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quarta-feira, 15 de junho de 2016

O computador mais antigo do mundo: um dispositivo de 2.100 anos de idade usado como um "Guia Galáctico".



Os pesquisadores foram capazes de concluir que o Mecanismo de Antikythera foi usado a mais de 2.000 anos atrás como um calendário informatizado do sol e da lua. O dispositivo também ilustrou as fases da lua, a posição do sol e da lua no zodíaco, bem como a posição dos planetas e eclipses.

Nova pesquisa tem ajudado os cientistas a desvendar o mistério por trás do Mecanismo de Antikythera, computador mais antigo do mundo, que pode ter sido usado para "prever o futuro" dos eventos astronômicos.

O dispositivo enigmático tem sido estudado há cem anos desde que foi descoberto. Segundo os pesquisadores, o dispositivo de 2100 anos de idade foi o computador mais antigo do mundo.

Este artefato sofisticado e engenhoso, é completamente a frente do seu tempo de origem, foi descoberto em um velho navio naufragado na costa da Grécia a cem anos. Por mais de um século, a função exata do dispositivo permaneceu um mistério profundo desde que os pesquisadores não foram capazes de decifrá-lo devido à falta de textos que o descrevem. A pequena quantidade de textos que sobreviveram no dispositivo em si não ajudou em nada os pesquisadores.


No entanto, novos estudos têm ajudado a compreender mais sobre o mais antigo computador mecânico do mundo. Graças às poucas palavras impressas nos fragmentos corroídos em engrenagens e placas, os pesquisadores teorizaram que o Mecanismo de Antikythera era usado como um dispositivo astronômico.

No entanto, grande parte da história do antigo dispositivo permaneceu um mistério para os pesquisadores.

Mas a tecnologia tem seus caminhos, e graças aos seus esforços e a utilização de dispositivos de digitalização de ponta, um grupo internacional de pesquisadores conseguiu ler 3.500 caracteres de texto "explicativo", que se acredita ser um quarto do texto original, nas "entranhas" do computador antigo.



Segundo os pesquisadores, ele foi usado como uma espécie de "guia da galáxia" (leia-se astronômia).

"Agora temos os textos que vocês podem realmente ler como um "grego antigo", o que tínhamos antes era algo no rádio com um monte de estática", disse o membro da equipe Professor Alexander Jones, professor de história da ciência antiga da Universidade de Nova Iorque.

"É muito detalhe para nós, porque se trata de um período da qual sabemos muito pouco sobre astronomia grega e, essencialmente, nada sobre a tecnologia, exceto o que nós recolhemos a partir daqui", disse ele. 'Então, esses pequenos textos são uma coisa muito grande para nós. '

Os pesquisadores foram capazes de concluir que o Mecanismo de Antikythera foi usada a mais de 2.000 anos atrás como um calendário informatizado do sol e da lua. O dispositivo também ilustrou as fases da lua, a posição do sol e da lua no zodíaco, bem como a posição dos planetas e eclipses.

O dispositivo tem fascinado pesquisadores por décadas, já que nada do tipo era conhecido  feito pela humanidade há milhares de anos. Isso era único, e indescritível!

"Não foi uma ferramenta de pesquisa, algo que um astrônomo usaria para fazer cálculos, ou mesmo um astrólogo para fazer prognósticos, mas algo que você usaria para ensinar sobre o cosmos e nosso lugar no cosmos", disse o professor Jones.

"É como um livro de astronomia, como era entendida então, que ligava os movimentos do céu e os planetas com a vida dos antigos gregos e seu meio ambiente."

Os fragmentos do Mecanismo Antikythera foram levantadas a partir de um naufrágio em meados do século, na costa da Grécia. Era quase impossível de decifrar o mecanismo desde que os pesquisadores não sabiam ler mais do que algumas centenas de cartas que foram enterrados dentro do instrumento.

A busca para decifrar o mecanismo começou há cerca de 12 anos atrás, quando pesquisadores usaram varredura de raios-x e tecnologia de imagem para analisar 82 peças espalhadas do dispositivo.

"O inquérito inicial foi destinado para ver como o mecanismo funciona, e que foi muito bem sucedida", disse o professor Edmunds.

"O que nós não havíamos percebido era que as técnicas modernas que estavam sendo usados nos permitia ler os textos melhor do que se havia imaginado, tanto na parte externa do mecanismo e no interior dele também."

Segundo os pesquisadores, com base no estilo do texto, que foi muito formal e detalhado, o computador antigo não foi usado como um dispositivo comum.

Os cientistas especulam que o Mecanismo de Antikythera foi inventado na Grécia em algum momento entre 200 e 70 aC.  No entanto, isso não pode ser confirmado como não há textos que mencionam isso, porem é o mais provável.

domingo, 12 de junho de 2016

Do Lobo ao Cão, uma história de 12 mil anos.



A disputa é antiga e já teve momentos belicosos: o cachorro foi domesticado na Europa ou no Extremo Oriente? Ao menos uma vez a resposta satisfez todo mundo, porque o cachorro foi domesticado nos dois lugares de forma independente. E ninguém chegou antes do que o outro, já que as duas domesticações ocorreram há mais de 12.000 anos, e a partir de duas populações de lobos diferentes.

Os orientalistas, entretanto, têm o direito de ficar mais suscetíveis do que seus oponentes europeístas sobre a composição atual dos cachorros de todo o mundo. Porque, enquanto as atuais raças caninas orientais costumam ser herdeiras genuínas das primeiras domesticadas nessa região, os modernos cachorros europeus são mesclados com as raças de origem oriental. É uma consequência das migrações de leste a oeste que aconteceram na pré-história, e também o motivo do assunto ter sido tão difícil de se resolver até hoje.

