


Fato interessante em relação às conquistas incas é a apropriação e adaptação de costumes e técnicas de outros povos a sua sociedade. Aquilo que encontrassem em uma cultura que fosse ser útil ao Império eles utilizavam, um exemplo é o sistema de correio e o sistema numérico através de cordas que foram assimilados da cultura Chimu pelos incas conquistada. A partir de Cuzco o Império estava dividido em duas partes subdivididas em quatro. Nas regiões rebeldes os incas designaram governadores para substituir o senhor natural. O Império organizava sua economia pelo sistema de Mita que correspondia ao serviço prestado ao inca nas mais diferentes formas. Como na função de soldados, na agricultura, no trabalho de pedreiros, todos eles constituíam dispêndio de energia em beneficio do Estado, devidos, em proporções diferentes, por quase todos os grupos étnicos incorporados pelos incas (Tahuantinsuyo: Quatro cantos). Não havia doação ou pagamento de qualquer coisa com seus próprios recursos se não contarmos as terras cultivadas em beneficio do Estado. Os únicos itens cedidos em espécie ao estado eram fornecidos por aqueles que não haviam constituído família.


A real grande renda do Estado consistia na prestação de energia e tempo gasto em beneficio do Estado num grande numero de empreendimentos.
Outra política utilizada pelos incas para manter o controle sobre os povos conquistados era o reassentamento que funcionava num sistema de deportação da população local para outro local e suas fazendas eram concedidas aos mitmacs (povos fieis aos incas e que manteriam a região sob vigilância e controle dos incas). Esse processo foi intensificado com a expansão rápida, pois a necessidade de povos fieis em meio a recém conquistados se fazia necessária. Para contabilizar a produção os incas utilizavam os quipos, longos cordões aos quais eram amarrados cordõezinhos onde se faziam diferentes tipos de nós, como sinais que eram usados tanto na contabilidade como para registrar fatos históricos.


O Império Inca, igual ao Asteca ou ao Maia, era um sistema econômico-politico-ideologico que tinha como base o modo de produção tributário avançado, baseado na exploração da comunidade aldeã por uma classe-Estado, formada por sacerdotes, guerreiros e burocratas. O socialismo no Império Inca como proposto por diversos autores não passa de uma ilusão, pois se o socialismo é o ato pelo qual todos os bens de uma sociedade são distribuídos de modo eqüitativo entre todos os seus membros isso não se refere ao Estado inca onde na região do Titicaca o Estado exigia 80 mil cabeças (lhamas, Guanacos, Vicunhas e Alpacas) por ano para cada 15 mil tributados. Se isso corresponde a um sistema socialista não compreendo como devo denominar um sistema opressor.


O conquistador Espanhol Francisco Pizarro foi o carrasco dos incas, pois em 1530 desembarcaram em San Mateo e atingiram Cuzco, apoderando-se da cidade e capturando o inca Atahualpa, que ficou prisioneiro como refém. Os espanhóis assassinaram traiçoeiramente Atahualpa, originando lutas, que terminaram coma a vitória dos conquistadores. Pizarro recebeu o título de marquês com jurisdição até os confins da nação inca. Sua crueldade e orgulho desmedidos empanaram suas qualidades militares e seu arrojo.


Quando chegaram no continente que seu egocentrismo nomeou América os europeus somente queriam três coisas metais preciosos, especiarias e expandir a fé cristã. Todos esses três itens em detrimento de qualquer coisa ou até mesmo pessoas que se opusessem a eles ou simplesmente estavam no caminho deles. Não pouparam crianças, idosos e mulheres nesta devastadora jornada da ganância. Quando abordamos os quesitos de metais preciosos e especiarias nossos invasores não tinham a menor idéia de respeito à natureza como também não tinham pelos nativos. Agora quando falamos de expansão da fé Cristã não podemos aceitar como dizem alguns autores que a religião legitimou toda a barbárie e usando da Bíblia esses autores se valendo de trechos isolados colocam o Homem Cristão servo de um Deus Antropocêntrico que permite ao mesmo utilizar a natureza como quiser até mesmo destruí-la por completo, não vou citar versículos, mas é notório ao mais leigo cristão praticante que as Sagradas Escrituras jamais legitimam a destruição da criação de Deus.


É algo contraditório com a natureza divina e sua própria palavra. Os espanhóis mataram, estupraram, torturam e mutilaram em nome de sua própria ganância, em nome de sua luxuria, em nome da coroa e de seus reis. Tudo o que fizeram foi simplesmente porque sabiam que sairiam impunes que não havia nada nem ninguém para os impedir, pois o que faziam segundo o conceito que a eles foi dado era em nome do progresso do reino do povo desse reino que os receberia como heróis por mais desumanos que fossem. A fé pode ter sido uma mola propulsora que levou o homem às terras distantes, mas nunca legitimou a desumanidade e a destruição da natureza.


