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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

A Guerra Fria

 A Segunda Guerra Mundial chegou ao final em 1945. Mas o ato final dessa guerra ocorreu com a explosão de duas bombas atômicas no Japão. O mundo, a partir daí, não seria mais o mesmo. Dos escombros da Segunda Guerra, surgiram dois poderosos países, com diferentes regimes políticos, em constantes conflitos e armados com artefatos nucleares de enorme capacidade destrutiva.

Ao final da guerra na Europa, ocorreu uma terceira reunião, a Conferência de Potsdam, na Alemanha. O primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, e o novo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, não se mostravam dispostos a cumprir os acordos anteriores. Eles não queriam que os países do Leste europeu ficassem sob a influência soviética. 

Winston Churchill, em 1946, usou uma expressão que ficou muito conhecida: “Uma cortina de ferro abateu-se sobre o continente”. Nessa referência à Europa, ele criticava a dominação soviética sobre o Leste europeu e países aprisionados em uma “cortina de ferro”. Também era uma crítica ao comunismo. Mas o discurso mais duro contra a União Soviética e ao comunismo foi proferido pelo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, um ano depois. O discurso ficou conhecido como Doutrina Truman. Para ele, o mundo estava dividido em dois sistemas que abrangiam aspectos políticos, econômicos, sociais e ideológicos. Foi nesse contexto internacional que teve início a chamada Guerra Fria. Era uma guerra política e ideológica, mas sem o calor das armas. Cada lado se autoelogiava e criticava o outro. 

A Guerra Fria tem origem na ambição dos Estados Unidos e da União Soviética de manterem suas áreas de influência no mundo. Os Estados Unidos tinham como aliados os países da Europa Ocidental, como a Inglaterra, a França e a Itália, entre outros. Tinha também como aliados o Japão e os países da América Latina. A União Soviética, por sua vez, exercia domínio sobre os países da Europa Oriental. O mundo, a partir de 1947, conheceu uma ordem mundial bipolar, com dois poderosos países exercendo domínio econômico, político e ideológico em suas áreas de influência. Durante 40 anos, Estados Unidos e União Soviética viveram em antagonismo, e conflitos periódicos. Na época da Guerra Fria, o debate político e ideológico entre os defensores do capitalismo e do socialismo soviético foi intenso. Os partidários do sistema capitalista apoiavam a propriedade privada, a liberdade de iniciativa dos empresários, o livre mercado e as liberdades individuais. Na política, defendiam a democracia liberal, embora muitos países capitalistas vivessem sob ditaduras. Os que apoiavam o modelo de socialismo existente na União Soviética - também chamado de comunismo — afirmavam que o Estado investia fortemente em saúde, educação e habitação, além de garantir o igualitarismo social.

A Guerra Fria ficava cada vez mais acirrada. No entanto, os Estados Unidos tinham um trunfo: a bomba nuclear. A União Soviética ainda não dominava essa tecnologia; mas, em 1949, explodiu a sua primeira bomba nuclear. Em 1952, os militares estadunidenses explodiram um novo tipo de bomba nuclear: a de hidrogênio, cujo poder destrutivo era muito mais devastador. A explosão foi no atol de Bikini. Ela era mil vezes mais potente que a bomba lançada sobre Hiroshima. Mas, em 1958, os soviéticos explodiram a sua própria bomba de hidrogênio. 

Para evitar que crises como essa provocassem uma guerra, no ano seguinte foi instalada uma linha telefônica entre a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, e o Kremlin, centro do poder soviético, de modo a colocar em contato direto os lideres das duas superpotências em momentos de grande tensão internacional, Essa linha era conhecida como telefone vermelho. 

Em 1957,o mundo foi surpreendido com o lançamento do primeiro satélite artificial da Terra — o Sputnik, de fabricação Soviética. Era o começo da corrida espacial entre as duas superpotências. Os soviéticos saiam na frente. Uma semana depois, foi colocado em órbita o Sputnik 2, com a cadela Laika, primeiro ser vivo a ir para o espaço. O governo dos Estados Unidos reagiu em 1958, com a criação da Nasa, órgão responsável pelo programa espacial norte-americano e o lançamento do Explorer 1 no mesmo ano. 