A pesquisa é o maior estudo de DNA canino já realizado, e inclui até mesmo o primeiro genoma antigo de um cachorro, extraído de um osso (do ouvido interno) de 4.800 anos atrás que estava muito bem preservado em uma tumba de Newgrange, no complexo de Brú na Bóinne, o sítio arqueológico mais famoso da Irlanda.

Os cientistas também analisaram o DNA mitocondrial de outros 59 ossos de todo o continente (datados entre 14.000 e 3.000 anos atrás), e compararam tudo isso com os dados preexistentes de 2.500 cachorros e lobos modernos. Uma equipe internacional coordenada por Greger Larson, da Universidade de Oxford, apresentou os resultados na revista Science.

A domesticação animal é um raro fenômeno e precisamos de muitas evidências para desbancar a suposição de que aconteceu somente uma vez por cada espécie.

O cachorro foi o primeiro animal domesticado, e o único antes do surgimento das primeiras plantas de cultivo e o aparecimento dos assentamentos agrícolas que iniciaram o Neolítico. Alguns estudiosos chegaram a afirmar que os primeiros cachorros foram domesticados a partir do lobo há 30.000 anos, em pleno Paleolítico. Os primeiros restos de cachorros que não permitem controvérsia, entretanto, datam de 15.000 anos atrás na Europa, e de 12.500 anos atrás na Ásia oriental.

Os dados do estudo coordenado em Oxford revelam agora uma divisão nítida entre os cachorros europeus (como o golden retriever e o cachorro da tumba irlandesa, entre diversas outras espécies) e o asiático, como o husky siberiano, o mastim tibetano e várias amostras analisadas entre os cachorros de rua atuais do Tibete e dos povoados do sul da China. O caráter muito parcial dos estudos de DNA anteriores havia lançado dúvidas nessa divisória. A separação entre leste e oeste foi datada provisoriamente entre 6.000 e 14.000 atrás. O relógio genético canino ainda está longe de estar completamente desenvolvido e acertado.

“A domesticação animal é um fenômeno raro”, diz Larson, o coordenador do estudo, “e precisamos de diversas evidências para desbancar a suposição de que aconteceu somente uma vez por cada espécie; nossos resultados de DNA antigo, junto com o registro arqueológico dos cachorros primitivos, indicam que precisaremos reconsiderar o número de vezes em que os cachorros foram domesticados de maneira independente”.

A diferença entre um e dois é às vezes mais eloquente do que parece. Uma domesticação que só ocorreu uma vez pode refletir um fenômeno extremamente improvável, mesmo sendo tão útil que depois acaba por se propagar a todas as culturas. Mas se ocorre duas vezes, pode indicar um processo fácil, algo que está tão próximo de acontecer na natureza que basta um empurrão para fazê-lo ocorrer.

“Reconstruir o passado a partir do DNA moderno”, diz o primeiro autor, Laurent Frantz, de Oxford, “é um pouco como ler um livro de história, em que você não sabe quais são as partes cruciais que foram apagadas”. Demonstra assim a enorme vantagem de se contar com um genoma canino antigo. O mesmo aconteceu com o estudo da evolução humana a partir do primeiro genoma neandertal. Logo veremos mais genomas fósseis das demais espécies domésticas.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

História da Enfermagem



Período colonial

A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira – compreende desde o período colonial até o final do século XIX e analisa a organização da Enfermagem no contexto da sociedade brasileira em formação. Desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, que tiveram origem em Portugal.

A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em seguida, ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, esta inaurgurada em 1880, com a presença de D.Pedro II e Dona Tereza Cristina. No que diz respeito à saúde do nosso povo, merece destaque o Padre José de Anchieta. Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses; foi além: atendia aos necessitados do povo, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos encontramos estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima e as doenças mais comuns.

A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais minuciosamente descritas. Supõe-se que os Jesuítas faziam a supervisão do serviço que era prestado por pessoas treinadas por eles. Não há registro a respeito. Outra figura de destaque é Frei Fabiano de Cristo, que durante 40 anos exerceu atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, (Séc. XVIII). Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado aos doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade que se conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio Andrada e Silva.

A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira parteira formada no Brasil. No começo do século XX, grande número de teses médicas foram apresentadas sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo horizontes a novas realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não teve influência imediata sobre a Enfermagem.

Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de destaque e, entre eles, merece especial menção o de Ana Neri.

Ana Neri


  
Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na Cidade de Cachoeira, na Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Neri, enviuvando aos 30 anos. Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do exército, são convocados a servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de Solano Lopes.

O mais jovem, aluno do 6º ano de Medicina, oferece seus serviços médicos em prol dos brasileiros. Ana Neri não resiste à separação da família e escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição de sua Pátria. Em 15 de agosto parte para os campos de batalha, onde dois de seus irmãos também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no atendimento aos feridos. Após cinco anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor, recebe uma coroa de louros e Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no Edifício do Paço Municipal.

O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e de campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil recebeu o seu nome.

Ana Neri como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da época que faziam da mulher prisioneira do lar.

Florence Nightingale



Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança – o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas idéias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o italiano além do grego e latim. No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pelas Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.

Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Russia: é a Guerra da Criméia. Os soldados ingleses acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas das enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. Florence é incomparável: estende sua atuação desde a organização do trabalho, até os mais simples serviços como a limpeza do chão. Aos poucos, os soldados e oficiais um a um começam a curvar-se e a enaltecer esta incomum Miss Nightingale. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a “Dama da Lâmpada” porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida.

Dedica-se, porém, com ardor, a trabalhos intelectuais.

Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma Escola de Enfermagem em 1859.

Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por médicos.

Nas primeiras escolas de Enfermagem o médico foi, de fato, a única pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderia colocar nas mãos das enfermeiras Florence morre a 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica.