Os eurocentristas (aqueles que consideram ter sido benéfica a chegada dos europeus ao novo continente e que esse continente não era civilizado) ignoram qualquer possibilidade do surgimento na América de algum povo civilizado. Desconhecem que, enquanto os camponeses morriam de fome durante o feudalismo europeu, Estados centralizados construíam na América complexas obras hidráulicas, controlavam o tempo através do calendário, conseguiam alimentar decentemente todo o povo, que possuíam aposentadoria, pública e gratuita, ou que as primeiras universidades envolvidas com a tecnologia da produção de alimentos surgiram fora da Europa ocidental.


Partindo desse pensamento supomos que o sentimento Europeu em relação aos povos nativos era de medo, por encontrar tão vasto conhecimento e riquezas pertencentes a pessoas que pensavam tão diferentes e estavam tão distantes do mundo Europeu e possuíam ciência, tecnologia e organização social superior a sua. Os americanistas encontraram nas instituições sociais existentes antes da chegada dos Europeus idéias defendidas na Europa pelos iluministas como: preocupação cientifica, modificação social, critica a realidade existente, luta contra o poder e o obscurantismo. Muitos dos ideais de reciprocidade, liberdade, fraternidade e solidariedade, perseguidos pelos homens da Revolução Francesa, lemas esquecidos nas comemorações européias estavam presentes entre astecas, maias e incas.


Sem sombra de dúvidas as sociedades existentes no continente denominado pelos europeus América não eram o paraíso na terra no qual os Espanhóis esperavam encontrar, pois a exploração dos camponeses pelas classes que controlavam o Estado era algo comum entre os povos astecas, maias e incas. Mas essa mesma classe que explorava também protegia as comunidades contra ataques exteriores, fome, doenças ou frio sendo capazes de organizar as estruturas produtivas para conseguir alimentar decentemente milhões de pessoas, fato que nenhum Estado moderno latino-americano baseado nos moldes dos “desenvolvidos” e “cultos” europeus conseguem repetir hoje. Com certeza ainda temos muito o que aprender com os nativos, pois se tivéssemos seguido o modelo desses povos a América Latina poderia ser um diferencial no mundo do capitalismo “selvagem”. Mostrando ao mesmo que o modelo socioeconômico e cultural europeu não é o senhor da verdade e muito menos da igualdade.


VOCÊ QUER SABER MAIS?


BOXER, Charles R. O império marítimo português, 1415-1825, "O ouro da Guiné e Preste João (1415-99)". São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 31-53.


HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso, "América Portuguesa e Índias de Castela". São Paulo: Editora Nacional, 1958.


LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil, "Capítulo XV - De como os americanos tratam os prisioneiros de guerra e das cerimônias observadas ao matá-los e devorá-los". São Paulo: Editora Edusp, 1980. p. 193-204.


STADEN, Hans. Hans Staden: primeiros registros escritos e ilustrados sobre o Brasil e seus habitantes, "História verídica e descrição de uma terra de selvagens, nus e cruéis comedores de seres humanos…". São Paulo: Editora Terceiro Nome, 1999. p. 53-84


ABREU, J. Capristano de. Vaz de Caminha e sua carta. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio deJaneiro, t. 71, pt. 2, p.109-122, 1909.

V
ABREU, J. Capristano de. Vaz de Caminha e sua carta. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, t. 71, pt. 2, p.109-122, 1909.


ALENCAR, Chico. BR-500: um guia para a redescoberta do Brasil.Petrópolis : Vozes, 1999. 224p. il.


ARRUDA, Virgílio. Presença de Cabral nas rotas do futuro. Santarém : Junta Distrital, 1972. 345p.


BARROSO, Gustavo. História secreta do Brasil. 3.ed. São Paulo : Nacional, 1939. 4v. V.1


BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes. São Paulo :Odebrecht, 1994. 3v. V.1


BITTENCOURT, Feliciano Pinheiro. Compêndio de corografia do Brasil. 6.ed. Rio de Janeiro : F. Alves, 1917. 386p. il.


BUENO, Eduardo. O cientista que descobriu o Brasil. Superinteressante, São Paulo, v.13, n.4, p.26-31, abr. 1999.


Convite para a viagem do autodescobrimento. Época, São Paulo, v.1,n.51, p.62, maio 1999.


Náufragos, traficantes e degredados. Rio de Janeiro : Objetiva, 1998. 200p. il.


O velho almirante e um novo ministro. Época, São Paulo, v.1,n.52, p.55, maio 1999.


A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral. Rio de Janeiro : Objetiva, 1998. 140p. il.


CALDEIRA, Jorge et al. Viagem pela história do Brasil. São Paulo : Companhia das Letras, 1997. 351p.


Viagem pela história do Brasil. São Paulo : Companhia das Letras, 1997. CD- ROM.

domingo, 22 de agosto de 2010

DENÚNCIE NAZISMO NA REDE A SAFERNET!!!!!!!

