Pelágio da Bretanha. Imagem:
Gram Enciclopédia Rialp. Pelágio y Pelagianismo. Tomo XVIII.
No
decurso de dois mil anos o cristianismo passou por diversos acontecimentos que
suporão poder abalar a unidade da fé cristã. Desde as grandes perseguições
realizadas pelos imperadores pagãos de Roma aos grandes debates teológicos com
supostas novas e singulares ideias sobre a interpretação das Escrituras
Sagradas. Neste estudo em particular abordarei com vocês o surgimento e
desenvolvimento do Pelagianismo e suas implicações no cristianismo do
recentemente convertido mundo romano. Convido a todos que embarquemos nesse
estudo histórico sobre os diversos ramos cristãos que desejaram assumir a
frente da Igreja como um todo durante sua aurora.
Após
o ano de 410 d.C, o Império Romano teve suas fundações abadas pela invasão dos
Visigodos Arianos comandados pelo Rei Alarico, que destruíram e saquearam Roma.
Neste ínterim as famílias nobres de Roma viram-se momentaneamente empurradas
para as portas ao Sul do Império. E, como podemos ver, a chegada de milionários
excêntricos causou grande agitação ao Norte da África Romana.
Pelágio,
um homem que se mudara com seus vizinhos e parentes cristãos, levaria sua controvérsia
que viria a lhe garantir uma reputação realmente internacional. Sabemos pouco
sobre Pelágio, ele nascerá na província da Grã-Bretanha e havia indo para Roma,
aonde pós os pés na Itália pela primeira vez em 383 d.C. Pelágio permaneceu em
Roma aonde levava uma vida de um sério leigo batizado por mais de trinta anos.
Vivendo
em uma cidade constantemente visitada por monges do leste do Mediterrâneo,
Pelágio observava de perto as perturbações que as questões teológicas de todas
as partes do mundo influíam na Roma Cristã. Acima de tudo, esse leigo e seus
partidários teriam ouvido padres manterem a mente aberta a respeito de questões
que um bispo africano teria passado a tratar como encerradas desde muito
antes. Pelágio em Roma, chegou ao apogeu
num mundo em que os leigos cristãos cultos exerciam mais influência do que em
qualquer época anterior.
Homens
e mulheres leigos haviam se tornado apóstolos destacados do novo movimento
ascético: eram os destinatários ilustres de cartas de Paulino de Nola,
Agostinho e Jerônimo; suas concepções teológicas eram respeitadas, sua proteção
era buscada e suas mansões eram postas à disposição de santos e peregrinos
vindos do mundo inteiro. Pelágio havia se juntado a esses homens em discussões
sobre São Paulo. Tais discussões tinham constituído a base de suas Exposições
das Cartas de São Paulo, a fonte mais segura de suas ideias teológicas,
e, dirigido-se a tais homens, ele havia aperfeiçoado uma arte idealmente
apropriada para transmitir suas ideias – a difícil arte de escrever cartas
formais de exortação. Essas cartas eram admiradas nos mesmo círculos que deviam
ler Jerônimo e Paulino de Nola. As cartas de Pelágio se destacavam por ser “bem
redigidas e diretas”, por sua “facúndia” e sua “acrimônia”.
Com
efeito, passamos a conhecer Pelágio muito melhor pela qualidade literária de
suas cartas, sobretudo pela acrimônia que deu o tom de todo o movimento pelagiano, do que o
conhecêramos antes, pelas proposições teológicas em função das quais ele ganhou
fama de herege.
Em
suas cartas podemos ver uma declaração deliberada e fartamente divulgada de
suas mensagens. Suas mensagens eram simples e apavorantes como o exemplo que se
segue: “já que a perfeição é possível
para o ser humano, ela é obrigatória.” Pelágio nunca duvidou, nem por um
momento, de que a perfeição fosse obrigatória; seu Deus era, acima de tudo, um
Deus que ordenava obediência sem questionamento.
Pelágio da Bretanha. Imagem: Gram Enciclopédia Rialp. Pelágio y Pelagianismo. Tomo XVIII.
Um
Deus que fazia os homens executarem suas ordens e condenaria ao fogo do inferno
qualquer um que não cumprisse uma só dentre elas. Mas o que Pelágio estava
interessado em defender, com fervor especial, era que a natureza humana fora
criada para que se atingisse tal perfeição: “Toda vez que tenho de falar em ditar
normas para o comportamento e a conduta de uma vida santa, sempre assinalo,
antes de mais nada, o poder e o funcionamento da natureza humana, e mostro o
que ela é capaz de fazer (...), para não dar impressão de estar desperdiçando
meu tempo, chamando as pessoas e enveredarem por um caminho que elas considerem
impossível percorrer.”