Pascal
Bernardin
Tradução
de Joel Nunes dos Santos e Roberto Mallet
Os visitantes deste site já
conhecem o nome de Pascal Bernardin, tanto pela alusão que a ele fiz no meu
artigo “Ideário do absurdo” quando pelos comentários de Charles Lagrave no link
O império ecológico e o totalitarismo planetário. Agora encontrei esta
conferência dele na página do Instituto Euro 92 (onde há dezenas de outras
leituras importantíssimas), e não pude deixar de transcrevê-la aqui com algumas
notas minhas, malgrado minha falta de tempo para traduzi-la. Se algum visitante
puder fazer a tradução e enviá-la a olavo@olavodecarvalho.orgterá prestado um
esplêndido serviço a todos. – O. de C.
Nota
do Instituto Euro 92
Desde o fim do comunismo, o
socialismo bate em retirada ao conceder mais espaço aos mecanismos que deixam
uma maior margem de liberdade aos comportamentos individuais. Contudo, a ameaça
não desapareceu. Embora não se trate de grandes leis históricas que fariam do
Proletariado o instrumento e o veículo do Progresso, trata-se da Ecologia –
mais precisamente, das elites científicas e ecológicas que se autodenominaram
os messias dos novos tempos – que pretendem impor seus objetivos como elementos
reguladores da liberdade dos indivíduos. No texto a seguir, Pascal Bernardin,
autor de “O Império ecológico” mostra como o problema da gestão dos “bens
comuns” é hoje em dia utilizado como álibi para recriar completamente as regras
da justiça e da moral, sempre pretendendo manter-se no estrito limite de uma
crítica liberal. Este texto é a transcrição de uma conferência pronunciada ao
Instituto Euro 92 no dia 14 de abril de 1999.
Permitam-me, de início,
apresentar-me. Sou politécnico e doutor em informática. Ensino informática
fundamental, quer dizer, matemática da informática na Universidade de
Aix-Marseille III.
Esclareço-o porque irei
tratar de questões científicas muitas vezes debatidas, em particular a questão
do efeito estufa.
Vim falar de minha obra
intitulada O Império Ecológico, lançada em dezembro de 98, a qual trata da
ecologia em suas principais dimensões, com a notória exceção dos aspectos
jurídicos e educativos.
No curso desta conferência,
vou mostrar como e em que medida a política e os temas ecológicos se articulam
com os dois fenômenos políticos maiores do último decênio e do fim do século, a
saber, a perestroika e a emergência da Nova Ordem Mundial.
As questões ecológicas são
as questões fundamentais que envolvem todos os domínios: domínio econômico,
político, constitucional, financeiro, e às vezes o ético e o religioso.
Trata-se, portanto, para mim, de uma questão verdadeiramente central, que
retoma certas idéias liberais mas que vai muito além delas.
Greepeace a serviço da política globalizadora. Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8IcekyDe0J0-AOpNww9oPLr4HWZrNNuaxQCTwL3yJTjWkW3g6nKChDmnaZDbGHCEO4I8Kz8HUfAx7ePfoLXqfN1qD-D-MVfvfMt5kbGBlHKyKi2pQipxon_OMUA_ghFIoxnWcMScRjYg/s400/greenpeaceweb-1.png
De início, na primeira parte
desta intervenção, quero falar dos objetivos mantidos pelas elites
pós-comunistas que permaneceram de pé, malgrado o desaparecimento do comunismo
e da queda do muro de Berlim, as quais, hoje em dia, estão integradas no
conjunto das elites ditas mundialistas, alojadas no coração das instituições
internacionais. Vocês notarão a diferença entre mundialismo e mundialização.
Conservo o termo mundialismo para descrever a emergência das forças políticas
em nível mundial; reservo o termo mundialização para a emergência de um mercado
global e de instituições econômicas e financeiras globais.
A situação política do
último quarto de século tem sido marcada pela queda do muro de Berlim, e
simultaneamente pela instauração de uma “Nova Ordem Mundial” proposta pelo
presidente George Bush. Considero que a análise desses dois fenômenos permanece
ainda muito incompleta. Com efeito, nenhuma explicação real do fenômeno da
perestroika foi dada. Além do mais, os objetivos precisos da mundialização e do
mundialismo permaneceram muito vagos. Dito de outro modo, estamos, atualmente,
num vazio conceptual absoluto; vazio que toca os dois elementos principais da
vida política mundial deste fim de século. Tais são os elementos que vou pôr em
evidência, adotando a ecologia como fio condutor.
Fascismo dos Galhos-Verdes. Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSIEBrM1gqIspR5op0_L9jefbAi4iG13hlxeMcLzIwcmYW_us0Ap8VNVoflHn-kbwjX0QXZSZhI5LZkZ6IfJBNBqR2y9Ajwxlv3yPPGBZclr68dE-iO7I_b9P-cIQrwb7gYtfCfMVhYms/s400/ecofascismo.jpeg
No que se refere ao
mundialismo, vou basear-me exclusivamente nos textos oficiais das instituições
internacionais – e eles são extremamente numerosos –, como Our Global
Neighbourhood (1995 – Oxford University Press), um relatório da Comissão sobre
o Governo Global (Comission on Global Governance). É uma comissão estabelecida
sob a égide da ONU, que inclui membros eminentes e de elevadíssimo nível, em
particular Jacques Delors, atualmente Presidente da Comissão européia.
