O estudo objetiva
investigar a atuação designada à enfermeira integralista e a instrução que
recebia para desempenhar com a máxima eficácia o seu papel nos quadros da Ação
Integralista Brasileira, partido político de extrema direita, que emerge no
Brasil, na década de 1930. Utilizam como fonte documental jornais
integralistas, a coleção “Enciclopédia Integralista” e os prontuários sobre a
Escola de Enfermagem Integralista que compõem o acervo criminal da Polícia
Política, organizado pela Delegacia Especial de Segurança Política e Social.
Como resultado, a pesquisa apresenta um expressivo investimento do integralismo
na formação de enfermeiras, mulheres que aproveitaram o ensejo do momento para
ampliar seus espaços sociais. Conclui que, embora o integralismo reforçasse os
papéis descritos socialmente como femininos, a relação das mulheres com o
movimento foi inovadora, pois possibilitou novas práticas e representações que
elas passaram também a desenvolver na esfera pública, à exemplo, a atuação como
enfermeiras.
A década de 1930
representou um marco na trajetória da política social brasileira, uma vez que a
“questão social” passou a receber um tratamento diferenciado em relação ao
período da Primeira República. Uma variedade de orientações ideológicas,
presentes especialmente a partir de 1920 (nacionalismo, tenentismo e outras),
denota a presença de marcante
inquietação e heterogeneidade sociocultural no período. Nas cidades do Rio de
Janeiro e São Paulo, as transformações do espaço urbano e a expansão econômica
trouxeram novas oportunidades para as mulheres na esfera pública,
possibilitando assim, uma maior
visibilidade feminina em espaços antes de exclusividade masculina.
Nesse contexto de
mudanças, as mulheres passaram a se fazer mais presentes na vida pública, não
só nas manifestações político-partidárias como também no mercado de trabalho,
gerando na sociedade brasileira algumas tensões e conflitos diante das
inovações culturais do período. Eram solicitadas por vários setores que até
então as excluíam, bem como reivindicavam o direito de acesso ao espaço
público, mesmo que enfrentando críticas e reações frente às tradições e ao
conservadorismo predominante. Impulsionada pelos acontecimentos do período, em
face de uma Nação que buscava se modernizar, a área da saúde pública ampliou
suas atividades na sociedade de modo a promover o controle da população mais
pobre, mediante a vigilância e a educação sanitária através de visitas
domiciliares. Tais intentos possibilitaram às mulheres, que lutavam por um
espaço no mercado de trabalho, a atuação como enfermeiras. Diante das
constantes lutas femininas por melhores condições de trabalho e mais igualdade
de direitos na sociedade, a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido
político de extrema direita do Brasil, na década de 1930, não ficou inerte, incentivando o desenvolvimento da enfermagem
no interior do movimento. Provavelmente, as conquistas sociais alcançadas pelas
mulheres, naquele momento, como a obtenção de empregos, antes restritos aos
homens, e o direito ao voto, fizeram a AIB, assim como o restante da
intelectualidade, adaptar seu discurso repressor, de forma que atraísse a
mulher.
Também para o campo
da enfermagem o integralismo direcionou as mulheres militantes, integrantes de
suas fileiras. A AIB compreendia que, no exercício da enfermagem, os atributos considerados
intrínsecos à natureza feminina eram valorizados, tornando-se indispensáveis à
prestação de um cuidado que era, ao mesmo tempo, técnico e abnegado. Assim, a
profissão de enfermeira foi entendida como uma extensão do papel da mulher no
recesso do lar, como esposa, mãe e dona de
casa, no desempenho de funções ligadas ao cuidado do outro, em relação ao qual
havia que se exercitar uma vigilância permanente. O integralismo conferia à
mulher enfermeira o papel de combater as endemias existentes, a fim de fazer do
povo brasileiro um povo forte, capaz de tornar o País “a potência das
potências”. Desse modo, a AIB investiu
em propagandas e cursos integralistas de enfermagem, formando diversas turmas
que atuariam em seus laboratórios, lactários e ambulatórios, além de “[...]
servirem nos trabalhos geraes ou especializados das clínicas privadas, dos
hospitaes e, se necessário, nos serviços sanitários nacionaes”.
Os cursos de
enfermagem ofertados pela AIB
também são objeto de investigação deste estudo. Considerando a expressividade
da AIB no cenário político da época e compreendendo a crescente participação
das mulheres na sociedade do período, com destaque neste estudo para a participação
da mulher no integralismo, a pesquisa objetiva investigar a atuação designada à
enfermeira integralista e a instrução que recebia para desempenhar com a máxima
eficácia o seu papel nos quadros da AIB, para que pudesse tornar fortes e
saudáveis os integralistas, aptos a lutar pelas causas do movimento. Ao
realizar um levantamento dos estudos desenvolvidos sobre o integralismo e sobre
a história da enfermagem na década de 1930 foi possível observar que poucos
autores investiram esforços na compreensão sobre a atuação da mulher, como enfermeira,
nos quadros da AIB. Pôde-se constatar que as enfermeiras integralistas são
mencionadas em estudos que se dedicaram a investigar a participação da mulher
no integralismo, mas que esses estudos não se aprofundam na análise da temática
em questão, limitando-se a apontar a enfermagem como um campo de ação das
militantes.