Juramento da Florence

“Juro, livre e solenemente, dedicar minha vida profissional a serviço da pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e dedicação; guardar sem desfalecimento os segredos que me forem confiados, respeitando a vida desde a concepção até a morte; não participar voluntariamente de atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; manter e elevar os ideais de minha profissão, obedecendo aos preceitos da ética e da moral, preservando sua honra, seu prestígio e suas tradições.”

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O experimento “Universo 25”





Desde décadas atrás, pesquisadores vêm alertando sobre os riscos à humanidade que a superpopulação pode trazer. E de volta em 1972, o cientista John Calhoun elaborou um famoso experimento com ratos. Ele construiu um paraíso para os animais – um grande cenário com edifícios e alimentos ilimitados. De início, o cientista introduziu apenas 8 ratos a população. Dois anos depois, um inferno surgiu.

O enorme cenário, conhecido como Universo 25, foi feito com o objetivo de ser uma utopia roedora. Mas com o passar do tempo, a caixa, com suas rampas que iam até os apartamentos, foi ficando superlotada. No dia 560 do experimento, a população era de 2.200 animais. Foi o auge. Daí em diante, a população foi diminuindo até ser extinta. Por que isso aconteceu?

No auge da população roedora, os raros passavam todo instante com centenas de outros colegas. Reuniam-se nas principais praças para serem alimentados, e não era difícil os ver se atacando. Poucas fêmeas conseguiam dar a luz, e as que faziam simplesmente abandonavam seus filhotes.

Chegou um momento que os ratos não faziam nada além de comer ou dormir. Quando a população foi diminuindo, os sobreviventes perderam totalmente seus comportamentos sociais, como ter relações sexuais ou cuidar da prole.

Será que a humanidade pode ter o mesmo fim? O controverso experimento na época foi algo assustador, pois concluiu que se a fome não matar todo mundo, os indivíduos da espécie vão se destruir mutuamente.

Agora, um estudo recente resgatou da memória o Universo 25 e concluiu que, no geral, o cenário não era superlotado. Os apartamentos em cada corredor dos edifícios tinham somente uma entrada e saída, o que os faziam fáceis de guardar. Isso fez com que os machos territoriais limitassem o número de animais em cada apartamento, o que fazia superlotar o restante da caixa.

Portanto, ao invés de superpopulação, cientistas agora argumentam que o Universo 25 possuía um problema de distribuição, algo que, segundo os pesquisadores, também pode acontecer com os humanos, que são exímios em desigualdade.           


sábado, 19 de dezembro de 2015

Um pouco da história do livro e da leitura





Podemos dizer que o livro foi um dos primeiros meio de comunicação em massa do mundo; além de ser um dos meios de transmissão de conhecimento mais universais e eficazes que existem. O livro tem aproximadamente 6 mil anos de história, tendo sido feito com os mais diversos tipos de materiais e formatos. A sua história apresenta dois grandes marcos: antes de Gutenberg (quando o livro era manuscrito) e depois de Gutenberg (quando surgiu a tipografia).

O livro manuscrito

Antes do livro surgiu a escrita, há cerca de 40 mil anos, quando o homem pintava imagens de sua realidade nas paredes das cavernas (pictografia). A partir desse momento, a escrita foi adquirindo características muito próprias em diversos povos (escrita mnemônica, escrita fonética e escrita ideográfica). As formas de registro e guarda da memória escrita também variavam bastante. Vemos, então, que a história do livro confunde-se com a própria história da escrita.


Os primeiros suportes utilizados para a escrita – e que podem ser considerados os primeiros livros - foram as tabuletas de argila utilizadas pelos sumérios. A Suméria era uma região semi-árida localizada na Mesopotâmia (atual região sul do Iraque). O estilo de sua escrita era a cuneiforme, que apresentava sinais em forma de cunhas. O escritor Fernando Báez (que estudou a história da destruição das bibliotecas) conta que perto de 2600 a.C. já apareciam, nessa região, formatos inovadores parecidos com o livro que conhecemos atualmente: textos onde na parte superior eram indicados os nomes do redator e do supervisor. Já nessa época existiam diversas grandes bibliotecas que versavam sobre registros econômicos, administrativos, políticos, flora, fauna, poesia, magia, etc.



Mais tarde, os egípcios desenvolveram a tecnologia do papiro, uma planta encontrada às margens do rio Nilo, cujas fibras unidas em tiras - e previamente preparadas por um minucioso processo - serviam como superfície resistente para a escrita hieróglifa (formada por desenhos e símbolos). Os rolos com os manuscritos chegavam a 20 metros de comprimento. O desenvolvimento do papiro deu-se cerca de 3000 a..C. e a palavra papiryrus, em latim, deu origem a palavra papel. O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada ou livrada (em latim libere, que quer dizer livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber, libri, em latim, e posteriormente livro em português.
“Livro dos Mortos” de Neferrenpet – cerca de 1250 a.C.

Os romanos usavam os papiros em forma de cilindro, que chamavam de volumen (ou khartés, nome original), facilmente transportados. O volumen era desenrolado conforme ia sendo lido, sendo que o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um volumen era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros. Os romanos, também, chegaram a escrever em tábuas de madeira cobertas com cera.

Devido à escassez natural do papiro e também aos conflitos políticos e às guerras, que impediam a importação deste material, precisou-se recorrer a uma nova matéria-prima que o substituísse. Nesse processo, surgiu o pergaminho, cuja invenção atribuiu-se aos habitantes de uma cidade da Ásia Menor chamada Pérgamo (razão do nome). Porém, alguns estudiosos afirmam que o uso de peles de animais (sobretudo o de carneiro) já era corrente na Ásia há muito tempo e que Pérgamo só aperfeiçoou a técnica.

