Por Leandro Claudir Pedroso
1- Introdução:
Foi em meados da década de 1960, que a
cidade inicia um rápido processo de industrialização. Vários fatores
contribuíram para esse rápido processo, e podemos destacar alguns deles como
determinantes para que Gravataí deixasse a economia agrária, como a construção
da Freeway e a criação do distrito indústria. Deixando Gravataí de ser uma
cidade dormitório em relação a Porto Alegre (aonde os trabalhares vão somente
para dormir) para assumir a condição de importante polo industrial no cenário
da economia gaúcha. O início do processo de industrialização de Gravataí está
intimamente ligado com o deslocamento das indústrias de Porto Alegre e com a
implantação de um Distrito Industrial nos anos 1970 no município. O
deslocamento industrial de Porto Alegre para Gravataí foi primeiramente
realizado de forma “espontânea”.
Os atrativos elaborados pelas
administrações municipais que se sucederam desde o final dos anos 1950 para a
instalação de indústrias e, um pouco depois, o anúncio da construção da rodovia
BR-290 e de um distrito industrial através das políticas de planejamento
metropolitano atestam a regulamentação desse deslocamento. Os Censos
Industriais de 1960 e 1970 demonstram que o principal ramo industrial de
Gravataí era o de produtos alimentares. A partir de 1975, as indústrias dos
ramos metal-mecânico e químico passam a ser a principal atividade. Concomitante
à implantação do distrito e às melhorias de infraestrutura, o capital
industrial internacional também passou a se instalar no município. A
característica em comum das indústrias que se instalaram em Gravataí neste
momento é o grande porte. O que pode ser observado nos dias de hoje pela
permanência de suas edificações.
Não podemos deixar esquecer que já na
década de 1930 em Gravataí no Passo do Ferreiro, achava-se uma fábrica de
móveis e uma casa destinada à torrefação e moagem de café, pertencentes ao Sr.
Joaquim Antônio de Vargas. Na mesma localidade havia também um curtume e uma
correaria e uma fabrica de louças de barro. A cultura da mandioca teve
participação ativa na economia do Município, fornecendo a farinha de mandioca e
o polvilho. As atafonas eram moinhos manuais ou movidos por tração animal para
a obtenção da farinha de mandioca. Por muitos anos, a economia do Município foi
baseada na farinha de mandioca.
●Delimitação do tema:
Foi na década de 1930, que chegou a
prefeitura do município José Loureiro da Silva, que, em seu governo,
estabeleceu inúmeras inovações de grande importância no desenvolvimento de
Gravataí. Podemos dizer que as principais realizações que influenciaram
posteriormente o município como polo industrial, foi o primeiro sistema de
energia elétrica na cidade, o alargamento e calçamento das primeiras ruas, a
construção da faixa ligando Gravataí a Porto Alegre e o projeto urbanístico
atual do centro da cidade. Durante o governo de José Loureiro da Silva esses
empreendimentos foram de extrema importância para o futuro da economia e
industrialização de Gravataí, de modo a serem marcos na história do município.
A primeira rodovia municipal, ligando à capital, faixa estreita de cimento, calçada
com paralepípedos nas laterais, ocorreu no município de Gravataí, sob a
administração do Dr. José Loureiro da Silva. A rodovia, hoje levando o nome de
Avenida Dorival Cândido Luz de Oliveira, foi inaugurada em 8 de abril de 1934.
Outro acontecimento marcante na
economia de Gravataí foi a instalação do Complexo Industrial da General Motors,
que se deu em 17 de março de 1997, marco do desenvolvimento do município, pois
a General Motors veio fazer parte do Parque Industrial. O Complexo Industrial
da General Motors firmou a face industrial da cidade e fez do município um dos
grandes polos industriais da metal-mecânica no Brasil.