Desse modo, o estudo
justifica-se pela análise do destacado papel desempenhado pelas enfermeiras
integralistas nas fileiras da AIB e na sociedade do período, dado que assinala
uma trajetória histórica não evidenciada pela área da enfermagem. Justifica-se,
também, pelo ineditismo da temática, que
aponta para um significativo espaço de atuação destinado à mulher numa
sociedade em que a esfera pública se caracterizava como um lugar de circulação
predominantemente masculina.
ABORDAGEM
TEÓRICO-METODOLÓGICA
Esta pesquisa
histórica, de cunho qualitativo, apresenta como recorte temporal o período de 1932
a 1938, cuja delimitação emerge do próprio objeto de estudo, uma vez que 1932 é
o ano de fundação da Ação Integralista Brasileira e, 1938, o ano de extinção da
Associação Brasileira de Cultura (ABC), antiga AIB. Vale lembrar que no início do
Governo ditatorial de Getúlio Vargas todos os partidos políticos foram
suprimidos, juntamente com eles a AIB, o que demandou uma readaptação das suas
funções, levando-a a se transformar em sociedade civil com a
denominação de Associação Brasileira de Cultura. Como ABC, funcionou até 1938,
quando foi extinta, e seus líderes foram enviados para o exílio. O
estudo utiliza como fonte documental jornais integralistas – “A Offensiva”,
“Monitor Integralista” e “Província de Guanabara” – a coleção “Enciclopédia
Integralista” e os prontuários sobre a Escola de Enfermagem Integralista, que compõem
o acervo criminal da Polícia Política, organizado pela Delegacia Especial de
Segurança Política e Social (DESPS/RJ)** e que se encontra no Arquivo do Estado
do Rio de Janeiro. Do jornal A Offensiva, órgão de divulgação doutrinária
da AIB, foram selecionados cinco artigos e algumas notas, dos 748 exemplares
publicados, de 17 de maio de 1934 a 19 de março de 1938.
As notas publicadas
nas seções Movimento Integralista e na Página Médica possibilitaram o acompanhamento
dos acontecimentos ocorrentes na Escola de Enfermagem da AIB. Do jornal Monitor
Integralista, periódico doutrinário e prescritivo do movimento, publicado
da primeira quinzena de 1933 (n. 1) a 7 outubro de 1937 (n. 22), foram utilizados
os Estatutos da Secretaria Nacional de Arregimentação Feminina e dos Plinianos (SNAFP), presentes no exemplar de número
oito, que foi veiculado em 1934. Do jornal Província de Guanabara, o estudo fez uso
das notícias referentes ao Curso Prático de Enfermagem, com ênfase à notícia
publicada em 19 de abril de 1937, presente na página dois do
exemplar quatro, que tratava da organização do referido curso.
À Enciclopédia
Integralista, composta por um compêndio de textos elaborados por integrantes da
AIB, inclusive por alguns escritos do Chefe Nacional do movimento, Plínio
Salgado, recorreu-se para análise e compreensão sobre o Regimento da Secretaria
Nacional de Arregimentação Feminina e dos Plinianos, que coordenava, de modo mais
abrangente, todas as atividades femininas no integralismo, inclusive as
atividades desempenhadas pelas enfermeiras.
Finalmente, recorreu-se aos prontuários da Polícia Política, órgão de repressão
do governo no período, para análise dos documentos apreendidos e dos relatórios
elaborados após a extinção da AIB, por determinação do governo ditatorial de
Vargas. A seleção do material se deu pelo levantamento prévio dos artigos e
documentos relacionados à temática em questão. Como ferramenta metodológica foi
utilizada a análise dos documentos em separado e,
posteriormente, relacionados entre si. Desse entrecruzamento entre as
diferentes fontes de pesquisa foram elaboradas unidades de significado que
possibilitaram melhor compreender a atuação das enfermeiras nos quadros do
integralismo e as ações empreendias pelo movimento para a formação dessas
militantes.
