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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Timeu e Crítias (ou Atlântida) download PDF


Nesta publicação, nos diálogos intitulados Timeu e Crítias, Platão fornece as principais referências sobre a Atlântida, supostamente localizada numa imensa ilha do Atlântico, mas que no auge de sua civilização, teria sido tragada pelo Oceano. Platão conta inclusive sobre a guerra entre os atenienses e atlantes. Através dessa narrativa histórica, a Atlântida é descrita detalhadamente, com toda sua organização social, política e geográfica, uma leitura rica e fascinante que deve ultrapassar os limites acadêmicos. Esta obra constitui uma referência obrigatória na busca do conhecimento e uma viagem indiscutível pela imaginação humana.

Timeu (em grego clássico: Τίμαιος; romaniz.: Timaios; em latim: Timaeus) é um dos diálogos de Platão, com um longo monólogo do personagem-título, escrito por volta de 360 a.C. O trabalho apresenta a especulação sobre a natureza do mundo físico e os seres humanos. É seguido pelo diálogo Crítias. 

Crítias (Κριτίας) ou Atlântida (Ἀτλαντικός) é um dos últimos diálogos de Platão. Parece ser uma continuação de A República e do Timeu. O caráter inconclusivo de seu conteúdo descreve a guerra entre a Atenas pré-helênica e Atlântida, império ocidental e ilha misteriosa descrito por Crítias. O sofista argumenta que a Atlântida existiu em um período remoto, em lugares "muito além dos Pilares de Hércules". Esta ilha foi engolida pelo mar e se perdeu para sempre.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Resumo crítico do livro “A República de Platão”.



Autor: Leandro Claudir Pedroso, formado em licenciatura Plena em história pela Ulbra e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia pela Uninter.

            Li está antiquíssima obra em 2012, porém em minhas leituras faço inúmeras marcações, para o caso de precisar usar novamente as informações contidas no livro, poderei encontrá-las com facilidade, pois me foram relevantes no passado e poderão vir a ser no futuro. A República (Politeia, no original), foi escrita em 380 a.C e trata-se de um diálogo socrático, aonde tenta reproduzir as conversas de Sócrates com seus discípulos e Platão (427 a.C- 347 a.C), autor desta obra era um dos seus mais brilhantes pupilos. O personagem principal deste diálogo é Sócrates, e o tema central é justiça, o filósofo idealiza uma cidade ideal chamada Kallipólis, que em grego significa “cidade bela”.

I
            Podemos ver no decorrer do diálogo entre Sócrates e Polimarco a presença de afirmações como está: “Riqueza alguma poderá proporcionar paz a um homem mal”. Justiça é ajudar os amigos e prejudicar os inimigos, mas o homem justo deve fazer isto em casos de guerra, lutando com uns e aliando-se a outros. E a mesma também é útil na paz, e o uso dela na paz pode ser realizado por contratos comerciais. Em relações que envolva dinheiro o homem justo é mais útil que qualquer outro. E o diálogo entre ambos se confirma diante da dúvida sobre a justiça deve pertencer aos amigos e não aos inimigos. E se isto seria justo prejudicar os maus e ajudar os bons? O mesmo se desenvolve sobre a premissa de descobrir quem é amigo e quem é inimigo. Sendo o amigo aquele que parece e é realmente honesto, e o inimigo é o que aparenta, mas é desonesto. O interessante é que segundo o que lemos não devemos praticar o mal contra nossos inimigos, mesmo eles sendo desonestos, pois isto os deixaria piores ainda, pois a justiça é uma virtude humana, e não deve o homem justo prejudicar os inimigos e ajudar só os amigos. Pois “não é lícito  fazer o mal a ninguém em nenhuma ocasião".

            No decorrer do diálogo, Sócrates trata a questão da justiça junto a Trasímaco que considera a mesma nada menos que o interesse do mais forte  e que cada governo faz leis para seu próprio interesse e desta maneira acredita que isto é assim em todas as cidades, o justo é a mesma coisa, nada mais nada menos do que aquilo que é vantajoso para o governo, que é o mais forte, ele concluí que  justiça se iguala força. Os governos visam apenas seus interesses e sua justiça e a desvantagem daquele que obedece a suas leis.

            Sócrates discorre sobre os mais virtuosos governantes, que governam sem amor às glorias e ao dinheiro. Declara que uma cidade que surgisse  baseada em homens bons, fugir-se-ia do poder, saberiam que não deveriam visar seus próprios interesses, mas sim daqueles que por eles são governados. A justiça alimenta a concórdia e a amizade e da injustiça nasce toda sorte de dissenções. Sendo deste modo a justiça uma virtude da alma humana, e a injustiça nada menos do que um vício pernicioso.

II
            Os homens decidiram criar suas convenções e leis para evitar que cometam injustiça e a sofram também, pois chegaram à conclusão que devíamos ter uma situação aonde houvesse impotência em cometer injustiça. Glauco um dos personagens do diálogo conta uma história do pastor que se torna invisível graças a um anel e começa a fazer tudo quanto lhe apraz, tanto justas como injustas. Ele acrescenta que ninguém é justo por vontade própria, mas por obrigação, entende que são os fatores limitadores que impedem as pessoas de fazerem injustiças e a extrema injustiça é parecer justo não o sendo. O homem justo e generoso é aquele que não quer somente parecer bom, ele deseja ser bom, como nos ensina Ésquilo. Pois a aparência violenta a verdade! Adimanto interpõem que somente os deuses e os homens da ciência tem aversão pela injustiça, que no mais ninguém é justo por vontade própria.

            Faço um adendo aqui, pois me recordei do que ocorreu com o povo alemão durante o regime nazista, o povo mais culto da Europa e menos antissemita entregou-se completamente as injustiças contra seu semelhante quando todas as travas morais que consideram outros povos como humanos foram retiradas e vemos as barbáries que este povo foi capaz de cometer.

            Adimanto conclui que a justiça é um bem alheio e a injustiça é vantajosa somente para si mesma e nociva para os mais fracos.  Ele concorda com Sócrates que a justiça é um atributo também das cidades e nelas fica mais visível examina-la. Decidem procurar os atributos da justiça primeiro nas cidades e depois no individuo. As cidades existem, pela incapacidade dos indivíduos de se bastarem por si mesmo, necessitando de outros para lhes auxiliar. Debatem se é mais proveitoso para uma cidade se cada indivíduo executasse um só ofício ou não. Concluí que devem existir indivíduos responsáveis por tarefas no mercado, na compra e troca de produtos, existem também aqueles que prestam serviço salariado. Nesta cidade haveria pessoas que levariam uma vida mais e se satisfariam com ela e haveria pessoas que teriam uma vida mais requintada. A cidade cresceria e logo necessitaria de mais espaço vital, e como conclui Glauco, acabaríamos indo a guerra e a necessidade de guerra criaria o oficio de guerreiros.