Mesmo o tema sendo delimitado por esse
modelo lembramos que a cidade em 1902 já possuía uma fábrica de sabão de
propriedade de Enedino Fonseca. Também nos primórdios da economia de Gravataí,
houve grande número de engenhos, moinhos e alambiques. Os engenhos eram movidos
por tração animal. Garapa é o nome que se dá ao líquido que escorre da cana
moída. O alambique é o lugar onde se fabrica cachaça, sendo a água destilada da
garapa. O município teve alguns moinhos graneleiros mandados construir pelo
governador José Marcelino de Figueiredo. A mecanização da lavoura, as terras
gastas e o êxodo rural encarregaram-se de fazer diluir, quase que totalmente,
tais afazeres no seio da população gravataiense.
Na década de 1920 e 1930, Gravataí já
contava com um número expressivo de atafonas em torno de 232, todas movidas a
tração animal e por água. A cidade possuía 41alambiques e 17 indústrias de
rapadura.
Em fins da década de 1950, iniciou-se
uma campanha, principalmente por parte da Câmara de Vereadores, objetivando a
industrialização do Município. Doava-se o terreno a quem quisesse implantar
alguma indústria. A partir de 1960, a Câmara Municipal aprovaria uma lei,
isentando do recolhimento do imposto as novas indústrias. A partir de 1964, o
processo de industrialização do Município acentuou-se, oferecendo mais empregos
e novas fontes de riqueza. O marco inicial da expansão industrial de Gravataí
ocorreu em 1958, instalando-se na cidade a Indústria Rio-Grandense de Papel e
Papelão Ltda., hoje denominada Riopel S/A – Indústria de Papelão e Artefatos.
Após, instalou-se na cidade a Synteko Indústria e Comércio S/A. Em 1962,
instalou-se em Gravataí a Icotron S/A, pertencente ao Grupo Siemens.
2- Justificativa:
●Relevância social:
Dentre os diversos livros, artigos, monografias e trabalhos que li sobre o
processo de industrialização e também aqueles que falavam especificamente sobre
a industrialização em Gravataí, nenhum deles abordava o tema de forma
centralizada na cidade de Gravataí, em sua população e no impacto da
industrialização para a cidade. Desde modo posso citar a obra de Jorge Rosa, a
história de Gravataí; Sandro Ruduit Garcia, “O polo automotivo de Gravataí”;
Acácia Maria Ramires Maduro. “Guia preliminar de fontes para o estudo do
processo de industrialização no Rio Grande do Sul (1889-1945)”; Ana Clara
Fernandes, “Boletim Gaúcho de Geografia Nº 37”; Maria Soares Almeida e William
Mog, “A imagem do ambiente habitacional dos anos 1970: a região metropolitana
de Porto Alegre”; Eduardo Bueno, "Indústria de Ponta- Os Gaúchos e a
industrialização"; Tatiane Bartmann, "Artigo no XI encontro estadual
de história sobre a industrialização e imigração no Rio grande do Sul: um
estudo historiográfico".
A primeira linha telefônica da cidade
de Gravataí foi inaugurada na administração ainda dos intendentes pelo coronel
Antônio Afonso de Jesus, em 1903 ligando Gravataí a Porto Alegre. O telefone
era de gancho e movido a manivela.
Nos anos de 1910 até 1919, a luz, na
cidade de Gravataí era gerada pelos lampiões, alimentados por querosene, nos
cantos da praça. Posteriormente, a luz vinha de um dínamo, ligado a um motor de
uma fábrica de moer café, de propriedade do Sr. Lulu Fialho, proximidades, do
atual edifício do Fórum. Era uma Locomove, movida a vapor, e o dínamo era
ligado para a Prefeitura das 18 às 24 horas. Mais tarde esse dínamo queimou-se.
O Dr. Loureiro conseguiu trazer a luz
da Toca de São Leopoldo, o prefeito Loureiro inaugurou a luz na cidade em 27 de
agosto de 1932. Oportunizando assim grandes chances de progresso para o
Município. Com a eletricidade chegando ao município na década de 1930 e o
acesso a capital facilitado pela faixa ligando Gravataí a Porto Alegre, estavam
abertas as portas para a industrialização do município que até então era
praticamente um município agrário.