A Ação
Integralista Brasileira e atuação feminina em seus quadros
Com Núcleos
organizados em todo território nacional e contando, em 1937, com mais de um
milhão de adeptos, segundo informações divulgadas em o Monitor Integralista,
a AIB buscou transmitir a imagem de um movimento preocupado com a população,
com os problemas sociais do Brasil. O integralista, além dos deveres para com a
Pátria e com o movimento, que iriam até o sacrifício da própria vida, teria o
dever de prestar assistência e socorro a todos os brasileiros. Para levar a
cabo seus intentos de conquistar novos adeptos, inclusive por intermédio da
caridade e beneficência, o integralismo não poupou esforços e atuava com vigor
nos centros beneficentes, ambulatórios e lactários por intermédio das
militantes. Compreendendo a nova posição social que a mulher assumia e sua
presença mais marcante no espaço público, o integralismo aproveitou para direcionar
a “energia feminina” para as atividades de assistência social, educação e
saúde, além do trabalho de arregimentação e doutrinamento de jovens e crianças.
As mulheres inscritas na AIB eram chamadas de “blusas-verdes”, em alusão ao uso
do uniforme constituído por blusa de meia-manga de cor verde. Essa vestimenta
deveria ser utilizada pela militante em aparições públicas, desfiles, reuniões,
batizados, casamentos e outros eventos integralistas ou não-integralistas,
sendo seu uso obrigatório em solenidades do movimento. A presença oficial
feminina na AIB, na qualidade de membros efetivos, foi definida
institucionalmente a partir do Regimento da Secretaria Nacional de
Arregimentação Feminina e dos Plinianos (SNAFP), aprovado em 10 de agosto de 1936,
obedecendo aos princípios hierárquicos da agremiação. Nota-se que a Secretaria
era chefiada por mulheres e a posse dos cargos era comemorada em reuniões
solenes e divulgada nos jornais integralistas que enfatizavam a “[...] nobreza
de caráter da mulher integralista, sendo ela a mais indicada para organizar e
chefiar o trabalho das companheiras blusas-verdes”. A SNAFP compreendia dois Departamentos:
Feminino e dos Plinianos. De acordo com o regimento da SNAFP, o Departamento
Feminino tinha por objetivo “[...] orientar, dirigir, controlar e arregimentar
as atividades Femininas no Movimento”,10:170 e o Departamento dos Plinianos
“[...] reunir, disciplinar e educar, por intermédio da escola ativa, todos os
brasileiros, de ambos os sexos, até 15 anos de idade, de modo a realizar o seu
aperfeiçoamento moral, cívico, intelectual e físico”.
O Departamento Nacional Feminino era composto por cinco Divisões: “Expediente, Cultura Physica, Educação, Estudos e Ação Social”. Sob responsabilidade da “Divisão de Cultura Physica”, ficava a orientação às integralistas no que se refere ao desenvolvimento físico, assim como a manutenção de aulas de ginástica e a prática dos esportes “apropriados ao sexo feminino”. As atividades assistencialistas desenvolvidas pelas mulheres na AIB eram coordenadas pela Divisão de Assistência Social, que tinha por finalidade “[...] prestar assistência e proteção assídua às integralistas e simpatizantes, assim como a todas as classes sociais, agindo especialmente nos meios proletários, dentro do campo de suas atribuições”. A cultura e “o aprimoramento do espírito” da mulher integralista eram buscados por meio das ações da Divisão de Estudos, uma das mais importantes e atuantes da SNAFP. Essa Divisão, compreendida pelos setores de Cursos e Conferências, tinha como objetivo não só “promover e orientar cursos especializados de Sociologia, Filosofia e Pedagogia”, mas também, “promover sistematicamente” conferências sobre Economia Social, Geografia Humana, Literatura, Arte e Formação Moral e Cívica.
A Divisão de Educação, por sua vez, deveria orientar
as atividades femininas nos setores de Alfabetização, Enfermagem, Puericultura,
Datilografia, Culinária, Corte e Costura, Boas maneiras e Contabilidade Caseira
e Economia Doméstica. Era constante, no discurso integralista, a ideia de que a
“mulher, devido a sua natureza, tinha grande contribuição a dar na tarefa da educação
da consciência nacional”,12:53 discurso permanentemente vinculado à AIB que se
utilizava ordenadamente das senhoras e moças inscritas, encaminhando-as
principalmente para os setores educacionais. Juntamente com a Divisão de Ação
Social, a Divisão de Educação foi amplamente utilizada pelo movimento
integralista para divulgar sua doutrina. Por meio de suas atividades, realizava
propagandas e doutrinava quem aos núcleos integralistas comparecesse.
