O
historiador francês Marc Bloch, especialista em História Medieval, foi um dos
fundadores da Escola dos Annales
Por
Me. Cláudio Fernandes
Quando há um grupo de
historiadores ou, mesmo, duas ou três gerações de historiadores que trabalham
em torno de uma instituição específica, tal como uma universidade ou uma
revista universitária especializada, escrevendo sobre temas afins e com um tipo
de abordagem que esteja em sintonia, dá-se a esse grupo o nome de “escola
histórica” ou “escola de historiografia”. No século XX, uma das mais notáveis
escolas históricas foi a chamada Escola dos Annales, cuja atividade começou em
1929.
Este nome, “Escola dos
Annales”, ficou conhecido porque tal grupo se organizou em torno do periódico
francês Annales d'histoire économique et sociale (Anais de história econômica e
social), no qual eram publicados seus principais trabalhos. Os dois principais
nomes da fundação desse periódico eram Lucien Febvre e Marc Bloch, e seus
principais objetivos consistiam no combate ao positivismo histórico e no
desenvolvimento de um tipo de História que levasse em consideração o acréscimo
de novas fontes à pesquisa histórica e realizasse um novo tipo de abordagem.
Por positivismo histórico,
que era o alvo dos “annales”, entende-se um tipo de visão do trabalho do
historiador típico de uma corrente histórica também francesa, dominante no
século XIX. Essa corrente entendia que ao historiador bastava expor as fontes
escritas, sem necessidade de interrogar os documentos, de interpretá-los nas
entrelinhas e de confrontá-los com outras fontes, como vestígios materiais
arqueológicos etc. O modo de abordagem dos “annales”, ao contrário, passou a
valorizar essas outras fontes, além dos documentos escritos. Se hoje há a
história do vestuário, do chiclete, das capas discos de música, entre outros,
isso se deve a esse esforço pela ampliação de análise que a Escola dos Annales
desencadeou.
Outros nomes importantes
seguiram-se ao de Bloch e de Febvre, como o de Fernand Braudel, que se
notabilizou, na década de 1940, por desenvolver um tipo de História que se
mesclava com a Geografia e levava em conta grandes estruturas temporais, que
ele denominou de “longa duração”. O maior exemplo disso é sua obra “O
Mediterrâneo”, publicada em 1947.
Outro exemplo é o do
especialista em história medieval Jacques Le Goff, que, junto a outros
historiadores herdeiros dos “annales”, como Pierre Nora, organizou o que ficou
conhecido como “História Nova”, um tipo de História que alargava ainda mais as
possibilidades de pesquisas abertas pela Escola dos Annales.