A Lei n.º 01, de 14/06/1960, isenta do
recolhimento de impostos sobre mercadorias as indústrias sem similares no
Município durante vinte e cinco anos, foi posteriormente revogada pela Lei n.º
228, de 10/10/1985, concedendo-lhes tal isenção, no máximo, cinco anos. Até
julhos de 1986, havia em Gravataí, 348 indústrias, ressaltando: Semag
Equipamentos Agrícolas Ind. Ltda. (25/08/1985); Moore Formulários Ltda.
(15/10/1985); Carlos Becker Metalúrgica Ind. Ltda. (31/01/1986); Tupy Ind. E
Com. De Produtos Químicos Ltda. (02/05/1986); SENAI- Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (1986).
Na
década de 1970, as políticas do Governo do Estado do Rio Grande do Sul,
articuladas com diretrizes nacionais de desenvolvimento, elegeram
Gravataí para a instalação de um Distrito Industrial. Estas políticas foram
elaboradas com base em “um programa de desenvolvimento industrial cujas metas
prioritárias são aproveitar os recursos existentes, atrair novos investimentos
e proporcionar melhores condições socioeconômicas ao Estado”. Em 1973 a
Companhia de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Rio Grande do Sul –
CEDIC desapropriou em torno de 387 hectares para a construção do distrito. Ele
foi planejado para abrigar indústrias de porte médio e grande, somente do ramo
mecânico-metalúrgico. Para a ocupação imediata foram selecionadas onze empresas
procedentes de Porto Alegre: Aços Laminados Panatlântica S. A.; Albarus S. A.; Artemp
Ar Condicionado Ltda.; Gildemeister Máquinas Operatrizes S. A.; Luiz A. Rauter
& Cia. Ltda.; Metalúrgica.
Jackwal Ltda.; Schubert-Salzer Máquinas Têxteis Ltda.; Semag –
Equipamentos Agrícolas e Industriais Ltda.; Wallig Sul S. A.; Wotan Máquinas
Operatrizes S. A.; Zivi S. A.
Os loteamentos passam a fazer parte do
cenário urbano de Gravataí pelo menos duas décadas antes de seu processo de
industrialização. A presença de grande quantidade de trabalhadores oportunizou
a implantação de conjuntos habitacionais planejados através de políticas
estaduais, de forma direta ou indireta, através do financiamento a empresas
loteadoras. Estes projetos executados a partir da década de 1970, não foram
suficientes para atender a demanda de moradias, principalmente da população de
baixa renda. Concomitante à implantação do distrito e às melhorias de
infraestrutura, o capital industrial internacional também passou a se instalar
no município.
Ao longo da década de 1970 e 1980, o
municípios de Gravataí apresentava uma variação populacional decorrente
da concentração do emprego industrial gerando grande expansão urbana. A
política de implantação dos distritos industriais que empregaram um grande
contingente populacional alavancou o desenvolvimento urbano dessas cidades. Enquanto,
no começo da década de 1970, o número de empregos industriais nos dois
municípios não somava mais de 4.000 empregos industriais, em fins da década de
1980 esse número já ultrapassava a 20.000 empregos no setor. Na década de 1970
em Gravataí, a população urbana passou a ser maior que a rural destacando o
crescimento da cidade. De acordo com as informações dos setores da economia e
do grau de urbanização, uma clara relação se estabelece entre o crescimento da
indústria em função da criação dos distritos industriais e o crescimento
populacional na área urbana nos dois municípios. Ao compararmos o número de
pessoal ocupado no setor industrial no final da década de 1970 com os outros
setores, é evidente a importância desse setor para a economia da região.
●Relevância acadêmica:
Não
existem trabalhos que abordem a importância desse período histórico para a
cidade de Gravataí referente as décadas de1930 à 1990 e as importantes mudanças
ocorridas no município que propiciaram tornar-se o polo industrial que hoje é
um dos maiores do Brasil. O impacto da industrialização para a população do
município foi muito grande, pois passou de um município que dependência da
produção agrária basicamente de mandioca para as industrias de grande porte. E é
no decorrer destes 60 entre a década de 1930 e 1990 que encontraremos as
explicações e razões que levaram Gravataí a esta mudança de situação econômica
diante dos outros municípios do Rio grande do Sul.
