O presente relatório tem por objetivo relacionar por meio
de meus comentários minha percepção sobre as informações encontradas no filme
“Cromwell, o homem de ferro” com o texto “A Revolução Inglesa” de José Jobson
de Andrade Arruda.
O filme inicia mostrando os eventos relacionados com as
“Leis de cercamentos” (Enclosures) e o conflito entre camponeses e nobres
devido a está politica real iniciada no século XVI e editada por sucessivos
monarcas ingleses. Esse evento remete a reflexão sobre o que nos diz José
Arruda em seu texto: “(...) a reunião dos lotes de terra dispersos numa área contínua que
permitiria ao seu proprietário isolá-la das demais propriedades ou posses,
transformando a terra em mercadoria e criando condições para a especialização
da produção, a intensificação da divisão social do trabalho agrícola e a
penetração mais intensa no campo.” (ARRUDA, pg. 19). Os cercamentos
gerarão grandes conflitos sociais, pois por meio deles estava sendo atingido o
que restava do antigo sistema feudal e as bases do capitalismo começaram a se
instaurar. Estes conflitos levaram a Inglaterra a grandes transformações quando
vemos que no século XVI os cercamentos de grandes propriedades “(...)
intensificando o êxodo que, por sua vez, resulta em infinita variedade de
trabalhos marginais, criando um exercito de reserva para a composição dos
exércitos mercenários ou para atividades manufatureiras” (ARRUDA, pg. 20).
Cromwell é um protestante puritano que não deseja nenhuma
aproximação da Inglaterra com a Igreja Católica. Isso devido ao fato do rei
Carlos I ter se casado com uma católica e possuir uma política duvidosa sobre o
assunto, pois o rei deseja levar o anglicanismo para longe do calvinismo e os
puritanos viam nisso uma reintrodução do catolicismo romano. Em um momento do
filme vemos Oliver Cromwell revoltar-se dentro da igreja devido ao fato do rei
Carlos I ter autorizado o Arcebispo a reintroduzir símbolos católicos no altar,
resultando que Cromwell destrói todos os símbolos por ele considerados
idolatras. Neste instante em particular do filme remete-me ao que nos é relato
por José Arruda, quando mostra-nos o poder que “A Igreja Anglicana transformou-se então
num instrumento direto do poder do Estado, cabendo ao Rei à indicação dos
bispos” (ARRUDA, pg. 52).
No filme Carlos I pede dinheiro ao parlamento para o
conflito religioso na Escócia que havia invadido o Norte da Inglaterra em 1639,
mas o parlamento nega seu pedido, Oliver Cromwell fala de democracia ao rei.
Descontente com o parlamento o rei começa a mandar prender e decapitar os seus
membros incluindo Cromwell que o desafia e ameaça
de uma guerra civil. Neste momento sou levado a pensar nas palavras de Arruda
ao afirmar que “Isto colocava a monarquia diante de uma falência iminente. Não restava
alternativa a não ser reunir o Parlamento (...)” (ARRUDA, pg. 73).
Agora a trama cinematográfica começa a desenvolver-se com
o inicio da Guerra Civil onde fica claro a falta de um exercito nacional
permanente por parte do rei ao ser necessário contratar mercenário para lutar
ao seu lado com os Realistas também chamados “Cavaleiros” contra as forças do
parlamento. Os revolucionários eram chamados de Puritanos ou “Cabeças
redondas”. Deste o inicio da Guerra Civil temos nas palavras de Arruda a
difícil tarefa dos Puritanos que “O inicio da guerra foi desastroso para as
milícias arregimentadas pelo Parlamento, pois não eram tropas profissionais e,
portanto pouco adestradas no uso das armas.” (ARRUDA, pg. 78). Coube então a
Oliver Cromwell com o título de General liderar o treinamento e organizar as
tropas Puritanas do parlamento para enfrentar os Realistas partidários do rei
como pude observar no filme. O evento que culminante da Guerra Civil foi a
Batalha de Naseby em julho de 1645, segundo os dados do filme, aonde as tropas
lideradas por Oliver Cromwell e Lorde Fairfax massacram as tropas Realistas
lideradas pelo próprio Rei Carlos I. Nesse momento do desenrolar
cinematográfico levo-me aos textos de José Arruda que nos mostra claramente o
desenrolar desses eventos, como vemos:
“Coube a Oliver Cromwell, um
puritano (...), criar o Novo Modelo do Exército (New Model Army), constítuido
de forma revolucionaria, pois a ascensão não se fazia por nascimento e sim por
merecimento, estimulando entre os próprios homens a livre discussão, o que,
flagrantemente contrariava as elites do exército revolucionário. (...) E
finalmente, em Naseby, em 1645, os liderados de Cromwell derrotaram os comandos
do Príncipe Rupert que liderava as tropas Realistas. Terminava a guerra civil
(...).”
(ARRUDA, pg. 78-79)
Cromwell assume o controle do parlamento como observei no
filme e elabora com o mesmo os termos de paz que o próprio Cromwell entrega ao
rei Carlos I, mas o mesmo não aceita os termos e inicia uma trama para uma
segunda guerra civil. José Arruda passa-nos todos esses eventos de forma clara
ao contar-nos que no ano “(...) de 1646, o comandante Lorde Fairfax,
em nome do Parlamento toma Oxford, obrigando o Rei Carlos I a fugir para a
Escócia. (...) Os setores mais conservadores do Parlamento, os presbiteranos,
passam a tramar junto ao Rei, pretendendo livrar-se do exército, enviando-o
para conquistar a Irlanda, sem pagamento de seus soldos.” (Arruda, pg. 79).
No filme as palavras ganham vida quando Cromwell decide
levar o Rei Carlos I a julgamento por traição e agora Cromwell quer a sua
cabeça. Segue agora como Arruda nos passa esses eventos. “Em 1647, o exército aprisiona
o Rei com a finalidade de impedir um acordo com o setor presbiteriano do
Parlamento. (...) Com a prisão do Rei, os independentes (opositores no
parlamento aos presbiterianos), liderados por Cromwell, tinham o controle da
situação (...).” (ARRUDA, pg. 80).
Então temos o inicio das dramáticas cenas que culminam
com a execução do Rei. Todos os membros do Parlamento assinam um documento
sentenciando o Rei Carlos I a morte. O Rei com uma Bíblia na mão ao saber da
decisão encarra corajosamente sua execução, dirigindo-se até o carrasco. O Rei
faz um breve discurso e posiciona-se para execução, depois de um breve sinal
seu o carrasco desce o machado. No Texto a Revolução Inglesa de José Arruda,
temos com extrema exatidão em suas palavras os motivos que levaram a tal
decisão: “Consciente do perigo representado pelo Rei, em constante ameaça
de restauração, o Exército força o julgamento
e a condenação do Rei pelo Parlamento depurado. No dia 30 de janeiro de 1649,
Carlos I foi decapitado.” (ARRUDA, pg.81).