sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Sambaquis, Parte II: Os Povos Sambaquianos e Sambaquis no Sul do Brasil - Relatório de Arqueologia.

Não deixe de ler a primeira postagem sobre o tema para ficar inteirado de todas as informações:Sambaquis, Parte I: Origens dos Sambaquis - Relatório de Arqueologia. 
           
              Antes da Revolução Agrícola o homem vivera sempre em pequenos bandos móveis, de coletores de raízes e frutos, de caçadores e pescadores, rigidamente condicionados ao ritmo das estações engordando nas quadras de fartura e emagrecendo nos períodos de penúria. Só em regiões excepcionalmente dadivosas, como as costas marítimas ricas em mariscos, e por isso mesmo muito disputada, esses grupos podiam alcançar maiores concentrações. Ainda assim, o montante de cada grupo era limitado pela capacidade de provimento alimentar nas quadras de maior escassez e pelas dificuldades de ordenar socialmente o convívio de unidades sociais maiores. O desenvolvimento aparece, uma visão global de Humanidade, não geralmente de um povo. Pois são comuns as estagnações e mesmo regressões culturais se considerarmos os povos um por um. Em sentido de humanidade, porém, vê-se que o povo que atingiu o ponto de desenvolvimento mais produtivo, vai aos poucos difundindo ao redor de si, seja por difusão, ou por imposição, a própria cultura, “atualizando”, assim, os outros povos. É por isso também que encontramos povos de um mesmo nível cultural, separados no tempo por milênios.

              Os distintos hábitos culturais e alimentares levaram à conclusão de que eram construções de um grupo diferente daquela dos Tupi-guaranis, que habitavam a região costeira do país. Na atualidade, a ideia de construtores de sambaquis em tanto que “comedores de moluscos” caíram em desuso. O conhecimento arqueológico atual sobre a cultura sambaquiana. Enfatizando a questão, os Sambaquis são construções artificiais feitas por populações pré-históricas que habitaram a costa do Brasil mais ou menos entre 7 e 10 mil anos AP (GASPAR, 2000), são provável os sítios mais antigos encontrados no litoral brasileiro. Muitos deles podem ter sido destruídos pela do mar durante o Holoceno, e na atualidade estão submersos, ou foram preservados em grandes profundidades no mar graças as armadilhas geomórficas e sedimentares que os preservam. Estes tipos de sítios variam de pequenas elevações de 2m de altura até grandiosas estruturas de 30m de altura por 500m de comprimento, consideradas na atualidade como monumentos que marcar a paisagem litorânea brasileira. Por um longo período da arqueologia brasileira, os sambaquis eram considerados como acúmulos de restos alimentares de grupos nômades coletores de grande mobilidade territorial e baixa densidade populacional. Segundo os dados encontrados acreditamos que, posteriormente, estes grupos se tornaram pescadores.
              Esta alteração de modo de subsistência foi atribuída às mudanças climáticas e ambientais relacionadas a variações do nível do mar e a um clima mais seco, que teriam reduzido à quantidade de moluscos e levando-os a variar sua dieta com outros alimentos encontrados através da pesca. Mesmo assim muitos estudos de Zooarqueologia apontam que a pesca foi preponderante desde as ocupações mais antigas. Os restos de moluscos representam um volume maior de material, sendo mais visíveis na estratigrafia, mas os restos de peixes correspondem a um aporte nutricional e a um volume de alimento muito superiores (FIGUTTI, 1993). A coleta de moluscos, embora estratégica em sua economia, era, portanto uma fonte de alimentos secundária para estes grupos pescadores.