Ilustração alemã, datada de 1568, que mostra o processo de fabricação do pergaminho

Nesse processo de evolução surgiu o pergaminho feito geralmente da pele de carneiro, que tornava os manuscritos enormes, e para cada livro era necessária a morte de vários animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo; porém seu custo acabava sendo altíssimo. Em razão disso, surgiam os palimpsestos, manuscritos reutilizados, onde o texto anterior era apagado para dar lugar a outro. O formato, com o uso do pergaminho, também acabava mudando: passava-se do volumen para o códex (ou códice), que não era mais um rolo, mas sim uma compilação de páginas acompanhada de uma capa. Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois o compartilhamento das informações escritas tornou-se mais fácil. A utilização do pergaminho se estende pela Idade Média.

A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos monastérios era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos religiosos. Esses ambientes acabaram se tornando verdadeiras produções em massa de livros manuscritos.

A difusão do papel

À margem dessa trajetória do papiro e do pergaminho, outros povos utilizavam-se dos mais diversos suportes para registrar seus escritos. Os indianos, por exemplo, faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os astecas, antes do descobrimento das Américas, escreviam os livros em um material macio existente entre a casca das árvores e a madeira.

Mas o papel como conhecemos, surgiu na China no início do século II, através de um oficial da corte chinesa, a partir do córtex de plantas, tecidos velhos e fragmentos de rede de pesca. A técnica baseava-se no cozimento de fibras do líber - casca interior de certas árvores e arbustos - estendidas por martelos de madeira até se formar uma fina camada de fibras. Posteriormente, as fibras eram misturadas com água em uma caixa de madeira até se transformar numa pasta. Mas a invenção levou muito tempo até chegar ao Ocidente.

Dados históricos mostram que o papel foi muito difundido entre os árabes, e que foram eles os responsáveis pela instalação da primeira fábrica de papel na cidade de Játiva, na Espanha, em 1150 após a invasão da Península Ibérica. Com o tempo o papel passou a substituir o pergaminho no Ocidente e os elementos mais característicos dos livros atuais foram sendo incorporados, tais como a pontuação no texto, uso de letras maiúsculas, índices, sumários, resumos e gêneros de textos.

A imprensa

Basicamente a tipografia consiste em pequenas peças de madeira ou metal em relevos de letras e símbolos (tipos móveis). Antes de Gutenberg (em 1405), os chineses já haviam inventado tipos rudimentares, mas que não eram reutilizáveis, pois eram de madeira. A revolução realmente veio com a invenção da imprensa com tipos móveis reutilizáveis pelo alemão Johann Gutenberg, em 1455. Seus tipos móveis eram de chumbo fundido, portanto mais duradouros e resistentes do que os fabricados em madeira. O primeiro livro impresso por essa técnica foi a Bíblia em latim.


Não se sabe ao certo o volume de códices em circulação na Europa, na época da invenção da tipografia, mas a resistência e esta nova tecnologia por parte da classe dos copistas faz pensar que empregava muita gente. Também é curioso notar que a própria Igreja teve alguma resistência ao uso da tipografia, pois possuía os seus próprios copistas e continuou a produzir livros litúrgicos manuscritos até ao séc. XIX.

A reutilização dos tipos móveis conferia uma enorme versatilidade ao processo de elaboração de livros e outros trabalhos impressos, permitindo a sua massificação. Além disso, o uso dos tipos pedia um novo desenho de letras. Isso acarretou em uma verdadeira revolução cultural que permitiu o desenvolvimento do livro como primeiro meio de comunicação em massa, tornado acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.

Na Idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos gêneros: o romance, a novela, os almanaques. A partir do século 19, aumenta a oferta de papel para impressão de livros e jornais, além das inovações tecnológicas no processo de fabricação. O papel passa a ser feito de uma pasta de madeira, em 1845. Aliado à produção industrial de pasta mecânica e química de madeira - celulose - o papel deixa de ser artigo de luxo e torna-se mais barato. Surgem depois o jornal e outros periódicos, que disseminam as informações de forma cada vez mais rápida.

A leitura e o acesso aos livros

A história do acesso aos livros e à leitura é intimamente ligada à história da cultura e da educação no mundo. Na Antigüidade, o conhecimento era transmitido oralmente. Por isso, a arte da oratória era a base dos ensinamentos, sendo que os mestres ensinavam os aprendizes através do diálogo. A leitura e a escrita ficaram restritas a poucos privilegiados por séculos e séculos. Efetivamente, a educação e o acesso à cultura só foram massificadas a partir da Revolução Francesa. A máxima de que conhecimento é poder é totalmente compreensível, portanto.

Na Grécia, restringia-se aos filósofos e aristocratas, enquanto em Roma a escrita tornou-se uma forma de garantir os direitos dos patrícios às propriedades. Na Idade Média, uma minoria era alfabetizada, as igrejas, os mosteiros e as abadias converteram-se nos únicos centros da cultura letrada. Nos mosteiros e abadias medievais encontravam-se as únicas escolas e bibliotecas da época, e era lá que se preservavam e restauravam textos antigos da herança greco-romana.

De acordo com Wilson Martins, autor do livro “A palavra escrita”, até a Renascença, as bibliotecas não estavam à disposição daqueles que não eram religiosos (ou que não detinham o poder). Elas eram locais mais ou menos sagrados. “O livro, a palavra escrita, eram o mistério, o elemento carregado de poderes maléficos para os não-iniciados”. Com o advento da Renascença e, conseqüentemente, com a ascensão da burguesia e decadência do monopólio da Igreja sobre o poder; o livro perde o seu caráter de objeto sagrado. De acordo ainda com Martins, “foi o livro, ou seja, no fundo, a biblioteca, um dos instrumentos mais poderosos da abolição do ‘antigo regime’.” A partir do século XVIII, com a estimulação das idéias iluministas, tem-se a presença de um pensamento democrático que via na instalação de gabinetes de leitura, bibliotecas públicas e museus uma forma de democratizar o conhecimento ao homem comum que não era alcançado em vista dos privilégios de uma minoria. No século XIX torna-se imperativo a todos a implantação da escola pública.

