Panteão Asteca. Imagem: Seu History.
A religião asteca, assim
como as de outras civilizações, representava uma síntese de diversas culturas e
tradições milenares dos diferentes povos que dela faziam parte. Sua cosmogonia
foi tão profunda quanto complexa, buscando resolver os eternos dilemas com
relação à existência, criação do cosmos e da raça humana, explicação de
fenômenos naturais e sua ligação aos astros. Os deuses estavam em constante
comunicação com os homens e, como estes, tinham características tanto positivas
quanto negativas. Aliás, tudo e todos os que habitavam o mundo possuíam esta
dualidade, que afinal, estabelecia um equilíbrio dinâmico entre o micro e o
macrocosmo, relação que era mantida através de cultos e oferendas.
QUETZALCOATL
Quetzalcoatl, filho de
Ometeotl, é a principal divindade do panteão pré-hispânico. Seu nome é composto
por duas palavras: "coatl", que quer dizer serpente e "quetzal",
significando ave de rica plumagem. De acordo com a filosofia asteca, esta
divindade possui também diferentes conotações, "dupla rica",
"ave dos tempos", "gema dos séculos", "umbigo ou
centro sagrado", "serpente aquática fecundadora", "o das
barbas da serpente", "o grande aconselhador", "divina
dualidade", "feminino e masculino", "pecado e
perfeição", "movimento e tranquilidade". Em função da dualidade
de sua natureza ela tanto cria, quanto destrói o mundo. Sua parte destruidora
tem o nome de Tezcatlipoca, "o Senhor do Espelho Fumegante".
Quetzalcoaltl também representa a dualidade inerente à condição humana: a
serpente representa o corpo, com suas limitações; as penas representam os
princípios espirituais. Os ensinamentos de Quetzalcoatl ficaram registrados em
certos documentos conhecidos como "Huehuetlahtolli", "palavras
antigas", transmitidos verbalmente através dos tempos e depois registrados
pelos primeiros cronistas espanhóis. Uma das representações desta divindade é
um homem branco e barbado, razão pela qual, durante a conquista, os indígenas
acreditaram que Hernan Cortez era Quetzalcoatl. Segundo a lenda, entre suas
conquistas e feitos, Quetzalcoatl chegou à região maia e foi reconhecido como
um grande chefe e guerreiro. Fundou a Liga de Mayapan e conquistou a cidade de
Chichen Itza.
TEZCATLIPOCA
Filho de Ometeotl,
Tezcatlipoca, "O Senhor do Espelho Fumegante", é o senhor do céu e
terra. fonte de vida, amparo do homem, origem de todo o poder e da felicidade,
dono das batalhas, onipresente, forte e invencível. Era representado como um
jovem com arranjo na cabeça e no rosto e as pernas enfeitadas com listras.
Trazia postas pulseiras de penas coloridas de quetzal e um escudo na mão,
também feito de penas, além de uma bandeira de papel. Quetzalcoatl e
Tezcatlipoca, sendo irmãos, representam a dualidade e a antagonia. Em uma das
lendas, Tezcatlipoca e Quetzalcoatl criaram o mundo. No começo existiam apenas
o oceano e a terra, onde vivia o monstro Cipactli. Tezcatlipoca ofereceu seu pé
como isca e o monstro da terra apareceu e o devorou. Foi assim que ambos o
dominaram e o estiraram para que fosse transformado em solo. Os espíritos dos
mortos tinham que se apresentar diante de Tezcatlipoca para receber seu
destino. Trazia no peito um espelho onde podia ver os atos e pensamentos da
humanidade e de onde brotava uma fumaça que matava seus inimigos. Portava
também uma faca, representando o vento negro e cortante, como as palavras que
criam desarmonia. Era considerado o senhor do norte do Universo, região do
descanso, destino dos mortos. Deus da noite e da tentação; provedor e juiz da
riqueza. Protetor dos escravos.