            Os cidadãos devem ter seus espíritos alimentos desde pequenos pelas fábulas de suas amas e mães, mas não serão qualquer fabulas, estas fábulas devem ser as mais belas e mais adequadas a ensinar-lhes a virtude. Compete aos fundadores conhecer os modelos que devem seguir os poetas. Estes modelos visaram mostrar que sempre houve harmonia em nossa cidade e que Deus é essencialmente bom. Proibiram toda e qualquer fábula que denigra a imagem dos deuses por ser isto prejudicial para o desenvolvimento da juventude da cidade.


III
            Sócrates inicia um novo diálogo aonde declara que os cidadãos destinados à guerra, a serem os defensores da cidade não devem ser homens de lamentos, mas pessoas que devem se bastar em si mesmas, deixando as lamentações para as mulheres e os fracos. As crianças e os homens dessa civilização devem recear mais a escravidão do que a morte e implicaria em uma grande responsabilidade para os guardiões. De seu meio deveriam ser tirados todos os nomes odiosos que trazem medo e arrepios, que remetem as regiões do Hades. Do mesmo modo que evitam as lamentações, não devem ser propensos demais ao riso, pois provoca transformações excessivas. Os guerreiros não deveram receber presentes, tampouco ter ambições, pois as mesmas corrompem o homem. Serão homens que respeitaram e temem aos deuses, diferente de homens como Áquiles e Peleu que desprezavam os deuses. Os guardiões devem ser eximidos de qualquer outra responsabilidade que não seja há de defender a independência de nossa cidade, não deveram imitar outras coisas, mas se imitarem que imitem unicamente as virtudes: coragem, sensatez, pureza e liberalidade, mas nunca imitar a baixeza como aqueles perversos e covardes que falam mal, zombam uns dos outros e dizem coisas indecentes, quer na embriaguez, quer sóbrios.

            Sobre as coisas que devem ser consideradas licitas dizer ou não aos homens, uma delas está relacionada aos poetas e prosadores que não devem desestimular a justiça dizendo que os justos são desafortunados e os injustos felizes! Os governantes da cidade devem impedir que artesãos e outros introduzissem vícios, incontinências, baixeza e feiura em qualquer arte e contaminem nossos guardiões e isto se torne um grande mal em suas almas. Tudo que seguem a eles deve emanar das obras belas, tal como uma brisa transporta a saúde de regiões salubres, e predispondo-os a imitar e amar o que é reto e razoável. A educação musical será a principal, pois o ritmo e harmonia tem a capacidade de penetrar e tocar fortemente a alma. Pois é a alma boa que torna o corpo bem constituído. No seu meio não haverá embriagues, a mesma deixa o defensor incapaz de seu mister. Sua alimentação será alternada constantemente entre bebidas e comidas para que conservem a saúde e tenham os sentidos apurados.

            As pessoas se vangloriam, por vulgaridades de ser hábeis em cometer a injustiças, em poder usar todos os subterfúgios, escapar de todas as maneiras e dobrar-se como o vime, para evitar o castigo? E isso por interesses mesquinhos e desprezíveis, porque não sabem quanto é belo e melhor ordenar a vida de modo a não ter necessidade de um juiz? As pessoas honradas são simples na sua juventude e facilmente enganas pelos perversos por não haver nelas sentimentos que compreendam a postura dos maus.

            Estabeleceremos médicos e juízes em nossa cidade que trataram os cidadãos que são bem constituídos de corpo e alma, e quanto aos outros deixaremos para eles a condenação. A beleza do canto pode tornar o homem distraído, suavizando o elemento irascível de sua alma e sua coragem dissolve-se, tornando o guerreiro sem vigor, impressionável e predisposto a irritar-se e a acalmar-se em vez de corajoso, será colérico e cheio de mau humor. Torna-se inimigo da razão e amigo da violência, selvageria, como um animal passa a viver na ignorância sem harmonia e inútil para a cidade.

            Os guardas serão homens de boa vontade, proveitosos para a cidade, e nunca consentiram e agir em detrimento do Estado. Serão observados em todas as idades para vermos se se manterão fieis a está máxima de trabalhar para o maior bem da cidade e não serem seduzidos com facilidade por qualquer espirito de rebelião.

            Para realizar a divisão de atividade na cidade recorremos as fábulas, ensinaremos que na cidade todos são irmãos, mas que deus os formou e misturou ouro na composição de alguns que deveriam comandar, prata na forma dos auxiliares e bronze e ferro nos lavradores e outros artesãos e em geral procriareis gerando filhos semelhantes a vós, mas visto que são todos parentes pode nascer da prata um rebento de ouro e as mesmas transmutações possam se produzir nos outros metais que os constituem. De certa maneira seria uma cidade gerida por castas que por eventuais acontecimentos um individuo poderia migrar de uma casta para outra. E isto lhes servirá para inspirar maior dedicação à pátria e aos seus concidadãos.

            Nenhum dos defensores terá propriedades exclusivas, exceto objetos de primeira necessidade, sua alimentação será suprida pelos cidadãos da cidade, bem como seus salários não deverá faltar e nem sobrar. Isso deverá ser dessa maneira para que não venham a se tornar mercadores, lavradores e proprietários de terras, abandonando sua função de guardiões e tornando-se impuros e inimigos dos outros cidadãos, gerando a ruína da cidade.
            Os cidadãos de Kallipólis deveram evitar a doença que assola as pessoas destemperadas que consideram seu pior inimigo aquele que lhes diz a verdade, isto é, que, enquanto não renunciarem a embriaguez, glutonaria e libertinagem de nada lhes servirão os remédios, amuletos e simpatias que utilizam.