Durante o século XX e início do XXI, assistimos uma enorme aceleração do desenvolvimento de tecnologias ligadas à comunicação e informação. Ao lado dos tradicionais livros, periódicos (jornais e revistas), rádio e televisão; temos agora a internet, os aparelhos de comunicação móvel e uma crescente convergência de mídias (celulares que transmitem sinais de TV e enviam e-mails; TV digital, e-books, etc.).

E-book

Todo esse panorama nos acostumou a um novo modo de leitura: a leitura através de hipertextos ou hiperlinks, surgidos através dos sistemas informáticos e computacionais, popularizados pela internet. A forma de ler e encontrar as informações na internet, por exemplo, segue uma ordem não-linear, enquanto que o texto impresso ou não adaptado à internet segue uma linha preestabelecida. O próprio modo de pensar do ser humano não é totalmente linear, pois às vezes entrecortamos pensamentos e nos focamos em diversos pontos de atenção. A internet possibilitou, também, o encontro de informações e textos, cujo acesso no mundo real seria quase que impossível ou muito oneroso. Podemos dar como exemplo, os conteúdos localizados fisicamente em outros países, ou mesmo os livros raros ou já esgotados.

É claro que o caminho para a plena democratização da leitura e da informação não foi e não tem sido tão fácil até hoje. A tendência em se transformar os bens de cultura (livros, por exemplo) em bens de consumo, desde o início da era industrialização e da produção de produtos em massa, dificulta o acesso dos mais pobres. As tecnologias de comunicação e informação também sofrem do mesmo mal, sendo que o acesso aos computadores e à internet aos menos privilegiados, muitas vezes, só se dá através de programas de inclusão digital. Por essa razão é tão necessária a discussão de políticas públicas que incentivem a prática da leitura e do acesso a essas tecnologias no Brasil.


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Lenda dos Nove Desconhecidos e os Livros do Saber Universal


Conselho dos Nove Desconhecidos.

A tradição dos Nove Desconhecidos remonta à época do imperador Ashoka, que governou as Índias a partir do ano 273 a.C. Era neto do Chandragunta, primeiro unificador da Índia. Cheio de ambição como o seu antepassado, cuja tarefa quis completar, empreendeu a conquista de Kalinga, que se estendia desde a atual Calcutá até Madras. Os “kalinganeses” resistiram e perderam cem mil homens na batalha. O espetáculo dessa multidão massacrada transtornou Ashoka. Ficou, para todo o sempre, com horror à guerra. Renunciou a prosseguir na integração dos países insubmissos, declarando que a verdadeira conquista consiste em captar a estima dos homens pela lei do dever e da piedade, pois a Majestade Sagrada deseja que todos os seres animados usufruam de segurança, liberdade, paz e felicidade. Convertido ao budismo e devido à sua maneira de agir, Ashoka espalhou esta religião através das Índias e do seu império, que ia até à Malásia, Ceilão e Indonésia. Depois o budismo chegou ao Nepal, Tibete, China e Mongólia. No entanto, Ashoka respeitava todas as seitas religiosas. Aconselhava os homens a serem vegetarianos, aboliu o álcool e o sacrifício de animais. H. G. Wells, no seu sumário da história universal, escreve: “Entre as dezenas de milhares de nomes de monarcas que se amontoam nos pilares da história, o de Asoka brilha quase isolado, como uma estrela”.

Diz-se que, consciente dos horrores da guerra, o imperador Ashoka quis proibir para sempre aos homens que utilizassem a inteligência de uma forma prejudicial. Sob o seu reinado, a ciência da natureza passou a ser secreta, tanto passada como futura.

As pesquisas, indo da estrutura da matéria às técnicas de psicologia coletiva, esconder-se-ão, dali em diante e durante vinte e dois séculos, atrás do rosto místico de um povo que o mundo julga apenas preocupado com o êxtase e o sobrenatural. Ashoka fundou a mais poderosa sociedade secreta do Universo: a dos Nove Desconhecidos. Nove Homens, Nove livros, todo o conhecimento do universo. Possuir um dos livros tornaria um dos nove seres mais fortes do mundo. Os nove, o mais forte da Terra. Todos os segredos residem nos Nove Livros que Ashoka fez questão de ocultar. Entretanto, como o portador de um livro teria um profundo respeito por outro portador, sendo que jamais tentariam roubá-los um do outro. Assim eles eram repassados de geração em geração, exceto pelo portador do livro que possuía a chave da imortalidade, que segundo a lenda continua a ser o mesmo desde o inicio da sociedade secreta.

Continua a dizer-se que os grandes responsáveis pelo atual destino da Índia – e sábios como Bose e Ram acreditam na existência dos Nove Desconhecidos – deles recebiam conselhos e mensagens. Com alguma imaginação, é possível avaliar-se a importância dos segredos que poderiam guardar nove homens beneficiando diretamente das experiências, dos trabalhos, dos documentos acumulados durante mais de duas dezenas de séculos. Quais os objetivos que esses homens têm em vista? Não deixar cair em mãos profanas os meios de destruição. Prosseguir as investigações benéficas para a humanidade. Esses homens seriam renovados por cooptação a fim de defender os segredos técnicos de um passado longínquo.


Imperador Ashoka.