XIUHTECUHTLI
Xiuhtecuhtli, também chamado
Huehueteoltl, "deus velho", é deus do fogo e do calor. Era casado com
a deusa Xiuteciuahtl. Era o avô dos homens, o dono do tempo. Vivia no centro do
universo. Era representado por um velho enrugado, sem dentes e encurvado, com o
rosto vermelho/amarelo, carregando um braseiro. Na mitologia, sua idade
representava a experiência e a sabedoria. Um de seus símbolos era a cruz com as
quatro direções do mundo, que partiam do centro de onde ele vivia. Também era
conhecido como "cobra de luz' porque era o símbolo do amanhecer radiante
e, diante de sua presença, os poderosos deuses da noite desapareciam. Era
bastante relacionado ao sol. Originário da região vulcânica e representante da
idade das montanhas, seu culto remonta ao começo da vida nahoa na América.
Associado à purificação, transformação e regeneração. Foi encarregado das
mudanças no mundo. Xiutecuhtli, assim como Ometeotl, estava relacionado ao
conceito de principio porém, diferente da divindade suprema, a ele eram
rendidos cultos específicos. Além disto, as cerimonias dedicadas em sua
homenagem tinham como objetivo principal fortificá-lo, para que pudesse
continuar exercendo seu poder regenerador sobre o mundo, garantindo sua
continuidade. Outro significado de Xiuhtecuhtli era "Senhor da
Turquesa", cor que os antigos associavam ao céu diurno.
HUITZILOPOCHTLI
Huitzilopochtli, o
"Beija Flor Azul" ou "Beija Flor do Sul" é a principal
divindade dos mexicas. Deus do sol e da guerra, foi batizado pelos
conquistadores como Huichilobos. É representado por um homem azul armado, com
penas de beija flor na cabeça. Sua mãe, Coatlicue, o gerou depois que uma bola
de penas caiu do céu sobre sua cabeça. Os irmãos e irmãs, pensando que a mãe os
havia desonrado com esta gravidez misteriosa, decidiram eliminar a mãe grávida,
porém Huitzilopochtli nasceu e matou a maioria. Huitzilopochtli agarrou a
cabeça da irmã e atirou para o céu, transformando-a na Lua. Ele próprio
simboliza o Sol. Conduziu os astecas durante sua longo migração de Aztlan, sua
terra natal, até o vale do México. Seguiram com destino ao sul até que
Huitzilopotchi lhes indicou onde deveriam estabelecer sua nova capital,
México-Tenochtitlan em Anahuac, no meio do Lago Texcoco, uma cidade repleta de
canais. Como deus sol, Huitzilopochtli renascia todas as manhãs do ventre da
mãe, Coatlicue. Acreditava-se também que ele precisava do sangue e coração dos
humanos para alimentar-se. As vítimas dos sacrifícios oferecidos a ele incluíam
prisioneiros de guerra e guerreiros mortos em batalha. Huitzilopochtli era o
deus mais poderoso, mais temido e odiado pelos inimigos dos astecas.
CHALCHIUHTLICUE
Chalchiuhtlicue, a "da
saia de jade", era a deusa da fertilidade. Considerada a Grande Mãe, era
também a deusa dos lagos, das águas da terra, além de senhora dos mantimentos,
nutrindo o homem para que pudesse viver e multiplicar-se. Sua vestimenta é
composta por uma saia de linhas ondulantes, uma alusão à água que flui, e
utiliza uma mascara de serpente. Às vezes é representada pela corrente de água
fluindo da divindade e, nesta corrente podem ser vistas crianças
recém-nascidas. Suas funções se referiam ao aspecto aquático, forma utilizada
pela divindade para ajudar na fecundação, fonte de vida, por excelência. Era
também bastante importante como fator de pureza, e era invocada em rituais onde
o corpo era lavado com água. Patrona dos nascimentos, desempenhava um papel importante
nos batismos astecas. Chalchiuhtlicu era considerada também como a protetora
mais importante da navegação do litoral no México antigo. De acordo com o mito
dos cinco sóis, ela chegou ao mundo no primeiro sol: dominava um quarto do
mundo. Durante seu reinado o céu era feito de água, que caiu na terra na forma
de um grande dilúvio por influencia da deusa. Os seres humanos se transformaram
em peixes. Parceira ou parte de Tlaloc, com ele foi mãe de Tecciztecatl e
governou Tlalocan. Dizem também que foi mulher de Xiuhtecuhtli. As vezes é
confundida com a deusa da chuva, Matlalcueitl.
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