De um outro ponto de vista,
vou referir-me a Ethics and Spirituals Values, relatório redigido pelo Banco
Mundial, centrado nos valores éticos e espirituais para um desenvolvimento
durável; quer dizer, para um desenvolvimento ecologicamente são, ou pelo menos
pretendido tal.
Enfim, e não o menor deles,
a um documento oriundo da conferência de Copenhague, organizado pelas Nações
Unidas (Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, de 6 a 12 de março de
1995), com o título de As Dimensões Éticas e Espirituais do Desenvolvimento
Social.
Para as referências à
perestroika, apoio-me igualmente em documentos públicos, que não têm a mesma
autoridade porque não possuem a chancela das Nações Unidas, contudo escritos
por Gorbatchev e Chevernadze entre outros.
Da
Perestroika à ecologia
Para começo de conversa, que
é a perestroika? Contrariamente ao que a mídia quer nos impingir, é algo
diferente da queda do muro de Berlim sob um incontido impulso democrático. A
perestroika é, na realidade, um movimento que foi planejado desde o fim da
década de 1950. Sua descrição chegou-nos de um certo Goligsyne, oficial
superior da KGB, que mudou para o Ocidente no fim dos anos 1960. Encontramos
seus escritos num relatório que estava destinado aos Serviços Secretos, mas
também numa obra pública que apareceu antes de 1985 e da chegada ao poder de
Gorbatchev. Que diz ele? Que a perestroika é um processo socialista
revolucionário, inspirado na Nova Política Econômica de Lênin: que ela está
destinada a reestruturar (perestroika significa reestruturação) o socialismo na
URSS e não a erradicá-lo. Sobretudo, trata-se de reestruturar a imagem que os
ocidentais podem ter do socialismo em geral.
Descartando completamente a
tese de um complô mundial, minha convicção é que é a reunião dos temas
revolucionários, que permanece de pé atualmente, contidos na perestroika, que
se encontra no coração da política ecológica. Não existe acaso. É possível
lembrar que Gorbatchev, em seus escritos, diz explicitamente que a ecologia é
um veículo revolucionário. Hoje em dia, Gorbatchev é o Presidente da Cruz Verde
internacional.
Falemos agora dos objetivos
do poder mundialista. Este poder pretende, evidentemente, tirar proveito, ao
mesmo tempo, tanto da experiência democrática como da liberal – as referências
aos elementos liberais são numerosas, não obstante considerando-as num quadro
que não tem, na realidade, muita coisa a ver com o liberalismo – a fim de,
delas, fazer uma síntese orientada por um objetivo na verdade coletivista. Este
poder parte do princípio – liberal! – de que toda coerção está voltada ao
fracasso, que os métodos não coercitivos, que deixam nos governados a ilusão de
liberdade, são os que devem ser utilizados para chegar ao objetivo pretendido.
A idéia de recusar a coerção
e fazer apelo apenas ao sentimento de liberdade é uma idéia fundamental
utilizada por um grande número de pensadores. Penso, por exemplo, em Antônio
Gramsci, o revolucionário do início do século, que sempre achou que a política
stalinista era um erro, que ela não poderia senão conduzir ao fracasso da Revolução,
muito simplesmente porque era preciso, antes, proceder a uma revolução cultural
– uma revolução da superestrutura ideológica – para, em seguida, ser bem
sucedido na condução desta revolução na infraestrutura. Isto é o exemplo típico
de uma idéia não coercitiva, que denominarei também não aversiva (para retomar
uma certa terminologia de psicologia social), cujo objetivo visa,
primeiramente, à cultura, antes de tentar modificar o estrato econômico.
Outras correntes de idéias
desenvolvem a mesma relação: como por exemplo B. Skinner, o fundador de uma
escola de psicologia – o Behaviorismo – que, em substância, diz que o homem é
uma máquina à qual basta dar estímulos positivos para obterem-se boas
respostas. Skinner diz também, de maneira ainda mais explícita, que a repressão
é inútil: que, ao contrário, os reforços não-aversivos – quer dizer, as
recompensas – são sempre extremamente úteis para modificar o comportamento dos
indivíduos. Os reforços aversivos, eles, provocam a oposição e a crispação dos
indivíduos e da sociedade, e estão, em conseqüência, fadados ao fracasso.
Uma
aplicação das teorias do controle
Outros trabalhos de
psicologia social dedicam-se a desenvolver esta relação. Penso na psicologia do
engajamento, uma teoria psicológica segundo a qual modifica-se eficazmente os
comportamentos, e, em conseqüência, os valores, ao levar as pessoas a se
engajar (no sentido de dirigismo), e, portanto, proibindo-se, por isso, toda
prática aversiva.
