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sábado, 14 de setembro de 2024

Islamismo: ascensão e expansão.

 O islamismo surgiu no século VII, na região da Arábia, com a pregação de Maomé (Muhammad), considerado pelos muçulmanos como o último profeta de Deus, ou Alá, em árabe. Maomé nasceu em 570 d.C., em Meca, uma importante cidade comercial, e começou a receber revelações divinas em 610 d.C., aos 40 anos. Essas revelações foram posteriormente reunidas no Alcorão, o livro sagrado do Islã.

No início, as mensagens de Maomé, que pregavam a crença em um Deus único e a justiça social, não foram bem aceitas pelos líderes de Meca, que se beneficiavam do comércio relacionado à adoração de vários deuses na Caaba, o principal santuário da cidade. Em 622 d.C., Maomé e seus seguidores foram obrigados a deixar Meca e se mudaram para Medina, no evento conhecido como Hégira, que marca o início do calendário islâmico. Em Medina, o Islã começou a se fortalecer, tanto religiosa quanto politicamente.

Em 630 d.C., Maomé e seus seguidores conseguiram conquistar Meca, e o Islã se tornou a principal religião da região. Após a morte de Maomé, em 632 d.C., a expansão islâmica continuou rapidamente sob a liderança dos califas, os sucessores do profeta. Em menos de um século, o Islã se espalhou por vastas áreas do Oriente Médio, Norte da África, Península Ibérica e até partes da Ásia Central.

A rápida expansão do Islã foi facilitada por fatores como a fraqueza dos impérios Bizantino e Sassânida (Persa), que dominavam a região, além da unificação política e religiosa oferecida pelo Islã, que atraía muitos povos. O comércio e as redes de caravanas também ajudaram a disseminar a nova religião. Entre 711 e 718 d.C., os exércitos islâmicos conquistaram boa parte da Península Ibérica. Ao longo do tempo, o islamismo influenciou profundamente a cultura, ciência e política das regiões por onde se espalhou. Hoje, o Islã é uma das maiores religiões do mundo, com mais de um bilhão de seguidores.

Você quer saber mais?

ARMSTRONG, Karen. O Islã. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

CHEBEL, Malek. História do Islã. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2002.

GRUNEBAUM, Gustave E. von. A Civilização do Islã Clássico. São Paulo: Perspectiva, 2014.

GRIN, Monica. O que é o Islã?. São Paulo: Brasiliense, 1996. (Coleção Primeiros Passos)

domingo, 24 de dezembro de 2023

São Bonifácio e a adoção da árvore de Natal como símbolo da vinda de Jesus

 

"Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas em vossos lares; ali não haverá sangue, mas abrigo, presentes amorosos e gestos de bondade."

Um santo muito estimado na Alemanha, mas menos conhecido no Brasil: São Bonifácio, apóstolo dos povos germânicos e popularmente identificado como o “criador da árvore de Natal“.

Ele nasceu na Inglaterra por volta do ano 680 e, após entrar na ordem dos monges beneditinos, foi enviado como missionário à região da atual Alemanha, onde, como bispo, começou a percorrer os povoados como apóstolo incansável da mensagem de Cristo. Nas palavras do Papa Bento XVI, ele tinha um “dom para a organização” e era reconhecido pelo “caráter flexível e amigável, mas forte”.

O “deus do trovão”

Na região da Baixa Saxônia, perto de Geismar, havia uma comunidade pagã que, no inverno, realizava um sacrifício humano ao deus nórdico do trovão, Thor. A vítima costumava ser uma criança. O terrível sacrifício era feito junto a um carvalho, árvore considerada sagrada por aquele povo. Tratava-se, precisamente, do “Carvalho do Trovão”.

Lá pelo ano 723, São Bonifácio viajava por aquela região e, a conselho de outro bispo, resolveu destruir o Carvalho do Trovão para acabar com aqueles assassinatos abomináveis e para mostrar aos pagãos que não cairia do céu nenhum raio lançado por Thor contra a sua cabeça.

Junto com seus companheiros, São Bonifácio chegou ao vilarejo na véspera de Natal, justo a tempo de impedir o sacrifício. O santo se aproximou das pessoas reunidas diante do Carvalho do Trovão, levantou seu báculo de bispo e declarou:

Eis o Carvalho do Trovão e eis a Cruz de Cristo que romperá o martelo do Thor, o falso deus!”

O carrasco ainda tentou levantar um martelo para matar o menino que ia ser sacrificado, mas o bispo estendeu o báculo para frear o golpe e então aconteceu o milagre: o báculo de madeira fez o pesado martelo de pedra se espatifar, salvando aquela vida inocente.

Um dos mais emblemáticos discursos de Natal de todos os tempos

Segundo a tradição, São Bonifácio disse ao povo:

Escutai, filhos do bosque! Não jorrará sangue esta noite. Porque esta é a noite em que nasceu o Cristo, o Filho do Altíssimo, o Salvador da humanidade. Ele é mais justo que Baldur, maior que Odim, o sábio, mais gentil que Freya, o bom. Desde a vinda d’Ele, o sacrifício terminou. A escuridão, Thor, a quem invocastes em vão, é a morte. No profundo das sombras de Niffelheim ele se perdeu para sempre. A partir de agora, vós começareis a viver. Esta árvore sangrenta nunca mais escurecerá a vossa terra. Em nome de Deus, eu a destruirei”.

