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quarta-feira, 31 de julho de 2024

A colonização portuguesa na América

A ocupação das terras americanas só se tornou possível na medida em que a cana-de-açúcar mostrou-se adaptável ao clima e ao solo da região tropical. Mas, sobretudo, quando se percebeu que o açúcar era um produto rentável, de grande aceitação no mercado europeu e capaz de gerar bons lucros. A exploração da colônia portuguesa, com o cultivo da cana-de-açúcar, assumiu três características básicas: grande propriedade, monocultura e trabalho escravo.  A disponibilidade quase ilimitada de terras ajudou na formação de grandes fazendas produtoras. Os custos de produção, desbravar o terreno, plantar, colher, transportar a cana e fabricar o açúcar, exigiam grandes plantações para se obter retornos lucrativos. A monocultura também era essencial, pois facilitava a especialização e a concentração de recursos e esforços em uma única atividade. 

A opção pela monocultura da cana-de-açúcar em grandes propriedades era decorrência natural da política mercantilista. Os esforços coloniais deveriam estar voltados para a aquisição de produtos que pudessem ser comercializados com as nações europeias. Essa condição era preenchida pela lavoura de gêneros agrícolas tropicais, como a cana-de-açúcar. O chamado pacto colonial, segundo o qual as colônias só poderiam comerciar com suas metrópoles, complementava os propósitos dessa política econômica.  Quanto à mão-de-obra, tentou-se a princípio o uso do trabalho indígena. Os índios tinham colaborado na extração do pau-brasil e o colonizador julgava que isso poderia se repetir com o trabalho agrícola. Entretanto, os índios não se submeteram facilmente às condições exigidas pela nova atividade. A extração do pau-brasil podia ser realizada de forma esporádica e livre; a atividade agrícola exigia trabalho sistemático, disciplina, organização e vida sedentária.

Para estabelecer essas condições de trabalho, foi necessário aumentar a vigilância sobre os índios. Em pouco tempo, generalizou-se a escravização dos nativos. A antiga relação pacífica se tornou conflituosa. A escravização dos povos indígenas foi um problema que percorreu todo o período colonial e opôs colonos, governo e Igreja. Pressionado pela Igreja, o governo português proibiu o apresamento de índios. Em 1570, uma Carta Régia autorizava a escravização apenas dos indígenas presos em guerra justa, isto é, em conflitos iniciados pelos próprios índios ou promovidos pelos colonos contra povos hostis. Essa autorização permitiu que o apresamento indígena continuasse. Por uma série de circunstâncias, a escravidão africana acabou se impondo como solução para o problema da mão-de-obra. 

O engenho 

Desde 1526, livros da Alfândega de Lisboa acusavam a entrada de açúcar vindo da ilha de Itamaracá, no atual estado de Pernambuco. Mas a grande produção só começou de fato em 1533, com o engenho de Martim Afonso de Sousa em São Vicente, que nesse mesmo ano foi comprado pelo capitalista holandês Erasmo Schetz.

As capitanias hereditárias 

Em 1534, El-rei dom João II dividiu a colônia americana em quinze faixas de terra com largura entre 200 e 650 quilômetros, indo do litoral à linha do Tratado de Tordesilhas. Eram as capitanias hereditárias, mesmo sistema utilizado nas ilhas do Atlântico. Elas foram entregues a senhores chamados de capitães donatários. Hereditárias, as capitanias deveriam passar de pai para filho. Aos donatários foi atribuída grande soma de poder: podiam distribuir terras a colonos, nomear autoridades administrativas e judiciárias, escravizar e vender índios, fundar vilas, cobrar tributos pela navegação dos rios, etc. Os donatários só não tinham poder sobre os impostos reais e deviam arcar com todas as despesas da colonização. A constituição político-administrativa das capitanias tinha por base jurídica a Carta de Doação e o Foral. Pela primeira, o rei confiava à administração perpetua e hereditária ao donatário. No Foral, estavam fixados os direitos, foros e tributos que a população pagaria ao rei e ao donatário. Apesar do fracasso, o sistema de capitanias perdurou até 1759 e conviveu com outras estruturas administrativas criadas pelo governo português, como os governos-gerais. Diante do insucesso, muitas acabaram compradas pelo governo, outras incorporadas por abandono.

O Governo-Geral 

Um dos grandes problemas enfrentados pelos donatários das capitanias foi o isolamento, que dificultava, por exemplo, a defesa contra os índios, em luta por suas terras e contra a escravização. Diante dos problemas, a Coroa portuguesa criou o cargo de governador-geral em 1548. O objetivo da medida era centralizar a defesa do território e a administração da colônia.  Para sede do Governo-Geral foi escolhida a capitania da Bahia de Todos os Santos, comprada ao donatário. O primeiro governador-geral a ser nomeado foi Tomé de Sousa. Em 1549, para instalar seu governo, Tomé de Sousa fundou Salvador, que se transformou na primeira cidade da colônia.