Vemos assim surgir uma
diferença fundamental entre poder e controle. O exercício do poder é a técnica
tradicionalmente adotada por todos os Estados do planeta. Ela tem como
principal defeito chocar-se contra a revolta latente dos indivíduos que lhes
estão submissos. O exercício do controle é uma técnica toda diferente, que
consiste em colocar as pessoas num quadro tal que elas desfrutarão de um
sentimento de liberdade, às vezes de grande liberdade, ao tempo em que esta
liberdade será, na realidade, estreitamente canalizada num quadro fixado pelos
governantes. Esta oposição entre controle e poder permite assegurar a síntese
de numerosos trabalhos, e de compreender o que está a caminho de ocorrer tanto
no Ocidente quanto no antigo bloco comunista.
As idéias que presidem tanto
à perestroika quanto à instauração da Nova Ordem Mundial são uma aplicação das
teorias do controle. Elas pretendem modificar os quadros que organizam nossas
ações em todos os domínios. Os quadros (âmbitos) são numerosos: religiosos – os
principais âmbitos mentais são fornecidos pela religião –, éticos – citados nos
documentos abaixo mencionados –, ideológicos. Mais freqüentemente, trata-se de
reorganizar a cultura e os objetivos de nossa sociedade com relação a um
“objetivo supra-ordenado” – quer dizer, um objetivo final da socidade em torno
do qual todos os demais objetivos se ordenam.
Eis-nos portanto
confrontados, devido a nossos problemas ecológicos, com um inimigo, que não é
mais comunista, mas coletivista. O inimigo, sempre socialista, está sempre
vivo, e, embora esteja imerso na cultura liberal, persegue sempre a velha idéia
de realizar a síntese do “socialismo de mercado”, porém por outros meios.
Uma descrição mais
científica da lógica deste movimento revolucionário articula-se em torno da
teoria dos sistemas e da teoria do caos. Para os que não estão familiarizados
com estes conceitos, vou descrever a teoria do caos a partir de um exemplo
muito simples. Se alguém coloca um cigarro no meio desta sala, a fumaça a
encherá muito rapidamente. Porém, a fumaça vem quase que de um único ponto, da
ponta do cigarro, e cinco minutos mais tarde, as parcículas de fumaça
preencherão toda a sala. Este exemplo significa que as partículas de fumaça,
que estão inicialmente em posições muito próximas, podem, ao cabo de um tempo
relativamente curto, encontrar-se nas posições extremamente afastadas, às vezes
totalmente opostas. A característica de um sistema que se encontra numa
situação de caos é que ele pode evoluir em diereções radicalmente opostas.
De um ponto de vista
construtivista – quer dizer, do ponto de vista de indivíduos que querem agir
sobre a sociedade para conduzí-la a uma certa condição – esta experiência
significa que, se é possível escolher uma partícula de fumaça, e se se conhece
precisamente a evolução das partículas de fumaça, pode-se escolher aquela que
se encontra em tal lugar, lá onde se deseja que ela chegue. Se uma partícula
não se encontra lá onde se deseja conduzí-la, basta deslocá-la muito levemente
desde o início – desde as condições inciais, como dizem os cientistas – para que
ela acabe lá onde se deseja que ela esteja. A característica de uma situação de
caos seria tal que permitira modificar radicalmente a evolução futura, sempre
introduzindo apenas leves modificações na situação inicial. Para usar uma
linguagem mais abstrata, dir-se-ia que uma situação caótica se controla com as
forças muito fracas, como o deslocamento quase que infinitesimal das partículas
de fumaça da ruim à boa posição inicial.
Se se transporta esta
relação ao domínio social, ao domínio econômico e ao domínio político, as
conseqüências são, evidentemente, imensas.
Segundo a teoria dos
sistemas, caso se queira modificar a trajetória da partícula de fumaça, aquele
que estiver fora deste sistema, deverá fazer parte de um sistema de ordem
superior. Devemos então imaginar que o subsistema inferior, a fumaça, está
submissa a um sistema de ordem superior – por exemplo, ao experimentador, este
podendo estar também submisso a um outro sistema, digamos, por exemplo, a um
sistema jurídico, ele também condicionado por sua dependência a respeito de um
quarto sistema de uma ordem ainda superior, como o sistema legislativo, e assim
por diante. Temos, portanto, uma hierarquia de sistemas onde cada um dentre
eles pode intervir sobre o sistema de nível imediatamente inferior graças a
forças muito fracas. Portanto, o sistema (a fumaça) pode ver suas trajetórias
modificadas graças às forças infinitesimais, aplicadas por um operador do qual
se poderá, caso ele se encontre numa situação caótica, modificar o
comportamento por meio de forças igualmente muito fracas, o processo
repetindo-se indefinidamente de um nível a outro. Assim, se admitimos uma
hierarquia sistêmica de universos caóticos, podemos manipulá-los com forças
muito fracas em cada nível.