Bonifácio então, sempre de acordo com os relatos populares, pegou um machado que estava perto do carvalho e, quando o brandiu no ar, uma poderosa rajada de vento varreu de repente o bosque e derrubou a árvore pelas próprias raízes, deixando-a em quatro pedaços. Com sua madeira, ele construiria mais tarde uma capela.

São Bonifácio árvore de Natal

Diante do povo estarrecido porque Thor não fulminara Bonifácio com seu raio vingador, o bispo prosseguiu o seu discurso, agora apontando para outra árvore ali próxima: um pequeno abeto.

Esta arvorezinha, este pequeno filho do bosque, será nesta noite a vossa árvore santa. Esta é a madeira da paz; é o sinal de uma vida sem fim, porque as suas folhas são sempre verdes. Olhai a sua ponta voltada ao céu. Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas dentro dos vossos lares; ali haverá abrigo e não ações sangrentas; ali haverá presentes amorosos e gestos de bondade”.

O nascimento de uma belíssima tradição

É claro que não existem registros documentais desse episódio para além das tradições repassadas popularmente. O que é fato histórico é que São Bonifácio realmente foi um dos maiores responsáveis pela conversão dos povos germânicos, pela eliminação dos sacrifícios humanos vinculados aos cultos pagãos naquela região e pelo início de uma nova tradição que perdura até hoje: a de, na época do Natal, decorar nos lares uma árvore que celebrasse a nova vida trazida pelo nascimento do Salvador.

Atribui-se a São Bonifácio, historicamente, a adoção da árvore de Natal como símbolo da vinda de Jesus.

Você quer saber mais?

O santo que criou a árvore de Natal e derrotou com ela o “deus do trovão”: São Bonifácio e a árvore de Natal.

https://pt.aleteia.org/2019/06/05/o-santo-que-criou-a-arvore-de-natal-e-derrotou-com-ela-o-deus-do-trovao/

https://radio.cancaonova.com/cachoeira-paulista---fm/arvore-de-natal-existe-um-dia-certo-para-monta-la/

https://cleofas.com.br/o-que-a-arvore-de-natal-simboliza/

https://www.portalsaofrancisco.com.br/calendario-comemorativo/arvore-de-natal

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O verdadeiro significado do Natal: Conheça o Aniversariante!


 O clima do Natal ainda aquece os nossos corações. Na vida e no coração de muitos, infelizmente, a comemoração do Natal tem sido sistematicamente deturpada para satisfazer o enriquecimento do mundo dos negócios. A finalidade real do Natal, a maravilhosa mensagem que ele traz, as suas implicações eternas, o grande e sublime mistério de Deus encarnado são esquecidos. 

O Natal pode ser entendido em toda a sua dimensão quando Jesus recebe um lugar prioritário em nosso coração. Quando a pessoa entende que a vinda de Cristo trouxe luz á escuridão causada pelo pecado, quando abrimos os nossos olhos para o engano provocado pelas mentiras que o Diabo insiste em nos contar, entendemos que o Natal não é apenas um feriado, mas um dia sagrado. 

O Natal só pode ser totalmente compreendido sob a visão da cruz erguida no Calvário de sofrimentos, ou diante da surpresa e da alegria dos discípulos à beira da sepultura vazia, ou do privilégio de assistir à ascensão de Cristo. 

Para todos os que conhecem a Jesus Cristo, o Filho de Deus, a celebração do Natal não acabou, mas continua trazendo a grata felicidade, ao passo que para outros, tudo não passa de uma festa como qualquer outra que termina em poucas horas. 

O nascimento de Jesus não foi um simples acontecimento da história. Foi à vinda triunfante de Deus ao mundo, em carne, ossos e sangue para viver ao lado de suas criaturas. Infelizmente, muitos comemoram o nascimento de Cristo sem conhecer o aniversariante. Por isso, aqueles que seguem o Salvador Jesus devem proclamar o verdadeiro significado do Natal. 

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Você quer saber mais?  

CINCO MINUTOS COM JESUS. Mensagens Diárias 2012: Porto Alegre/São Paulo, Coedição: Editora Concórdia, Hora Luterana, 2012.  

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sábado, 13 de junho de 2020

O HINO A ÁTON E O SALMO 104

O HINO A ATON

"Apareces cheio de beleza no horizonte do céu, disco vivo que iniciaste a vida.
Enquanto te levantaste no horizonte oriental, encheste cada país da tua perfeição. És formoso, grande, brilhante, alto em cima do teu universo.
Teus raios alcançam os países até ao extremo de tudo o que criaste.
Porque és Sol, conquistaste-os até aos seus extremos, atando-os para teu filho amado. Por longe que estejas, teus raios tocam a terra.

Estás diante dos nossos olhos, mas o teu caminho continua a ser-nos desconhecido. Quando te pões, no horizonte ocidental, o universo fica submerso nas trevas, como morto. Os homens dormem nos quartos, com a cabeça envolta, nenhum deles podendo ver seu írmão...

Mas na aurora, enquanto te levantas sobre o horizonte, e brilhas, disco solar, ao longo da tua jornada, rompes as trevas emitindo teus raios...
Se te levantas, vive-se; se te pões, morre-se. Tu és a duração da própria vida; vive-se de ti.

Os olhos contemplam, sem cessar, tua perfeição, até o acaso; todo o trabalho pára quanto te pões no Ocidente.

