Estado Integral e Estado Totalitário. Imagem: Adaptação CHH.
Hoje
trarei aos amigos do Blogue Construindo História Hoje um interessantíssimo estudo
histórico sobre as distinções entre um Estado Totalitário e um Estado
Integral. Espero que este texto possa
auxiliar muitos de vocês em suas pesquisas e na incansável busca pelo
conhecimento, sabedoria e discernimento.
Os integralistas querem o
Estado Totalitário?
__
Não; os integralistas querem o Estado Integral.
__ O Estado Totalitário não
é a mesma coisa que o Estado Integral?
__
Não. O Estado Totalitário tem uma finalidade em si próprio; absorve todas as
expressões nacionais e sociais, econômicas, culturais e religiosas; subordina a
“pessoa humana” e os grupos naturais ao seu império. O Estado Integral, ao
contrário, não tem uma finalidade em si próprio; não absorve as expressões
nacionais e sociais, econômicas, culturais e religiosas; não subordina a “pessoa
humana” e os grupos naturais ao sue império; o que ele objetiva, é a harmonia entre
todas essas expressões, a intangibilidade da “pessoa humana”.
__ Por que motivo os
integralistas não querem o Estado Totalitário?
__
Os integralistas não querem o Estado Totalitário, porque os integralistas
adotam uma filosofia TOTALISTA, isto
é, têm do mundo uma concepção totalitária.
__ Não há uma contradição
nisso?
Se
os integralistas concebem o universo de um ponto de vista totalitário, como é
que não concebem o Estado da mesma maneira?
__
Os integralistas são lógicos, tendo uma concepção totalitária do mundo e uma
concepção não totalitária do Estado. É evidente que, sendo o Estado uma das expressões
do mundo, se este é considerado em seu conjunto, o Estado tem de ser
considerado como uma “parte” do conjunto. Se adotarmos o Estado Totalitário, então
é que ficamos em contradição, fazendo uma “parte” absorver as outras partes.
__
Mas um jornalista escreveu, há dias que os integralistas ensinam uma doutrina
confusa, porquanto o Estado Forte, o Estado Leviatã de Hobbes compreende a absorção de
todos os elementos sociais pela autoridade estatal... Como respondem os
integralistas?
__
O jornalista ouviu falar em Hobbes,
sem ter a menor noção do assunto. Basta dizer que Hobbes é um materialista, um
naturalista, ao passo que nós somos espiritualistas. A conclusão a que Hobbes chegava, era a de que o homem
não presta, é inclinado aos vícios e à maldade e, por
conseguinte, a sociedade tinha de ser governada com pulso de ferro, por
um Estado absorvente de todas as liberdades, impondo a disciplina pela Força. Este
é o Estado
Leviatã hipertrofiado e gigantesco. Ao contrário de Hobbes, um outro filósofo chamado Locke, também materialista, também naturalista, pensava que o homem é bom, que as leis,
o arbítrio do Estado é que o tornam mau.
Baseado
no mesmo materialismo experimental de Hobbes, chegava Locke à conclusão de que cumpria dar a máxima liberdade aos indivíduos, competindo ao Estado
assegurar essa máxima liberdade. Basta isso para que tudo corresse no
melhor dos mundos.
Também
J.J. Rousseau foi da mesma opinião de Locke. O “homem natural” de Rousseau
exprime todo o seu pensamento político. O curioso nisto tudo é que, partindo de
um mesmo princípio (o naturalismo), Hobbes separa-se de Locke, porém ambos vão
encontrar-se nas últimas consequências do Estado Liberal, isto é, no comunismo
bolchevista, no estado socialista, que destrói toda a personalidade humana, os
grupos naturais a liberdade.
Tanto
Hobbes como Locke e Rousseau, são “unilaterais”. O primeiro considera o Estado
e pretende fortalecê-lo contra o Indivíduo. O segundo considera o Indivíduo e
pretende armá-lo contra o Estado. Nós, integralistas, consideramos a autoridade
do Estado como uma força mantenedora do equilíbrio, de harmonia, dentro das
quais gravitarão interdependentes e sem choques, os grupos naturais e a
personalidade humana. A “autoridade do Estado”, para nós, integralistas, não é “Superior”
nem “Inferior” aos outros “valores” sociais e nacionais (Família, Corporação e Município;
Cultura, Economia e Religião). Trata-se
de um “valor” diferente, de um elemento de natureza diversa que entra na
composição das harmonias sociais e humanas. Mantendo íntegras cada uma dessas expressões
humanas, o Estado Integral também a si próprio se mantém íntegro;
não entrará nos domínios próprios de cada uma dessas expressões humanas (Família,
Corporação ou Religião).