Era de competência da
Divisão de Ação Social, por meio dos setores Lactários, Bandeirantes e
Dispensários, “aplicar no terreno social as atividades das integralistas,
contribuindo assim de maneira eficiente e constante para o melhoramento material
e moral das condições de vida da família brasileira”. As integralistas operavam
no setor da educação sanitária e da medicina preventiva, contribuindo para o
aprofundamento do debate entre os médicos e sanitaristas do período. Por
intermédio da SNAFP, elas organizavam núcleos de atividades públicas ligadas à
medicina preventiva contra doenças sexualmente transmissíveis e outras. A
Divisão de Ação Social, segundo Estatutos expostos no jornal Monitor
Integralista da primeira quinzena de dezembro de 1934, compreendia quatro
Seções: Escolar, Técnica, Médica e de Bandeirantes da
Caridade, sendo a Seção Escolar responsável por “manter o quadro de professoras
e distribuí-las pelas escolas que a AIB [fosse] criando; incumbir-se da
educação dos plinianos infantis, criando jardins da infância; colaborar no Departamento
da Juventude, na parte relativa à Seção Feminina; agir nas escolas públicas,
orientando a educação infantil no sentido da doutrina integralista; criar
‘Escolas de Férias’, nas montanhas e nas praias; levar ao conhecimento do Chefe
da Divisão as falhas verificadas”. À Seção Técnica cabia organizar e manter cursos
especializados de culinária, corte e costura,
boas maneiras,
contabilidade caseira, especialidades técnicas diversas; “[...] organizar
visitas, excursões e bandeiras, ministrando ao povo conhecimentos
técnicos de higiene,
de alimentação, de preservação da saúde etc”; e apresentar relatórios quinzenalmente.
À seção Médica competia “organizar cursos especializados de enfermagem; prestar
os primeiros socorros médicos, injeções etc; organizar os demais serviços
especializados que se [prendiam] a essa Seção”.
À
Seção de Bandeirantes da Caridade cabia “organizar visitas domiciliares aos
pobres da AIB, levando-lhes periodicamente sua assistência; organizar visitas a
hospitais, casa de saúde e asilos; visitar fábricas, centros femininos, companhias,
estabelecimentos comerciais e repartições públicas, etc, assistindo a mulher que
trabalha e indagando de suas necessidades e aspirações”. Os Estatutos apontam
que essa Divisão, a Divisão de Ação Social, deveria manter estreita ligação com
o Departamento de Assistência Social, respeitar suas determinações e
prestar-lhe apoio ou dele se utilizar, quando necessário, cabendo a cada Seção
de Assistência Social sua instalação e funcionamento. Dentre as áreas nas quais
as atividades sociais eram realizadas pelo movimento, a maternidade recebia uma
atenção especial, visto que representava o lugar da evolução e da preservação da
família. A principal tarefa desses núcleos de assistência social, assim como
dos ambulatórios que dependiam deles, era orientar as mulheres pobres sobre a
higiene e a saúde do corpo e os cuidados com os filhos.
Outra preocupação das mulheres
integralistas era evitar a disseminação de duas doenças que muito matavam no
período: a tuberculose e o câncer. A AIB conferia destacada importância à maternidade
e apontava não se resumir apenas a uma função física, porque seria,
principalmente, uma função moral, não terminando com o nascimento da criança,
nem com seu aleitamento, tendo a mãe de continuar, por motivos religiosos e
razões científicas, acompanhando os filhos na infância, na puberdade, na
juventude e até mesmo em toda a vida. Sob certos aspectos, destacava o integralismo:
“o homem é produto da mulher, dado que é geralmente o que a sua mãe quis e, muitas
vezes, o que sua esposa quer que ele seja. É dela a responsabilidade de
estimular nele virtudes com a finalidade de torná-lo um homem de nobres ideais
amanhã”. Na visão integralista, as funções sociais da mulher deveriam prolongar
psicologicamente as físicas, sendo a maternidade a função que a distinguiria do
homem, pois, tendo filhos ou não, o essencial era que a ação da mulher se
exercesse num sentindo maternal e, mesmo sendo solteira, deveria ela assumir
espiritual e sentimentalmente essa função. Nesse sentido, as integralistas
tiveram um significativo papel social na educação e orientação de mulheres
pobres gestantes. Elas alertavam a respeito da importância do diagnóstico
precoce e dos cuidados com a alimentação para a saúde da mulher e da criança.
Também falavam sobre a necessidade da amamentação. O espaço da rua era sempre
caracterizado como inóspito e perigoso para as futuras mães e para as jovens
senhoras, por ser um local em que circulavam muitas doenças que ameaçavam não
apenas os adultos, mas também as crianças, que poderiam ficar “marcadas para
sempre”.
A
Escola Integralista de Enfermeiras e o Curso de Enfermagem
Para formar
“blusas-verdes” aptas a orientar as militantes inscritas em suas fileiras, a
AIB criou e inaugurou, no dia 3 de outubro de 1935, a primeira Escola
Integralista de Enfermeiras, sendo tal feito comemorado com uma reunião solene
que foi divulgada em A Offensiva do dia 5 do mesmo mês. A reunião,
ocorrida no salão da Rua Sachet, da Província da Guanabara, de acordo com o impresso, estava
repleta de jovens e mulheres inscritas nas fileiras da AIB. Na cerimônia, foram
enaltecidos os esforços empregados pela mulher integralista para a inauguração
da Escola, assim como seu espírito de perseverança e realização que “[...]
estão acima de quaisquer comentários”. Dr. Alberto da Cunha, diretor técnico da
instituição, usou a palavra para abordar o papel da mulher no movimento,
mencionando ser a Escola de Enfermeiras o espaço onde “[...] a mulher poderá desempenhar
a mais nobre das missões, dentre todas aquelas que mais condizem com seus sentimentos
de afetividade”.