Conciliar
um liberalismo aparente com um construtivismo sempre real.
Não descrevi, no caso presente,
nada mais que as instituições de poder internacional que estão na iminência de
se estabelecerem, com uma hierarquia de níveis, em princípio mundial, depois
continental, regional, nacional, departamental, municipal, etc.
A particularidade desta teoria
dos sistemas, quando aplicada às ciências sociais, é permitir, em teoria,
conciliar liberalismo – um liberalismo “aparente” – e coletivismo – mas um
coletivismo bem “real”; o que, do ponto de vista midiático e político, não é,
bem entendido, nêutro.
Temos assim um subsistema
que está em baixo, o dos atores econômicos, numa situação aparentemente
liberal; depois, acima, as instituições internacionais, que não canalizam
necessariamente a ação desses atores econômicos, mas modificam suas
antecipações manipulando a moeda, o orçamento, as legislações ou as regras do
comércio internacional. Temos, então, um dirigismo real no alto e, para as
necessidades intermediárias, uma suficiente aparência de liberalismo em baixo.
Temos exatamente a mesma coisa no domínio político, com uma democracia aparente
e um dirigismo, às vezes um totalitarismo, totalmente reais. Em baixo vota-se,
mas o quadro dentro do qual se efetua o voto é predeterminado desde cima.
Lembro a vocês que o
mundialismo é o movimento que se identifica com a emergência de forças
políticas mundiais, no primeiro nível das quais está a ONU. Esta representa uma
verdadeira força política mundial. Ela responde a uma lógica que, de um lado,
lhe é interna; de outro lado, o mundialismo dá-se por objetivo a criação de uma
nova civilização, como se verá na seqüência de minha explicação. Não nos
iludamos: temos necessidade de instituições internacionais em certos domínios;
tais domínios, porém, são, de fato, pouco numerosos.
Depois
de ter mostrado os métodos, vou agora falar dos objetivos.
O primeiro, tal como está
claramente expresso em todos os documentos citados, é diminuir, ou pelo menos
estabilizar, a população humana, com números variáveis segundo as fontes. Há
textos que falam de quinhentos milhões de pessoas! É o caso, por exemplo, de
Jacques-Yves Cousteau, para quem a população humana não deveria ultrapassar
meio bilhão! de pessoas.
Um segundo objetivo é o de
impor, graças à influência da mídia, mas também por meio da lei, valores
ecológicos que implicam numa profunda modificação de nossos valores. É assim
que alguns chegam mesmo até a pretender criar uma nova religião, que se apoia
numa nova espiritualidade, como abertamente o dizem certas obras às quais já me
referi.
Terceiro objetivo: a
equalização mundial dos salários. Os textos são superabundantes e totalmente
explícitos. Eles revelam uma obsessão igualitarista que tende à equalização dos
salários em todo o planeta. O que resulta, bem evidentemente, num controle da
economia, das riquezas e da finança.
Uma vez que se tenha esses
objetivos na cabeça, não é difícil compreender que a ecologia constitui uma
formidável alavanca para assegurar sua realização.
O
falso processo da camada de ozônio
Referir-me-ei, em princípio,
ao buraco na camada de ozônio, depois ao efeito estufa. E para isto, começarei
pela questão dos “objetivos supra-ordenados” dos quais já falei.
Trata-se de um conceito de
psicologia social, desenvolvido, por exemplo, nos trabalhos de Mustapha Shérif.
Em substância, diz-nos, dois grupos antagonistas – ou pelo menos aparentemente
antagonistas – não podem chegar a cooperar ou a se aproximar a menos que exista
um objetivo suscetível de focalizar o conjunto de suas energias. Este objetivo,
qualificado de “supra-ordenado”, deve amalgamar todos os outros objetivos, em
particular aqueles dos atores individuais, mas também congregar os Estados, os
ministérios, ou toda outra organização dirigente. Isto significa reinventar o
totalitarismo, caso se lembre que, no passado, os “objetivos supra-ordenados”
foram os da raça, da classe ou de uma casta.
Enquanto que o buraco na
camada de ozônio nada mais é que um balão de ensaio, o efeito estufa, ele, é
verdadeiramente concebido e apresentado como um “objetivo supra-ordenado”
maior. Penso, por exemplo, em Al Gore, quando ele diz que é preciso criar uma nova
civilização, cuja proteção do meio-ambiente será o pivô.
Interroguemo-nos sobre a
realidade desses fenômenos. O buraco na camada de ozônio , como, sem dúvida,
você se lembra, foi o símbolo de uma época quando a abertura do jornal
televisado das 20 horas se fazia freqüentemente com uma imagem em cores falsas
representando a Antartica e o buraco, este enorme buraco que, diziam-nos,
crescia inexoravelmente e ameaçava cobrir todo o planeta, absorver-nos,
queimar-nos, com, em conseqüência, um aumento considerável e inelutável do
número de cânceres de pele, mutações genéticas incontroláveis, ou ainda a
destruição inevitável da bio-diversidade (porque algumas espécies são mais
sensíveis a ele que outras).