As Câmaras Municipais 

Com o surgimento das primeiras vilas e cidades, organizou-se a administração municipal, que foi entregue às Câmaras Municipais, compostas de três ou quatro vereadores. Estes eram escolhidos pelos homens bons, como eram chamados os proprietários de terras, a elite do lugar. Um juiz, eleito da mesma forma, presidia a Câmara.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.




O massacre de povos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial

 “Entre 20 e 26 milhões de soviéticos morreram durante a Segunda Guerra Mundial, 13,5 milhões de chineses e 6 milhões de judeus. Foram os povos que mais perderam vidas durante o conflito, e nenhuma dessas vidas é mais valiosa que a outra.”

Apesar de ainda haver discussão sobre o uso e abrangência do termo "Holocausto", o genocídio nazista contra os judeus foi parte de um conjunto mais amplo de atos de opressão e de assassinatos em massa agregados cometidos pelo governo nazista contra vários grupos étnicos, políticos e sociais na Europa. Entre as principais vítimas não judias do genocídio estão ciganos, eslavos (tchecos, os russos e bielo-russos, os polacos, os croatas, os búlgaros, os ucranianos, os macedônios, os eslovenos e eslovacos, e os lusácios), comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, Testemunhas de Jeová e deficientes físicos e mentais. Segundo estimativas recentes baseadas em números obtidos desde a queda da União Soviética em 1991, um total de cerca de onze milhões de civis (principalmente eslavos) e prisioneiros de guerra foram intencionalmente mortos pelo regime nazista.

Com as derrotas se acumulando, era previsível que Hitler se concentrasse nas frentes militares, talvez abandonando certas características do regime, como a perseguição aos Judeus, ciganos é homossexuais. Mas o Führer tinha muito pouco de previsível. A derrota à vista acentuou as perseguições, afinal, os seres inferiores não eram à “doença” que contaminava o “corpo mo” da Alemanha? Os nazistas tornavam se prisioneiros dos preconceitos que haviam ajudado o movimento a chegar ao poder.

A partir de 1942, numa conferência realizada em Wansee, na periferia de Berlim, os nazistas adotaram a “solução final”, uma diretriz de massacre “científico”, principalmente dos judeus, Já funcionavam, na Alemanha e em outros países, campos de concentração nazistas, onde inimigos políticos, judeus e doentes mentais eram mantidos, e muitos, mortos. Passou-se então à construção de campos de extermínio. Para lá deveriam ser levados prisioneiros eslavos, ciganos, religiosos, pacifistas e, principalmente, judeus.

Viviam na Europa cerca de 8 milhões de judeus. A maior comunidade na área ocupada 3 milhões de pessoas estava na Polônia, seguida pela Romênia (800 mil) e pela Hungria (400 mil). Por isso, a maioria dos campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau, Treblinka e Sobibor, foi construída na Polônia. 

Para os campos de concentração eram deportados prisioneiros de toda a Europa ocupada pelos alemães. Os deportados imaginavam que apenas trabalhariam para os nazistas. De fato, os que podiam trabalhar, enquanto pudessem, eram empregados como mão-de-obra escrava, Várias empresas alemãs, como Bayer, BMW e Telefunken, ganharam muito dinheiro com o trabalho escravo dos prisioneiros.

Logo na entrada dos campos, médicos separavam as pessoas em duas filas, velhos, doentes e crianças iam imediatamente para a morte nas câmaras de gás. Os Corpos seguiam para fornos crematórios. Um desses médicos, Josef Mengele, morreu em 1986 no Brasil, onde morou escondido por muitos anos. Quase sempre às vítimas não sabiam de nada, porque as placas nas câmaras de gás indicavam “chuveiros” e “desinfecção”. O oficial nazista K. Pritzsch apresentou assim o campo de Auschwitz à um grupo de prisioneiros:

“Eu lhes digo que vocês não estão num hospital e sim num campo alemão, do qual não há outra saída senão a chaminé. Se isso não agradar a algum de vocês, pode imediatamente atirar-se à cerca eletrificada. Se há judeus nesse comboio, eles não têm o direito de viver mais que 15 dias. Se houver padres, eles podem viver um mês, e todos os outros, três meses.“

No auge de sua “produção”, Auschwitz-Birkenau exterminava seis mil pessoas por dia nas câmaras de gás ou apenas pela fome. Centenas de prisioneiros também foram utilizados em horrorosas “experiências” com novos remédios. O laboratório Bayer enviou certa vez ao comando de Auschwitz a seguinte carta: 

“Solicitamos que seja posto à disposição um certo número de mulheres, para testes que pretendemos realizar com um novo narcótico. Não oferecemos mais que 170 marcos por cabeça. Depois que as experiências forem feitas, todas as pessoas serão mortas.”