IV
            A ciência será a responsável por conservar o Estado, e encontra-se nos magistrados, chamados de guardiães perfeitos. Será a classe menos numerosa, pois nela estarão aqueles que governam a cidade, fundada sobre homens raros que participam da ciência da sabedoria. Na cidade os guerreiros  serão submetidos aos magistrados como cães aos pastores, pois em casos de sedição é a cólera que pega em armas a favor da razão. Os filósofos chegam à conclusão de que na alma humana e na cidade existem princípios que são correspondentes de maneira igual. E que para tudo funcione de maneira efetiva na cidade, ela deve ser governada pela razão e por meio dela estabelecer uma imagem de justiça nas relações entre os ofícios não permitindo que um intrometa-se nas atividades do outro. A justiça só iria imperar na cidade se cada uma das três classes de cidadãos ocupasse somente da suas tarefas, os artífices e comerciantes cuja virtude é a temperança, os guerreiros cuja virtude é a coragem e os filósofos cuja virtude é a sabedoria.

            Em certo momento do diálogo com Glauco, Sócrates explica os três elementos da alma, o racional, irracional e a concupiscência. O racional seria a parte da alma mais desenvolvida pelos governantes, os magistrados/filósofos, o irracional seria mais forte na alma dos guerreiros que deveriam proteger a cidade e a concupiscência seria mais forte na alma dos comerciantes, agricultores e artesãos. Sendo a injustiça advinda da rebelião dos três elementos da alma, uma usurpação das suas respectivas atividades. Pois todas as boas ações levam irremediavelmente a virtude e más aos vícios.

            Ao analisar as formas de governo proposta por Platão nas palavras de Sócrates vemos que existem três formas de governo:

Monarquia - governo de um, virtude da unidade.
Aristocracia – governo dos melhores, virtude da qualidade.
República - governo de muitos, virtude da liberdade.

            Mas estas formas ditas como formas “Puras de Governo” podem se degenerar em formas “Impuras de Governo”.

Tirana
Oligarquia
Democracia
V
            Para o bem da sociedade é melhor que homens e mulheres participem de todas as atividades, ainda que a mulher seja mais fraca que o homem isso não impede que tenha as mesmas aptidões naturais. Existem mulheres aptas para algumas atividades e outras não, como os homens. Desta maneira elas poderão ser guerreiras e habitarão com os guerreiros, mas elas não pertencerão a um único guerreiro e deste modo seus filhos serão de todos. Aqueles que tiverem domicílio em comum farão suas refeições e não possuirão nada seu, mas tudo lhes será em comum, estudarão e se exercitarão juntos!  

            Os indivíduos membros da elite deveram ter seus filhos educados nas mais altas artes das letras, mas aos filhos das classes inferiores lhes será negada esta instrução para que o rebanho atinja a mais elevada perfeição. Podemos ver que a estratificação social em Kallipólis será algo marcante, pois os magistrados criaram abismos sociais entre os indivíduos. A população da cidade deveria se manter em uma taxa de substituição populacional ao ponto que a população não cresça nem diminua. As uniões serão decididas pelos magistrados, conferindo privilégios aos homens com distinção no combate, podendo os mesmos unir-se com mais liberdade às mulheres, de modo que a  maioria dos filhos provenha deles e herdem as características heroicas dos pais. Os filhos destas uniões serão criados em lares comuns, aonde serão criados por homens e mulheres com responsabilidades iguais para com eles e assistidos por amas. A procriação dos filhos deverá ser realizada na flor da idade, quando todas as funções de seus corpos estiverem em seu máximo vigor! Todos os nascimentos deverão ser autorizados pelos magistrados e por eles santificados.

            A cidade deverá ser fundamentada na comunhão de interesses comuns, como se fosse um corpo com todas as suas partes cooperando em harmonia. Os filósofos serão os reis e soberanos na cidade, armados com as armas da razão repeliram toda a oposição que leva ao caos e ruína das cidades. Buscando constantemente a sabedoria e amando o espetáculo da verdade, mergulhando constante na ciência e nos estudos, os filósofos são os homens mais adequados para governar a cidade.

            Em certo momento do dialogo Sócrates analisa a necessidade dos filósofos conhecerem o intermediário entre a ciência e a ignorância, se como ele diz algo assim existir, que fica entre o não ser da ignorância e o ser da ciência, sendo a opinião este intermediário como nos concluí Glauco.

VI
            Os magistrados de nossa cidade baseada na forma de governo da república serão escolhidos entre os homens capazes de zelar pelas leis e pelas instituições de Kallipólis. Serão homens sinceros com tendência natural a verdade, pois poderemos encontrar alguma coisa que se ligue melhor a ciência do que a verdade. Suas almas são justas e brandas, apegados a moderação e jamais feitas de ferocidade. Homens amadurecidos pela educação e pela idade, consagrados aos estudos filosóficos.

            Enquanto as cidades não forem governadas por homens assim, os males que afligem as cidades nunca terá fim. Segundo Sócrates a verdade acompanha a pureza e a justiça, que são juntas a coragem, grandeza de alma, facilidade de aprender e memória são às características que compõem o temperamento dos filósofos.

            Segundo Sócrates em seu diálogo com Adimanto, mesmos as almas bem-dotadas se forem influenciadas por uma má educação, se tornam extremamente más, pois os grandes crimes provem destas almas que teriam tudo para ser grandiosas e são corrompidas, passando a usar seus dons para mal ao invés do bem. São estás almas que recebendo a educação adequada se tornaram os filósofos que governaram a cidade. Sendo estas almas dotadas de todos os pendores necessários para o bom filosofo, enumero-as como a facilidade de aprender, a coragem e a grandeza da alma. Estes elementos constituem a alma do filósofo, mas podem ser deteriorados por uma má educação, afastando as pessoas de sua vocação. São destes homens que saem os maiores males e os maiores benefícios para a cidade, tudo dependerá da educação que a pessoa tiver.

            Sócrates junto com Adimanto conclui que a união entre pessoas de trabalho serviu e as de alma nobre, como as bem-dotadas pelo espirito filosófico devem ser proibidas para que não aja uma deterioração das famílias.

            O Estado deve agir para que a filosofia não pereça, conservando em nossa República o espirito que inspirou a elaboração das leis. Proporcionaram aos jovens e às crianças uma educação e cultura adequada a sua idade, cercados de todo cuidado com seus corpos de forma a prepara-los para servir a filosofia. Ensinando-os a estar em contato com o sagrado, respeitaram os limites da natureza humana, Kallipólis só será feliz se seus planos, digo suas leis e estatutos estiverem em harmonia com o sagrado e tornando a população imaculada pelos princípios que a regerão. Esforçando-os para serem homens divinos como aqueles dos modelos de Homero.

