Sala de Aula. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.
O Dia do Professor é
feriado no Brasil desde os anos 1960. De lá para cá, o país mudou muito, mas os
profissionais continuam mal remunerados, com uma carga horária de trabalho
desgastante e desvalorizados socialmente.
Quem quer ser professor no
Brasil? Poucos. Nos dias de hoje, somente 2% dos alunos do ensino médio
mostram-se interessados na carreira docente, embora 1/3 deles tenha pensado, em
algum momento, em segui-la. As razões para tanto desinteresse vão desde a baixa
remuneração, à rotina desgastante ou mesmo à desvalorização social. Ser
professor é um mau negócio. O resultado é que, hoje, faltam mais de 700.000
professores nos ensinos fundamental e médio.
Aqui, diferente de países
como EUA, China e Índia, o Dia do Professor é feriado oficial. Comemorado no
dia 15 de outubro, foi instituído nacionalmente em 1963 no governo de João
Goulart. Seu início remete à década de 1930, quando grupos de professores
católicos organizaram iniciativas para comemorar o “Dia da Mestra” e o “Nosso
Primeiro Mestre” lançado pela Associação de professores Católicos do Distrito Federal
(Rio de Janeiro, naquela época). A data - consagrada à Santa Tereza D’Ávila,
religiosa e escritora reconhecida, proclamada Doutora da Igreja pelo Papa
Paulo VI -, é associada ao Decreto Imperial de D. Pedro I, em 1827. Nele,
o imperador ordenava a criação de escolas de “Primeiras letras” em todas as
cidades, vilas e lugares mais populosos do Império.
A criação de um dia
comemorativo não significou, contudo, a valorização do professor. Sem dúvida,
se olharmos de 1963 para cá, o Brasil avançou em muitos aspectos na educação:
diminuiu consideravelmente o analfabetismo, colocou a quase totalidade da
população infantil na escola e aumentou consideravelmente o ensino
universitário. Tais avanços, no entanto, foram insuficientes e a educação
brasileira é, ainda hoje, uma das piores do mundo. A principal razão disso é o
desinteresse pelo magistério. Os melhores alunos tendem a se direcionar para
carreiras mais bem remuneradas. Resultado: muitas vezes falta uma formação
sólida àqueles que devem ensinar.
Outro problema real é a
desvalorização social: nas escolas privadas é comum os professores ouvirem dos
alunos que seus pais ganham mais ou que eles, professores, são seus empregados.
Nas escolas públicas, a desvalorização vem quase sempre do desconhecimento, por
parte dos próprios pais, da importância da educação. Junte-se a isso uma rotina
desgastante, que inclui uma enorme carga horária de trabalho, dentro e fora de
sala de aula.
Tudo isso ocorre no
momento em que o Brasil sofre com a falta de mão de obra qualificada em todos
os setores. Surge aí um estranho paradoxo: quanto maior a carência de mão de
obra, maiores os salários nos diversos setores e, portanto, menos atrativa se
torna a carreira do magistério. É preciso educar a população, mas quem vai
fazê-lo?
O governo federal vem
tentando responder a essa questão com o estímulo à docência. Por um lado,
apoiando a multiplicação das licenciaturas. Por outro, concedendo bolsas e
criando programas de incentivo à formação de professores. Falta ainda, no
entanto, o reconhecimento expresso numa carreira estruturada e numa remuneração
adequada.
Em um contexto tão
negativo, poderíamos imaginar que os professores fossem uma espécie em
extinção. No entanto, eles somam quase 2 milhões de profissionais em todo o
Brasil, ensinando mais de 50 milhões de alunos. Nos últimos anos, a
qualificação de grande parte dos docentes tem aumentado: percebe-se que eles
respondem positivamente quando estimulados e apoiados.
Magistério não é
sacerdócio, mas é vocação. Há uma magia indescritível em ensinar, que sem
dúvida move a maior parte de nossos mestres a seguir em sua profissão. Há
material humano. Há vontade de ensinar e aprender. O que falta é valorizar o
professor não somente no seu dia, mas durante todo o ano.
Angélica Barros é pesquisadora da RHBN e professora; Antonio
Carlos Jucá é professor do Instituto de História da UFRJ.
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