C
|
onsiderado o fundador da medicina egípcia, seu
nome em grego significa “aquele que vem em paz”. Personagem emblemática, viveu
entre 2800 a.jC. e 2700 a.C. e foi um homem
de múltiplas facetas. Vizir e arquiteto do rei Djeser (III dinastia),
era também filósofo. No pedesral de uma estátua do rei Dejeser, ele é
apresentado como “o chanceler do rei do Baixo Egito, o primeiro após o rei do
Alto Egito, administrador do palácio, nobre herdeiro, grande sacerdote de
Heliópolis, Imhotep, o construtor, o escultor.
Djeser faraó da III dinastia,
obteve um oficial extraordinário, o primeiro indivíduo revelado por registros
humanos: Imhotep. Esse homem parece ter vindo originalmente do templo de Rá, o
deus-Sol, em Heliópolis. Djeser o transformou no segundo homem do reino,
concedeu-lhe a prestigiosa situação de participar da família régia e o
divinizou virtualmente, permitindo que suas distinções fossem inscritas em sua
própria estátua no complexo funeral régio de Sakkara, que Imhotep construíra
para ele: “O Ministro do Rei do Baixo Egito, o primeiro depois do Rei do Alto
Egito, administrador do grande palácio, chefe hereditário, o Sumo Sacerdote de
Heliópolis, Imhotep, o construtor, o escultor, o realizador de vasos de pedra”.
Pode ele ter sido todas essas coisas? A imagem de
Imhotep transmitida a gerações posteriores foi a de um gênio universal, mas
principalmente, a de um médico fundador do sistema egípcio de medicina
considerado por muitos o mais importante do mundo antigo.
Divinizaram-no como o próprio
deus da cura no tempo de ptolomeu, os gregos o igualaram a Asclépio. O que
podemos assegurar é que ele foi um arquiteto de originalidade e visão
incomparáveis. Seu próprio tempo o chamou, curiosamente, de “o realizador de
vasos de pedra”. O vaso de pedra se tornou a primeira grande conquista da
cultura egípcia. Nos dias de Imhotep, eles eram feitos em quantidades
surpreendentes; mais de 40 mil deles foram encontrados no complexo de Djeser,
ainda que muitos possam ter sido trazidos por ele de tumbas dinásticas
anteriores, tentando anular a ação dos saqueadores. Vale lembrar que, para
confeccionar e polir todos esses objetos, milhares de horas e homens eram
necessários. Imhotep foi o primeiro a fazer uso integral das técnicas dos
pedreiros em monumentos arquitetônicos. Tradicionalmente, os egípcios
construíam com adobes oblongos compostos da lama do Nilo, areia e pedaços de
palha.
Imhotep concebeu, a primeira
construção inteiramente pétrea da história, mas não parou por aí: ele ousou
rematar a obra com uma Pirâmide em Degraus – e circundá-la com um enorme
complexo de pedra constituído por um grupo de templos, altares e dependências
afins. Toda a disposição desse projeto foi baseada no grande palácio real de
Mênfis com seus muros e ameias.
Predemos a respiração ao
pensar na audácia de Imlhotep e no rigor com que levou seu projeto adiante.
Grande parte do que ele erigiu tem sido reconstruída, tal qual originalmente,
com blocos de silar, fazendo-nos compreender suas reais dimensões e tamanho.
Imhotep instaurou a glória arquitetônica mais marcante não só do Antigo Império
mas dea civilização egípcia como um todo. Igualmente surpreendente é a coragem
e aoriginalidade de cada detalhe. A partir de uma criativa petrificação das
plantas de papiros, tradicionalmente utilizadas na construções com lama e colmo
, Imhotep inventou o pilar de pedra e a arquitrave. Ele também se utilizou de
caneluras abstratas em suas colunas. Em meados de 1920, quando o complexo foi
amplamente escavado pela primeira vez, os arqueólogos ficaram atônitos ao ver o
que aparentemente eram colunas dóricas emergindo das areias e detritos. Como
elas podiam ter sido construídas 2 mil anos antes dos gregos? Mas as pedras não
mentiam: Imhotep, o Leonrado de Mênfis, ofuscara os tempos clássicos.
O gigantesco complexo é um
exercício de compreeensão teológica superior, cujo propósito era ser
constrruído para a eternidade. Imhotep foi o primeiro a pensar na associação
entre a pedra e imortalidade. Ele não tornou a tumba de Sjeser apenas dum
espaçoso empório de vasos de pedra, mas reproduziu em pedras cada elemento
material do cotidiano egípcio do segundo quarto do terceiro milênio. Portas de
madeira, dobradiças de cobre, esteiras e ferrolhos de metal foram todos
imitados, fidedigna e exatamente, em pedra. De fato, ele petrificou um ativo
palácio egípcio de mais ou menos 2650 a.C. em uma tumba que durasse para
sempre, assegurando, assim, a imortalidade do rei e de seus dependentes (ele
próprio incluíndo). Ele também abasteceu o palácio tumbal com bens
petrificados: de cestos de palha a tecelagens, de potes de metal a
rebites...tudo reproduzido em pedra.
Imhotep coroou sua obra-prima
com a compacta abstração da Pirâmide em Degraus, ela própria uma petrificação
osimbólica da realeza perene. Ninguém jamais havia visto uma construção como
essa no mundo. Tanto da capital, MNênfis, quanto do deserto e do vale, mesmo a
muitos quilômetros de distância, ela se fazia plenamente visível, mas era muito
mais do que um ponto de referência espetacular. Pela primeira vez, espaços
imensos não foram organizados com fins utilitários, mas pela procura consciente
de um objetivo artístico inspirado por concepções religisosas. A realização
desse projeto apoteótico de pedra demonstrou, como nunca até então, a
capacidade e a habilidade da humanidade organizada. Construções de pedra ainda
eram uma novidade; memso em direçaõ ao fim da Segunda Dinastia, quando os anos
de reinado eram caractereizdos antes por eventos do que por números, um deles
foi descrito como “O ano em que o prédio ‘A deusa Robustece’ foi construído em
pedra”. O complexo pétreo e triunfal de Imhotep parece ter inspirado, nos
egípcios e no faraó, uma paixão pela construção em pedra, que se transformou
talvez na mais estranha obsessõa his´toriaca. Ainda é difícil compreend~e-la
inteiramente, mas para que isso possa acontecer temos de alcançar o sentido da
própria função faraônica e de sua importância para o povo egípcio.
JOHNSON, Paul. Coleção História Ilustrada: Egito
Antigo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
Imhotep foi extremamente importante para o Império Egípcio. Meus parabéns pelo artigo!
ResponderExcluirOlá Leandro! Fiquei muito feliz com a tua visita, teu comentário e, principalmente por teres te tornado seguidor do nosso humilde espaço. Isso somente aumenta a nossa responsabilidade de melhorar tudo aquilo que criamos e escrevemos. Gostaria que voltasses mais vezes, pois será sempre um prazer renovado. Eu, particularmente, aqui voltarei mais vezes, pois além de teres um espaço belo e importante, tornei-me teu seguidor, até quando permitires, é claro. Quanto a tua proposta, podes ficar a vontade com relação aos links, não só do Arte & Emoções, como também do Literatura & Companhia Ilimitada.
ResponderExcluirAbraços e uma ótima semana para ti e para os teus.
Furtado
Muito bom! Ajuda a conhecer o Grande Egito. Personagem interesantíssimo.
ResponderExcluir