            Adimanto acredita que talvez todos os males da cidade serão extintos quando os filósofos governarem, pois estes formaram homens que respeitaram a Constituição e a manterão. Embutindo em suas almas o amor a pátria, de tal modo que não importar-se-ão com as dores que tiverem que passar para guardar seu Estado e os magistrados serão cumulados de distinção na vida e na morte para servi de exemplo a todos.

            Dois grandes grupos presentes na cidade e dos quais nos fala Sócrates, são os intelectuais e os guerreiros, uns dotados de facilidade de aprender e inteligência serão nossos magistrados, os outros embrutecidos e lentos em compreender serão hábeis na guerra, pois possuíram caráter firme e sólido.

VII
            No livro VII Sócrates discorre sobre o “Mito da Caverna”, aonde fala de uma caverna na qual homens estão presos desde sua infância e tudo que sabem sobre o mundo são as sombras daqueles que passam numa estrada ascendente, aqueles que passam nesta estrada são iluminados por uma fogueira acesa numa colina atrás deles. Se um destes prisioneiros for solto, sofrerá com a luz do Sol que machucará seus olhos e considerará as sombras de sua caverna mais verdadeiras. Demorará um tempo até que seus olhos se acostumem com a luz do Sol e depois considerará este lugar verdadeiro e as imagens refletidas falsas. Então este homem é colocado em seu antigo lugar na caverna, seus olhos ficarão cegos pela escuridão, afastados da luz do Sol. Antes que seus olhos se acostumem com a escuridão tentará convencer os outros que ficaram presos sobre o mundo exterior, mas estes não acreditaram nele. Neste mito Platão nos ilustra nas palavras de Sócrates a elevação da alma humana, a pessoa só poder ter sua alma retirada das trevas para luz por meio da educação, e mesmo aqueles que não possuem temperamentos propícios poderão ser disciplinados desde a infância e libertos dos pesos que corrompem a alma.

            Os filósofos que governam a cidade Estado de Kallipólis deverão ser diferentes dos filósofos de outras cidades, pois eles serão capacitados para descerem as moradas comuns da cidade e se acostumarem com as trevas que ali reinam, pois nela poderão ver mil vezes melhor que os habitantes locais e conheceram a natureza de cada sombra que contemplam. Conhecendo a realidade daqueles que não foram iluminados pela luz da educação será mais fácil descobrir suas necessidades.

            Glauco conversa com Sócrates sobre a educação das crianças e mesmo há mais de dois mil atrás concluem que não se deve usar de violência na educação das crianças, mas que aprendam brincando e assim desenvolveram facilmente suas tendências naturais.

            Os homens que se destacarem na cidade em relação as ciências, a guerra e nos trabalhos prescritos na lei ao completarem 30 anos devem ser afastados dos outros jovens e experimentando-os por meio da dialética, os que são capazes de elevar o próprio Ser pelo poder da verdade. Ao atingirem os 50 anos os que tiverem se saído bem e tiverem distinção em tudo quanto forem provados e elevarem a parte luminosa de sua alma ao Ser que ilumina todas as coisas. Estes serão os modelos com o qual se organizará a cidade, passaram a maior parte de sua vida estudando filosofia. Quando chegar sua vez destinar-se-ão a trabalhar na administração da cidade e verão nisto um dever indispensável, estes serão os governantes modelados pela filosofia que foram esculpidos pela boa educação.  

VIII
            Neste capitulo os diálogos se desenvolvem sobre as formas de governos e suas características. Sendo as outras formas de governo falhas e a República sendo a boa. Aqui ele discorre sobre outras quatro formas de governo: Monarquia hereditária, Oligarquia, Democracia, Timocrácia e Tirania. Também trata neste capitulo sobre a população da cidade que deve manter um número controlado de cidadãos e as uniões bem como os nascimentos devem ser ordenados de acordo com as necessidades e propósitos da cidade, caso contrários os filhos de uniões desenfreadas serão uma geração menos culta advinda da mistura das raças, resultando em uma mistura defeituosa da qual resulta todas as discórdias e guerras. Não deixo observar nas palavras de Platão algo que chamamos hoje de Eugenia ou raça pura, uma busca pelas uniões dentro da pureza de uma elite racial que é dotada de todas as nobres qualidades humanas e mantê-la pura é manter o Estado.

            Platão nas palavras de Sócrates nos cita algumas raças pelo nível de pureza, como a raça de Hesíodo, do Ouro, Prata, Bronze e Ferro, sendo as duas últimas as mais inferiores que não devem aspirar enriquecer nem física ou intelectualmente enquanto as duas primeiras devem almejar e buscas estas duas metas. A raça do Ferro e Bronze ao possuírem riquezas se apegam nelas e se fartaram dos prazeres, desprezando a dialética e filosofia.

            Discorrem os diálogos seguintes sobre as características de alugns tipos de governos:

            Monarquia: governo do Rei-filósofo.
            Oligarquia: governo em que os ricos mandam e os pobres não participam do poder, somente os que possuem fortunas ascendem aos cargos públicos. O cumprimento de suas leis e feito através das forças das armas. Seu sistema político funciona pela divisão entre pobres e ricos, jogando constantemente uns contra os outros, vivem em constate conspiram. Exteriormente parecerá ser um governo bom, mas não possuí uma alma uma e harmoniosa.
            Democracia: forma em seu meio homens de bem, preocupados com a política da cidade, pessoas benevolentes. Um governo agradável, anárquico e variado, que dispensa uma espécie de igualdade, tanto ao que é desigual como ao que é igual.
            Tirania: sua origem está na democracia, nas perversões advindas do excesso de liberdade. Pais se assemelhando a filhos, não respeitando e nem temendo seus genitores, mestre recearam seus discípulos que fazem pouco caso deles. O resultado de todos estes abusos é uma população melindrosa que a mínima aparência de opressão causa revolta. Seu governante suscitará as guerras constantes, eliminará toda a oposição para poder manter-se no poder, manterá uma guarda fiel de mercenários (homens pagos) ou escravos libertos, isto devido ao ódio de seus súditos.
            Timocrácia: designa-se a transição entre a constituição ideal e as três formas mais tradicionais (oligarquia, democracia e tirania). Platão se pergunta se esta forma de governo não estaria situada entre a Aristocracia e a Oligarquia.
Cito diretamente está excelente frase:

“Sócrates – Desse modo, o excesso de liberdade conduz a um excesso de servidão, tanto no indivíduo como no Estado.”