Eram retirados das vitimas todos os valores, dentes de ouro, óculos e malas. Até os cabelos eram usados na fabricação de sacos. Quando a guerra acabou, descobriu-se que cerca de 6 milhões de judeus, pelo menos 300 mil ciganos, multidões de prisioneiros soviéticos, comunistas, socialdemocratas e pacifistas religiosos haviam sido exterminados. 

Embora os judeus fossem seus alvos principais, os nazistas e seus colaboradores também perseguiram outros grupos por razões raciais ou ideológicas. Entre as primeiras vítimas da discriminação nazista na Alemanha estavam os oponentes políticos, principalmente os comunistas, os socialistas, os social-democratas e os líderes sindicais. Os nazistas também perseguiram autores e artistas cujas obras consideravam subversivas, ou apenas por serem judeus, sujeitando-os a prisões, restrições econômicas e outras formas de discriminação. Os nazistas perseguiram os ciganos por razões raciais, e membros daquele grupo estiveram entre as primeiras vítimas a serem mortas em caminhões de gás móveis no centro de extermínio de Chelmno, na Polônia. Os nazistas também deportaram mais de 20.000 ciganos para o campo de Auschwitz-Birkenau, onde a maioria deles foi assassinada nas câmaras de gás. Os nazistas viam os poloneses e outros povos eslavos como inferiores. Os poloneses que fossem considerados ideologicamente perigosos (tais como intelectuais e padres católicos) foram mortos [os nazistas decidiram que os demais eslavos seriam escravos da "raça superior"]. Entre 1939 e 1945, pelo menos 1.5 milhão de cidadãos poloneses foram deportados para o território alemão para executar trabalho escravo. Centenas de milhares também foram presos em campos de concentração nazistas. Estima-se que os alemães assassinaram pelo menos 1.9 milhão de civis poloneses (cristãos) durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o outono e primavera europeus de 1941 e 1942, na União Soviética ocupada, as autoridades alemãs conduziram sua política racista de assassinato em massa contra prisioneiros de guerra soviéticos. Os judeus, as pessoas com "traços asiáticos" e os principais líderes políticos e militares eram imediatamente separados e abatidos a tiros. Outras três milhões de pessoas foram aprisionadas propositadamente em campos provisórios ao relento, sem alimentação ou medicamentos adequados, para que morressem à míngua. Na Alemanha, os nazistas prenderam líderes das igrejas cristãs que se opuseram ao nazismo, bem como milhares de Testemunhas de Jeová que se recusavam a saudar Adolf Hitler ou a servir no exército alemão. O "Programa de Eutanásia" nazista assassinou cerca de 200.000 pessoas com deficiências físicas ou mentais. Os nazistas também perseguiram os homossexuais do sexo masculino, cujo comportamento era considerado um obstáculo para a preservação da [pureza da] nação germânica.

Os ciganos, também conhecidos como Romanis, estavam entre os grupos perseguidos pelo regime nazista por motivos raciais. Os ciganos foram submetidos à internações forçadas, deportações e trabalho escravo, além de serem enviados para os campos de extermínio. As Einsatzgruppen, Unidades Móveis de Extermínio, também assassinaram dezenas de milhares de romanis nas áreas do leste europeu ocupadas pelos alemães. O destino dos ciganos foi o mesmo dos judeus. É difícil determinar o número de ciganos mortos durante o Holocausto. Estima-se que um milhão de ciganos viviam na Europa antes da Guerra, e que entre 200.000 e 500.000 deles foram mortos pelos alemães.

Na terminologia nazista, "eutanásia" referia-se ao extermínio sistemático dos alemães que os nazistas consideravam "sem direito à vida" devido a supostas doenças genéticas e/ou defeitos físicos ou mentais. No outono de 1939, foram criadas instalações para iniciar o processo de eliminação em massa daquelas pessoas utilizando o método de envenenamento por gás. Os prédios para tal ação estavam localizados em Bernburg, Brandenburg, Grafeneck, Hadamar, Hartheim e Sonnenstein. Os pacientes eram selecionados pelos médicos [que deveriam tratá-los] e transferidos das clínicas onde estavam internados para uma daquelas instalações centralizadas de assassinato. Depois que a indignação pública forçou o fim daquelas matanças, os médicos passaram a aplicar injeções letais em pessoas selecionados para "eutanásia" em clínicas e hospitais espalhados por toda a Alemanha. Desta forma, o programa de "eutanásia" continuou a funcionar e a expandir-se até o final da Guerra.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda História- História geral e História do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 1999.

Adaptado de: Jayme Brener. A Segunda Guerra Mundial, O planeta em chamas. São Paulo, Ática, 1998. p. 43-4.

Enciclopédia do Holocausto