              Os sambaquis eram construídos por cada grupo com o objetivo de atender suas necessidades, como por exemplo, para marcação de território, observação e rituais fúnebres, dentre outros. Eram compostos por diversos objetos naturais ou artificiais. Esses grupos que se alimentavam de moluscos, frutos silvestres e caça de pequenos animais. Sua dieta era farta em peixes, segundo análises químicas, o que permite concluir que, embora fosse uma cultura de pescadores-coletores, também poderiam ter hábitos sedentários. Os sambaquianos tinham o hábito de acumular os restos de alimentos, enfeites que usavam no corpo e artefatos quebrados e inteiros no entorno de sua moradia. Outro costume era o de realizar sepultamentos no próprio sambaqui, com o tempo era aplainado o terreno e organizada novamente as camadas de cima do local. Muitas atividades do seu dia-a-dia eram feitas no lugar onde eles moravam. Por exemplo, objetos como raspadores de conchas e facas de pedra encontradas nos sambaquis sugerem que eles fabricavam no próprio local objetos de madeira, couro e fibra. Os batedores, suportes de pedra e a grande quantidade de lasquinhas indicam a fabricação de objetos líticos. Os restos de fogueiras mostram que também lá preparavam alimentos e se aqueciam. Os mortos ali sepultados eram decorados com objetos que resistiam ao passar do tempo. Sendo muito comum encontrar entre os esqueletos, dentes e vértebras de animais e adereços feitos de conchas. Objetos, como pontas de osso e lâminas de machado, são achados junto com os mortos. Sepultar os membros do grupo envolvia muito cuidado como preparar a sepultura, muitas vezes revestida com argila ou areia e madeira, mas não sendo muito comum. Os moradores tinham perto de onde habitavam os materiais necessários para seus artefatos que deveriam ser de fácil fabricação, pois somente as esculturas eram feitas em pedra polida, os zoólitos, parecem ter exigido um esmero maior em sua fabricação.



Crânios e ossos encontrados em sambaquis: 1-Perônio com uma fratura bem reduzida e inteiramente curada.2-Tibia e Perônio do mesmo individuo com fratura. 3, 5 e 6 - Malformação dentárias com abrazão irregular de todos os dentes. 7- Crânio peruviano (anomalia occipital composto e dois ou mais fragmentos articulando-se entre si é que caracteriza o chamado homem peruviano. 8 e 9- O célebre crânio de mulher, do sambaqui Maratuá (Ilha de St. Amaro). Nota-se aderido ao crânio, grande número de um pequeno molusco que tem sido encontrado frequentemente em vários lugares do mundo, compondo uma coifa, e até mantos mortuários. Fonte: DUARTE, 1968. p. 87.

                                      Alguns arqueólogos já definiram a sociedade sambaquieira como bando ou macro-bando, tendo por elemento definidor o número de pessoas envolvidas na trama social e o tipo de ocupação. O limite entre sociedades simples e complexas é o surgimento de permanente hierarquia social [...] A especificidades dos locais de implantação de alguns sítios, as dimensões de alguns assentamentos e o tratamento diferenciado dos mortos apontam para uma sociedade com incipiente hierarquia social. (GASPAR, 2000.p.75,6).

              O que mais impressiona é a ocupação de diversas ilhas, sendo que muitas estão distantes da costa, e a  grande quantidade e variedade de resíduos de fauna aquática caracterizam intimidade com o mar. Certamente os povos sambaquianos possuíam embarcações para poderem ir de diferentes pontos do continente e das ilhas. Quando encontramos restos de peixes grandes entre os resíduos faunísticos, incluindo tubarões, aponta para uma grande habilidade em pesca marinha, chegando a acreditar que realizavam pescas em águas profundas no mar. Sua estrutura óssea nos deixou um vestígio rico de informações sobre suas atividades diárias, pois através deles podemos verificar que eram pessoas robustas característica de povos que faziam uso frequente de embarcações, sendo que o hábito de mergulhar também deixou seus traços. Fora as embarcações, deviam existir armadilhas para pesca e redes de arrasto, mas, devido ao fato destes objetos ficarem na água, não se tem vestígios de sua presença entre os matériais recuperados nos sambaquis. Encontramos um eficiente arsenal tecnológico para a pesca, formado por uma variedade de pontas ósseas, tal qual uma farpa de arpão, que deveriam ficar presas a hastes para serem lançadas durante a pesca.

            Os materiais escolhidos para fabricação destes artefatos são espinhas de peixes, ossos longos de aves e de mamíferos, como macacos, porcos-do-mato e veados. Em alguns sítios anzóis de osso complementam o acervo voltado para a captura de peixe. Pequenos pedaços de quartzos eram raspados com conchas resistentes para fazer adornos. Contavam também com objetos para triturar e moer alimentos, como os quebra-coquinhos que facilitava o consumo de vegetais mais duros. Sua indústria lítica possuía um significativo acervo de peças lascadas, polidas e perfuradas que podiam ser usados tanto para a manufatura de artefatos práticos relacionados com a alimentação ou como adereços pessoais. Mas a habilidade dos sambaquianos ficou conhecida mesmo com os zoólitos, que são objetos feitos tanto em pedra como em osso no formato de animais.

Zoólitos: Em forma de pássaros e peixes, incluindo um turbarão no alto ao centro. Fonte: Atmosfera Sapiens.

SAMBAQUIS DO SUL DO BRASIL

              Os sambaquis brasileiros têm uma grande amplitude geográfica sendo apontados em quase todo o litoral e em algumas áreas fluviais. Existem registros desses assentamentos “pela faixa litorânea do Rio Grande do Sul até a Bahia e do Maranhão até o Litoral do Pará, incluindo o Baixo Amazonas” (GASPAR, 2000: 159). Mesmo que não encontramos dados sobre integração política a nível regional ou além e que particularidades regionais e do espaço e tempo sejam encontradas, a homogeneidade tipológica das indústrias lítica e em ossos, bem como as características das estruturas dos sítios propriamente ditos, aponta que seus construtores sambaquianos de todo o litoral brasileiro pertencessem ao mesmo grupo devido aos indícios de sua sociedade e cultura.

              Os Sambaquis são um fenômeno cultural humano, que como tal possuí seu simbolismo e seu motivo de ser, os Antropólogos definem a cultura como a herança social de uma comunidade humana, os grupos sambaquianos construíam e erguiam seus monumentos que representam pelo acervo coparticipado de modos estandartizados de adaptação à natureza para o provimento da subsistência através dos restos faunísticos marinhos ou de outras naturezas, de normas e instituições reguladoras das relações sociais e de corpos de saber, de valores e de crenças que juntas movimentaram esse  habitantes pré-históricos da América a erguerem seus monumentos que explicam sua experiência, exprimem sua criatividade artística e se motivam para a ação de construírem. Assim conceituada, a cultura é uma ordem particular de fenômenos que tem de característicos sua natureza, réplica conceitual da realidade em que vive, tal como é percebida por suas experiências de vida, e transmitida simbolicamente, de geração a geração como uma tradição para todos os seus descendentes.

              Os principais vestígios dos grupos sambaquianos é um tipo de sítio denominado sambaqui, base de diversos temas de interesse científico desde o inicio da segunda metade do século XIX. Sendo a palavra Sambaqui de origem Tupi, língua falada pelos horticultores e ceramistas que viviam em parte significativa do litoral brasileiro quando os europeus chegaram a América e iniciaram a colonização através do litoral. A palavra Tamba significa conchas, Ki amontoado, que são as características mais marcantes desse tipo de sítio arqueológico, sendo assim Tamba Ki, deu origem à palavra Sambaqui. Alguns autores inclusive especulam sobre a presença de chefias nesses sítios e enfocam o elaborado ritual funerário como forte indício de complexidade e diferenciação social. Outros autores apontam que esses construtores “formavam um grupo étnico, no sentido de que se tratava de uma população, cujos membros se identificavam e eram identificados como tais...” (GASPAR, 2000:34). Desse modo trata-se da denominação mais amplamente utilizada pelos arqueólogos e que denota a capacidade de observação e síntese dos habitantes nativos que construíram estes monumentos. São sítios positivos, monumentos que demonstram liderança e poder (como uma pirâmide), que mostrasse aos outros grupos sambaquianos ou não seu poder, pois quanto mais alto, mais pessoas trabalhavam em prol daquele monumento, o que significava que possuíam mais força perante outros.


Rara escultura de pedra em forma humana: Com tamanho de 6x21 cm. Encontrada em sambaqui no Estado de Santa Catarina. Fonte: Museu Nacional.

              Eles são basicamente caracterizados como uma elevação de forma arredondada que, em algumas regiões do Brasil, chegam a possuir até mais de 30 metros de altura. São construídos dentre outros com restos de faunísticos como conchas, ossos de peixe e mamíferos. Encontram-se também sementes, sendo que determinadas áreas dos sítios foram espaços dedicados ao ritual funerário e onde foram sepultados homens, mulheres e crianças de diferentes idades.

Sob uma apelação genérica podemos incluir o envolvimento do corpo do morto em esteiras, a transladação do defunto, a escavação da sepultura e seu preparo, e enfim a inumação propriamente dita. Se englobamos todas estas etapas sob o título de ‘Remoção do cadáver é porque este se afigura ser o ponto culminante da cerimônia, o nó da tragédia: em nenhum outro momento serão os grupos e o conflito entre eles tão claramente definidos e tão exacerbadas as expressões de dor. A inumação propriamente dita não despertará depois senão um interesse limitado. (CUNHA, 1978, p.31).

            Igualmente contam com inúmeros artefatos de pedra e de osso, marcas de estaca e manchas de restos de fogueiras, que compõem uma intricada estratigrafia que remonta as muitas centenas de anos de utilização daquele local como sítio ritualístico e monumental. Os restos que mais se sobressaem na composição dos sambaquis são de origem marinha ou de lagoas como as conchas de berbigão. Estudos iniciados no fim dos anos 90 do século passado colocam mais uma vez em evidência os esqueletos e terminaram por teorizar a ideia de que os grandes sambaquis do sul de Santa Catarina mostram indícios de terem sido usados somente como cemitério, devido a ausência de locais de moradia, de resíduos de alimentação, de etapas de fabricação de artefatos usados para alimentação e caça/coleta, ligados ao fato de que todos os utensílios estão espalhados em relação aos esqueletos, como também estão as estruturas verificadas e a própria construção dos monumentos sambaquianos.

              Os estudos de arqueólogos que não identificaram traços característicos de moradia nos grandes sambaquis do sul de Santa Catarina demonstram que alguns desses grupos não habitavam o mesmo local aonde eram construídos os monumentos sambaquianos. Deste modo reforçando também a visão de grandes monumentos aos mortos e sua cultura, seu modo de vida e alimentação ali eram deixados por meio de rituais.
              Um dos exemplos mais interessantes desses rituais são a ocorrência de zoólitos, incríveis esculturas de pedra presentes juntos aos sepultamentos nos sambaquis, são uma característica dos sítios do Sul do Brasil, expressões elaboradas de arte demonstram práticas cerimoniais e grande habilidade na fabricação destas peças líticas o que aponta para uma sociedade complexa, se de modo que é possível reconhecer atualmente que esses povos sambaquianos eram sedentárias e tinham uma população consideravelmente alta se comparada com outros grupos distintos. Uma estimativa conduzida no sambaqui Jabuticabeira-II (SC), datado entre cerca de 3000 e 1800 anos AP. Calculou que neste sítio foram feitos 43.840 enterramentos ao longo de 700 anos, o que representa uma taxa de 63 sepultamentos ao ano (Fish et al. 2000).

              Desse modo podemos crer que existam na região diversos outros sítios de igual porte, e eventualmente contemporâneos uns dos outros, de modo que taxas parecidas de sepultamentos foram identificadas, podendo-se ter uma ideia do índice populacional desses grupos que habitavam o litoral durante esse período. Várias características de grande importância destes grupos nativos que habitavam o litoral brasileiro apontam para um claro padrão de ordem social e cultural muito complexa daquilo que acreditávamos durante as primeiras descobertas.



Capão Alto: Sambaqui Capão Alto no município de Xangri-lá/Rio Grande do Sul. Fonte: Arquivo pessoal.
            Vemos entre os apontamentos mais importantes, uma crescente relação com a coleta de moluscos em uma escala bem alta para fins de construção de seus monumentos sambaquianos, desse modo apontando para um trabalho organizado com a existência de liderança organizada por um objetivo comum. No sul do Brasil entre os povos construtores de sambaquis vemos uma produção especializada de artefatos líticos e de ossos e a existência de grandes redes de troca e difusão conhecimento entre esses grupos, assim como provas de tratamento diferenciado dos seus mortos, bem como uma hierarquia social e de gênero e manejo um manejo do cultivo de vegetais para fins de consumo.




Artefatos ósseos e líticos: 1 a 3-Tortuais feitos com bula timpânica de baleia e com rocha. 4-Bula timpânica de baleia dúctil, utilizado para a fabricação de objetos mais finos. 5, 6 e 7- Berloques, o primeiro e o último feitos de valvas de ostras, o do centro com parte de concha de caramujo marinho.8- Pequenos machados perfurados. Fonte: DUARTE, 1968, p.15.

              Em Joinville/Santa Catarina encontramos diversos sambaquis que são considerados Patrimônio Cultural Brasileiro e protegidos por leis, na região já foram datados em até 5 mil AP, e que ocupavam as regiões mais secas junto aos manguezais, lagoas e rios, de onde pescavam seus recursos alimentares. São constituídos por restos faunísticos, como conchas de moluscos e ossos de animais, principalmente peixes. Caracterizam-se por sua forma circular/ovalar com dimensões muito variadas.

              Existem também as oficinas líticas localizadas na beira de rios, lagoas e oceano. Resultam da ação de polimento de instrumentos de pedra de populações pré-históricas e, em Joinville, estão associadas a sambaquis. A seguir segue-se a lista dos 42 principais sambaquis em Joinville, Santa Catariana: Cubatão I, Cubatão II, Cubatão III, Cubatão IV, Cubatãozinho, Espinheiros I,  Espinheiros II, Gravatá, Guanabara I, Guanabara II, Ilha do Gado I, Ilha do Gado II, Ilha do Gado III, Ilha do Gado IV, Ilha dos Espinheiros I, Ilha dos Espinheiros II, Ilha dos Espinheiros III, Ilha dos Espinheiros IV,  Iririuguaçu, Itacoara,  Lagoa do Saguaçu, Morro do Amaral I, Morro do Amaral II, Morro do Amaral III, Morro do Amaral IV, Morro do Ouro (Parque da Cidade), Paranaguamirim II, Ponta das Palmas, Ribeirão do Cubatão, Rio Bucuriuma, Rio Comprido, Rio das Ostras, Rio Fagundes, Rio Ferreira,Rio Pirabeiraba, Rio Riacho, Rio Sambaqui, Rio Velho I, Rio Velho II, Rio Velho III, Rua Guaíra e Tiburtius.
              Diante do que estudamos até então vemos que o fato de existirem sambaquis desde o nordeste do Brasil até o estado do Rio Grande do Sul demonstrou a hipótese que esses grupos sambaquianos seguiram o caminho de sua expansão através do próprio mar como demonstra os diversos sítios destes grupos encontrados no litoral brasileiro.



Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ: Zoólito em forma de peixe. Fonte: MASJ.


Os sambaquieiros foram o grupo que deixou a maior quantidade e diversidade de testemunhos de sua permanência no território brasileiro. A expressão material de seus costumes está ainda muito bem preservada e só sofreu intensos ataques com a exploração de cal usado para a construção e com a expansão imobiliária atual. Os materiais estão bem preservados porque, diferente de alguns grupos que estavam sempre mudando de um lugar para outro ou limpando sistematicamente o local de moradia, os sambaquieiros habitavam durante muito tempo o mesmo local e tinham o hábito de acumular os restos faunísticos. Num mesmo lugar, acumulavam conchas de moluscos, ossos de animais, especialmente peixes, mas também mamíferos, aves e répteis. Restos de caranguejos, de ouriços, sementes e coquinhos. Com esses materiais, em alguns lugares construíram morrinhos de 4m de altura e em outros chegaram a erguer verdadeiras montanhas que ultrapassam 25m de altura. Essas elevações feitas pelos pescadores-coletores-caçadores, que os arqueólogos, usando uma palavra tupi, chamam de sambaqui (tamba=mariscos e ki=amontoado), apresentam excelentes condições de preservação dos materiais arqueológicos. (GASPAR, Maria Dulce. Os ocupantes Pré-históricos do litoral brasileiro. TENORIO, Maria Cristina. Pré-história da Terra Brasilis. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000. p.160).   



CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM: Sambaquis, Parte III. Sepultamentos nos Sambaquis e Conclusão.

NÃO DEIXE DE LER A PRIMEIRA POSTAGEM SOBRE O TEMA PARA FICAR INTEIRADO DE TODAS AS INFORMAÇÕES: Sambaquis, Parte I: Origens dos Sambaquis - Relatório de Arqueologia. 

Autor: Leandro Claudir. Criador e administrador do Projeto Construindo História Hoje e Acadêmico de História.

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REFERÊNCIAS

CADASTRO NACIONAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS, sítio RS-LN-19: Capão Alto, sambaqui localizado no município de Xangri-lá/Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.iphan.gov.br/sgpa/cnsa_detalhes.php?11993. Acessado em 13 de nov. de 2014.
CUNHA, Manuela Carneiro da Cunha. Os mortos e os outros. São Paulo: Hucitec, 1978.
DUARTE, Paulo. O sambaqui visto através de alguns sambaquis. São Paulo: Instituto de Pré-história da Universidade de São Paulo, 1968. p.100-105.
FERREIRA, C. C.; TORRES, F. R.; BORGES, W. R. Cubatão: Caminhos da História. Cubatão: do autor, 2007.
GASPAR, Maria Dulce. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
GASPAR, Maria Dulce. Os ocupantes Pré-históricos do litoral brasileiro. TENORIO, Maria Cristina (Org.) Pré-história da Terra Brasilis. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.
SCHMITZ, Pedro Ignácio. Pré-história do Rio Grande do Sul: arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil 2º Edição. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2006.
WESOLOSKY, Verônica. Práticas funerárias Pré-históricas do litoral de São Paulo. TENÓRIO, Maria Cristina (Org.) Pré-história da Terra Brasilis, Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.
Sambaqui Figueirinha I. Disponível em:
Sambaqui Figueirinha II. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sambaqui#mediaviewer/File:Figueirinha_II_Areia.JPG> Acesso em 10 de nov. de 2014.
Modelo de estratificação das camadas de um sambaqui do litoral sul catarinense, no Brasil. Disponível em:
Sambaqui MAE-USP. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sambaqui,_MAE-USP_(2).JPG> Acesso em 11 de nov. de 2014.
Zoólitos. Disponível em: <http://atmosferasapiente.blogspot.com.br/2013/08/sambaquis-arqueologia-no-litoral.html>. Acessada em 11 de nov. de 2014.
Rara escultura de pedra em forma humana: Disponível em:
Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville/MASJ. Disponível em:


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Um comentário:

  1. bela matéria. Más uma ressalva talvez a escultura em pedra pode não seja um humano. Eu fala pense numa ave muitos não encontrariam(Pinguim) outro animal que os índios conheciam e é estrangeiro. pelo olhar e nariz se estender ate os olhos(Foca).

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