IX
            Neste capitulo Platão discorre sobre a Tirania, afirma que a alma tiranizada ficará cheia de perturbações e remorsos e serão arrastadas por todas formas de desejos violentos. O tirano segundo Sócrates nada mais é do que um homem que governa mal a si próprio é semelhante a um doente que não tem domínio do corpo e passa a vida a bater-se com os outros. Na verdade é um escravo, condenado a uma baixeza e servidão extremas, assim define-se o Tirano. Os filósofos Glauco e Sócrates estabelecem em um diálogo que o governo mais feliz é a monarquia e o mais infeliz a tirania, por ser o mais injusto.

Trata em seus dilemas filosóficos a existência de um estado da alma humana aonde não se sente nem alegria e nem tristeza, um estado igualmente afastado destes dois sentimentos, um estado de repouso.

X
Segundo o que nos ensina Sócrates sobre o equilíbrio é que devemos manter sempre a calma durante os períodos de infelicidade, pois nestes momentos não conseguimos distinguir bem as coisas e confundimos o bem  e o mal, não ganhamos nada nos indignando, mas sim mantendo a calma e não nos afligindo para que saibamos ver quando estão vindo em nosso socorro. Devemos tratar as feridas, erguer-se e seguir em frente, calando os lamentos. Assim prosperarão em nossa cidade os homens nobres e fortes. Acusam neste capitulo de vários males causados pela poesia, e um deles é o de corromper as pessoas honestas. Para comprovar sua opinião sobre a imortalidade da alma, neste capitulo Sócrates nos conta a história de Er, um homem que morreu em batalha e teve seu corpo encontrado no campo após vários dias de sua morte ainda estava intacto, ao levarem para casa e o colocarem na pira funerária ele ressuscitou. E após recobrar os sentidos contou tudo o que viu no além, o relato é extenso e vou me manter em alguns pontos que considerei mais importante. Sócrates usa o relato de Er para deixar um aviso aos seus concidadãos de que devem se manter longe dos excessos, tanto nesta vida quanto na vida futura no Hades, pois é isto que se liga a maior felicidade humana. Os homens que ao nascerem nesta vida se aterem aos caminhos da filosofia terão vidas felizes nesta terra como no outro mundo terão sua passagem não pelo subterrâneo, mas pelas vias do céu. Discorre sobre vários personagens do passado que escolheram retorna ao mundo como animais devido ao desgosto pelo gênero humano, como Agamenom e Ulisses. Fala de várias crenças de sua rica mitologia e termina o livro afirmando sua posição sobre a imortalidade da alma e capaz de se manter na pratica da justiça e da sabedoria. Estando assim de acordo com os deuses tanto neste mundo quanto no além.

Você quer saber mais?

PLATÃO, República. Tradução de Enrico Corvisieri. Editora Best Seller: São Paulo, 2002.
   



terça-feira, 18 de setembro de 2018

A Existência de Deus para Descartes



Uma das tarefas da metafísica do século XVII era justamente provar a existência de Deus, para algumas pessoas Deus resume-se em Fé, para outras á natureza é deus, para Nietzsche tudo é deus, eu sou deus, você é deus e etc, então temos nessa primeira passagem varias concepções de Deus, mas realmente o que é Deus, ele existe, é um ser perfeito?

Para as três perguntas existe uma resposta que a razão pode responder, primeira; se pensamos ele existe, segundo; Deus pode ser tudo aquilo que nos acreditamos, podemos dizer á fé é Deus. Mas o que realmente é o objeto de estudo de para Descartes é se tal é perfeito, de algum lugar ele tem que ter vindo, pois nada ninguém e absolutamente nada surge do nada afirmava Descartes, pois o nada não pode nem tem condições de ser criador de um ser perfeito, o nada só cria imperfeições, é justamente a perfeição e a imperfeição pontos chaves para a prova de descartes. Uma passagem no livro discurso do método descartes diz: “se Deus é perfeito ele existe, como pode um ser perfeito inexistir, seria contraditório, logo á prova que Deus existe é que pelo simples fato de acreditarmos que é um ser perfeito tal existe”.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Richard Wagner, Compositor, dramaturgo e filosofo.



Fonte: Grandes Vidas, Grandes Obras – biografias famosas.

Tinha um dom especial para conseguir que as pessoas falassem dele. Era um homem de pequena estatura, enfermiço, com uma cabeça demasiado grande em relação ao corpo; sofria dos nervos e não tolerava sobre a pele qualquer tecido mais áspero que a seda; as suas ilusões de grandeza convertiam-no num monstro vaidade.

Julgava-se um dos grandes dramaturgos do mundo, um dos grandes pensadores e um dos maiores compositores – uma combinação de Shakespeare, Platão e Beethoven. Conversador terrivelmente fastidioso, passar uma tarde com ele era ouvir durante horas um interminável monólogo. Algumas vezes revelava certo brilhantismo, mas outras tornava-se desesperadamente maçador. O seu único tema de conversa era ele próprio.

Queria ter sempre razão. Se algum dos que o escutavam mostrava o menor desacordo, ainda que fosse sobre o ponto mais trivial, começava uma arenga que poderia demorar horas.

Tinha as suas próprias opiniões sobre qualquer assunto – vegatarismo, drama, política, música – e para as apoiar escrevia  inúmeros folhetos, cartas e livros que publicava a custa de outros. Como se isso não bastasse, sentava-se a lê-las à família e aos amigos durante horas.

Também escreveu óperas. E mal acabava de produzir uma, logo convidava, ou, melhor ordenava a admiradores e amigos que fossem a sua casa, a fim de lhas ler em voz alta. Não fazia isto para ouvir críticas, mas apenas para escutar aplausos. Tocava piano no mau estilo dos compositores e, no entanto, durante as festas sentava-se ao piano na presença de alguns dos melhores pianistas da época e tocava e sem descanso... a sal própria música. A voz também deixava muito a desejar, mas nem por isso se abstinha de convidar para sua casa eminentes cantores e diante deles interpretar as suas próprias óperas, cantando todos os papéis.

Tinha a estabilidade emocional de uma criança de seis anos, quando não estava contente, falava desatinadamente e batia com os pés no chão, ou afundava-se numa melancolia suicida, falando em partir para o Oriente e acabar  os seus dias como monge budista.  Dez minutos depois, quando  alguma coisa lhe agradava, corria à volta do jardim da sua casa, altava sobre um sofá ou punha-se de cabeça para baixo. Podia ficar aniquilado com a morte de um dos seus cães favoritos, mas, apor vezes, a sua frieza de coração era tal que teria feito tremer um imperador romano.