Presidiram a
cerimônia a Chefe do Departamento Provincial Feminino Maria Reis Telles Ferreira,
acompanhada da Chefe do Departamento Nacional Feminino Irene de Freitas
Henriques e das respectivas chefes de divisão. Com o início das
aulas do curso provisório marcado para 4 de outubro de 1935 e o término previsto
para dezembro do mesmo ano, a Escola, sua estrutura e seu programa, que foi
elaborado com auxílio de vários médicos, foram apresentados ao grupo ali
reunido. No momento, foi lembrado, pela secretária da Escola, Wilma
Villard, que as companheiras que frequentassem o curso provisório de noções de
enfermagem e recebessem o certificado de habilitação estariam dispensadas do
exame de admissão do curso definitivo, cujo início estava agendado para janeiro
de 1936. Esse procedimento foi adotado pelo movimento, segundo A Offensiva,
com intuito de atrair a atenção das militantes para que viessem a se matricular
no curso definitivo, garantindo um satisfatório número de inscritas.
A Escola
Integralista de Enfermeiras era subordinada a Divisão de Assistência Social do Departamento
Provincial Feminino e objetivava educar enfermeiras profissionais a fim de
servirem nos trabalhos gerais ou especializados das clínicas privadas, dos
hospitais e, se necessário, nos serviços sanitários nacionais. O seu
funcionamento se dava em locais determinados pela Chefia Provincial Feminina que,
quando possível, entrava em acordo com as instituições médicas gerais ou
especializadas, preferencialmente de integralistas ou simpatizantes, a fim de
que cedessem espaços para realização dos exercícios práticos. A direção da
Escola era exercida por uma enfermeira profissional diplomada ou
excepcionalmente por quem a Chefia Provincial Feminina determinasse, devendo
ter experiência em administração. A nomeação em comissão ao cargo de diretora
era feita pela Chefia Provincial Feminina. No evento de inauguração da Escola,
os nomes das “blusas-verdes” escolhidas para ocuparem cargos de direção já
começam a figurar, como é o caso de Adele Castro que, após ocupar “interinamente”
com “extremada dedicação” o cargo de Chefe do Departamento Feminino, fora nomeada tesoureira da
Escola. Nesse contexto, é possível observar militantes que ocuparam cargos administrativos
de responsabilidade e de elevada importância dentro dos núcleos, escolas e
departamentos da AIB, o que possivelmente contribuiu para atrair um elevado
número de adeptas às causas e doutrina do movimento. Dentre as obrigações
exercidas pela diretoria da Escola estavam:
“a) Esforçar-se pelo progresso e
engrandecimento moral e material da Escola;
b)Cumprir e fazer cumprir este
regulamento [o regulamento da Escola de
Enfermeiras Integralistas] e as demais ordens provenientes das altas
autoridades e encaminhadas pela Chefia Provincial Feminina;
c) Ordenar a
abertura e encerramento das inscripções para matrículas e exames;
d) Despachar
o expediente;
e) Abrir e encerrar os livros da Secretaria, autorizar despesas e
visar as contas apresentadas;
f) Apresentar boletins mensaes e relatórios
semestraes da administração à chefia Provincial Feminina; g) organizar um
quadro de auxiliares da Secretaria, fazendo o regulamento interno das
funcionárias, submetendo tudo à apreciação da Chefia Provincial Feminina, a fim de
serem feitas por esta autoridade as nomeações necessárias”.
Por determinação do
Conselho de professores e diretores da Escola, o Curso de Enfermagem se daria
através do ensino teórico-prático no período de um ano. Após seis meses de
curso das disciplinas, as alunas seriam submetidas às provas escritas e depois
de um ano, aos “exames teórico- -práticos orais”. A AIB conferia
importância primordial ao que denominou de “exercícios e exames teórico- -práticos”
para treinamento de suas enfermeiras, devendo elas dominar os conteúdos
teóricos aliados aos conhecimentos adquiridos na prática. Tais preceitos foram
ressaltados no discurso da professora Maria Ribeiro dos Santos Teres, realizado
no dia 7 de outubro, primeiro dia de aula na Escola de Enfermagem. Em sua fala,
a oradora ressaltou a necessidade de agregar teoria e prática no processo de
ensino-aprendizagem, expondo que o curso provisório estaria restrito a aulas teóricas que preparariam
as alunas para as aulas práticas a serem ministradas posteriormente no curso
definitivo: “[...] devo dizer-vos, que ninguém se tornará enfermeira sem que
tenha passado pela experiência dos hospitais. O conhecimento teórico é
indispensável, mas indispensável, também é a prática hospitalar.