Enquanto te levantas, fazes crescer todas as coisas para o rei, e a pressa apodera-se de todos desde que organizaste o universo, e fizeste com que surgisse para teu filho, saído da tua pessoa, o rei do Alto e do Baixo Egito, que vive de verdade, o Senhor do Duplo País, Neferkheperuré Uaenré, filho de Rá, que vive de verdade, Senhor das coroas, Akhenaton.


Que seja grande a duração de sua vida! e à sua grande esposa que o ama, a dama do Duplo País, Neferneferuaton Nefertiti, que lhe seja dado viver e rejuvenescer para sempre, eternamente.”
SALMO 104

1 Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.
2 Ele se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina.
3 Põe nas águas as vigas das suas câmaras; faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento.
4 Faz dos seus anjos espíritos, dos seus ministros um fogo abrasador.
5 Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum.
6 Tu a cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes.
7 Å tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão se apressaram.
8 Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste.
9 Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra.
10 Tu, que fazes sair as fontes nos vales, as quais correm entre os montes.
11 Dão de beber a todo o animal do campo; os jumentos monteses matam a sua sede.
12 Junto delas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os ramos.
13 Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra farta-se do fruto das suas obras.
14 Faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão,
15 E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.
16 As árvores do SENHOR fartam-se de seiva, os cedros do Líbano que ele plantou,
17 Onde as aves se aninham; quanto à cegonha, a sua casa é nas faias.
18 Os altos montes são para as cabras monteses, e os rochedos são refúgio para os coelhos.
19 Designou a lua para as estações; o sol conhece o seu ocaso.
20 Ordenas a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animais da selva.
21 Os leõezinhos bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento.
22 Nasce o sol e logo se acolhem, e se deitam nos seus covis.
23 Então sai o homem à sua obra e ao seu trabalho, até à tarde.
24 O SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.
25 Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais pequenos e grandes.
26 Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar.
27 Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno.
28 Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens.
29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó.
30 Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.
31 A glória do SENHOR durará para sempre; o SENHOR se alegrará nas suas obras.
32 Olhando ele para a terra, ela treme; tocando nos montes, logo fumegam.
33 Cantarei ao SENHOR enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência.
34 A minha meditação acerca dele será suave; eu me alegrarei no SENHOR.
35 Desapareçam da terra os pecadores, e os ímpios não sejam mais. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR. Louvai ao SENHOR.



domingo, 2 de fevereiro de 2020

Ave-Maria está na Bíblia?



Vamos ler Lucas-/,26-28. Como vimos o Próprio Anjo Gabriel, enviado por Deus, saúda Maria assim:
“AVE. CHEIA DE GRAÇA. O SENHOR É CONTIGO”(Lc 1.28).

Ele, enviado de Deus a declara  CHEIA DE GRAÇA.

Vamos ír agora em Lc 1,39-42. Você percebeu que Isabel, cheia do Espírito Santo exclamou:

“BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DO TEU VENTRE”. Se você notar bem, vai perceber que Isabel proclamou isso estando ela cheia do Espírito Santo, ou seja, o próprio Espírito Santo chama Maria de bendita. E mais, o mesmo adjetivo que o Espírito Santo (através de Isabel) usa para Maria (=bendita), usa para o fruto com seu ventre, que é o próprio Jesus (=bendito). Ora, meu irmão, se o Espírito Santo declarou Maria bendita, quem poderá dizer o contrário? Não tenha medo de bendizer (=dizer bem, falar bem de…) a mãe de Jesus. Da mesma forma que você fala bem de Jesus, fale bem também de Maria, sua mãe.

“SANTA MARIA”, como amava chamá-la Lutero fundador da Igreja Evangélica alemã. A palavra “Santa”, que quer dizer: ESCOLHIDA, SEPARADA PARA DEUS! Lembremos que São Paulo costumava chamar todos os cristãos de “Santos” (Co/ 3,12) e a Carta aos Hebreus diz: ” Por isso, irmãos santos, vocês participam de um chamado que vem do céu” (Heb 3, 1 j. Se todos os cristãos são “santos”, porque não posso honrar Maria com este nome?

Finalmente, quem é Jesus? Não é Deus Feito Carne! Se Maria é a mãe de Jesus, então podemos dizer dela que é também a “MÃE DE DEUS” encarnado. A esta mulher tão cheia de Deus, tão perto de Deus, não podemos pedir que ore por nós, que somos pecadores. Como já meditamos no episódio das Bodas de Cana, Maria é uma potente intercessora porque pedindo, consegue que Jesus faça um milagre que não quer. Existe uma intercessora mais potente daquela que consegue mudar até os planos de Jesus!

Com confiança, podemos concluir: “Rogai por nós, pecadores, agora e no hora de nossa morte, amém?”

Juntando todas estas frases bíblicas você vai construir a Ave Maria e é bom a gente orar com as Palavras da Bíblia quanto mais puder! AVE MARIA, CHEITA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTIGO. BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DO TEU VENTRE JESUS. SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, ROGAI POR NÓS PECADORES AGORA Ë NA HORA DA NOSSA MORTE AMÉM!
Você tem coragem de falar para Jesus que sua mãe era uma “mulher qualquer”!

