Poucas organizações mafiosas são tão
famosas mundo afora quanto a Yakuza, a máfia japonesa. Seja por meio de filmes,
seriados, desenhos animados, quadrinhos, jogos eletrônicos ou outros veículos,
as práticas do grupo foram divulgadas pelo mundo e sua fama – ou infâmia – se
propagou de forma romantizada, angariando admiração e respeito, quando não puro
medo.
No entanto, muitas das informações
fornecidas por esses meios podem acabar distorcidas ou exageradas, passando uma
impressão errada sobre a organização. Confira a seguir algumas informações e
curiosidades sobre esse poderoso e assustador grupo e descubra um pouco mais
sobre sua história e costumes.
País pequeno, máfia enorme
Atualmente, a Yakuza “emprega” mais
de 100 mil pessoas, o que a torna uma das maiores organizações criminosas
conhecidas no mundo inteiro. Após a Segunda Guerra Mundial, o total de membros
chegou a impressionantes 184 mil, o que representa mais da metade da força
policial japonesa, que em 2010 contava com 291.475 homens.
Lealdade até a morte
A estrutura de poder dentro do
sindicato criminoso segue um típico formato piramidal, com o líder no topo e
distribuição de poder entre suas camadas de capangas leais. Seguindo as
tradições japonesas, os kobun (termo que designa os seguidores ou “filhos”) têm
o dever de manter uma lealdade inabalável e obediência absoluta ao oyabun (o
chefão ou “pai”), tendo que estar dispostos até a sacrificar suas vidas pelo
bem-estar de seu senhor.
Um dedo a menos
Falhas de subordinados ao cumprir
ordens dificilmente resultam em simples broncas ou “demissões”, sendo
predominantes as punições por meio de violência física. Erros mais graves
costumam ser “pagos” por meio da prática do yubizume, a amputação de um dos
segmentos do dedo mindinho.
O ato vem de uma tradição japonesa
antiga cujo objetivo era tornar a pessoa punida mais dependente de seu superior
quando precisar de proteção. Na era Meiji, isso significava que o amputado não
seria capaz de brandir sua espada com tanta liberdade quanto poderia se ainda tivesse
seu dedo inteiro.
A união faz a força
A Yakuza funcionava na forma de
famílias rivais até meados do século XX, quando Yoshio Kodama uniu todas as
facções e se tornou seu primeiro “poderoso chefão”. O novo comandante possuía
uma ideologia política de extrema direita e desviou muito dinheiro para o
Partido Democrático Liberal japonês, com orientações anticomunistas.
Kodama foi um dos responsáveis pelo
escândalo de 1976 envolvendo a companhia aeroespacial norte-americana Lockheed.
Por meio do intermédio da Yakuza, a empresa pagou mais de US$ 3 milhões em
suborno para o primeiro-ministro japonês da época, Kakuei Tanaka. A parceria
entre os mafiosos e os partidos de extrema direita nacionalista continua até
hoje e traz benefícios para ambos os lados. Enquanto a Yakuza ganham influência
sobre as decisões políticas por vias legais, os políticos podem usar a força da
organização para atividades ilegais.
Urso assassino
Conhecido pelo apelido Kuma (que
pode ser traduzido como “urso”) por conta do seu costume de atacar os olhos dos
oponentes, Kazuo Taoka era o oyabun da maior família de mafiosos do Japão, a
Yamaguchi-gumi. Certa vez, o chefão recebeu um tiro na parte traseira do
pescoço e sobreviveu sem sequelas – seu atacante, no entanto, não teve a mesma
sorte e foi encontrado morto uma semana depois, tendo seu corpo abandonado em
uma floresta na área de Kobe.
Síndrome de Robin Hood
Os membros da Yakuza costumam ver
mortes violentas como uma forma poética, trágica e honrosa de partir dessa para
uma melhor, além de terem o hábito de roubar dos ricos e ajudar os desprovidos.
Esses conceitos românticos da vida criminosa fazem com que a organização acabe
sendo vista favoravelmente pelo público.