●Critério de viabilidade:
Ainda
que sejam esparsas e poucos trabalhos que aborde o tema de forma como um todo é
possível encontrar muito material que aborda parte dos acontecimentos no
período da industrialização de Gravataí que estudaremos em nossa pesquisa e por
essa razão torna-se ainda mais essencial um trabalho que aborde toda a história
e contexto desse processo de industrialização do município.
●Critério de originalidade:
Não
existe nenhum trabalho que aborde de forma especifica o período histórico
compreendido como o período da industrialização do município e mostre através
de acontecimentos históricos do período de industrialização que foram
resultantes da mesma e que resultaram na mesma.
3- Objetivos:
a) Identificar os
principais eventos que levaram o município a culminar com a industrialização
que continua até a época atual.
b) Analisar esses
eventos que permitiram que Gravataí alcançasse o potencial industrial que
atingiu.
c) Comparar os períodos
da industrialização desde a chegada da primeira rede elétrica ao município
passando pelo processo de urbanização e industrialização.
d) Localizar no tempo e
espaço os eventos resultantes e originários do processo.
e) Relatar os
acontecimentos da época e como eram visto pelo governo e população.
f) Desenvolver o
trabalho de forma clara e precisa em seus dados e fontes.
g) Industrialização,
primeiras indústrias, distrito industrial, economia, população, urbanização,
condomínios populares e crescimento social-econômico por década.
4- Quadro teórico:
O processo de industrialização de
Gravataí possuí um conjunto de possibilidades que nos leva a situa-lo dentro da
História Contemporânea, pois se comparado com o restante do Brasil e muito mais
o mundo como um todo foi um processo recente e que se encontra em pleno
desenvolvimento. Como lemos no livro “Economia brasileira contemporânea” de
Walter Franco Lopes da Silva: “Nos anos 1930, o mercado internacional não tinha
interesse, nem capacidade, de absorver grande parte das tradicionais
exportações do agronegócio brasileiro. Composta basicamente pelo café, nossa
principal pauta de exportação era uma commodity de luxo e facilmente
substituível nas economias sem recessão, como era o caso da norte-americana. E
foi nesse cenário pouco propício ao comércio internacional do Brasil que
Getúlio Vargas iniciou o processo de substituição das importações, passando a
enxergar o crescimento do mercado local como o principal foco da política
econômica governamental. Foi a partir dessa época que o Brasil se viu forçado a
abandonar sua tradicional vocação como grande exportador da monocultura
cafeeira e iniciar uma transformação rumo à diversificação de sua matriz
exportadora e ao desenvolvimento de um novo modelo industrial. Esse novo modelo
acarretou profundas mudanças na sociedade brasileira, transformando-a de
maneira definitiva nas cinco décadas subsequentes”. (SILVA, pg. 25).
Ainda para corroborar com as abordagens
e a necessidade de um trabalho de amplo espectro da história da
industrialização de Gravataí e como esse processo se desenvolveu a nível
municipal, metropolitano, estadual e nacional temos o trabalho da Universidade
Federal de Juiz de Fora elaborado pelos professores Amaury Patrick Gremaud,
Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos e Rudinei Toledo Jr. Com o título
“Economia Brasileira Contemporânea”. No qual encontramos as razões que levaram
ao nosso processo industrial: “A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura ou
transformação estrutural na Economia Brasileira. Desde esta data o modelo
agroexportador é paulatinamente afastado e ocorre a industrialização A forma
assumida pela industrialização brasileira, pelo menos entre 1930 e 1960, foi a
chamada industrialização substituidora de importações.” (GREMAUD et al., 2002).