Faltava-lhe o sentido das responsabilidades. Nunca lhe veio à ideia que tinha obrigação de ganhar a vida. Estava convencido de que era o mundo que lhe devia dar-lhe comida. Pedia dinheiro emprestado a toda a gente, homens, mulheres, amigos e estranhos. Escrevia inúmeras cartas solicitando empréstimos e chegava a oferecer ao suposto benfeitor o privilégio de contribuir para o seu sustento, sentindo-se mortalmente ofendido se aquele declinava uma tal “honra”. Não foi encontrado qualquer recibo comprovativo de que alguma vez houvesse devolvido dinheiro aos seus credores, sem que estes tivessem primeiro interposto as respectivas ações de cobrança de divida.

Qualquer quantia que lhe chegava ás mãos gastava-a como um rajá indiano.  O menor projeto de por em cena uma das suas óperas bastava para fazê-lo abrir contas que superavam dez vezes mais a quantia que havia de receber pelos direitos de autor. Embora não tivesse3 o dinheiro suficiente para pagar a renda da casa, as paredes e os tetos eram forrados de seda cor-de-rosa. Nunca ninguém saberá, nem ele mesmo chegou, a saber, a quantidade de dinheiro que devia. O seu maior benfeitor deu-lhe uma ocasião o equivalente a duzentos mil escudos para pagar os encargos mais urgentes; porém, um ano mais tarde, teve de enviar-lhe mais o equivalente a quinhentos mil escudos, a fim de evitar que o seu protegido fosse preso por dividas.

Mas sobre tudo era sem dúvida um dos melhores dramaturgos da sua época, um dos maiores pensadores e um dos mais extraordinários gênios musicais que o mundo conheceu. O mundo, na realidade, devia-lhe o sustento.

Quando consideramos que escreveu treze óperas e dramas musicais, dos quais onze são ainda postos em cena e oito figuram sem discussão, ente as melhores obras músico-dramáticas de sempre, as dividas e as dores de cabeça que fez sofrer aos outros não nos parecem um preço muito elevado.  Um homem que não gostou de ninguém, a não ser de si próprio, remiu todas as culpas escrevendo Tristão e Isolda. Uns quantos milhares de dólares de dividas não foram paga demasiado elevada pela sua tetralogia “O anel de Nibelungo”.

sábado, 8 de abril de 2017

Heráclito

Heráclito (540 a.C. – 470 a.C.) foi um filósofo pré-socrático da Ásia Menor. Escreveu com extrema complexidade a respeito da ciência, da teologia e das relações humanas. Foi considerado o precursor da dialética e um dos fundadores da metafísica.
Heráclito (540 a.C. – 470 a.C.) nasceu em Éfeso, antiga colônia grega, na Ásia Menor (atual Turquia), no ano de 540 a.C. Filho de tradicional família de sacerdotes, abriu mão de seus direitos em benefício do seu irmão. Dedicou-se ao estudo e reflexões em busca da explicação natural do universo.
Como os outros filósofos, Heráclito tentava encontrar o “physis” – o princípio gerador e regulador de todas as coisas da natureza. Considerava a natureza em constante “devir” (transformação), e o fogo como substância original, ou seja, o primeiro elemento na composição da matéria. De Tales de Mileto a Demócrito, portanto, a preocupação da filosofia grega era encontrar o princípio de todas as coisas, sem recorrer a divindades.
Heráclito legou uma importante contribuição filosófica, com a ênfase que colocou na realidade universal da contínua transformação. Conforme Heráclito, uma incessante luta de contrários guia o fluxo das coisas. Tudo aquilo que parece estático, por pouco ou muito tempo, está na verdade em equilíbrio, pela ação recíproca de forças contrárias equivalentes. Apresentava-se assim, como um precursor da metafísica.
A partir de meados do século V a.C. embora os gregos continuassem investigando a origem do universo, o problema de maior vulto é o que se relaciona com o homem. As teorias apresentadas pelos filósofos anteriores não convenciam e às vezes eram até contraditórias. Enquanto alguns negavam o movimento, Heráclito afirmava ser tudo movimento.
Ao contrário da maioria dos filósofos antigos, Heráclito é visto como um autodidata, ou seja, era um pensador independente de escolas e movimentos. Seus escritos, de extrema complexidade, tratam sobre ciência, teologia e relações humanas. Apesar de ter recebido influência de seus antecessores, fazia críticas ao pensamento vigente e chamava os poetas épicos de “tolos” e “Pitágoras” de impostor.
Em meados de 490 a.C. Heráclito escreveu “Sobre a Natureza”, obra que se divide em mais de cem fragmentos, complexa e enigmática, que rendeu ao filósofo o codinome de “Obscuro”. Segundo os pesquisadores, Heráclito se decepcionou com seus conterrâneos, deixou seus manuscritos no Templo de Artemis e se retirou para uma montanha para viver solitário. Aos setenta anos, enfraquecido por se alimentar de erva e raízes, deixou-se morrer de fome. Faleceu por volta de 480 a.C.
Embora só se conheçam alguns fragmentos de seus escritos, durante muito tempo foram considerados fragmentos de um suposto texto original, mas posteriormente os estudiosos reconheceram que se tratava, na verdade, de aforismos repletos de sabedoria.

