Personagens
emblemáticos como Henrique VIII, Mary, a Sanguinária, e Elizabeth, a Virgem,
deram à Inglaterra um brilho inédito, marca de um período áureo repleto de
tensões religiosas, lutas pelo poder e problemas conjugais.
A
família de Henrique VIII: uma alegoria da sucessão Tudor (detalhe),
óleo sobre tela, Lucas de Heere, c. 1570-1575.
Imagem: National Museum Wales/ The Bridgeman Art Library/Glowimages.
Henrique Tudor não herdou a coroa da Inglaterra, ele a
conquistou. Derrotou Ricardo III na Batalha de Bosworth Field, o último
episódio da guerra travada durante 30 anos entre a casa real de Lancaster e a
de York. A chamada Guerra das Rosas causou estragos nas famílias nobres do
reino, de modo que Henrique Tudor acabou sendo o herdeiro da casa de
Lancaster. Pelo lado da mãe, Lady Margaret Beaufort, Henrique pertencia aos
Lancaster. Mas pelo lado do pai, o galês Edmund Tudor, ele não tinha nenhum
sangue Plantageneta. Buscando antepassados gloriosos, Henrique diria ser
descendente de Cadwaladr, filho de Cadwallon, poderoso rei galês do século
VII, e reivindicaria o legado do lendário rei Artur, ancorando assim as
raízes Tudor no mais antigo solo inglês.
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O verdadeiro fundador da casa de Tudor foi Owen, um jovem senhor galês, bonito, corajoso e inteligente, que se tornara famoso por seu romance com Catarina de Valois, viúva de Henrique V, e pelo importante papel que desempenhou na Guerra das Rosas. Owen e Catarina tiveram cinco filhos, entre os quais Edmund, pai de Henrique VII. Mas, apanhado pelo turbilhão sangrento da guerra fratricida, Edmund Tudor morreu antes do nascimento do filho. Henrique foi educado, instruído e treinado na arte da guerra por seu tio Jasper, conde de Pembroke, que fora o arquiteto da conquista da Inglaterra e do País de Gales pelos Lancaster.
O Parlamento o
recebeu como um novo Josué, enviado por Deus para libertar o povo da tirania.
Henrique Tudor, no entanto, estava consciente da fragilidade das suas
pretensões à coroa. Sua linhagem era boa, porém havia quem estivesse mais perto
do trono do que ele. Por precaução, ele mandou levar para a Torre de Londres
Eduardo, conde de Warwick, um menino simplório de 10 anos de idade, fi lho de
George de York, duque de Clarence. Prudente, escolheu como conselheiros homens
de valor selecionados entre os York e entre os Lancaster, e, para consolidar a
legitimidade da sua descendência, casou-se com Elizabeth de York, a fi lha mais
velha de Eduardo IV. Teriam sete filhos, dos quais quatro sobreviveriam: Arthur
(1486-1502), Margareth (1489-1541), Henrique (1491-1547) e Mary (1496-1533). A
descendência da dinastia estava garantida.