Desde então, o gás acabou.
E, desde há muito, não se escutou mais falar do buraco na camada de ozônio.
O que é preciso reter? Um
pequeno artigo de cinco centímetros e meio por quatro e meio, do prêmio Nobel
de química Paul Crutzen, na página vinte quatro de um número do jornal Le
Monde: “quando as previsões apocalípticas foram noticiadas”, lia-se, “não se
conhecia exatamente a amplitude da deterioração da camada de ozônio. Agora,
sabe-se que os danos serão mínimos. A demonstração tem sido feita, de que a
camada de ozônio deteriora-se num rítmo muito lento.” Este é o ponto-de-vista
de numerosos outros cientistas.
Tem-se dito que o buraco
seria causado pelos CFC (Cloro-Fluor-Carbono), um produto químico que se
encontra principalmente nas geladeiras. Esses CFC foram fabricados
industrialmente após a segunda guerra mundial, e sua produção em massa marcou
os anos 1960, época do grande boom econômico.
Ora, a comunidade científica
conhecia o buraco na camada de ozônio – a literatura científica disso dá fé –
desde 1929; quer dizer, pelo menos trinta anos antes da produção intensiva dos
CFC ter começado. Eles não podem, portanto, ser a causa do fenômeno.
Mas sua existência serviu
maravilhosamente aos desejos de certas organizações internacionais –
notadamente a Organização Meteorológica Mundial, sempre em busca de maiores
orçamentos para financiar suas pesquisas. É ela que iniciou a grande campanha
de sensibilização das opiniões públicas. Por isto, os cientistas que lhe deram
apoio – como Paul Crutzen, antes de ele mudar, parece, de ponto-de-vista –
desenvolveram os modelos matemáticos complexos que demonstravam – diziam-nos –
que os CFC rejeitados pelo homem destruiriam inexoravelmente a camada de
ozônio. Mas esses modelos eram, na realidade, baseados em bases experimentais
extremamente frágeis e incompletas.
Hoje em dia está quase que
admitido e provado que esses modelos eram incapazes de simular a realidade,
portanto, que eles eram falsos.
Como já disse, a literatura
científica mostra claramente que, desde 1929, portanto, muito antes da produção
em massa dos CFC, o buraco na camada de ozônio era já uma realidade. Ele
resulta de um fenômeno natural que existe desde sempre e que se observa em
lugares extremamente afastados, principalmente o Polo Sul. O que está em causa
é principalmente a atividade vulcânica natural do globo. Os vulcões lançam
infinitamente mais Cloro na atmosfera que os CFC. Por exemplo, citarei o Monte
Érebo, um vulcão da Antártida em constante erupção, que lança permanentemente
milhares de toneladas de gases, notadamente os compostos clorados, justamente
no lugar onde se situa o famoso buraco na camada de ozônio.
Dispomos hoje em dia de
numerosos elementos que vão em sentidos totalmente incompatíveis com a tese das
mídias que acusam o homem de autor deste crime ecológico.
Dito
isto, as conseqüências econômicas e políticas, elas, são verdadeiramente reais.
Haverá, em princípio, a
criação de órgãos internacionais encarregados de controlar a evolução do
buraco, e de incitar os Estados a impedir este processo destruidor. Elas,
porém, têm-se mantido relativamente discretas, com relação ao que se passa num
outro front, o do efeito estufa.
Há em seguida o efeito
midiático e psicológico que se traduziu pela introdução na consciência coletiva
de um sentimento novo: o de uma autêntica responsabilidade mundial que
envolveria tanto os russos, os chineses, os americanos, quanto os europeus
(porque, na atmosfera, todos os dejetos terminam por se misturar). Assim
apareceu, e se impôs, a idéia de que se estava verdadeiramente em face de um
real problema comum, que era preciso necessariamente gerir em conjunto.
Assim, criou-se um
sentimento de interdependência, o qual conduz as opiniões públicas a considerar
que sua sorte está doravante ligada aos dejetos de CFC que poluem o outro lado
do planeta. Recuar admití-lo designa quem o faça, automaticamente, como
cúmplice de um empreendimento de destruição do planeta. Difunde-se assim um
sentimento de fidelidade, não mais a uma comunidade local, nacional, talvez
européia, mas a uma comunidade mundial. Este fator psicológico representa um
fato político de primeira grandeza.
A
impostura do efeito estufa
Agora, falemos do efeito
estufa. Ele resulta, dizem-nos, do aquecimento do gás carbônico lançado na
atmosfera pela combustão da madeira, do gás natural ou do petróleo. Esta ameaça
é terrificante, porque dela deveria resultar uma elevação da temperatura terrestre
média, compreendida entre dois e cinco graus. O nível dos mares poderia
elevar-se algumas dezenas de centímetros. As doenças tropicais elevar-se-iam em
nós e o ciclo da água potável em seu conjunto seria totalmente perturbado.