Demócrito

Demócrito (460 a.C. - 370 a.C.) foi um filósofo grego, classificado como pré-socrático e agrupado na escola atomista. Julgava que todos os elementos do universo são compostos de átomos.
Demócrito de Abdera (460 a.C. - 370 a.C.) nasceu em Abdera, na Grécia, por volta de 460 a.C. Descendente de família nobre, aprofundou seus conhecimentos estudando em diversas cidades, entre elas, Atenas, Egito, Pérsia, Babilônia, Etiópia e Índia. Estudou filosofia, matemática, física, astronomia, ética, linguística e música.
Viveu em uma época em que os precursores da Filosofia, “os pré-socráticos”, buscavam de maneira racional e lógica, e não mais nos relatos míticos, uma explicação a respeito do princípio de todas as coisas. Em geral, os pensadores eram monistas, ou seja, acreditavam que o universo tinha sido gerado através de um único elemento, ou de um fenômeno. Cada filósofo descobre um fundamento, uma unidade que possa explicar essa constituição.
Demócrito julgava que os corpos eram constituídos por pequeninas porções de matéria. Desenvolveu a “teoria atomista” iniciada por Leucipo, de que todos os elementos do universo são compostos de átomos, “elementos indivisíveis, maciços, indestrutíveis, eternos e invisíveis, podendo ser concebidos somente pelo pensamento, nunca percebidos pelos sentidos”.
Para Demócrito as coisas nascem quando se juntam e a morte é a separação das coisas. O que origina as coisas reais é um infinito número de corpos que são invisíveis porque têm um volume muito pequeno. A qualidade de todos os corpos depende da forma e da ordem dos átomos que os compõem. O objetivo de seus estudos era encontrar o princípio de todas as coisas sem recorrer a divindades.
Os escritos de Demócrito, como também dos outros filósofos, desapareceram com o tempo, só restando alguns fragmentos ou referências feitas por outros filósofos posteriores. Muitos dos relatos de Demócrito veem de Aristóteles, seu principal crítico, mas que reconhecia o valor de suas obras de filosofia natural. Protágoras de Abdera teria sido seu discípulo direto e posteriormente o principal discípulo que recebeu sua influência foi Epicuro.
Os pesquisadores listaram um grande número de estudos realizados por Demócrito, citados por diversos autores, na área da cosmologia, matemática, ética, física, entre outros. Na área da matemática ele avançou nos estudos sobre geometria (figuras geométricas, volumes e tangentes) e os números irracionais. Avançou também no conceito de um universo infinito, onde existem muitos outros mundos como o nosso. Deduziu que uma galáxia se compõe de estrelas tão pequenas e aglomeradas que é quase impossível distinguir uma das outras.
Para Demócrito, a concepção de ética não tem relação com as concepções físicas. Para ele o mais nobre bem que uma pessoa pode ter é a felicidade, que mora somente na alma, independente de se possuir bens materiais. A justiça e a razão é que nos torna felizes.
Demócrito faleceu no ano de 370 a. C.

Anaxímenes

Anaxímenes (585 a.C-524 a.C.) foi um filósofo grego, do período pré-socrático, que dizia que o ar era o princípio gerador e regulador de todas as coisas.
Anaxímenes de Mileto (585 a.C.-524 a.C.) nasceu na colônia grega de Mileto, na Ásia Menor (atual Turquia), durante o Período Arcaico – período da Grécia Antiga localizado entre a Idade das Trevas e o Período Clássico, quando ocorreu grande desenvolvimento cultural, político e social, que influenciou o pensamento grego e assim, surgiram várias tendências no campo da filosofia, todas procurando sintetizar e tornar lógicas as explicações para o mundo.
Antes de Sócrates surgir no panorama intelectual da Grécia, os filósofos estavam todos voltados para a “explicação natural” do universo. Tentavam encontrar a físis – o princípio gerador e regulador de todas as coisas, de forma menos especulativa e mais analítica. Começaram a raciocinar, em vez de fazer conjecturas, e sem precisar recorrer às divindades.
Anaxímenes foi o terceiro representante da Escola de Mileto - formada por pensadores que buscavam um “princípio natural para a origem da vida”- dizia que tudo era feito de ar, a vida é ar. Supunha que o ar fosse o elemento fundamental, do qual derivavam todas as coisas, conforme os diversos graus de compressão e rarefação. Acreditava que a água, que Tales de Mileto sintetizava como regulador de todas as coisas do mundo era na realidade o ar condensado. E que o fogo é o ar rarefeito.
Para Anaxímenes, o ar é infinito e está em movimento constante. O ar se condensa para formar o vapor. O vapor solidifica-se para formar a água. A água condensa-se para formar o lodo, areia e rochas. E assim por diante, por toda a escala da criação. O ar também aumenta ou diminui de volume dependendo de sua exposição ao calor ou ao frio.
Segundo sua teoria, o ar é a própria vida e também a alma. É através da respiração, que o ar ao ser lançado pelas narinas, forma o coração, os pulmões, os músculos, o sangue e todas as outras partes do corpo. Assim, tudo o que existe são as diferentes formas de ar.
Era comum nessa época, os pensadores dominarem vários campos da ciência, pois a natureza para os gregos era muito mais que a realidade física da terra, era a totalidade do mundo. No campo da astronomia, para Anaxímenes, a Terra, a Lua e o Sol bem como todos os demais corpos celestes conhecidos na época eram planos e flutuavam no ar. Todos os corpos giravam ao redor da Terra, que era plana e feita de ar comprimido. Foi a primeira a se formar e dela surgiram as estrelas.
Anaxímenes sintetizou sua filosofia em diversas frases, entre eles: “A variação quantitativa de tensão da realidade originária dá origem a todas as coisas”, “Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também o sopro e o ar abraçam todo o corpo”, “A verdade é de quem fala a verdade”. Faleceu provavelmente em Mileto, no ano de 524.

Epicuro

Epicuro (341a.C — 271 ou 270a.C) foi um filósofo grego. Suas ideias foram muito difundidas no Egito e na região da Jonia. A partir do século I ganhou maiores adeptos.
Epicuro (341a.C. - 271 ou 270a.C.) nasceu na ilha de Samos. Ainda adolescente mostrou interesse pelo estudo da filosofia. Foi aluno de Pânfilo, seguidor das ideias de Platão. Era considerado um dos melhores alunos. Foi seguidor de Demócrito, que lhe ajudou a elaborar a teoria atomista, na qual, o átomo era o elemento formador de todas as coisas e poderiam formar outros corpos mesmo com a morte física.
Epicuro formou a sua teoria tendo com um dos pontos mais importantes, o prazer. Para ele, a vida deveria ser a busca do prazer, o estado de Aponia, que era a ausência de dor física. A dor da alma deveria, segundo ele, ser combatida com as boas lembranças.
Escreveu trezentos textos, dos quais foram encontradas 3 cartas: sobre a natureza, os meteoros e a moral. Existem os fragmentos, com o nome de Epicurea (1887). Nesses escritos, Epicuro pregava que a filosofia deveria promover a liberdade, sendo considerado o primeiro filósofo anarquista.
Epicuro fundou sua própria escola, chamada "O Jardim", onde pregava um bom relacionamento entre mestres e discípulos. O filósofo era considerado um mestre simpático e sereno com os seus alunos.

