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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Revolução Farroupilha- parte III: A batalha de Porongos e o fim do conflito.

Em 1842, para terminar com o conflito, Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, foi nomeado presidente do Rio Grande do Sul e comandante das armas. O objetivo era acabar com a luta e pacificar a província. Diante das derrotas, os farroupilhas negociaram o fim do conflito com o governo imperial.  Duque de Caxias então inicia uma batalha intelectual usando estratégias do livro “A Arte da Guerra de Sun Tzu”, começa a espalhar informações falsas entre os farrapos para dividi-los. Segundo alguns relatos Davi Canabarro havia tomado a frente de algumas negociações e foi enganado pelo Duque de Caxias. Mesmo sendo um grande guerreiro no campo de batalha, David Canabarro era rude e tosco em negociações.      

Na noite do ataque imperial ao acampamento dos lanceiros, Davi Canabarro é acusado de mandar desarmar os mesmos, mas a verdade é que na tropa haviam muitos negros que eram ex-combatentes imperiais presos em combate e integrados a frente farroupilha com a promessa de sempre libertos em caso de vitória. Esses lanceiros negros eram retirados deles todas as noites os cartuchames das armas, com o correto receio de traição. Os lanceiros farroupilhas não foram desarmados e nem tiveram suas lanças retiradas. Alguns acusam Canabarro de ter desarmado os seus lanceiros em ato combinado com as forças imperiais, inclusive existe uma  carta falsa usada estrategicamente por Caxias para fundamentar a traição de Canabarro aos seus lanceiros. Mas os fatos são os seguintes, na noite do ataque David Canabarro estava com sua amante Chica Papagaia, a Maria Francisca Ferreira Duarte, e foi pego literalmente com as calças na mão no acampamento. Um homem que havia planejado a traição de seus companheiros não se deixaria estar em uma situação dessa se estivesse ciente do ataque imperial. Mas enfim é uma história cheia de armações e disparates por parte dos imperiais, pois era um conflito onde envolvia grupos maçons dos dois lados e caso o conflito não acabasse ao fechar 10 anos haveria uma intervenção internacional pela independência da Província.

Acusar um guerreiro como Canabarro de traição e algo complicado, pois um homem com uma ficha militar impecável que lutou em diversos conflitos pelo Império do Brasil, antes da Guerra dos Farrapos e continuou lutando após, inclusive participando da Guerra do Paraguai é no mínimo algo que devemos refletir antes de acusar.

No entanto, faltava solucionar a questão dos negros escravizados que haviam lutado durante dez anos. O governo imperial não aceitava a libertação e, por outro lado, alguns líderes farroupilhas concordaram em devolvê-los para seus antigos proprietários. No entanto, isso seria uma traição e poderia acabar em uma rebelião. Por isso, em 14 de novembro de 1844, o acampamento farroupilha – liderado por Canabarro - é atacado por tropas imperiais.

Em 1845, os rebeldes aceitaram a proposta de paz oferecida pelo governo. O Tratado de Poncho Verde estabelecia: anistia; incorporação dos oficiais farroupilhas ao exército imperial; libertação dos escravos que haviam lutado ao lado dos farroupilhas; devolução das terras que haviam sido tomadas dos rebeldes; diminuição dos impostos naquela província e fortalecimento da Assembleia Provincial.

A posição do governo central foi entremeada de combate e concessões aos rebeldes. Os farrapos não eram gente esfarrapada, e a região onde lutavam tinha para o Império grande importância estratégica. Por exemplo, em princípios de 1840, o governo central cedeu a uma das principais exigências econômicas dos farrapos, decretando uma taxa de importação de 25% sobre a carne salgada vinda do Prata e que concorria com a nacional.

Um passo importante para pôr fim ao conflito ocorreu quando, em 1842, Caxias foi nomeado presidente e comandante de armas da província. Ele combinou habilmente uma política de ataque militar e medidas de apaziguamento. Afinal, em 1845, após acordos em separado com vários chefes rebeldes, Caxias e Canabarro assinaram a paz. Não era uma rendição incondicional. Foi concedida anistia geral aos revoltosos, os oficiais farroupilhas integraram-se de acordo com suas patentes ao Exército brasileiro e o governo imperial assumiu as dívidas da República de Piratini. Há controvérsia entre os historiadores sobre se os farrapos desejavam ou não separar-se do Brasil, formando um novo país com o Uruguai e as províncias do Prata. Seja como for, um ponto comum entre os rebeldes era o de fazer do Rio Grande do Sul pelo menos uma província autônoma, com rendas próprias, livre da centralização do poder imposta pelo Rio de Janeiro. 

Você quer saber mais?

BORIS, Fausto. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

RIBEIRO, Celia. O Jornalista farroupilha. Porto Alegre: Libretos, 2012.

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