Edgar Allan Poe, em 1833.
Edgar
Allan Poe nascido em Boston, Massachusetts, Estados Unidos, em 19 de Janeiro de
1809 e falecido em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, 7 de Outubro de 1849)
foi um autor, poeta, editor e crítico literário americano, integrante do
movimento romântico americano. Conhecido por suas histórias que envolvem o
mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos
e é geralmente considerado o inventor do gênero ficção policial, também
recebendo crédito por sua contribuição ao emergente gênero de ficção
científica. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido por tentar ganhar a
vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira
financeiramente difícil. Acompanhe nas próximas linhas a vida deste homem e sua
paixão pelas letras, contos e histórias.
Filho de atores ambulantes
tísicos e dados à bebida, Edgar Poe vem ao
mundo, começa a falar e logo a viajar nas carroças desconjuntadas das
companhias teatrais que trilham pistas ainda incipientes e descem lentamente os
rios a bordo de vetustos barcos fluviais. Bem cedo trava conhecimento com os
escolhos da vida, no meio de bagagens em profusão e de cenários pintados à
pressa e ao acaso de noites dormidas à luz das estrelas. Realidade e fantasia,
vida e movimento, estão, estão constantemente para ele nas fronteiras do sonho.
Assim se instilou nas suas veias esse instinto de “Grande Vagabundo” que toda a
vida o impulsionará.
O pai, David Poe Junior, provém de uma
família que distinguiu durante a Guerra da Independência Americana. Destinado
pelos seus à magistratura, tudo abandonou para seguir no tablado uma jovem
atriz europeia, Elizabeth
Arnold. David, ator menos que medíocre, é, além disso, um alcoólatra.
O casal vive miseravelmente. Nascem-lhe sucessivamente três filhos: William Henry,
em 1807, Edgar, a 19 de janeiro de 1809, e Rosalie, a
20 de dezembro de 1810. David desaparecerá alguns escassos meses após o
nascimento de Edgar, deixando à mulher, tísica e esgotada pelos partos
seguidos, o esmagador encargo da família.
Elizabeth encontrava-se em
Boston, cidade nada hospitaleira. Então parte à aventura para o Sul, arrastando
atrás dela os dois filhos mais novos. A última etapa do seu doloroso calvário é
Richmond, na Virgínia. A 7 de Dezembro de 1911, a imprensa anuncia uma récita
de beneficência em favor de Elizabeth. Elizabeth Arnold Poe morre
a 8 de Dezembro, com a idade de 24 anos. Os seus filhos são desde então
confiados aos cuidados da companhia. Para Edgar foi o primeiro passo para uma
terrível familiaridade com a morte.
Escassos dias após a morte
da mãe, outro acontecimento trágico vem atingir os infelizes órfãos. Na noite
de Santo Estevão o teatro de Richmond é pasto de um incêndio no qual sessenta
espectadores encontraram a morte. Os atores veem-se forçados a ir procurar o
pão noutras paragens. Confiam, por isso,
os dois meninos Poe à caridade da burguesia citadina. Rosalie é
adotada por um comerciante rico, William Mackenzie. Frances Keeling Valentine, esposa do abastado negociante John Allan, encarrega-se do rapazinho. Não tem filhos
e leva o pequeno Edgar para o seu lar, um enorme edifício branco. Apesar da
oposição larvada do senhor Allan, Edgar
é batizado na igreja presbiteriana, e acrescentam-lhe ao nome o do seu pai
adotivo. Na verdade a adoção nunca será oficialmente homologada.
A esquerda a mãe biológica de Edgar, Elizabeth Arnold e a direita a mãe adotiva Frances Allan.
Aos 6 anos o filho dos
saltimbancos sabe ler, desenhar e cantar. Frances Allan e sua irmã, Anne Moore Valentine, cercam-no de
um afeto sufocante, exclusivista satisfazendo-lhe todos os seus caprichos.
Em 1815, no dia imediato ao
da derrota de Napoleão, John Allan resolve ir instalar-se na Inglaterra
para dar um novo impulso aos seus negócios, seriamente comprometidos pela
Segunda Guerra da Independência Americana e pelos efeitos do bloqueio naval das
costas americanas pelos ingleses. Os Allan desembarcam em Liverpool após uma
travessia de trinta e seis dias. Edgar vai primeiro a Irvine, na Escócia, a casa de uma tia do seu pai adotivo, a
piedosa e severa Mary Allan, depois a
Londres, onde frequentava a escola das meninas Dubourg. Em seguida é
transferido para o Colégio do Reverendo Bransby, em Stoke Newington, uma aldeia
.
John Allan, pai adotivo de Edgar.
Em 1820 John Allan decide
regressar à América. Os negócios não lhe correm como ele esperava. Edgar entretanto
aprendeu algumas noções de francês, de latim, de história e literatura. É pouco.
Mas, em compensação, a sua imaginação febril foi impressionada pelos velhos
castelos misteriosos, pelas casas decrépitas, pelas caves úmidas e escuras.
É às suas experiências de
criança emotiva e medrosa que é necessário remontar para compreender
verdadeiramente certos passos da sua obra: o
gosto do macabro e misterioso, a
atmosfera medievalista de seus contos.
De volta a Richmond, Edgar
frequenta a Escola Clássica Inglesa,
do latinista Clark, e apaixona-se pela mãe de um de seus camaradas, Jane Stanard,
que morrerá alguns meses mais tarde tuberculosa e louca. É o começo de uma
interminável série de dedicações, de exaltações amorosas platônicas, que se
seguirão e encadearão desordenadamente através de toda a existência do poeta.
Pouco depois, com efeito, Edgar apaixona-se por uma jovem vizinha, Sarah Elmira
Royster. Papá Royster apressa-se
a casar a filha com um rico e velho comerciante, um tal Shelton. Em fevereiro de 1826, John Allan inscreve o
filho na Faculdade de Línguas Mortas e Vivas da Universidade da Virgínia. Ali
precisamente como nos colégios ingleses da época, os jogos de azar, o álcool, o
ópio, o láudano, as mulheres e os duelos são as principais distrações dos
estudantes.
Na sua sede insaciável de
brilhar e impressionar, Edgar depressa
esgota os dólares com que John Allan o
presenteou, mas nem por tal razão abandona os seus vícios. Começa a contrair
dívidas de jogo, e não paga nem aos seus alfaiates nem seus outros
fornecedores. Pelo Natal do mesmo ano, Edgar trava uma discussão tempestuosa
com o pai. John Allan recusa-se a pagar-lhe as dívidas, retira-o da
Universidade e tenta fazê-lo imiscuir nos negócios. Em vão. As perpétuas discussões entre pai e filho só terminam em 24 de
março de 1827, quando Edgar abandona com desdém a casa dos Allan para se
refugiar num sórdido hotel, a ‘Taberna de Richardson’. Para ele é o adeus
definitivo à riqueza e ao sólido ambiente burguês. Doravante será forçado a
lutar para sobreviver. Dirige ao pai adotivo uma carta cheia de indignidade,
mas Allan nem sequer lhe responde. Frances Allan intercede
inutilmente em seu favor, mas apenas
logra fazer-lhe chegar à taberna as suas bagagens e algum dinheiro.