Tales de Mileto

Tales de Mileto (624 a.C.-558 a.C.) foi um filósofo, matemático e astrônomo grego. Foi considerado um dos mais importantes representantes da primeira fase da filosofia grega, chamada de Pré-Socrática ou Cosmológica.
Tales de Mileto (624 a.C.-558 a.C.) nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia. Foi o fundador da Escola de Mileto. Acreditava na existência de um "princípio único". Afirmou que a água era a origem de toda a existência, embora outros filósofos e discípulos seus não concordassem, como Anaximandro e Anaxímenes.
Teve o grande mérito de antecipar algumas teorias evolucionistas, quando afirmou que o mundo poderia ter surgido da água, e que dessa substância, teria havido evolução, por processos naturais.
Foi o primeiro filósofo a estudar astronomia e em suas observações sobre o sol e a lua, previu e explicou o eclipse solar, ao verificar que a lua era iluminada pelo sol, no ano de 585 a.C.
Tales de Mileto foi considerado o precursor do pensamento filosófico, por que pensou a matéria de maneira diferente de como era pensada antes, com inferências divinas e invocações a deuses superiores. Ele acreditava que a coisa material sofria transformações ao longo do tempo. Com isso, o filósofo inaugurou o método de observação e especulação diferente das explicações teológicas e religiosas para todas as coisas, em vigor na época. Aristóteles o considerava como o primeiro filósofo.
É atribuída a Tales de Mileto as descobertas da igualdade dos ângulos da base do triângulo isósceles e a demonstração do teorema, no qual, se dois triângulos tem dois ângulos e um lado respectivamente iguais, então são iguais.
Tales de Mileto faleceu em Mileto, no ano de 558 a.C.

Aristóteles

Aristóteles (384–322 a.C) foi um importante filósofo grego. Um dos pensadores com maior influência na cultura ocidental. Foi discípulo do filósofo Platão. Elaborou um sistema filosófico no qual abordou e pensou sobre praticamente todos os assuntos existentes, como a geometria, física, metafísica, botânica, zoologia, astronomia, medicina, psicologia, ética, drama, poesia, retórica, matemática, e sobretudo lógica.
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estágira, na Macedônia, antiga região da Grécia. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas III. Teve sólida formação em Ciências Naturais. Com 17 anos partiu para Atenas, foi estudar na "Academia de Platão". Logo se tornou o discípulo predileto do mestre. "Minha Academia se compõe de duas partes: o corpo dos alunos e o cérebro de Aristóteles", afirmava Platão.
O brilhante aluno escreveu uma série de obras, nas quais aprofundava, como também modificava as doutrinas do mestre. Dos seus numerosos escritos, apenas 47 sobreviveram ao tempo, muitos porém incompletos. Suas pesquisas sobre os objetivos de cada ciência foram importantes para determinar um campo específico de estudo, possibilitando seu desenvolvimento. Procurou explicar com o raciocínio todos os fenômenos do Universo. A filosofia de Aristóteles abrange a natureza de Deus (Metafísica), do homem (Ética) e do Estado (Política).
A teoria de Aristóteles, de forma geral, é uma refutação ao seu mestre. Enquanto Platão era a favor da existência do mundo das idéias e do mundo sensível, Aristóteles defendia que poderíamos captar o conhecimento no próprio mundo que vivemos. Para Aristóteles Deus não é o criador, mas o motor do Universo. Segundo sua filosofia, a felicidade é o único objetivo do homem. E se para ser feliz é preciso fazer o bem ao outro, então o homem é um ser social e precisamente um ser político.
Quando Platão morreu, em 347 a.C., Aristóteles, depois de vinte anos de Academia, já era importante e deveria ser o substituto natural do mestre, na direção da Academia. Porém foi rejeitado por ser considerado estrangeiro. Decepcionado, deixou Atenas e foi para Atarneus, na Ásia Menor, onde tornou-se conselheiro de estado de seu antigo colega, o filósofo e político Hermias. Casa-se com Pítia, filha adotiva de Hermias, mas entra em choque com a sede de riqueza do amigo, em contraste com seus ideais de justiça. Quando os persas invadiram o pais e crucificou seu governante, Aristóteles mais uma vez ficou sem pátria.
Aristóteles volta para a Macedônia em 343 a.C., e recebe a missão de educar Alexandre, filho de Filipe II da Macedônia. O rei queria que seu filho fosse um requintado filósofo. Durante quatro anos como preceptor na corte, teve oportunidade de desenvolver muitas de suas teorias. Em 335 a.C., Aristóteles fundou, em Atenas, sua própria escola, chamada Liceu, por estar situada nos edifícios dedicados ao deus Apolo Lício, onde além de cursos técnicos, ministrava aulas públicas para o povo em geral.
Em seus escritos sobre ética, Aristóteles define que as virtudes devem estar sempre no meio termo, ou seja, devemos nos afastar dos extremos para não sucumbirmos nos vícios e excessos. Na astronomia, concebeu o sistema geocêntrico, que foi referência durante milênios. Na lógica, criou o raciocínio estruturado no silogismo, onde uma conclusão depende de certas premissas prévias. Na psicologia, criou a divisão entre alma e intelecto. Enunciou, pela primeira vez, o princípio básico da Sociologia: "O homem é um animal social".
Aristóteles considerava a ditadura a pior forma de governo. A forma mais desejável de governar é a que "permite a cada homem exercitar suas melhores habilidades e viver os mais agradável seus dias". Os atenienses não estavam dispostos a ouvir suas sábias palavras e o acusavam de ter apoiado o governo despótico de Alexandre Magno, rei da Macedônia, que dominava a Grécia. Com a morte de Alexandre, em 323 a.C., o filósofo abandona Atenas.
Aristóteles morreu em 322 a.C., em Cálcia, na Eubéia. Em seu testamento determinou a libertação de seus escravos. Foi essa talvez, a primeira carta de alforria da história.

Obras de Aristóteles

Suas obras podes ser divididas em quatro grupos:
Lógica - "Sobre a Interpretação", "Categorias", "Analíticos", "Tópicos", "Elencos Sofísticos" e os 14 livros da "Metafísica", que Aristóteles denominava "Prima Filosofia". O conjunto dessas obras é conhecido pelo nome de "Organon".
Filosofia da Natureza - "Sobre o Céu", "Sobre os Meteoros", oito livros de "Lições de Física" e outros tratados de história e vida dos animais.
Filosofia Prática - "Ética a Nicômano", "Ética a Eudemo", "Política", "Constituição Ateniense" e outras constituições.
Poéticas - "Retórica" e "Poética".