Cada um de nós tem uma mãe nesta terra e, depois de Deus, ela é o ser que mais amamos, junto ao nosso pai. Cada um de nós ficaria muito sentido se alguém falasse que sua mãe é uma “mulher qualquer”. Imagine o que Jesus sente quando uma pessoa fala de Maria, a sua mãe, como de uma “mulher qualquer” (coisa que infelizmente muitos “crentes” dizem). S e o anjo Gabriel, enviado por Deus a engrandeceu com palavras sublimes: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você! “, “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. ” (Lc 1,28- 31), não é admitido chamá-la de “mulher qualquer”. Se a Sagrada Escritura, pela boca de Isabel, a chama de “Bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,42) quem poderá rebaixar esta sublime filha de Deus, que chamamos “Mãe de Deus” porque deu a vida, criou e educou Jesus, Verbo encarnado. Deus feito homem. Você já pensou com quanto carinho Maria cuidou de Jesus, ensinou-lhe a caminhar e a falar?
Catolicismo Romano

domingo, 19 de janeiro de 2020

MELQUISEDEQUE, REI DE SALÉM.



Autor: Leandro Claudir Pedroso

Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.
            
Tenho lido diversos textos sobre o Rei/Sacerdote Melquisedeque, e embora já houvesse feitos estudos anteriores sobre o mesmo, deixei-me levar pelo interesse atual no tema, e fui realizar novas pesquisas. Não é um tema tão simples como tenho visto em alguns artigos na internet, e aproveitando o ensejo deixo um alerta para nunca manterem suas pesquisas unicamente na internet, pois a mesma está repleta de informações inverossímeis e de especulação. Aconselho aos amigos do Construindo História Hoje pautarem suas pesquisas em livros de autores conceituados com formação especifica para tanto. O texto mais relevante sobre o assunto se encontra em Gn. 14:18-20, aonde o Rei/Sacerdote se encontra com Abrão, este encontro se deu em +- 1850 a.C, após a chegada de Abrão a Canaã!

            Melquisedeque significa “Rei da Paz” ou “Rei da Justiça”, seu nome tem origem Cananeia, assim como Abrão (antes de Deus mudar seu nome para Abraão), ele era cananeu, e como Jó um exemplo de um não israelita, servo de Deus. O Rei/Sacerdote Melquisedeque é interpretado muitas vezes como uma figura da realeza e sacerdócio eterno do Senhor Jesus, com também uma Cristofania, ou seja um termo técnico da teologia cristã que serve para designar as aparições de Jesus Cristo antes da encarnação, em eventos ocorridos no Antigo Testamento.

Salém (Paz) é a forma contrata de Jerusalém, que significa “Cidade da Paz”, ou o antigo nome da cidade, S. João Crisóstomo ensina que para restabelecer as forças das tropas de Abrão, após a batalha contra os quatro reis, o qual, em consideração ao caráter sagrado de Melquisedeque, figura de Cristo, aceitou os dons, figura da Eucaristia, e em troca deu ao sacerdote a décima parte de todos os despojos. É óbvio que Melquisedeque tenha primeiramente oferecido aqueles dons, segundo o uso, ao Altíssimo, de quem era sacerdote.

“Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; 19 e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” Gn. 14:18-20

            Melquisedeque adorava o Deus Altíssimo, no texto original El’ Elyon, Elyon é empregado na Bíblia, principalmente nos Salmos como título divino, e aqui é identificado como o verdadeiro Deus de Abraão. Salém é a cidade ao qual Iahweh escolheu para mais tarde habitar.

            A tradição patrística explorou e enriqueceu esta exegese alegórica, vendo no pão e no vinho trazidos a Abrão uma figura da Eucaristia, e até um verdadeiro sacrifico, figura do sacrifício eucarístico. Muitos padres admitiram ainda que em Melquisedeque aparecera o Filho de Deus em pessoa, seria então uma Cristofania, isto é uma aparição do Messias antes do seu nascimento carnal. No Antigo Testamento estás aparições segundo muitos teólogos se deram pelo Anjo do Senhor, que seria Cristo antes da encarnação.

            É importante dentro do contexto de estudo de Melquisedeque fazer menção ao Anjo do Senhor, um anjo incomparável que aparece no AT e NT. Seu primeiro aparecimento foi a Hagar no deserto (Gn 16:7) e outros aparecimentos incluirão pessoas como Abraão (Gn 22:11-15) e José (MT 1:20). A identidade do Anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo  como ele frequentemente se dirige às pessoas. Note em Jz 2:1, o Anjo do Senhor  diz: do Egito EU vos fiz subir, e EU  vos trouxe à Terra que a vossos pais EU tinha jurado, e EU disse: EU nunca invalidarei o meu concerto convosco. Verificam-se pelo pronome que eram atos do SENHOR! Alguns consideram que ele era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria.

 “Jurou o Senhor, irrevogavelmente: ‘Tu és sacerdote para sempre, a maneira de Melquisedeque’.” Sl. 110:4

            O sacerdócio conferido por Deus ao Messias com nova e solene fórmula de juramento, não está unido à instituição levítica, mas remonta diretamente a Deus, como o de Melquisedeque “sacerdote do Altíssimo”. No Antigo Testamento somente os asmoneus reuniram na mesma pessoa a soberania política e o sacerdócio religioso.

