A Roupa Nova do Rei. Imagem: Hans Christian Andersen.
Era
uma vez, no palácio de um reino distante, um
monarca muito vaidoso, mas muito amado pelo seu povo. Suas grandes
virtudes: a generosidade e a persuasão. Pela generosidade,
queria que todos os pobres ficassem ricos como ele. Pela persuasão, a todos convencia. E todos o ouviam, e todos
acreditavam no que ele dizia. Era tido por sábio, principalmente quando dizia
que não sabia.
O antigo desejo
por “eterno poder”
Mas,
desde que foi coroado, se angustiava com
o pesadelo de um dia não ser mais rei. Afinal, à coroa tudo devia, pois com
ela tudo podia. Adorava viajar. Tudo com
o dinheiro arrecadado dos súditos que pagavam rigorosamente os impostos ao
tesouro do rei, temerosos de que, caso os sonegassem, ele mandasse
soltar os leões famintos que mantinha, para esse fim, numa jaula junto á
estrebaria do palácio. Mas o de que ele mais gostava mesmo era de passear
pelas terras do seu reino numa bela carruagem que de tão grande tinha até um
compartimento escuro do lado oposto àquele do cocheiro. Lá – cochichavam as
fofoqueiras do reino – se ele quisesse (?) até que poderia levar alguma
cortesã, que no palácio elas eram abundantes. Era preciso eternizar o governo.
Bolsinhas de pano
A
melhor ideia foi encomendar aos tecelões da aldeia milhares de bolsinhas de pano, que mandou
distribuir aos mais pobres. Cheias de moedinhas, para que,
segundo se dizia, não precisassem
mais trabalhar, nem escolher outro rei. Com isso, aumentou o número de
cavalos e de carretas pelas trilhas do reino – embora continuassem péssimas -, dando muito trabalho aos
seleiros, carpinteiros e a todos os trabalhadores.
Inclusive aos curandeiros, pois o povo afetado pelas pestes continuava amontoados, e até morrendo nas precárias enfermarias do reino. Mas isso não aparecia, e, a partir das bolsinhas, o seu reino alcançou o que , no futuro, passaria a se chamar de altos índices de desenvolvimento social.
Inclusive aos curandeiros, pois o povo afetado pelas pestes continuava amontoados, e até morrendo nas precárias enfermarias do reino. Mas isso não aparecia, e, a partir das bolsinhas, o seu reino alcançou o que , no futuro, passaria a se chamar de altos índices de desenvolvimento social.
O Tecido de seda
mágica
Pois
foi então que o mais esperto dos
tecelões mandou ao palácio dois malandros para vender ao rei vaidoso um
tecido jamais visto, de uma seda mágica
que, de tão linda, só pessoas estúpidas ou incompetentes seriam incapazes de
admirá-la. Embora não tenha enxergado nada do que os embusteiros afirmavam
estar mostrando, mas para não por estúpido, concordou com eles. Seus acólitos – que no futuro seriam
chamados “puxa-sacos” – também não quiseram passar por ignorantes,
muito menos contrariar seu soberano e encomendaram o “traje” para um desfile
inaugural. Não sem antes seus marqueteiros- que então já os havia mas com o
nome de arautos – tratarem de bolar uma sigla para tirar proveito político,
relacionando o traje do rei com o fim da pobreza. E a escolhida foi IDS, que fazia combinar o tecido (i)nvisível (d)e
(s)eda com os altos (i)ndices
de (d)desenvolvimento (s)ocial de seu governo.
A Roupa Nova do Rei. Imagem: Hans Christian Andersen.
Quando a inocência
de uma criança supera a vaidade de um “rei”
Pois foi enquanto o rei
desfilava trajando seu flamante IDS imaginário, que uma criança, na sua inocência, gritou:
“Coitadinho,
o rei está nu!”. E é quando todos ganham coragem para dizer a
verdade e repetem em coro: “O rei está nu! O rei está nu...!”
Mas
aí já era tarde, porque, temendo que tivesse que fugir se descobrissem tudo,
antes de deixar o palácio o rei passou a chave para sua filha...
Hans Christian Andersen,
COPYRIGHT ATRIBUIÇÃO -
NÃO COMERCIAL ©
Copyright
Atribuição –Não Comercial© construindohistoriahoje.blogspot.com.
Este texto está sob a licença de Creative Commons Atribuição-Não
Comercial. Com sua atribuição, Não Comercial — Este trabalho não
pode ser usado para fins comerciais. Você pode republicar este artigo ou
partes dele sem solicitar permissão, contanto que o conteúdo não seja alterado
e seja claramente atribuído a “Construindo
História Hoje”. Qualquer site que publique textos completos
ou grandes partes de artigos de Construindo
História Hoje tem a obrigação adicional de incluir um link
ativo para http:/www.construindohistoriahoje.blogspot.com.br. O link não é exigido para citações. A
republicação de artigos de Construindo História Hoje que são originários de
outras fontes está sujeita às condições dessas fontes e seus atributos de
direitos autorais.
Você quer saber mais?
Agradecimentos à alma de Hans
Christian Andersen, autor do conto “A roupa nova do rei”, o prazer
de sua leitura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário