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sábado, 22 de setembro de 2012

Fraternidade Secreta de Assassinos e Ladrões Thugs.



Membros da Fraternidade de Assassinos Thugs, em  1894. Imagem: CSAS.

A seita se chamava Thag. Seus membros eram os thugs. Os thugs surgiram na Índia, talvez no século VII, mais provavelmente no XIII. A palavra Thag significa impostor – eles se fingiam de prestativos auxiliares a viajantes – que eram então roubados e assassinados, com um ritual complexo, feito em homenagem a Kali, deusa da destruição. Os Thugs também tinham ritos masoquistas: se flagelavam, eram dependurados em ganchos etc.

Behram Jemadar

Os Thugs foram aniquilados pelos ingleses, no século XIX. O thug mais famoso desta época foi Behram Jemadar que, diz-se, presenciou quase 1000 homicídios, tendo matado ele mesmo, com seu lenço branco e amarelo (uma marca registrada dos thugs), cerca de 250 pessoas.  Behram, assim como uma centena de outros Thugs, foi condenado à morte.
Foi uma fraternidade secreta de assassinos e ladrões de viajantes, que aparecem na História da Índia. Os registros indicam que se tornaram operantes a partir do século XVI (embora possam ter começado bem antes, no século XIII ou VII) até meados do século XIX.

No livro The Strangled Traveler: Colonial Imaginings and the Thugs of India (2002), Martine van Woerkens sugere que as provas da existência do culto dos Thugs no século XIX, foram em parte produto da "imaginação colonial", originária do temor dos britânicos pelo interior desconhecido da Índia, com suas religiões e costumes obscuros e não compreendidos por eles. 

O líder do grupo era chamado de Jamaadaar. A palavra não se refere somente aos Thugs, mas também a um posto militar designado de "Jemadar " ou "Jamaadar", que na verdade equivaleria a "tenente" para os oficiais nativos do exército britânico e depois no Exército da Índia Independente.


Dentre os bandos Thugs havia Hindus, Sikhs e muçulmanos, que adoravam a deusa da Morte Kali (ou Durga), a quem chamavam de Bhowanee. Os Sikhs eram poucos, mas um dos principais líderes, Sahib Khan, era dessa religião. Outro notório líder foi Behram, a quem se chegou a atribuir e a seu grupo de 30 ou 50 assassinos, a morte de 931 pessoas de 1790 a 1830. Behram nunca chegou a ser julgado pelos seus crimes.

Os grupos de Thugs praticavam em larga escala roubos e assassinatos de viajantes. O modus operandi era se disfarçarem de nativos amigáveis e guias até que levassem as comitivas para um lugar determinado (os locais preferidos eram chamados de beles) e os roubavam e matavam. Eles praticavam estrangulamentos laçando o pescoço das vítimas com um lenço amarelo chamado de "Rumaal", que traziam amarrado na cintura. Em função desse método, eles também eram chamados de Phansigars. Os assassinos escondiam os corpos, enterrando-os ou emparedando-os em muros.

Os Thugs procuravam não deixar testemunhas, armas ou cadáveres nos locais dos crimes. Os grupos também não se concentravam em uma determinada região, mas agiam por todo o subcontinente indiano e se estendiam para territórios não dominados pelos britânicos. Às vezes levavam os filhos das vítimas para crescerem como Thugs. Até 1830, apenas policiais locais facilmente corrompíveis eram que estavam designados para os confrontarem.

Os Thugs e seus seguidores foram proibidos pelo Império Britânico em 1830 graças aos esforços do funcionário civil William Sleeman, que começou uma ostensiva campanha contra esses nativos. A organização policial chamada de "Thuggee and Dacoity Department" foi fundada pelo Governo da Índia, com William Sleeman assumindo o cargo de superintendente em 1835. Milhares de homens foram feitos prisioneiros, executados ou expulsos das possessões britânicas na Índia. A campanha se baseou em informações de espiões disfarçados e Thugs capturados, que receberam a promessa de proteção e favorecimentos se contassem o que sabiam. Por volta de 1870 o culto dos Thugs já tinha se extinguido, mas os "crimes tribais" e a "casta de assassinos" ainda permaneceram. A polícia continuou a existir como departamento até 1904, quando foi substituída pela "Departamento Central de Inteligência Criminal".