SE VOCÊ AO NAVEGAR PELA REDE ENCONTRAR PÁGINAS COM APOLOGIA NAZISTA, NÃO TENHA MEDO DENÚNCIE NA SAFERNET. NÃO PRECISA SE IDENTIFICAR.






http://www.safernet.org.br

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PARABÉNS A TODOS OS HISTORIADORES.

19 de agosto, dia do Historiador





19 de agosto é dia do historiador. Convido o leitor a pensar sobre a História e o Historiador a partir das palavras de alguns mestres.
Dia 19 de agosto é dia do Historiador. Em nível nacional nós, profissionais da História, vivemos um momento interessantíssimo: nunca tivemos tantas revistas de história publicadas com regularidade para um público geral (a Revista de História da Biblioteca Nacional e a História Viva são as melhores); Na TV a Cabo, vários programas e canais com teor histórico conquistam boa audiência; livros de história alcançam posições de destaque nas listas de Best-sellers.


O problemão é em nível local, onde pegamos o caminho da contramão. No início do ano, a Secretaria Municipal de Educação de Manaus, de forma autoritária, simplesmente expurgou do currículo a disciplina História do Amazonas e, contrariando parecer do próprio Conselho Municipal de Educação, diminuiu, na prática, a carga horária da disciplina História. Além disso, tem tratado todos os professores que buscam se mobilizar para reverter o quadro da maneira mais draconiana possível, em alguns casos, inclusive, removendo-os das escolas onde estão lotados.


Quero, ainda, reverenciar os professores e pesquisadores que tomaram a história não como saber apegado a um passado imutável e empoeirado, mas como instrumento de compreensão e transformação da realidade contemporânea. Permitam-me utilizar as palavras de renomados historiadores para retratar o papel e a importância da História para compreender nosso mundo.




LUCIEN FABVRE


“AMO A HISTÓRIA. SE NÃO AMASSE, NÃO SERIA HISTORIADOR. FAZER A VIDA EM DUAS: CONSAGRAR UMA À PROFISSÃO, CUMPRIDA SEM AMOR; RESERVAR OUTRA A SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES PROFUNDAS – ALGO DE ABOMINÁVEL QUANDO A PROFISSÃO QUE SE ESCOLHEU É UMA PROFISSÃO DE INTELIGÊNCIA. AMO A HISTÓRIA E É POR ISSO QUE ESTOU FELIZ POR VOS FALAR, HOJE, DAQUILO QUE AMO” – LUCIEN FEBVRE




MARC BLOCH


“O BOM HISTORIADOR SE PARECE COM O OGRO DA LENDA: ONDE FAREJA CARNE HUMANA, SABE QUE ALI ESTARÁ SUA CAÇA” – MARC BLOCH




ROGER CHARTIER


“AINDA QUE OS HISTORIADORES TENHAM SIDO SEMPRE OS PIORES PROFETAS, CERTAMENTE, NO ENTANTO, PODEM AJUDAR A COMPREENDER AS HERESIAS ACUMULADAS QUE FIZERAM NÓS O QUE SOMOS HOJE” – ROGER CHARTIER




ROBERT DARNTON


“OS OUTROS POVOS SÃO DIFERENTES. E, SE QUEREMOS ENTENDER SUA MANEIRA DE PENSAR, PRECISAMOS COMEÇAR COM A IDÉIA DE CAPTAR A DIFERENÇA. QUANDO NÃO CONSEGUIMOS ENTENDER UM PROVÉRBIO, UMA PIADA, UM RITUAL OU UM POEMA, TEMOS A CERTEZA DE QUE ENCONTRAMOS ALGO. ANALISANDO O DOCUMENTO ONDE ELE É MAIS OPACO, TALVEZ SE CONSIGA DESCOBIR UM SISTEMA DE SIGNIFICADOS ESTRANHOS. O FIO PODE CONDUZIR A UMA PITORESCA E MARAVILHOSA VISÃO DE MUNDO” – ROBERT DARNTON




PETER BURKE


“A FUNÇÃO DO HISTORIADOR É LEMBRAR A SOCIEDADE DAQUILO QUE ELA QUER ESQUECER” – PETER BURKE




ERIC J.HOBSBAWM


“SER MEMBRO DA CONSCIÊNCIA HUMANA É SITUAR-SE COM RELAÇÃO AO SEU PASSADO” – ERIC J HOBSBAWM




ANTÓNIO NÓVOA


“O mínimo que se pode exigir de um historiador é que ele seja capaz de refletir sobre a história de sua disciplina, de interrogar os diferentes sentidos do trabalho histórico, de compreender as razões que levam à profissionalização de seu universo acadêmico. O mínimo que se pode exigir de um educador é que seja capaz de sentir os desafios do tempo presente, de pensar sua ação nas continuidades e mudanças do trabalho pedagógico, de participar de uma maneira crítica da construção de uma escola mais atenta às realidades sociais” – ANTÓNIO NÓVOA