            Ao analisarmos a narrativa de Gênesis sobre Melquisedeque, rei de Salém, para inferir daí a prova de que este misterioso personagem que entra  bruscamente em cena e depois não se fala mais dele a não ser na citada alusão do Sl 110:4, era figura de Jesus Cristo. A narração bíblica apresenta muitos traços que o fazem semelhante a ele. A prova apoia-se em argumentos de três gêneros diversos: significado etimológico dos nomes próprios “Melquisedeque” e “Salém”, aquilo que a Escritura era corrente e reconhecido como válido entre os hebreus, e não pode negar-lhes o valor quem crê na inspiração da Bíblia e na providência divina especial em relação à história do povo eleito. Jesus Cristo é pessoa sobre-humana que transcende os tempos e Melquisedeque é, na narração bíblica, como que seu reflexo. Infere-se aqui dos fatos de Melquisedeque, expressamente mencionados na narrativa bíblica, outro argumento para provar quanto o sacerdócio de Melquisedeque e por consequência o de Jesus seja superior ao da tribo de Levi na lei mosaica. Outra consequência de suma gravidade: a lei mosaica estava intimamente ligada ao sacerdócio levítico, seja por se concentrar nele o culto divino, seja por caber  aos sacerdotes a explicação da lei ao povo e interpretá-la nos casos dúbios ou discutidos. Era um sacerdócio instituído para aplicação e conservação da Lei, vindo portanto a faltar este sacerdócio, também a lei ligada a ele perde o valor. E isto aconteceu com a vinda de Jesus Cristo que não era da tribo de Levi, mas sim de Judá, com Ele o sacerdócio levítico foi extinto e um novo sacerdócio eterno foi promulgado. Os sacerdotes levíticos estavam ligados ao estatuto carnal, pois eles morriam e necessitavam serem substituídos por novos sacerdotes, o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo segundo a ordem de Melquisedeque é imortal, não tem fim, sendo o mesmo um sacerdócio perfeito. O sacerdócio levítico era de casta, já o instituído pelo Senhor Jesus é pessoal e trás salvação a toda humanidade!

            Quando o texto sagrado fala em Hebreus cap. 7 que o sacerdócio de Cristo é segundo a ordem de Melquisedeque, significa que Cristo é anterior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes levíticos e maior que todos eles. No texto também lemos que ele não possuía nem pai e nem mãe, mas isso pode não significar que literalmente ele não tivesse pais, mas que os mesmos não estão registrados nas genealogias do texto sagrado.

            Temos várias teorias sobre quem foi Melquisedeque, poderia o mesmo ter sido unicamente um rei e sacerdote cananeu que servia ao Deus único, podendo ainda ter sido uma aparição de Cristo no Antigo Testamento, o que chamamos de Cristofania (Anjo do Senhor, que muitas vezes recebeu culto sem rejeitar, sendo desde modo uma pessoa da Santíssima Trindade), como em Gn. 16:7-13, 21:17-18, 22:11-18, Ex. 3:2, 13:21 e 14:19, também podemos explorar o fato de ter sido uma Teofania, uma presença física de Deus, como vemos em Gn. 32:22-30, Ex. 24:9-11, Gn. 12:7-9, entre outros, ou ainda uma Angelofania, que significa uma materialização de um anjo em forma corpórea, como vemos em relatos no Antigo Testamento, cito Gn. 18:1-33, Tb 12, dentre outros trechos.

            Ainda existem diversas vertentes de pensamentos que consideram Melquisedeque o próprio Sem, filho de Noé que teria tido seu nome alterado pelo próprio Deus e devido a sua longevidade, pois o mesmo teria sido contemporâneo de Abrão por 60 anos, dado o fato que Sem viverá 600 anos. E teriam sido sacerdotes de uma ordem ao qual o nome da mesma teria sido Melquisedeque, então o mesmo seria um título e não um nome próprio. O primeiro sacerdote desta ordem teria sido Sete, depois Sem e então o último teria sido Abrão, e os pães e vinho que o mesmo receberá de Melquisedeque (Sem) seriam um ritual de elevação sacerdotal de Abrão. Está posição e muito explorada pelos Judeus Messiânicos, que são alguns judeus conversos ou cristãos que se apegam a ritualística judaica.  
            Diante desta breve exposição podemos verificar várias opiniões sobre quem foi Melquisedeque, mas segundo minha opinião e com base em meus estudos, tenho duas opiniões a respeito do assunto: a primeira é que foi um Rei/Sacerdote Cananeu converso ao Deus Único Iahweh, e a outra que se tratava de uma Cristofania, muito comum em Gênesis por meio do Anjo do Senhor. Mas este é um tema a ser explorado, mas reitero aos meus leitores que ele seja feito sempre pautado em textos de conteúdo teológico respeitável e não em devaneios e especulações.

Autor: Leandro Claudir Pedroso


Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.

Você quer saber mais?

Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, 1967.


Bíblia de Jerusalém, Paulus, 2010.

Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1995.

A Guerra dos Reis.. Disponível em: https://www.baciadasalmas.com/a-guerra-dos-reis/, acessado em 19/01/2020.

GINZBERG, Louis. Lendas dos Judeus. 1909-1928.

Para os curiosos em uma exposição detalhada sobre Melquisedeque ser Sem, filho de Noé, indico lerem este artigo: https://www.baciadasalmas.com/sete-e-seus-descendentes/




domingo, 22 de dezembro de 2019

A diferença entre a Bíblia Católica (baseada na Septuaginta), e a Bíblia Protestante (baseada na Tanakh)


Septuaginta

Autor: Leandro Claudir Pedroso

            Uma dúvida persistente tanto no meio católico quanto evangélico é o porquê da diferença entre a Bíblia católica e protestante. O motivo desta postagem é esclarecer esta dúvida fundamentada em bases históricas e não em opiniões particulares ou pejorativas. A diferença que existe nas duas versões está no Antigo Testamento, pois o Novo Testamento é idêntico em ambas  e está diferença que trataremos no trabalho que segue.