Tratar-se-ia, portanto, de
um problema verdadeiramente global, que envolveria todo o planeta, porque toda
atividade humana implica numa produção de energia, portanto de emissão de gás
carbônico. É um problema econômico global que envolve toda a sociedade, na
menor de suas atividades, como dirigir ou se deslocar. Todo o domínio social,
político e institucional estará fatalmente envolvido. Mesmo o domínio ético,
porque, na avaliação do perigo infinito que esta ameça faz pesar sobre o
planeta, é preciso, dizem-nos, modificar todo nosso sistema de valores,
inclusive os valores espirituais.
É preciso igualmente adaptar
o direito internacional, modificar também todo o sistema educativo.
Está-se então em presença de
um fenômeno “sistêmico”, quase que em seu estado puro, e que envolve todos os
domínios da liberdade e da organização dos seres humanos.
A Comissão Trilateral, cujos
membros representam, exclusivamente eles, quase que sessenta por cento das
forças econômicas do planeta, evoca claramente o objetivo de uma redução do
consumo de energia nos países desenvolvidos compreendido entre 20 e 60%. Deixo
que vocês imaginem o que isto significa em termos econômicos.
Do ponto-de-vista
científico, o que se pode pensar disso? Duas escolas digladiam. A primeira, a
escola dos liberais, mantida pelos sábios americanos de renome, fala
explicitamente de impostura. A segunda escola é a dos revolucionários que,
desde o fim dos anos sessenta, não param de anunciar uma catástrofe iminente.
Para eles, é incontestável que a temperatura já começou a aumentar, e inclusive
que o nível dos mares já sofreu um sensível fenômeno de elevação. Na realidade,
os que falam assim baseiam-se, uma vez mais, em modelos muito incompletos,
aproximativos, e portanto completamente falsos, segundo o ponto-de-vista mesmo
dos sábios, os mais rigorosos e os mais objetivos.
Todas as previsões deduzidas
destes modelos até aqui sempre se revelaram inexatas, muito afastadas da
realidade. A mais bela prova de seu erro repousa em sua incapacidade de dar uma
simulação aceitável das evoluções climáticas do passado. As equações que
utilizam são muito simplificadas. Notadamente, elas não integram os fenômenos
de ondas planetárias, que desempenham, neste domínio, um papel importante.
Os trabalhos mais rigorosos,
e que não se apoiam unicamente sobre modelos de simulação matemática, sugerem
que há, efetivamente, um certo aumento da temperatura devido ao gás carbônico.
Eles não negam que as emissões humanas possam exercer uma influência sobre a
evolução dos climas. Contudo, eles mostram que esta influência é extremamente
fraca – da ordem de 0,5 grau apenas –, que ela está no limite do imperceptível,
e que ela não representa, de fato, grande coisa com relação às flutuações
climáticas naturais que se registram ao longo dos séculos.
Não devemos esquecer que o
clima é um elemento que varia permanentemente. Por outro lado, meio grau de
aquecimento seria antes uma boa coisa, porque o aumento da concentração de gás
carbônico, que o provocasse, beneficiaria mais que prejudicaria o crescimento
das plantas, portanto à agricultura, às florestas, e mais geralmente à vida –
porque esta se baseia, em princípio, no fenômeno da fotossíntese.
Talvez seja possível
identificar alguns efeitos secundários negativos bem insignificantes; contudo,
fundamentalmente, os ecologistas convencem apenas a eles mesmos, e os que
desejam ser convencidos.
De fato, o efeito estufa é
principalmente imputável às modificações da atividade solar, o sol sendo o
principal vetor de influência do clima. Os cientistas observam esta influência
desde há uns cinqüenta anos. Mesmo que não compreendamos ainda todos os seus
mecanismos, é um fenômeno que se torna cada vez melhor conhecido. Destarte, é
bem conhecido, igualmente, que os elementos contingentes, como a modulação da
irradiação galática, exercem uma influência sobre a evolução da cobertura das
nuvens e assim modificam a maneira pela qual uma parte dos raios solares é
reenviada em direção ao espaço.
Portanto, que dizer disso,
senão que isto com o que tratamos nada mais é que uma grande “escroqueria”? A
maioria dos sábios se esforça em resistir a esta dupla impostura midiática e
política (porque os políticos, caso realmente quisessem, teriam todos os
elementos à sua disposição para saber do que verdadeiramente se trata).
O
princípio de precaução, retorno ao pensamento mágico
As conseqüências desta
impostura são gigantescas, porque elas envolvem todos os domínios, quer sejam
econômicos, éticos ou espirituais. É preciso então bem compreender o que está
envolvido. Principalmente tudo o que deriva da ativação do famoso “princípio de
precaução” ao qual todo mundo se refere hoje em dia cada vez mais abertamente.
Substancialmente, este
princípio diz toda ação deve ser proibida, uma vez que não esteja provado de
maneira indiscutível que ela não introduzirá efeitos negativos.