É exatamente neste período que o
presente projeto pretende entrar nas implicações dos diversos meios de
industrialização na cidade. Como as Atafonas movidas a roda de água, as
fábricas de tamancos, os alambiques, ferrarias, fábricas de rapaduras e louças
de barro e os tambos dentre outras atividades que entraram no processo
contemporâneo da industrialização. A década de 30 foi marcada pelas
políticas populistas e pela condução do governo por parte de Getúlio Vargas,
sobre um equilíbrio instável entre os grupos que o apoiavam. Os compromissos básicos
sobre os quais se assentava os governos da fase populista eram: Não alterar a
situação política e fundiária do campo, trazer para a base de sustentação do
governo as massas urbanas sem radicalização.
Como podemos ver ao longo do projeto a
industrialização se faz por etapas e apesar de ao final se buscar uma indústria
completa, a industrialização se faz por partes (rodadas) a pauta de importações
ditava a sequência dos setores e objeto dos investimentos industriais.
Como podemos ver isso ocorria devido aos fatores citados no trabalho
“Economia brasileira contemporânea”, como segue: “Escassez de fontes de
financiamento: quase inexistência do sistema financeiro, em decorrência
principalmente da “Lei da Usura”. Ausência de uma reforma tributária ampla
apesar das mudanças ocorridas na economia brasileira.” (GREMAUD, et al. 2002).
A influência da urbanização nesse
processo foi extremamente importante para a cidade e podemos ver estes
acontecimentos ao longo do projeto, pois a urbanização é necessária para a
melhor movimentação dos produtos e para as moradias dos trabalhadores. Dentro
desse processo podemos citar o livro de Maria Encarnação B. Sposito em seu
livro “Capitalismo e Urbanização”, aonde fica claro que “Ainda que a indústria
seja a forma através da qual a sociedade apropria-se da natureza e
transforma-a, a industrialização é um processo mais amplo, que marca a chamada
Idade Contemporânea, e que se caracteriza pelo predomínio da atividade
industrial sobre as outras atividades econômicas. Dado o caráter urbano da
produção industrial (produção essa totalmente diferenciada das atividades
produtivas que se desenvolvem de forma extensiva no campo, como a agricultura e
a pecuária) as cidades se tornaram sua base territorial, já que nelas se
concentram capital e força de trabalho. Esta concentração é decorrência direta
da forma como se estruturou a partir do mercantilismo, o próprio modo de
produção capitalista. Decorrentes desse processo, as cidades deram ao mesmo
tempo suporte a ele. Nesta perspectiva, entender a urbanização a partir do
desenvolvimento industrial, é procurar entender o próprio desenvolvimento do
capitalismo.” (SPOSITO, pg. 48).
Quando muitos aperfeiçoamentos técnicos
já haviam ocorrido, e a produção industrial ainda era predominantemente
artesanal do ponto de vista técnico, o domínio do artesão sobre o processo
produtivo diminuía. Desta forma, o trabalho assalariado entrou em processo de
"gestação". Embora os artesãos ainda fossem donos de seus meios de
produção, e muitas vezes ainda possuíssem um pedaço de terra, o capitalista
(ainda de fato, um comerciante) começou a subordinar a produção ao capital.
Este processo de decomposição da produção em fases, cabendo a cada artesão a
responsabilidade por uma destas etapas, significava a sua perda de controle
sobre o preço do produto, direito este que passou ao comerciante, responsável
pela venda da mercadoria.