            Na lista de livros (cânon) do Antigo Testamento Católico estão presentes 46 livros e na versão protestante somente 39. No século XVI mais exatamente em 1517, os protestantes se separaram do Magistério da Igreja Católica, que tem por função ensinar a autoridade da Igreja, que deve ser obedecida pelos católicos. Entre suas atribuições está a de interpretar a Palavra de Deus, seja ela escrita ou transmitida e foi este magistério quem decidiu quais os livros comporiam o cânon das Escrituras Sagradas em 493 d.C, no concílio de Hipona. Segundo o catecismo da Igreja Católica o magistério da Igreja é composto pelos bispos em comunhão com o sucessor  de Pedro, o bispo de Roma, o Papa.

            Os protestantes acreditam que a Igreja Católica se corrompeu e não aceitam a autoridade desse Magistério. O protestantismo nasce com uma ideia arqueológica de ir às fontes originais dos textos bíblicos, como eram no principio da Igreja. As igrejas protestantes creem mais em sua pesquisa histórica do que na fé da Igreja de Cristo ao longo dos séculos, e está é uma fragilidade da eclesiologia protestante. Desta maneira os protestantes descobriram que os judeus tinham uma lista (cânon) de livros do Antigo Testamento diferente da Católica. Ao verificarem que a lista de livros judaicos continha somente 39 livros no Tanakh, que é a coleção canônica dos textos Israelita, fonte do cânon cristão do Antigo Testamento.

Falaremos agora um pouco sobre a Bíblia hebraica (Tanakh), que resultou na diferença dos textos. Tn"k (Tanakh) é um acrônimo são as 3 primeiras letras das divisões tradicionais no texto massorético: Torá, Nevi'im e Ketuvim (Ensinamento-profetas e escritos)—que resulta em TaNaK.

A Tanakh teve um processo lento de canonização dos livros, a lista foi fixada aos poucos, a TORÁ (Pentateuco) foi a primeira a ser fixada, depois os NEVI'IM (Profetas), somente num período posterior foram fixados os KETUVIM (Escritos). A diferença entre a Bíblia judaica (usada pelos protestantes) e a Bíblia Católica, está justamente nos Escritos, os Profetas e o Pentateuco são os mesmos.

Os Escritos não estavam fechados na época de Jesus e dos apóstolos, nesta época havia uma grande discussão sobre quais escritos eram canônicos. Os Saduceus (seita judaica formada por aristocratas) aceitavam unicamente a Torá, os Fariseus (seita judaica dedicada a observância da lei e pureza ritual) acreditavam nos Profetas e nos Escritos e tinham a visão de que o texto sagrado não estava fechado, e que a inspiração divina continuava atuando e podendo ampliar deste modo os Escritos canônicos!


Tanakh

Lista de livros da Tanakh

Pentateuco (Torá)

1-Bereshit-(Gênesis); 2-Shemot-(Êxodo); 3-Vayikra-(Levítico); 4-Bamidbar- (Números); 5-Devarim-(Deuteronômio).

Profetas (Nevi'im)

6-Yehoshua - (Livro de Josué); 7-Shoftim - (Livro dos Juízes); 8-9-Shmu'el - (I Samuel e II Samuel); 10-11-Melakhim - (I Reis e II Reis); 12-Yeshayahu - (Livro de Isaías); 13-Yirmiyahu - (Livro de Jeremias); 14- Yehezq'el - (Livro de Ezequiel); 15-Hoshea - (Livro de Oseias); 16-Yo'el - (Livro de Joel); 17-Amos - (Livro de Amós); 18-Ovadyah - (Livro de Obadias); 19-Yonah - (Livro de Jonas); 20-Mikhah - (Livro de Miqueias); 21-Nakhum - (Livro de Naum); 22-Habaquq - (Livro de Habacuque); 23- Tsefania - (Livro de Sofonias);
 24-Haggai - (Livro de Ageu); 25- Zekharia - (Livro de Zacarias);  26-Malakhi - (Livro de Malaquias).

Escritos (Ketuvim)

27-Tehillim (Salmos); 28-Mishlei (Provérbios); 29-Iyyôbh (); 30-Shīr Hashīrīm (Cântico dos Cânticos); 31-Rūth (Rute); 32-Eikhah (Lamentações); 33-Qōheleth (Eclesiastes); 34-Estēr (Ester); 35-Dānî'ēl (Daniel); 36-37-Ezrā (EsdrasNeemias); 38-39-Divrei ha-Yamim (I Crônicas e II Crônicas).

Sua subdivisão consiste de 24 livros; sendo que no Tanak: não há I e II Samuel, nem I e II Reis e nem em I e II Crônicas e Esdras e Neemias contam como sendo um só livro.
Com base nesta descoberta os protestantes deduziram que se os judeus possuem uma lista diferente de livros do Antigo Testamento diferente da Igreja Católica, é porquê a perfídia dos mesmos que acrescentou esses 7 livros “malévolos”. Foi assim que alguns protestantes começaram a tirar os livros, não foi Martinho Lutero quem tirou, foi um processo lento. Lutero continuou a publicar estes livros em separado em suas bíblias. Ele sabia que esses livros foram acrescentados numa segunda fase, uma segunda lista de livros que eles entraram. Várias igrejas protestantes publicaram estes livros até o século XIX. Até mesmo os protestantes não tiveram unanimidade nesse processo, pois creem mais na sua pesquisa histórica do que na fé na Igreja de Cristo. A fragilidade da eclesiologia protestante encontra-se no fato de ter nascido como a igreja da Bíblia, o Sola Scriptura, enquanto nós Católicos, cremos que a Igreja é o corpo de Cristo e a fé da Igreja nos da a Bíblia como presente.