É fato que Ashoka enviou monges budistas pela Ásia e além, incluindo um de seus filhos, para difundir os princípios do Dharma, isto é, o budismo. Não se distraia pelo fato de Ashoka estar difundindo uma “religião”, pois o que “dharma” significa é: “o caminho das verdades mais altas” ou “o princípio universal que rege toda a realidade”. Trata-se (bem, faça um esforço, em nome da brincadeira) de puro conhecimento racional, e o resto seria fachada.
Pois bem, os monges eram dez, mas foram enviados a nove lugares. A sugestiva lista a seguir saiu de um livro antigo chamado “Mahavamsa”. Eis nossos primeiros “nove” (de muitos suspeitos):
1. Majjhantika
2. Mahadeva
3. Rakkhita
4. Yona Dhammarakkhita
5. Mahadhammarakkhita
6. Maharakkhita
7. Majjhima
8. Sona e Uttara
9. Mahamahinda (filho de Ashoka)
Não é difícil imaginar alguém que, partindo destes “nove”, tenha criado uma versão rudimentar do que, muito depois, viria a ser a rica mitologia dos Nove Desconhecidos. Vamos a ela, afinal.

São raras as manifestações exteriores dos Nove Desconhecidos. Uma delas está ligada ao prodigioso destino de um dos homens mais misteriosos do Ocidente: o papa Silvestre II, conhecido sob o nome de Gerbert d’Aurillac. Nascido em Auvergne no ano 920, falecido em 1003, Gerbert foi monge beneditino, professor da universidade de Reims, arcebispo de Ravena e papa por mercê do imperador Otão III. Teria passado algum tempo em Espanha, depois, uma misteriosa viagem tê-lo-ia levado até às Índias, onde captara diversos conhecimentos que causaram assombro no seu séquito. Também possuía, no seu palácio, uma cabeça de bronze que respondia SIM ou NÃO às perguntas que ele lhe fazia sobre a política e a situação geral da cristandade.


Grande Stupa em Sanchi, construída por Ashoka.

Na opinião de Silvestre II (volume CXXXIX da Patrologia Latina, de Migne), esse processo era muito simples e correspondia ao cálculo feito com dois números. Tratar-se-ia de um autómato análogo às nossas modernas máquinas binárias. Essa cabeça “mágica” foi destruída quando da sua morte, e os conhecimentos trazidos por ele cuidadosamente escondidos. A biblioteca do Vaticano proporcionaria sem dúvida algumas surpresas ao investigador autorizado. O número de Outubro de 1954 de Computers and Automation, revista de cibernética, declara: “Temos de imaginar um homem de um saber extraordinário, de uma destreza e de uma habilidade mecânica fora do comum. Essa cabeça falante teria sido feita “sob determinada conjunção das estrelas que se dá exatamente no momento em que todos os planetas estão prestes a iniciar o seu percurso”. Não se tratava nem de passado, nem de presente, nem de futuro, pois aparentemente essa invenção ultrapassava de longe a importância da sua rival: o perverso “espelho sobre a parede” da rainha, precursor dos nossos modernos cérebros automáticos. Houve quem dissesse, evidentemente, que Gerbert apenas foi capaz de construir semelhante máquina porque mantinha relações com o Diabo e lhe jurara eterna fidelidade”.

Teriam outros europeus estado em contato com essa sociedade dos Nove Desconhecidos? Foi preciso esperar pelo século XIX para que reaparecesse este mistério, através dos livros do escritor francês Jacolliot.

Jacolliot era cônsul de França em Calcutá na época de Napoleão III. Escreveu uma obra de antecipação considerável, comparável, se não superior, à de Jules Verne. Deixou, além disso, várias obras consagradas aos grandes segredos da humanidade. Essa obra extraordinária foi roubada pela maior parte dos ocultistas, profetas e taumaturgos. Completamente esquecida em França, é célebre na Rússia. Jacolliot é formal: a Sociedade dos Nove Desconhecidos é uma realidade. E o mais estranho é que cita a este respeito técnicas absolutamente inimagináveis em 1860, como seja, por exemplo, a libertação da energia, a esterilização por meio de radiações e a guerra psicológica.


Ashoka e o símbolo da Dinastia Mauryan.

Yersin, um dos mais próximos colaboradores de Pasteur e de Roux, teria sido informado de segredos biológicos por ocasião da sua viagem a Madras, em 1890, e, segundo as indicações que lhe teriam sido dadas, preparou o soro contra a peste e a cólera.

A primeira divulgação da história dos Nove Desconhecidos deu-se em 1927, com a publicação do livro de Talbot Mundy, que pertenceu, durante vinte e cinco anos, à polícia inglesa das Índias. Esse livro está a meio caminho entre o romance e a investigação.

Os Nove Desconhecidos utilizariam uma linguagem sintética. Cada um deles estaria de posse de um livro constantemente renovado e contendo o relatório pormenorizado de uma ciência.

O primeiro destes livros seria consagrado às técnicas da propaganda e da guerra psicológica. “De todas as ciências, diz Mundy, a mais perigosa seria a do controle do pensamento dos povos, pois permitiria governar o mundo inteiro”.

É de notar que a Semântica Geral, de Korjybski, apenas data de 1937 e que foi necessário aguardar a experiência da última guerra mundial para que principiassem a cristalizar-se no Ocidente as técnicas da psicologia da linguagem, quer dizer, da propaganda.

O primeiro colégio de semântica americano só foi criado em 1950. Em França, apenas conhecemos A Violação das Multidões, de Serge Tchokhotine, cuja influência nos meios intelectuais e políticos foi importante, apesar de só ao de leve tocar no assunto.

O segundo livro seria consagrado à psicologia. Falaria especialmente na maneira de matar um homem ao tocar-lhe, provocando a morte pela inversão do influxo nervoso. Diz-se que o judô deriva de certos trechos dessa obra.

O terceiro livro estudaria a microbiologia e especialmente os coloides de proteção. O quarto trataria da transmutação dos metais. Diz uma lenda que nas épocas de fome, os templos e as organizações religiosas de proteção recebem de uma fonte secreta enormes quantidades de ouro muito fino.

O quinto livro incluía o estudo de todos os meios de comunicação.

O sexto livro continha os segredos da gravitação.

O sétimo livro seria a mais vasta cosmogonia concebida pela nossa humanidade.