O conhecimento
da enfermeira não pode ser unilateral. É indispensável, é imprescindível, que
ela procure integrar a cultura científica à experimentação”. Ainda nesse
discurso, foram pontuados os atributos necessários para o trabalho de
enfermagem, entre eles a abnegação, a paciência, a renúncia, a ilimitada
capacidade de sacrifício. Para Teres, esses atributos as mulheres da AIB
possuíam, e ela justificou sua afirmação com essas palavras: “[...] sois
integralistas! Abraçastes uma doutrina que conduz à espiritualidade”, uma
doutrina que conduz ao “amor, à ternura”.
Logo depois de findado o
discurso, ela ministrou a primeira aula do curso provisório que duraria pouco
mais de dois meses. De acordo com o Regimento da Escola, no primeiro ano de
funcionamento do Curso de Enfermagem, curso definitivo com duração de doze
meses, os programas seriam organizados pela diretoria com auxílio dos
professores. Esses programas deveriam ser submetidos à avaliação para aprovação pela
Chefia Provincial Feminina e só assim poderiam ser implantados. A diretoria da
Escola e o corpo docente constituiriam a Congregação Escolar de Enfermagem que,
oportunamente, organizaria um Regimento Interno para os seus trabalhos,
inclusive os trabalhos de organização de programas. A Escola de Enfermagem
funcionava orientada por um sentimento
paternalista em que os professores escolhidos eram, de preferência,
integralistas dentre os profissionais brasileiros natos ou naturalizados. Esses
professores eram nomeados pelo Chefe Provincial da Guanabara, mediante proposta
da Chefia Provincial Feminina. Cabia ao professor:
a) Reger a disciplina para
que tivesse sido nomeado, “zelando pelo ensino e agindo com pontualidade e
assiduidade”;
b) Organizar os programas da respectiva
disciplina para ser discutido e aprovado pela diretoria escolar e Congregação;
c) Omparecer aos exames e reuniões convocadas pela diretoria da Escola e propor a
aquisição de materiais relativos à sua cadeira, zelando pelo material que lhe
fosse confiado;
d) Indicar, nos impedimentos temporários, um substituto que regeria
sua cadeira provisoriamente. Como exigências para admissão no curso as
candidatas deveriam preencher a “folha de admissão” declarando nome, idade,
cor, filiação, naturalidade, residência, certidão de nascimento, atestado de
vacinação, atestado de que não sofriam de moléstias contagiosas, atestado de
boa conduta, documento comprobatório de instrução secundária. Na ausência do
documento comprobatório da instrução secundária, a candidata era submetida a um
“exame vestibular” sob os critérios da Chefia Provincial Feminina.
Os exames
realizados pelas alunas da Escola de Enfermagem eram
divididos em duas etapas, sendo a primeira constituída por uma prova escrita com
10 perguntas sobre o assunto da matéria de cada cadeira examinada e a segunda
etapa constituída por provas teórico-práticas orais. Na segunda etapa, os
exames de cada disciplina eram prestados perante uma comissão formada por três professores,
designados pela diretora da Escola, sob a presidência do professor da
disciplina pela qual a aluna estava sendo avaliada. As alunas aprovadas nas
cadeiras do curso receberiam os diplomas de Enfermeiras Integralistas. Do
Programa Geral do curso constavam as seguintes disciplinas:
1 – Da arte de
enfermeira;
2 – Dados históricos de enfermagem;
3 – Anatomia;
4 – Physiologia;
5 – Physica e Chimica applicadas;
6 – Noções de
Phatologia interna e externa;
7 – Microbiologia (noções);
8 – Parasitologia
(noções);
9 – Therapeutica e pharmacologia (noções);
10 – Higiene e saúde
pública;
11 – Administração hospitalar;
12 – Administração de um serviço de enfermeiras;
13 – Methodos usuaes na arte de enfermeiras;
14 – Cozinha dietética e nutrição
– lactários;
15 – Higiene individual;
16 – Serviços de enfermeira na
(radiologia, doenças contagiosas, doenças transmissíveis, clínica médica,
clínica cirúrgica, doenças da pelle, doenças venereas, tuberculose, doenças
nervosas, doenças mentaes, clínica pediátrica, obstetrícia, gynecologia,
clínica dentaria, ophtamologia, estômato-oto-rhino-larincologico);
17 –
Questões sociais e profissionais da enfermagem;
18 – Serviço publico e privado;
19 – A enfermeira e seu campo de acção”. Os núcleos integralistas poderiam
organizar cursos intensivos de enfermagem com instrução teórica e prática para
visitadoras e serviços de ambulatório, enfermarias, enfermagem domiciliar, sendo
os programas organizados anualmente pela direção de tais serviços e
apresentados aos respectivos chefes dos núcleos para a devida aprovação legal.