Então de onde vieram os 7 livros presentes no Antigo Testamento da Bíblia Católica?

            Com a vinda de Cristo, os apóstolos tiveram que levar a palavra de Jesus ao mundo todo, e naquela época o grego koine, era a língua mais falada pelo mundo todo (era como o inglês atualmente), era a língua do comercio e das relações políticas. Os apóstolos começaram a pregar o evangelho em grego koine, mas a Bíblia estava escrita em hebraico, e utilizaram uma tradução grega da Bíblia que chamamos de Septuaginta (versão dos LXX [70]). A preciosa Septuaginta, foi feita no Egito, mais exatamente em Alexandria, motivo pelo qual também é chamada de “Alexandrina”, isso ocorreu por volta dos séculos III e II a.C. Considerada até os tempos modernos com obra coletiva de setenta e dois doutos hebreus vindos para isso de Jerusalém, a pedido de Ptolomeu Filadelfo (285-247 a.C), continua ainda a chamar-se  a versão dos Setenta ou os Setenta (LXX). Na realidade, como mostra o exame interno, os tradutores foram muitos, traduzindo quem este quem aquele livro, em épocas diversas, até que, reunidas as traduções, formou-se um Antigo Testamento totalmente grego, mais amplo do que o hebraico massorético, segundo o que acima foi dito. Entra aqui o testemunho, precioso pelo fato e pela época, do neto do autor do Eclesiástico, o qual  o prólogo de sua tradução da obra do avô, assevera ter ido ao Egito pelo 38° ano do reinado de Evergetes (cerca de 132 a.C.) e ali já ter encontrado traduzidos em grego, a Torá (Pentateuco), os Nevi’im (Profetas) e alguns outros Escritos que posteriormente formariam com mais alguns livros a Ketuvim (Escritos), isto é as três partes que os judeus dividem suas Bíblias.

            A tradução dos Setenta ou Septuaginta, possuí nela sete livros “a mais” do que na Bíblia hebraica. Muitas vezes no Novo Testamento quando os apóstolos citam o Antigo Testamento, é o texto da Septuaginta que estão citando e não da hebraica, existem várias coincidências textuais como quando São Mateus diz: “Eis que uma virgem conceberá e dará a luz a um filho (...)” (Mateus 1:23), este texto de Isaias 7:14 “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho (...)”, se você for ler na Tanakh hebraica não diz virgem, mas jovem, só na septuaginta está escrito virgem, os apóstolos usavam esta tradução, e é assim que desde o inicio a Igreja usava a Septuaginta e não a hebraica.

            Vários estudos atestam que os Apóstolos e Evangelistas usaram a Septuaginta, a própria Sociedade Bíblica do Brasil, que edita várias versões das Bíblias protestantes afirmou que muitas citações e alusões do Antigo Testamento no Novo Testamento procedem diretamente da clássica versão grega dos Setenta. E que das 350 citações que o Novo Testamento faz do Velho Testamento, pelo menos 300 provêm da versão grega (Septuaginta).

            O Antigo Testamento (Tanakh) tinha no original três idiomas originais. A maior parte foi escrita e chegou até nós em língua hebraica. Alguns capítulos dos livros de Esdras e de Daniel, e um versículo de Jeremias, estão em aramaico, que foi o idioma falado na Palestina depois do exílio babilônico (século VI a.C). dois livros, o segundo dos Macabeus e a Sabedoria, foram escritos originariamente em grego. Dos livros de Judite, Tobias, Baruc, Eclesiástico e parte também de Daniel e Ester, perdeu-se como no caso no Evangelho de Mateus, o texto original em hebraico ou aramaico, sendo substituído pela versão da Septuaginta. Enquanto os judeus disseminados no mundo greco-romano não tinham dificuldades em introduzir os livros compostos em grego, os judeus da Palestina formando entre eles a opinião de que, depois de Esdras (século V a.C.), faltando ou sendo incerto o dom profético, nem sequer admitiam pudessem ser compostos livros inspirados por Deus. Por isso, quando nos fins do séc. I d.C. (período inicial da Igreja Cristã) na Escola Rabínica de Jâmnia, os doutores da sinagoga fixaram o cânon da Bíblia hebraica, Jâmnia não era um concílio, no sentido do concílio de Hipona ou outros da Igreja Cristã, mas uma escola rabínica aonde durante anos rabinos estudaram os livros que deveriam compor o cânon da Tanakh e fecharam os Escritos.

Em 70 d.C. com a queda de Jerusalém os rabinos ficaram sem seu templo e logo sem seus rituais sagrados de sacrifício, que os permitia ser uma religião de culto, agora necessitavam revisar sua fé, e centrar ela na Tanakh, tornando-se uma religião do livro, mas como esta estava fechada no que diz respeito ao Pentateuco e Profetas, mas estava aberta em relação aos Escritos, fez se necessário um veredito final rabínico sobre este assunto.