A
missão do Estado Integral é manter equilíbrio, sustentar as harmonias sociais. Com
esse objetivo, reivindica para si todas as prerrogativas que lhe foram
arrancadas e lhe são inerentes mas nem por isso fere os legítimos direitos de
cada um dos fatores humanos constitutivos do conjunto nacional.
__ Um Estado Forte não é um
Estado Totalitário?
__Não.
Um Estado Forte é aquele cuja autoridade moral se fortalece pelo respeito que esse
mesmo Estado vota à intangibilidade
da “pessoa humana” e de todas as expressões grupais ou sociais. O
Estado Totalitário seria o Estado Arbitrário. O Estado de Direito, o Estado
Mediador, o Estado Ético, conforme um princípio espiritualista cristão.
__ O Estado Integral é um
Estado Forte?
__
É o único Estado Forte, justamente porque não é arbitrário, nem absorvente, nem
anulador de legítimas liberdades.
__ Como consegue o Estado
Integral ser forte?
__
Criando a consciência das “diferenciações” dos grupos humanos e das expressões
sociais que passam a gravitar harmoniosamente no sentido do bem comum, cada
qual com sua própria natureza, sua própria função, seus próprios objetivos. O Estado, por sua vez, penetra-se
dessa consciência da sua natureza, da sua função e dos seus objetivos.
Princípios imutáveis fixam os limites de ação de
cada pessoa e de cada grupo, assim como de
cada expressão humana (Cultura, Economia, Religião). O Estado
fortalece-se guardando os seus próprios limites e defendendo e sustentando as
suas prerrogativas.
__Como se entendem as
prerrogativas do Estado?
__
Entendem-se não como direitos, porém como deveres.
__
O mesmo jornalista acusou o integralismo de não agir violentamente, para
atingir o Poder; outros apontam o Integralismo como doutrina filiada ao
fascismo e procuram demonstrar ser este um adepto de Sorel, tanto quanto o
comunismo. Que respondem a essas coisas
os integralistas?
__ O Integralismo não tem
agido pela violência justamente porque nada tem que ver com Sorel. O autor
das “Reflexões sobre a Violência” é materialista,
evolucionista, darwiniano. Toda a sua doutrina é baseada no “struggle for life”,
a tal ponto que preconiza, como etapa indispensável da luta de classe, o
fortalecimento da burguesia. Como Marx, que é naturalista e continuador dos
economistas liberais, Sorel aceita, integralmente, os mesmos princípios que já
estavam em Hobbes, em Locke, em Rousseau. Só o fato de nós sermos
espiritualistas evidencia que não somos sorelianos, que não adotamos a teoria
da violência, pois seria a negação da nossa doutrina. A nossa doutrina, a respeito
do emprego da força é clara e não admite dúvida. Em princípio, condenamos toda e qualquer sedição; todas as
conspirações, todos os golpes de mão; respeitamos a autoridade constituída;
esse respeito irá até ao dia em que a referida autoridade já não puder manter o
próprio principio da sua Constituição serem cumpridas. Se isso
acontecer, se praticamente não existir mais autoridade, então será em
obediência ao próprio princípio da autoridade que os integralistas terão o dever de usar da
força, caso disponham dela, para evitar desgraças maiores, como a implantação
do comunismo ou uma situação de anarquia. Essa doutrina é a própria
doutrina da Ordem no que ela tem de mais profundo. Ora, dentro desses princípios,
respeitando as leis e as autoridades do país, não somos incoerentes e, sim,
afirmamos a nossa coerência e a nossa dignidade de pensamento.
__ O Integralismo brasileiro
não é, então, antidemocrático?
__
Não; o Estado
Integral quer restaurar a democracia que já não existe no Brasil. Não
é um destruidor do regime, mas o criador de novos órgãos capazes de revitalizar
um regime morto.
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SALGADO, Plínio. Madrugada
do Espírito. São Paulo: Editora das Américas, 1957.
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ResponderExcluirTem selinho de Natal para você.
Bjos