Os certificados desses cursos davam direito à matrícula, independente de
qualquer outro documento, no Curso de Enfermagem da Escola Integralista de
Enfermeiras. Semestralmente, os núcleos deveriam enviar uma relação do número
de enfermeiras diplomadas, com os respectivos nomes e residências, para a
formação do quadro de enfermeiras integralistas, que ficaria sob a dependência
da Secção Médica da Divisão de Assistência Social Feminina. No jornal
integralista Província de Guanabara, publicado no dia 19 de abril de
1937, uma nota intitulada Curso Prático de Enfermagem destaca que haviam se
encerrado, no dia 10 de abril, as inscrições do curso a ser realizado naquele
ano, com a inscrição de 44 moças. Também faz saber o jornal que havia ocorrido
a primeira reunião conjunta em que se fizeram presentes as candidatas e os
professores do curso. O encontro serviu ao propósito de definir horário e local
de realização das aulas. Segundo a nota, o curso teria início no dia 19 do corrente
mês, na Santa Casa da Misericórdia, com uma aula inaugural proferida pelo Dr.
Adalberto Severo, professor da cadeira de microbiologia. Na ocasião, a
diretoria do curso aproveitou o espaço do jornal para se “confessar” amplamente
satisfeita com o resultado da “etapa preliminar da jornada que
emprehendeu” e agradeceu pela “destreza e devotamento” com que os médicos integralistas
ocorreram para oferecer sua colaboração à causa do movimento. Ao se referir às
inscritas, o jornal destaca que “o grande número de candidatas attesta,
evidentemente, que alguma cousa nova está nascendo no Brasil”, sendo essa “cousa
nova”, segundo o periódico, uma nova era de altruísmo, de abnegação, de
devotamento.
Possivelmente, as militantes desejosas de mais liberdade,
percebendo as concessões que a AIB lhes abria e apropriando-se, de modo
singular, do que lhes era imposto, aproveitaram para ampliar e firmar seus
espaços na sociedade, utilizando o Curso e a Escola de Enfermagem como meios de
extensão de suas atividades sociais. Muitas inscritas se viam obrigadas, por
motivos financeiros, ou decidiam, por vontade de participar de modo mais direto
da vida pública, dedicar parte do tempo a atividades de enfermagem nos núcleos
e escolas integralistas. A adesão das militantes ao Curso de Enfermagem foi
ressaltada pelo jornal Província de Guanabara, de 19 de abril de 1937,
como uma expressão do devotamento da militante ao movimento e as “ideias
novas”, demonstrando “que as nossas patrícias inscriptas [...] se encontram
impregnadas do sentido da nossa Revolução [...] porque, em meio ao egoísmo, ao
immediatismo, ao utilitarismo burguez da ambiência liberal, assumiram uma ‘attitude differente’
dispostas a grandes renúncias e a ingentes sacrifícios em prol da Nação”.
Em A
Offensiva de 1936, uma nota chama a atenção para o “espírito altruísta da
blusa-verde”, qualidade considerada imprescindível à enfermeira cuja a criação
de ambulatórios em várias regiões brasileiras atestava o grande interesse em “concorrer
com o seu auxílio médico em benefício das populações abandonadas”. Cuidar do outro
constituía-se como um dever que cabia à mulher integralista, pois “agindo em
benefício da collectividade, nada mais [fazia] que seguir o seu traçado de
civismo e de progresso, auxiliando
na formação da Nação e na revolução espiritual”. De fato, o integralismo
pretendia realizar uma “revolução espiritual” com a educação, a cultura, a
disciplinarização, a higienização e promoção de saúde das massas, colaborando
para a criação de um novo tipo de homem apropriado à sociedade que surgia e aos
ideais que AIB disseminava. Os cuidados com o outro que deveriam se iniciar na
infância, dado que as crianças eram vistas como o futuro da AIB e da Pátria,
refletiam grande parte dos esforços do integralismo na formação de uma raça
forte.
Nesse sentido, os cuidados com as crianças pobres eram os mais enfatizados
pelo movimento e pelas militantes enfermeiras: “queremos cuidar dos pequeninos caboclos
de ventre grande cheios de vermes que lhe sugam o sangue, a energia e a vida...
Queremos todas as crianças sofredoras, desamparadas ou mal orientadas, todas!
Todas! [...]. Vestindo a blusa-verde assumimos um compromisso sério, uma tarefa
árdua, seremos nós que faremos os integralistas de amanhã”. Além dos serviços
domiciliares, do atendimento aos pobres em ambulatórios e lactários, do acompanhamento as
grávidas, o integralismo também buscou realizar, através das atividades femininas,
uma campanha em prol de uma vida saudável. A seção “Conselhos de Hygiene”, presente
diariamente no jornal integralista A Offensiva, orientava as mulheres
para que viessem a adotar em seus lares, com suas famílias, uma alimentação
saudável, práticas esportivas, etc. Asorientações direcionadas à mulher
deveriam ser compartilhadas, por recomendação do jornal, com as companheiras
integralistas e não-integralistas, nos núcleos, nos
clubes e onde mais estivesse a militante em contato com outras mulheres.