Fato essencial, este
princípio de precaução se encontra desde já, de fato, integrado no direito,
tanto no direito internacional quanto no direito francês. Não se trata apenas
de uma fantasia de intelectuais. Porém, de um instrumento extremamente poderoso
que nos imerge diretamente no universo do pensamento mágico. Com efeito, caso
se o siga ao pé da letra, resulta que desde que alguém vislumbre um perigo,
ainda que imaginário, cria-se uma regra de direito que nos proibe tudo que
poderia concretizar este perigo (imaginário) e nos ordena expressamente fazer o
que poderia minimizá-lo. Deste modo, se um ecologista afirma, de maneira
convincente (mas puramente retórica) que queimar petróleo aumenta a temperatura
da atmosfera, mesmo que ninguém de fato nada saiba a respeito, e se não existe
nenhuma prova científica, resulta do princípio de precaução que esta afirmativa
se torna ipso facto verdadeira do ponto-de-vista do direito, e desencadeia
efeitos jurídicos(1).
A culminação de uma tal
conclusão é, logicamente, conduzir à suspensão de toda atividade econômica, e
de toda atividade tout court! Concretamente, trata-se somente de limitar a
atividade econômica dos países desenvolvidos, de maneira, dizem-nos, que
favoreça a recuperação dos países subdesenvolvidos. Eu sou, bem entendido,
favorável ao desenvolvimento dos países subdesenvolvimentos, mas por que frenar
o desenvolvimento dos outros?
Para terminar, quero voltar
aos objetivos do movimento mundialista e invocar, momentaneamente, um texto
extraordinário. Trata-se do Report From The Iron Mountain (1967, trad. francesa
de 1984 sob o título La Paix Indésirable? [A Paz Indesejável?] – relatório
sobre a utlidade das guerras)(2). Seu tema: a utilidade econômica das guerras.
Mais exatamente, na perspectiva da convergência entre o sistema soviético e o
sistema americano – portanto da desaparição das guerras – como substituir, com
alguma outra coisa, o papel econômico que o sistema militar-econômico supria?
Sob inúmeros aspectos, é um
relatório delirante. Mas existe de fato um tema, daquela época, e um debate
muito vivo, nos Estados Unidos, do qual os maiores intelectuais do país têm
participado. Ele tem-se beneficiado de uma cobertura máxima da mídia.
Entre as soluções propostas
como substitução ao sistema militar-industrial, apareceu a da criação de uma
ameaça ecológica fictícia que permitiria cumprir uma “missão”. Qual missão? No
espírito dos autores, trata-se de encontrar o meio de conservar ao Estado um
mínimo de controle efetivo sobre o aparelho econômico. Dito de outro modo, de
utilizar a regulamentação ecológica para manter nas mãos do Estado uma capacidade
de ação econômica (mas também psicológica), que substituirá aquela da qual ele
dispunha no passado, em virtude das despesas armamentistas.
Este texto remonta aos anos
1965-1967. Mas nós sofremos sua posteridade. No O Império Ecológico, mostro
como toda uma corrente, representada hoje em dia pelo vice-presidente americano
Al Gore, inspira-se nesta problemática.
A conseqüência de tudo isto,
hoje em dia, são os protocolos adotados quando da conferência de Kyoto: cotas
de gás carbônico, venda e revenda dessas cotas...Disso resultará que a produção
baixará nos países desenvolvidos e aumentará nos países subdesenvolvidos.
Haverá deslocamentos massivos de indústrias, de capitais, de tecnologia, talvez
mesmo de mão de obra e de competências. Dito de outro modo, o ponto de chegada
de toda esta manipulação científica, midiática, e política, corresponde, muito
diretamente, ao que eram os objetivos de
partida formulados nos anos 1970 pelos mantenedores da “Nova Ordem Mundial”.
Mas tudo isso se faz, hoje
em dia, sob a cobertura de uma linguagem assim dita liberal, em nome do
liberalismo. A característica desta nova ideologia do poder é a de nos afirmar
que, desde a desaparição do comunismo, estamos livres para fazer o que
quisermos; mas, atenção, somente dentro de certos limites, determinados pelo
nível de emissão de gás carbônico aceitável! Assim, encontram-se conciliados
uma certa aparência de liberalismo, com um construtivismo e um dirigismo
totalmente reais, porque isto que aí se encontra é um encontro “sistêmico”
caracterizado, onde os atores econômicos de nível inferior estão livres para
fazer o que querem, mas num quadro pré-determinado pelas instituições
internacionais, em particular as que estão encarregadas das questões do efeito
estufa.
Ecologia,
a alavanca de um desvio do estado de direito.
Quais são os elementos do
liberalismo que este sistema conserva? O primeiro, psicologicamente o mais
importante, é a ilusão da liberdade individual. É a herança de todos os
trabalhos de psicologia social que estabeleceu de maneira firme que não se pode
governar um país ou fazer funcionar uma economia, nem funcionando como os
soviéticos, nem autorizando-lhe uma autonomia muito grande dos atores. O
sistema atual integra esta crítica, porque nele você encontra uma liberdade
individual que é muito considerável, com uma aparência de pluralismo, mas que
integra um ponto que não é permitido submeter a discussão: a questão do efeito
estufa.