O oitavo livro trataria da luz, do eletromagnetismo e do magnetismo.

O nono livro seria consagrado à sociologia, indicaria as leis da evolução das sociedades e permitiria a previsão da queda.

À lenda dos Nove Desconhecidos está ligado o mistério das águas do Ganges. Multidões de peregrinos, portadores das mais pavorosas e diversas doenças, ali se banham sem prejuízo para os de boa saúde. Dizem que as águas sagradas purificam tudo. Pretendeu atribuir essa estranha propriedade do rio à formação de bacteriófagos.

Mas por que motivos não se formariam eles igualmente no Bramaputra, no Amazonas ou no Sena? A hipótese de uma esterilização por meio de radiações aparece na obra de Jacolliot, cem anos antes de se saber possível um tal fenómeno. Essas radiações, segundo Jacolliot, seriam originárias de um templo secreto cavado sob o leito do Ganges. Técnicas conhecidas hoje pela nossa Ciência para proliferação e oxidação de micro-organismos

Afastados das agitações religiosas, sociais e políticas, resoluta e perfeitamente dissimulados, os Nove Desconhecidos encarnam a imagem da ciência calma, da ciência com consciência. Senhora dos destinos da humanidade, mas abstendo-se de utilizar o seu próprio poder, essa sociedade secreta é a mais bela homenagem possível à liberdade em plena elevação. Vigilantes no âmago da sua glória escondida, esses nove homens veem fazer-se, desfazer-se e tornar a fazer-se as civilizações, menos indiferentes que tolerantes, prontos a auxiliar, mas sempre sob essa imposição de silêncio que é a base da grandeza humana. Mito ou realidade?


Legendary Nine Unknown.
Há aqueles que arriscam uma teoria, uma das mais interessantes é essa:

“O Vedas possui diversos trechos que supostamente demonstram a interferência de um povo possuidor de uma tecnologia avançadíssima. Esse povo passou para os indianos o seu conhecimento. Porém despreparados, os humanos começaram a utilizar de modo errado, como é o caso dos Vimanas ceifando milhares no campo de batalha com um único ataque. O povo cansado dessa destruição, retornou para casa. A matança continuou até o dia que Ashoka decidiu por um fim. Dividiu o conhecimento entre os membros da sociedade e estes foram ocultados para sempre e utilizados apenas quando necessário.”

domingo, 10 de maio de 2015

Ela está entre nós! NSA criou programa de vigilância chamado 'Skynet'.


 Relatório da Skynet sobre jornalista do Qatar

Por Leonardo Müller

Segundo noticiou o jornal norte-americano The Intercept, a agência de espionagem dos EUA, a NSA, criou e tem usado um programa chamado “Skynet”, em referência à inteligência artificial de mesmo nome que dominou o planeta e mata seres humanos indiscriminadamente no mundo ficcional dos filmes da franquia  O Exterminador do Futuro.

Apesar de não ser de fato uma inteligência artificial, a Skynet da NSA pode ser encarada com temor semelhante ao da sua homônima da ficção. O programa é uma ferramenta que analisa metadados de milhões de pessoas e determina quais delas são terroristas em potencial.

Se a Skynet da vida real identifica alguém limpando dados de um chip SIM com certa frequência, ou apenas recebendo chamadas curtas com sem nunca realizar ligações, a vigilância sobre ela aumenta. Se mais pontos suspeitos forem detectados, os indivíduos espionados podem ser levados para interrogatório.

Jornalista da TV Al Jazeera erroneamente acusado de terrorista com base em metadados

Contudo, a Skynet norte-americana está longe de ser eficiente. O último grande erro do programa foi identificar o conhecido jornalista da TV Al Jazeera, Ahmad Muaffaq Zaidan, como integrante da organização terrorista Al Qaeda. Ele firmemente nega a acusação, que a própria NSA já descreditou.

Processamento de metadados aos assassinatos 

O problema de a Skynet cometer erros grosseiros como esse não é simplesmente levantar dúvidas sobre a índole de pessoas inocentes. Um antigo diretor da NSA, Michel Hayden, já admitiu que a agência mata pessoas baseando suas escolhas apenas em processamento de metadados, como os feitos pela Skynet.

Contudo, o funcionamento de sistemas como esses podem estar com os dias contados nos EUA. Uma decisão judicial tomada ontem considerou ilegal a coleta de metadados em grande escala. Com isso, a agência terá que encontrar novas formas de definir alvos através da Skynet para destruir com seus drones teleguiados.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

10 lições da Finlândia para a educação brasileira


         Os finlandeses têm reconhecidamente um dos melhores sistemas educacionais do mundo. Confira 10 itens que fizeram a diferença por lá. A questão é saber se funcionariam no Brasil.

“Educação faz parte da nossa cultura”, explica a diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, Jaana Palojärvi. A diretora chega ao Brasil como representante de um dos sistemas educacionais mais reconhecidos do mundo, com alunos se destacando nas primeiras posições da principal avaliação internacional de estudantes, o Pisa.

         Jaana veio ao Brasil com um discurso otimista: segundo ela, é possível revolucionar o ensino de um país em algumas décadas. Afinal, é isto que a Finlândia fez e continua fazendo desde 1970.

     Há quarenta anos, o país reviu suas prioridades e revolucionou o sistema que, hoje, é exemplo mundial apontado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE ) e pela ONU, com o Índice de Educação Global, no qual a Finlândia integra o primeiro lugar.

      No Seminário Internacional sobre o Sistema de Educação do país, que aconteceu nesta quinta-feira em São Paulo, a diretora do “MEC finlandês” reiterou a  receita do sucesso educacional, conhecido pela liberdade e flexibilidade que concede a alunos e professores.

