Dinastia Aquemênida.
A dinastia Aquemênida (em
persa antigo: Hakhāmanishiya) governou o primeiro Império Persa (559 - 330 a.C.) que por causa disso é
chamado também de Império Aquemênida (em persa Emperâturi-ye Hakhâmaneshi). Sua
linhagem remonta ao rei Aquêmenes (Haxāmanish) que governou a Pérsia entre 705 e 675 a.C. Os Aquemênidas alcançaram o
domínio do Oriente Médio sob o governo de Ciro II da Pérsia, bisneto de
Aquêmenes, quando este subjugou a Média e todas as outras tribos arianas da
área do atual Irã conquistando em seguida a Lídia, a Síria, a Babilônia, a
Palestina, a Armênia e o Turquestão, fundando o Império Persa. Abaixo, genealogia dos Aquemênidas preparada
por Ignacio Seligra Abella.
As conquistas foram levadas
adiante por seu filho Cambises II, que conquistou o Egito, e Dario I, que
expandiu o poderio persa até a Europa, conquistando a Trácia e consolidando seu
poder na Anatólia formando o maior império que o mundo de então tinha visto. No
auge de seu poder, os Aquemênidas governavam um império que abrangia cerca de 8
milhões de quilômetros quadrados ao longo de três continentes: Ásia, África e
Europa. Em 480 a.C., estima-se que 50 milhões de pessoas viviam no Império
Aquemênida ou cerca de 44% da população mundial na época. Abaixo, mapa do
Império Persa sob os Aquemênidas em sua máxima expansão.
Máximo avanço do Império Persa.
Os governantes aquemênidas
caracterizaram sua administração pela tolerância com as diferentes culturas e
religiões dos povos conquistados, gerando uma lealdade sem precedentes entre
seus súditos. Deve se levar em conta o tratamento terrível que os assírios e
babilônios (antecessores dos persas) davam aos povos conquistados, incluindo
deportações em massa. Também construíram estradas ligando as principais cidades
e um sistema de correios eficiente. As estradas também se destinavam ao
comércio do Egito e da Europa com a Índia e a China, do qual a Pérsia muito se
beneficiou.
Rede de estradas reais do
Império Aquemênida
Após a tentativa frustrada
de Dario de conquistar a Grécia, o Império Aquemênida começou a declinar. Décadas
de golpes, revoltas e assassinatos enfraqueceram o poder da dinastia, embora o
império continuasse relativamente poderoso.
Em 333 a.C., os persas não suportaram as incursões e ataques do rei
macedônio Alexandre, o Grande. Sendo assim, em 330 a.C., o último rei
aquemênida, Dario III, foi assassinado por um de seus sátrapas, Besso, e o
primeiro Império Persa caiu em mãos dos gregos e macedônios. Abaixo mosaico que
retrata a Batalha de Isso (333 a.C.) uma das que fizeram parte da queda do
Império Aquemênida.
Legado
Na história do antigo
Oriente Próximo, o Império Aquemênida tem um lugar especial. Ele deixou uma
impressão duradoura sobre a herança e a identidade cultural da Ásia e do
Oriente Médio, e influenciou o desenvolvimento e a estrutura de vários impérios
posteriores. Sob o reinado dos Aquemênidas estiveram reunidos diversos países e
povos entre o Indo e o Mar Egeu. Reinos anteriores desapareceram
terminantemente, substituídos pela organização administrativa do Império
Aquemênida que por sua vez preservara as tradições dos povos conquistados e as
refundiu em um novo conjunto através da introdução de uma nova ideologia, como
mostrado em particular na arte aquemênida ou em certas tradições
administrativas. No entanto, a extrema diversidade dos povos dentro do império
torna difícil uma visão precisa da natureza exata da influência do poder real
sobre as nações que o compunham. Sua estrutura governamental e composição
étnica multifacetada pode ter dificultado a sua transformação em um
Estado-nação gerando uma falta de unidade maior e consolidada.
Representação
de indianos trazendo tributo ao Grande Rei
Esta eventual fraqueza
permitiu aos gregos e macedônios levarem seus ataques contra o Império Persa.
Alexandre, o Grande, derrotou os persas, mas tomou parte do modelo aquemênida
reivindicando ser sucessor do rei Dario III, o que atrai a oposição da nobreza
macedônia, que não consegue manter unificado o império de Alexandre, após a sua
expedição à Índia e falecimento na Babilônia. A criação de grandes reinos
helenísticos (gregos) que se seguiram na região é, em parte, devido a
continuidade da prática aquemênida. Os gregos e, mais tarde, os romanos
adotaram o que consideravam os melhores aspectos do método com que os persas
governavam seu império, em especial a partição em províncias (inspiradas na
satrápia aquemênida). Alguns reis helenísticos incluem até mesmo na sua corte
as práticas sociais dos persas para criar uma cultura comum com os nobres do
país conquistado. O legado da construção política aquemênida se reflete em seus
impérios sucessivos, incluindo o selêucida e o parto, embora a abordagem
pragmática e flexível, característica do domínio aquemênida, seja de difícil
restauração uma vez que as dinastias que o sucedem lutam para se sustentar
interna e externamente.
Os
reinos helenísticos que sucederam ao Império Aquemênida
As dinastias iranianas dos
Arsácidas (partos) e dos Sassânidas (persas), ocasionalmente alegaram
descendência dos Aquemênidas. Recentemente, houve alguma corroboração para a
pretensão parta evidenciada numa doença hereditária (neurofibromatose),
demonstrada através das descrições físicas dos governantes e das evidências de
doenças familiares em moedas antigas. Os Aquemênidas vão encontrar seus
herdeiros étnicos na dinastia persa dos Sassânidas que, no século III d.C.,
emerge do centro antigo do primeiro Império Persa. Eles vão se vincular aos
tradicionais locais dos Aquemênida (Persépolis e Naqsh-e Rostam) através de
inscrições e baixos-relevos, colocando-se na continuidade de seus antepassados
ilustres. Porém, a historiografia persa sassânida bem como o período islâmico
realmente não mantém a memória dos reis aquemênidas, limitado a algumas menções
de Ciro ou Dario I, possivelmente para exaltar sua própria época e grandeza.
Com a redescoberta dos monumentos aquemênidas por exploradores e arqueólogos
europeus e, especialmente, a chegada ao poder de Reza Shah em 1925 no Irã, a
memória do primeiro império persa tornou-se totalmente integrada ao patrimônio
nacional iraniano moderno. Segundo o notável orientalista estadunidense Arthur
Upham Pope (1881–1969),"o mundo ocidental tem uma dívida enorme a ser paga
à civilização persa".
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