Revisionismo histórico é o
estudo e a reinterpretação da História, baseado na ambiguidade dos fatos
históricos e na imparcialidade com que esses fatos podem ter sido descritos.
Segundo o criador do positivismo Auguste Comte, "a História é uma
disciplina fundamentalmente ambígua" e portanto, passível de várias
interpretações.
A palavra “Revisionismo”
deriva do Latim “revidere”, que significa ver novamente. A revisão de teorias
guardadas há muito tempo é perfeitamente normal. Acontece nas ciências da
natureza assim como nas ciências sociais, à qual a disciplina da história
pertence. A ciência não é uma condição estática. É um processo, especialmente
para a criação de conhecimento pela pesquisa de provas e evidências. Quando a
investigação decorrente encontra novas provas ou quando os pesquisadores
descobrem erros em velhas explicações, acontece frequentemente que as antigas
teorias têm que ser alteradas ou até abandonadas.
Qualquer
episódio da historiografia mundial pode e deve ser revisado
Por “Revisionismo” queremos
dizer investigação crítica baseada em teorias e hipóteses no sentido de testar
a sua validade. Os cientistas precisam de saber quando novas provas modificam
ou contradizem velhas teorias; na realidade, uma das suas principais obrigações
é testar concepções tradicionais e tentar refutá-las. Apenas numa sociedade
aberta na qual os indivíduos são livres de desafiar teorias comuns é nós
podemos certificar a validade dessas mesmas teorias, e estar confiantes de que
estamos a aproximarmo-nos da verdade. Para uma discussão completa sobre isto, o
leitor deve conhecer por si mesmo o ensaio do Dr. C. Nordbruch em Neuer Zürcher
Zeitung, 12 de Junho de 1999. […]
Nos últimos anos o acesso
mais democrático a documentos históricos fez com que a própria história pudesse
ser “reescrita” ou, então, reinterpretada. Foi desta forma que “tudo passou a
ser história”, “tudo passou a ser fonte histórica”, em um movimento que começou
na França do final dos anos 1920 e ganha força a cada dia – movimento este
conhecido como Escola dos Annales. Atualmente, graças às digitalizações e à internet,
é possível ao pesquisador ter acesso a documentos, por exemplo, do acervo
histórico-nacional da França, dos Estados Unidos, do Brasil, da Argentina etc.
Graças a esta movimentação
de tudo ser fonte a possibilidade de estudar e interpretar os fatos aumentou
enormemente. Veja, por exemplo, que não falamos mais do “descobrimento do
Brasil” ou “descobrimento da América”, mas sim em “conquista do Brasil”,
“colonização da América” etc.
Assim, revisionismo
histórico é o estudo e a reinterpretação da própria história, baseado na
ambiguidade dos fatos históricos e dos documentos analisados, além da
imparcialidade com que esses fatos podem não ter sido descritos, uma vez que é
sabido que proceder à imparcialidade é um processo bastante árduo para qualquer
profissional formado dentro de qualquer concepção ideológica. Segundo o criador
do Positivismo, Auguste Comte, “a história é uma disciplina fundamentalmente
ambígua” e, portanto, passível de várias interpretações.
Embora seja de interesse
acadêmico, uma espécie de “censura” ainda impede e/ou limita a pesquisa de
revisão histórica porque envolve importantes interesses políticos, econômicos e
sociais; como, por exemplo, a reescrita da história recente no Brasil, na
Argentina e no Uruguai com relação às suas ditaduras militares e a associação
dos governos dos Estados Unidos nestes procedimentos. A abertura dos arquivos
secretos norte-americanos pelo movimento WikiLeaks foi de tremenda importância
neste processo de revisionismo da história, quando descobrimos os bastidores
políticos dos grandes atores da gerência mundial.
As
universidades e o revisionismo
Embora seja de interesse
acadêmico, devido ao uso ferramentas além da censura essas pesquisas muitas
vezes são limitadas nas universidades onde se originam, devido à frequentemente
envolver interesses políticos de pessoas que nem sempre estão dispostos a
testemunhar contra si próprios. Desse modo, criou-se uma doutrina em torno do
assunto que torna impraticável o bom uso dessa disciplina, e apenas alguns
poucos países como a França, consideram o revisionismo histórico um estudo
importante, por entenderem que os alicerces da História não podem apoiar-se
sobre fundamentos, às vezes sem nexo, preenchidos com fatos mitológicos e a com
a imaginação daqueles que descrevem a História.
Devido à isso, o uso do
revisionismo histórico dentro das universidades ficou restrito apenas à
reinterpretação de trechos históricos previamente censurados, ou "se
houvesse" surgimento de novos dados ou novas análises mais precisas, que
viabilizem o cruzamento de dados já conhecidos mas que não foram considerados.
Em pesquisas independendentes
porém, seu campo é mais amplo e não existem restrições e barreiras políticas.
Porém, quando os resultados dessas investigações independentes vem ao
conhecimento publico, sofrem as mais diversas críticas dos historiadores, e
algumas vezes são considerados crime de espionagem ou práticas
pseudocientíficas e portanto ilegais, mesmo que a investigação seja fruto de
contra-espionagem retirada de fatos constantes em arquivos censurados em época
anteriores. Isso é muito comum em investigações de fatos que ocorreram durante
ditaduras militares em países como o Brasil e a Argentina, que ainda nos dias
atuais mantêm fechados os acessos a esses arquivos.