     As lições de lá não necessariamente podem ser replicadas por aqui, por diferenças que vão de escala à cultura. Muitas questões, como as horas em salas de aulas ou o poder dado aos professores, dividem especialistas brasileiros. Mas nenhum educador ou agente público pode se dar ao luxo de ignorar o que um sistema de excelência faz.

Confira abaixo 10 visões da Finlândia de como se deve fazer educação pública:

1. A educação tem de ser igual e gratuita a todos

           Jaana Palojärvi é veemente ao afirmar que as escolas na Finlândia oferecem a todos ensino de qualidade e gratuito. Por lá, apenas 2% das instituições de ensino são particulares, e mesmo estas são subsidiadas pelo governo. Além disso, a diretora defende que o padrão de ensino é o mesmo em todas as escolas finlandesas e, por isso, as crianças passam a frequentar a escola do bairro, que está mais próxima de onde elas vivem. Um princípio de igualdade que equaliza oportunidades.

2. “Mantenha as coisas simples”

          Quando perguntada qual o principal conselho que ela teria para os educadores brasileiros, Jaana hesitou, mas definiu: “foco nos níveis mais locais”.

           Na Finlândia, a educação fica ao encargo do município e, mais do que isso, do professor. É ele, após muito treinamento, que decide como passar o conteúdo. Cada escola é livre para criar seu próprio material de ensino. Para Jaana, isso faz toda a diferença, já que motiva os professores e incentiva novos modos de ensino, que acomodem as necessidades de cada criança.

“Tem de prestar atenção na realidade da sala de aula. É lá que a mudança acontece”, disse.

3. Valorização do professor

“O professor é a primeira pessoa na vida do aluno”, explica a diretora. Em seu país, eles podem não ter os maiores salários (ganham uma remuneração média em relação a outros setores), mas a carreira de professor é uma das mais populares. E por quê?

O professor na Finlândia é bem preparado.

Ele precisa ser graduado e ter um mestrado.

Passa ainda por treinamento específico para dar aulas e tem plano de carreira.

           Nesse contexto, faz sentido que ele tenha a palavra final dentro da sala de aula. Para o governo finlandês, isso faz toda a diferença, já que estimula o professor a inovar e torna a profissão mais inspiradora.

         A diretora ressaltou, no entanto, a importância da educação obtida pelo próprio professor para que ele se torne autoridade máxima. "Nós demos o preparo e, agora, temos de confiar neles", explica. Esse quadro de preparo, oferta de oportunidade e consequente confiança nem sempre se repete no Brasil.

“Não é o dinheiro, eles não fazem pelo dinheiro”, explica Jaana. Na Finlândia, não existe bônus financeiro para professores com melhor desempenho. Aliás, tal estímulo financeiro, para eles, é inconcebível.

4. A quantidade de dinheiro não importa

           Enquanto no Brasil há projetos propondo o aumento da verba do PIB destinada a gastos com ensino, na Finlândia o movimento foi contrário. Por lá, apenas 6% do PIB é dedicado à educação. E mesmo assim eles lideram as avaliações internacionais junto com a Coreia do Sul.

         Jaana afirma que a questão não é a quantidade de dinheiro separada para alguma coisa, mas como você organiza o dinheiro que usa. Lá, há menos burocracia para se alterar a maneira como se gasta o dinheiro investido. Em poucos anos a máquina administrativa foi alterada para que o investimento, embora não o maior do planeta, estivesse entre os melhores em destinação.

5. A quantidade de horas de estudo não importa

            A Finlândia não tem escolas de período integral – e os alunos não têm muita lição de casa. Segundo Jaana, “a qualidade do ensino existe na sala de aula, e isso se alcança com bons professores”. O sistema básico e obrigatório de educação também segue essa linha de raciocínio e só começa com a criança aos sete anos: “nós acreditamos que nossas crianças têm de ser crianças. Elas não têm de aprender a ler ou escrever antes dessa idade”, explica a diretora.

           No Brasil, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, lançado pelo governo federal no ano passado, foi criticado por prever que as crianças estejam aptas a ler e efetuar operações matemáticas básicas já com oito anos.

6. Atenção aos alunos que podem apresentar mais dificuldades

     Na Finlândia, o foco não está no aluno que vai melhor. Pelo contrário, os professores tentam identificar aqueles que podem ter problemas, para conseguir mantê-los no sistema.

7. Valorização das diferentes formas de aprendizagem

       Existem crianças mais visuais, outras aprendem melhor com música, outras se podem usar das mãos para compreender um novo conceito. Na Finlândia, os modelos pedagógicos sustentam diferentes estilos de ensino, segundo a diretora. O foco não é tanto em conteúdo, mas em análise e apoio de diferente métodos.

8. Menos tecnologia, mais ensino.

        Ao contrário do que se pode imaginar, tecnologia não é supervalorizada na Finlândia. Segundo Jaana, os professores até usam novos recursos tecnológicos, mas eles não são tão importantes. “São só ferramentas, não são o conteúdo, que é a chave de tudo”, explica.

9. Nada de testes

      Esqueça Enem, vestibular, Enade... Na Finlândia não há provas nacionais e cada professor está livre para avaliar seus alunos como bem entender. “Nós não acreditamos muito em testes, estamos mais interessados em aprender”, explica a diretora. Com professores menos empenhados em provas, eles passam seu tempo individualizando métodos de ensino ou criando novos.

10. Valorização das artes

       Enquanto por aqui a preocupação maior é trazer mais meninas para as áreas das Exatas, lá é exatamente o contrário. As escolas finlandesas já têm aulas de artes e música no currículo básico, e a carga horária delas deve aumentar ainda mais, tentando atrair também a atenção dos meninos mais matemáticos das salas. "A cada dez anos, muda tudo em Física. Muda tudo em Química. Por isso o conteúdo não é tão importante, mas ter jovens criativos e comunicativos é essencial", opina Jaana.