Paulatinamente a produção industrial
passa a ser realizada na fábrica, onde através dos investimentos realizados
pelos capitalistas, concentram-se instrumentos de produção mais modernos, que
permitem uma produção mais rápida e de custo menor. A concorrência torna-se
inexorável para a produção artesanal, e a emergência e predominância do
trabalho assalariado, um fato consumado como vemos: “O aumento das taxas de
crescimento populacional também permitiu a ampliação do contingente de
expropriados, que portadores apenas de sua força de trabalho, constituíam-se
mão-de-obra abundante para a produção fabril, e reforçavam a instituição do trabalho
assalariado como forma predominante O início da industrialização entendida aqui
como traço da sociedade contemporânea, como principal atividade econômica e
principal forma através da qual a sociedade se apropriava da natureza e a
transformava marcou de forma profunda e revolucionou o próprio processo de
urbanização. "A expressão da urbanização via industrialização não deve ser
tomada apenas pelo elevado número de pessoas que passaram a viver em cidades,
mas sobretudo porque o desenvolvimento do capitalismo industrial provocou
fortes transformações nos moldes da urbanização, no que se refere ao papel
desempenhado pelas cidades, e na estrutura interna destas cidades. Castells
sugere que ao invés de se falar de urbanização, que se fale de produção social das
formas espaciais, na perspectiva de apreender "as relações entre o espaço
construído e as transformações estruturais de uma sociedade". Assim, não
devemos apenas enxergar na urbanização que se dá via industrialização, uma
acentuação da proporção de pessoas vivendo em cidades. Devemos analisá-la no
contexto da passagem da predominância da produção artesanal para a
predominância da produção industrial (entendida aqui, no seu sentido mais
restrito, pós-Revolução Industrial), ou seja, da passagem do capitalismo
comercial e bancário para o capitalismo industrial ou concorrencial”. (SPOSITO,
pg.58).
5- Hipóteses:
A industrialização do município de
Gravataí foi um processo que teve seu inicio, mas que se perpetua até a época
atual e é dentro de desse período de espaço e tempo que analisaremos os
prefeitos, suas influencias na industrialização bem como a sociedade e economia
do município e as mudanças que se deram no decorrer do tempo em que Gravataí
percorreu esse trajeto até tornar-se um dos maiores polos industriais do
Brasil. Pois estaremos pesquisando um processo que ainda está em
desenvolvimento.
6- Procedimentos metodológicos:
Os
instrumentos de pesquisa utilizados para este trabalho projeto foram livros,
registros históricos e trabalhos de pesquisa na rede mundial de computadores.
Visita ao museu Agostinho Martha em Gravataí que é única e como tal principal
fonte sobrevivente de dados sobre essas informações primárias da
industrialização na cidade e análise dos registros de contribuintes, indústrias
e anos dos mesmos. Além é claro das fotos presentes nos anexos dos registros
analisados.
7- Bibliografia:
a) Fontes primárias:
Prefeitura Municipal de Gravatahy: indústria e profissões. (1931)
pg.1-100.
Registro de Indústrias e profissões de Gravatahy (1937-1938) pg.1-30.
Lançamento do Imposto de Licenças sobre comércio, indústria e profissões
(1939) pg. 1-77.
Imposto de Indústrias e profissões de Gravatahy (1935) pg.1-30.
Imposto de Indústrias e profissões de Gravatahy (1939) pg.1-77.
Imposto de Indústrias e profissões de Gravatahy (1940-1944) pg.1-31.
Imposto de Indústria e profissões (1951-1953) pg. 1-97.
b) Fontes secundárias:
FERNANDES, Ana Clara. Boletim Gaúcho de Geografia (BGG) N.º 37 – Porto
Alegre – Maio 2011. Tempos, formas e conteúdos do espaço urbano-industrial em
Gravataí (RS).
ALMEIDA, Maria Soares; Mog William. A imagem do ambiente habitacional
dos anos 1970: a região metropolitana de Porto Alegre, 2012.
ROSA, Jorge. História de Gravataí. Gravataí: EDIGAL, 1987. pg. 42, 43,
53, 63-65,81-88, 116, 117, 136.
SILVA, Walter Franco Lopes da. Economia Brasileira Contemporânea.1. ed —
Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2008. pg. 25.
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; TOLEDO
JR, Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea: material de apoio didático.
4ºEd.Juiz de Fora: Editora Atlas, 2002. pg. 3.
SPOSITO, Maria Encarnação B. Capitalismo e Urbanização. São Paulo:
Editora Contexto, 1988. pg. 48, 58.