Esses eventos se deram a mais ou menos cerca de 300 anos, os Thugs também se comunicavam por meio de uma linguagem secreta e de gestos, os quais só eles sabiam interpretar.

Segundo mística clássica, a Káli (ou Durga) havia sido confiada a tarefa de destruir o poder demoníaco que oprimia o mundo, e seus seguidores concluíram que os peregrinos em adoração a outros deuses deviam ser seus demônios disfarçados de gente.
Assim, os thugs (ou Phansigars, estranguladores) faziam amizade com esses grupos e, logo que ganhavam a confiança deles, estrangulavam-nos com lenços ou laços que carregavam na cintura. (Segundo o mestre Samael, os altos iniciados da Loja Negra usam um cinto de tecido especial com sete nós.).

Depois de mortas, as vítimas eram mutiladas por membros da seita especialmente treinados para isso. As principais vítimas eram mulheres e crianças das castas mais humildes, e, circunstancialmente, eram sacrificadas nos altares dos templos de Káli.

Para que não identificassem as vítimas, escavavam buracos com picaretas consagradas, jogavam terra por cima e dançavam sobre a superfície para achatá-la.

O ritual terminava com oferendas de açúcar à deusa Káli e libações sobre a picareta. Por fim, repartiam entre si o que haviam roubado da vítima.

A seita dos estranguladores teve seu apogeu no século XIII, com a construção de diversos santuários dedicados a Káli. Nessa época, os Thugs criaram uma organização tão estruturada (ou maior) que as máfias modernas.

Os thugs geralmente trabalhavam em bandos, ao longo das estradas e cidades sagradas indianas, como por exemplo, Benares e Allahabad. Eles geralmente eram acompanhados de auxiliares, denominados Bhurtotes e Shumseeas.

Os thugs raramente viajavam, ficavam confinados a determinadas regiões, próximas a seus templos sacrificiais, porém, existia uma variante Thug, que eram os Thugs viajantes, ou Megpoonas.

Esses eram mais difíceis de capturar, pois não havia um ponto específico onde pudessem ser encontrados. Foram os que mais destruição causaram ao povo indiano.
Certa vez, Sir Sleeman interrogou um seguidor Thug sobre se ele realmente havia assassinado centenas de pessoas, por meio do estrangulamento. Esse Thug disse que não, que não havia assassinado ninguém.
Quem havia matado a essas centenas de pessoas fora à própria Deusa Káli, utilizando as mãos dele…

Origens dos Adoradores de Káli

 Ilustração de 1897, mostrando um grupo da Fraternidade Thug. Imagem: CSAS.

Essa seita tântrica negativa se estabeleceu na Índia. Káli é a personificação das forças cósmicas destruidoras, Káli possui dois aspectos, um positivo, que vem a ser a Mãe Destruidora de todas as trevas interiores do ser humano. Em seu aspecto negativo é a energia da Kundalini despertada negativamente, transformando-se na tão temida “cauda dos demônios”, ou Órgão Kundartiguador.

Felizmente, essa seita de assassinos foi combatida e extinta pelas autoridades britânicas na Índia. Coube a Sir William Sleeman, entre os anos 1829-1848, a incumbência de reprimir e destruir a tenebrosa organização Thug.

Sir Sleeman escreveu um interessante trabalho, intitulado Ramaseena, ou a Linguagem Peculiar dos Thugs.

Sleeman afirmou ter conhecido textos que falavam dos thugs na época de Heródoto. Portanto, esta seita é muito antiga, quem sabe perdendo-se na noite dos tempos.
Foram condenados por ele cerca de 1.600 Thugs por assassinato.

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