Além deste motivo, outro de extrema importância histórica ocorreu, os judeus começaram a ver que os cristãos estavam pregando de maneira diferente que os rabinos, tanto na intepretação dos textos como na forma de utilização, e houve a ”excomunhão” dos cristãos das sinagogas, eles foram proibidos de frequentar as mesmas. Isto levou os rabinos a necessidade de estabelecer à lista e fechar o cânon, os judeus então excluíram os livros “a mais” da septuaginta usada pelos apóstolos em suas pregações. Foram excluídos até os livros escritos em hebraico depois daquela época, como o Eclesiástico. Daí resultou o cânon hebraico em que faltam sete livros: TOBIAS, JUDITE, I E II MACABEUS, SABEDORIA, ECLESIÁSTICO, BARUC e a CARTA DE JEREMIAS e mais algumas partes de Ester e Daniel.

            Os protestantes ao aceitarem o cânon hebraico, estão aceitando a autoridade dos rabinos depois de Cristo e não antes de Cristo, aonde a Igreja Cristã deve submissão e respeito a Cristo e os Apóstolos e não mais aos rabinos. Em momento aonde a autoridade dos apóstolos pregava usando a Septuaginta.

            Para os católicos quem define quais os livros são  sagrados é a Igreja, e foi ela quem definiu a autoridade dos 27 livros do Novo Testamento. A pergunta histórica que não quer calar é esta: por que os protestantes aceitam a autoridade do magistério da Igreja Católica para a escolha dos livros do Novo Testamento e não do Antigo Testamento, pois foi o mesmo magistério da Igreja que os escolheu. Se os protestantes afirmam que não aceitam o Magistério da Igreja Católica, não deveriam aceitar nem o cânon do Novo Testamento!

            E não é por falta de divergência histórica que os protestantes aceitam o Novo Testamento definido pelo Magistério da Igreja Católica, pois o mesmo só foi fechado no final do III século d.C. Somente na época de Santo Agostinho é que as coisas estavam mais calmas sobre a discussão de quais livros eram inspirados por Deus e deveriam compor o Novo Testamento. O primeiro concílio que tratou desse assunto, foi o concílio de Hipona (393 d.C.), liderado por Santo Agostino que apresentou a lista com os 24 livros do Novo Testamento.

Vamos conhecer um pouco mais sobre os escritos deuterocanônicos:

Livro de Tobias:
Escrito em: século II a.C
Língua original: aramaico (conforme papiros encontrados em qumran), a versão grega dos LXX derivou do texto original.
Eventos relatam o período: século VIII a.C.

 Livro de Judite:
Escrito em: entre os séculos IV-II a.C. (fonte: Bíblia Ed. Paulinas, 1967 e Edição Pastoral, 2013)
Língua original do texto: hebraico ou aramaico, mas a versão que chegou até nós está em grego.
Eventos relatam o período: Não é uma narrativa histórica, mas uma novela com elementos fictícios para levar fé e esperança ao povo. (539-100 a.C, se fossemos considerar as citações históricas).

I Livro de Macabeus:
Autor: desconhecido
Escrito em: 100 e 64 a.C.
Língua original do texto: hebraico, mas a versão original usada por S. Jeronimo está perdida, servimo-nos de uma versão grega.
Eventos relatam o período: 175-135 a.C.

II Livro de Macabeus:
Autor: compilação de obras de Jason de Cirene.
Escrito em: 160-124 a.C
Língua original do texto: grego
Eventos relatam o período: 175-135 a.C.

Livro de Sabedoria:
Autor:  judeu desconhecido de Alexandria
Escrito em: 100- 50 a.C
Língua original do texto: grego
Eventos relatam o período: não se aplica

Livro de Eclesiástico:
Autor: Jesus Bem Sirá
Escrito em: 200 - 180 a.C.
Língua original do texto: hebraico
Eventos relatam o período: não se aplica


Livro de Baruc:
Autor: Baruc e outros
Escrito em: VI século a.C. (original hebraico); II século a.C (tradução grega).
Língua original do texto:  hebraico, mas está perdida nos servimos então da grega dos LXX.
Eventos relatam o período: 582-540 a.C

Carta de Jeremias:           
Autor: desconhecido
Escrito em: 540-100 a.C.
Língua original do texto: hebraico ou aramaico, mas está perdida nos servimos da grega dos LXX.
Eventos relatam o período: 586 a.C.

Adições a Ester:                
Autor: desconhecido
Escrito em: século II a.C.
Língua original do texto: grego/hebraico
Eventos relatam o período: 586 a.C.

Adições a Daniel:
Autor: desconhecido
Escrito em: II século a.C.
Língua original do texto: grego
Eventos relatam o período: 597-538 a.C

           Concluo aqui este pequeno trabalho, e espero que o mesmo possa auxiliar meus amigos com suas mentes ávidas do amanhã neste caminho pelo conhecimento histórico. Caso possuam alguma dúvida, ou querem sugerir um novo trabalho entrem em contato pelo formulário!

Você quer saber mais?

Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, 1967.

Bíblia de Jerusalém, Paulus, 2010.

Hebrew Tenach, The Society for distributing hebrew scriptures, 2003.

Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyolas Jesuítas, 2000. Pg. 36.

LIMA, Alessandro Ricardo (2007). O Cânon Bíblico. A Origem da Lista dos Livros Sagrados 1ª ed. Brasília: [s.n.] p. 22. 125 páginas.

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