8- Cronograma:
●Anexos:
Registro de indústrias e profissões no
período de 1931
Na tabela que se segue estão presentes
as principais atividades industriais de Gravataí no período em questão, seus
proprietários e o ano de contribuição tratado nos documentos consultados.
CONTRIBUINTES
|
INDÚSTRIAS/PROFISSÕES
|
ANO
|
Serafim
de Oliveira Fogaça
|
Alambique
|
1931
|
Albino
João Fost
|
Atafona
|
1931
|
Bento
Antônio da Silva
|
Ferraria
|
1931
|
Registro de indústrias e profissões de
Gravataí no período de 1935
Na tabela que se segue estão presentes
as principais atividades industriais de Gravataí no período em questão, seus
proprietários e o ano de contribuição tratado nos documentos consultados.
CONTRIBUINTES
|
INDÚSTRIAS/PROFISSÕES
|
ANO
|
Demétrio
Antônio Gomes
|
Atafona
|
1935
|
Felipe
Lopes
|
Ferraria
|
1935
|
João
Luiz da Silva
|
Alambique
|
1935
|
Registro de indústrias e profissões de
Gravataí no período de 1937-1938
Na tabela que se segue estão presentes
as principais atividades industriais de Gravataí no período em questão, seus
proprietários e o ano de contribuição tratado nos documentos consultados.
CONTRIBUINTES
|
INDÚSTRIAS/PROFISSÕES
|
ANO
|
Octávio
José de Souza
|
Aguardente.
Fab. “p (sic.)
|
1937
|
Antônio
Limeira Ramos
|
Torrefação
de Café
|
1937
|
Alfredo
Escauer
|
Engenho
a água
|
1937
|
Pedro
Maurício Filho
|
Olaria
|
1938
|
Registro de indústrias e profissões no
período de 1939
Na tabela que se segue estão presentes
as principais atividades industriais de Gravataí no período em questão, seus
proprietários e o ano de contribuição tratado nos documentos consultados.
CONTRIBUINTES
|
INDÚSTRIAS/PROFISSÕES
|
ANO
|
Alfredo
Exuer
|
Moinho
|
1939
|
Albino
João Fost
|
Atafona
|
1939
|
Bento
Antônio da Silva
|
Tambo
|
1939
|
Registro de indústrias e profissões no
período de 1940-1944
Na tabela que se segue estão presentes
as principais atividades industriais de Gravataí no período em questão, seus
proprietários e o ano de contribuição tratado nos documentos consultados.
CONTRIBUINTES
|
INDÚSTRIAS/PROFISSÕES
|
ANO
|
Boa
Ventura Vieira da Roja
|
Atafona
|
1940
|
Arlindo
Oliveira
|
Olaria
|
1940
|
Lino
Miguel Schuck
|
Ferraria
|
1940
|
Ataíde
Pacheco Garcez
|
Aguardente-fab”p
(sic.)
|
1940
|
Augusto
Stump
|
Fábrica
de Tamancos
|
1940
|
Angelo
Rocha e Filhos
|
Gasolina-bomba
|
1940
|
Camilo
Dutra de Mattos
|
Carpintaria
|
1940
|
Otacílio
Candido Bernardo
|
Fábrica
de Rapaduras
|
1942
|
Albano
Möller
|
Engenho
|
1942
|
Guilherme
Ludivig
|
Fab. De
Louças de Barro
|
1942
|
Floriano
Alsiro dos Santos
|
Funilaria
|
1944
|
Florentino
Antonio da Silva
|
Emp.
Pedreira
|
1944
|
Registro de indústrias e profissões no
período de 1951-1953
Na tabela que se segue estão presentes
as principais atividades industriais de Gravataí no período em questão, seus
proprietários e o ano de contribuição tratado nos documentos consultados.
CONTRIBUINTES
|
INDÚSTRIAS/PROFISSÕES
|
ANO
|
Arthur
Trein
|
Tambo
|
1951
|
Airlindo
Montin
|
Fab. De
Vassouras
|
1951
|
João
Braun
|
Engenho
|
1950
|