Tem-se então um sistema
complexo, auto-organizado, sem controle aparente, com uma ordem social
espontânea. Tem-se igualmente um estado de direito, outro elemento fundamental.
Portanto, aparentemente e do ponto de vista da mídia, estamos num estado de
direito. Somos governados por leis, e não por homens ou ditadores. Mas essas
leis, regras abstratas, inscrevem-se no seio de um quadro que é predeterminado
pelas instituições internacionais, em particular aquelas encarregadas do efeito
estufa, que estão em condições de exercer uma influência decisiva sobre todas
as atividades econômicas.
Somos portanto governados
pelas leis. A repressão está reduzida ao mínimo. Estamos libertos de todo
sistema totalitário, para entrar em alguma coisa que tem as aparências de uma
sociedade de direito. Mas não se trata senão de aparências de uma sociedade
aberta, porque esta sociedade, uma vez mais, inscreve-se num quadro que já foi
pré-fixado. Há, de alguma maneira, instrumentalização, desvio das idéias
liberais, pela base, do caráter central dado à gestão coletiva de certos “bens
comuns” tais como a atmosfera. A gestão desses “bens comuns” é o álibi, a
alavanca que permite, hoje em dia, chegar a ponto de recriar completamente as
regras da justiça e da moral, sempre pretendendo permanecer no reto caminho da
crítica liberal. Isto permite manipular os valores ou as atitudes, manipular as
normas sociais e a sensibilidade.
A propósito da concepção
marxista evocada no início de minha intervenção, vou tratar da modificação da
superestrutura pela modificação das regras que se aplicam à sociedade.
Esta síntese “sistêmica” oferece,
no nível inferior, uma aparência de sociedade aberta, mas com um escalão
superior que se dedica a gerar as regras finalizadas, de onde resulta uma
sociedade que só possui as aparências da abertura. Não estamos mais numa
sociedade aberta. Dela, só possuímos sua aparência. É uma sociedade fechada,
que se inscreve na lógica de um tal arranjo.
O objetivo, ao qual
retornarei, é nada menos que criar uma nova civilização. De maneira global,
tem-se alguma coisa que lembra, muito, uma manipulação da concepção de Deus(3).
A este respeito, os textos
das instituições internacionais são explícitos. Eles nos mostram que a ecologia
resume-se geralmente a uma vontade de conduzir os indivíduos a uma concepção
pagã da natureza, onde é a natureza que é a divindade. O que é assim claramente
buscado é uma modificação explícita da concepção do homem, de Deus, da natureza,
do mundo...portanto, uma modificação das concepções culturais de fundo de nossa
civilização.
Nossa civilização está
fundada sobre uma concepção judeu-cristã do homem, quer se trate de cristão,
judeu ou mussulmano. Este paradigma – o homem, um ser desejado e criado por
Deus –, está na base do nosso Direito.
Desde quando se compreende
que a concepção do homem no Universo está fundamentalmente sendo questionada –
“o homem, este ser nefasto e poluidor” –, tem-se igualmente compreendido que a
ecologia pretende finalmente nada menos que uma inversão desta concepção, para
pôr, em seu lugar, a coletividade. O homem entra, aí, em segundo lugar.
Passa-se do homem, enquanto indivíduo, ao homem como membro da coletividade. O
totalitarismo não está morto.
Notas
de Olavo de Carvalho
(1) No mesmíssimo sentido, e
talvez mais fundo ainda, vai o esboço de “código penal cultural” da Unesco, que
comentei em O Futuro do Pensamento Brasileiro (2a. ed., Rio, Faculdade da
Cidade Editora, 1998). -- O. de C.
(2) Uma análise extensiva
desse documento encontra-se em The Grening. Plot for Environmental Control, de
Larry H. Abraham, cujo texto integral será em breve reproduzido neste site. --
O. de C.
(1) Não há de ser
coincidência que um dos principais instrumentos teóricos concebidos para essa
manipulação – o “princípio de precaução” – tenha sido criado logo por um
cérebro como o do prof. Hans Jonas, o mais famoso historiador da gnose. Isto
não só vem confirmar a tece célebre de Eric Voegelin sobre a origem gnóstica dos
totalitarismos modernos, mas enfatizar a necessidade urgente de uma compreensão
mais clara do fenômeno gnóstico, compreensão à qual nada contribui o alarmismo
delirante de certos católicos ultraconservadores que, numa verdadeira “lógica
dos gatos pardos”, como diria Ortega y Gasset, distribuem o rótulo de gnose (no
sentido estrito de Hans Jonas) a tudo quanto lhes pareça estranho, temível ou
heterodoxo, incluindo as manifestações mais ortodoxas da mística islâmica e
judaica. Voltarei a este assunto. -- O. de C.
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