Os
discursos médico-higienistas foram amplamente propagados na primeira metade do
século XX, voltando-se para a saúde física e mental. Uma faceta desses
discursos centrava-se no condicionamento do projeto civilizatório brasileiro à
higienização do mundo social. A população brasileira foi alvo, naquele momento,
de inúmeros produtos e serviços que buscavam garantir uma vida saudável. O
integralismo, aproveitando o ensejo do momento, também divulgou em seus jornais
inúmeros produtos e serviços que, segundo apregoava, confeririam à mulher a
possibilidade não só de gerar, mas também de criar filhos fortes e sadios,
futuro promissor de um País em via de modernização e de uma Nação Integralista
que se buscava instituir. Apesar da ampliação dos papéis atribuídos pela
sociedade à mulher, a AIB compreendia que a emancipação feminina precisava ser
tomada com cautela, uma vez que deveriam ser estabelecidos certos limites para
as aspirações femininas. Vários empecilhos foram impostos ao acesso a
determinadas profissões, pois ainda assim, esperava-se que as mulheres, antes
de se dedicarem ao trabalho remunerado, fossem boas donas de casa, boas mães e
esposas. Além disso, as ofertas disponíveis, em geral, estavam próximas daquilo
que se considerava uma extensão das atribuições das mulheres e somente
profissões como professora, datilógrafa, telefonista, secretária e,
destacadamente, enfermeira eram bem vistas em função dos interesses
integralistas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa evidenciou
que embora a AIB reforçasse os papéis descritos socialmente como femininos, a
relação das “blusas-verdes” com o movimento foi inovadora, no sentido que
possibilitou às mulheres novas práticas e representações que elas passaram
também a desenvolver na esfera pública.
A mulher
integralista, segundo os documentos analisados, aderiu à causa social do
integralismo, prestando-se as diversas atividades para as quais foi convocada.
A Escola de Enfermeiras recebeu inúmeras inscrições e o Curso de Enfermagem formou
um grupo bastante significativo de militantes da AIB.
Conferir abertura às
mulheres que estavam ganhando espaço no mercado de trabalho, a despeito da
ameaça ao núcleo familiar, do temor à dissolução da família que representava a
educação da mulher, ainda que contrariando os escritos dos integralistas mais
conservadores, parecia, pelo que tudo indica, ser uma tentativa de atrair não só
as donas de casa, mas também as mulheres que queriam ou
precisavam trabalhar, lutavam por seus direitos políticos e se identificavam
com discursos imbuídos de argumentos antifeministas, anticomunistas e cristãos.
O integralismo compreendia que através das atividades assistencialistas e de
cuidados com o outro, desenvolvidas pelas militantes integralistas, poderia
estender seu alcance propagandístico, doutrinando suas fileiras e conquistando
novos membros. As concessões no tocante aos comportamentos e papéis sociais
representavam muito mais uma tentativa de atrair e arregimentar novos adeptos
do que um esforço de reformulação idealística e doutrinária. Para atingir seus
intentos, o integralismo buscou ampliar a
participação feminina nos lactários, ambulatórios e nos núcleos integralistas, incentivando
as “blusas-verdes” a se inscreverem nos cursos de enfermagem que ofertava.
Ainda que a atividade como enfermeira e os cursos de enfermagem fossem esteados
com o fim nem tanto oculto de divulgação e convencimento ideológico, a atuação
de mulheres integralistas como enfermeiras possibilitou a ampliação da
circulação feminina em espaços públicos e a sanção dos novos papéis sociais
atribuídos à mulher. Os cursos de enfermagem da AIB constituíram-se como
importantes atrativos para as mulheres militantes e não militantes e o
movimento soube investir nessa estratégia para conquistar a simpatia feminina e
expandir seus quadros.
Atrair e arregimentar as
mulheres que haviam acabado de conquistar o direito ao voto a fim de inchar
seus quadros e agregar novos eleitores levou a AIB a assumir uma nova postura
em face da parcela feminina da sociedade. O esforço realizado nesta pesquisa
representa um passo inicial na investigação da temática em questão, abordagem
que necessita de amplos investimentos em função da riqueza das fontes e da
expressividade do integralismo na sociedade dos anos 1930. Por ora, o estudo
limitou-se a destacar uma faceta histórica ainda pouco evidenciada e que requer
novos olhares: a oferta de cursos de enfermagem pela AIB na década de 1930 e a
significativa adesão de mulheres a esses cursos, mulheres que entendendo as
oportunidades que lhe eram concedidas, aproveitaram para
ampliar seus papéis sociais como enfermeiras
“blusas-verdes”.
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