A partir de 1960, o principal objetivo das viagens espaciais passou a ser o envio de seres humanos ao espaço. Novamente a União Soviética saiu na frente: em 1961, enviou Yuri Gagarin na cápsula espacial Vostok 1, que percorreu cerca de 40 mil quilômetros em volta da Terra numa única órbita. A viagem durou 1 hora e 48 minutos. Em 1962, os norte-americanos enviaram John Glenn ao espaço. Apesar da vantagem inicial soviética, foram astronautas norte-americanos os únicos seres humanos a chegar à Lua até agora. Em 20 de julho de 1969, o módulo lunar da nave Apollo 11 pousou no solo do satélite. Neil Armstrong, um de seus três tripulantes, tornou-se, então, o primeiro ser humano a pisar na superfície lunar.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.




sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Sete de setembro e o Império que nasce

 “Faça patente ao público as minhas ideias acerca do comércio da escravatura, que, segundo penso, é uma das causas do atrasamento em que, por ora estamos. […]” D. Pedro I

D. Pedro partiu do Rio de Janeiro para São Paulo em 14 de agosto para apaziguar a situação, pois parte do governo provincial tinha se aliado às Cortes de Portugal, mas um dia antes publicou um decreto redigido por José Bonifácio, mediante o qual nomeava D. Leopoldina regente em seu lugar, sendo-lhe autorizado despachar com os ministros, os secretários e o Conselho de Estado enquanto o príncipe estivesse viajando.

O Príncipe Regente vinha acompanhado por uma pequena escolta, mas durante a viagem a comitiva engrossou, recebendo a adesão de cidadãos notáveis da região do Vale do Paraíba. No dia 25 a comitiva entrou em São Paulo, segue o relato de uma testemunha: “ele era um moço bonito, de olhar alegre e de barbas ‘suíças’. Quando apeou do cavalo, então, causava admiração. Alto, elegante e sem luxo”.

No dia de setembro, subiu de Santos a São Paulo pela estrada de ligação entre o litoral e o planalto. D. Pedro não vestia farda de gala na ocasião, e sim uma fardeta azul de polícia, sem luxo algum. Trajava calças da mesma cor, botas grandes e envernizadas e um chapéu armado. Também levava sua espada. Ia montado em uma égua possante. De acordo com as memórias deixadas pelo primeiro comandante de sua guarda de honra, o coronel Antônio Leite Pereira da Gama Lobo: “Após subir a serra e assim que chegaram ao planalto chegou um correio vindo do Rio de Janeiro alcançou o príncipe e entregou-lhe um ofício e cartas enviadas pela regência. Ao lê-los, disse-me que as Cortes queriam massacrar o Brasil”.

Chegando ao ribeirão do Ipiranga, a guarda parou junto a uma casinhola que ficava à beira da estrada, à margem daquele riacho. Ao longe a comitiva viu chegar dois viajantes que logo reconheceram ser oficiais da Secretaria do Supremo Tribunal Militar, que a mandado de José Bonifácio vinha do Rio de Janeiro apressadamente, procurando D. Pedro. 

Os correios traziam despachos do governo de Portugal e notícias das cortes, além de cartas de José Bonifácio e de D. Leopoldina. Em 28 de agosto, chegara ao Rio de Janeiro o navio Três Corações, que deixando Portugal em 3 de julho, trazia informações a respeito do que se passava em Lisboa. Soube-se, talvez por nota dos deputados brasileiros no congresso, extratos da ata ou algum resumo das decisões que seriam adotadas em relação ao Brasil. Somente em 21 de setembro, pelo navio Quatro de Abril, chegariam as cartas régias obrigando a que fossem cumpridas. 

As resoluções, debatidas nas Cortes em junho de 1822 e votadas em 1° de julho, negavam a petição enviada do Brasil para que se repensasse a fragmentação do reino em províncias ligadas diretamente a Portugal. Além do mais, as Cortes consideravam violenta e injuriosa a linguagem usada pelo governo provisório de São Paulo  em carta a D. Pedro de dezembro de 1821, na qual pedia que não obedecessem às ordens de deixar o Brasil. Os membros do governo, incluindo José Bonifácio, agora ministro, deveriam ser presos, processados e julgados. Todas as decisões do príncipe ficavam anuladas, inclusive a criação do Conselho de Procuradores. Para piorar, D. Pedro e a família deveriam cumprir as ordens anteriores e retornar à Europa. Além disso, vinham também informações, da princesa e de José Bonifácio, do desembarque de tropas na Bahia e da chegada prevista de reforços portugueses, que fariam do local uma ponta de lança para varrerem do restante das províncias brasileiras quem se posicionasse com o príncipe pela unidade do Brasil.

Os despachos vindos do Rio de Janeiro ainda davam conta de uma reunião do Conselho de Estado, convocado e presidido por D. Leopoldina em 2 de setembro, no palácio de São Cristovão. Segundo o cronista Melo Morais, cita-se:

“Ali se deliberou sem discussão, depois de José Bonifácio ter feito uma exposição verbal do estado em que achavam os negócios públicos, e de concluir, e de concluir, dizendo ter chegado a hora de acabar com aquele estado de contemporizar com os seus inimigos, que o Brasil tinha feito tudo quanto humanamente era possível fazer para conservar-se unido com dignidade a Portugal, mas que Portugal em vez de acompanhar e agradecer a generosidade com que o Brasil o tratava, insistia nos seus nefastos projetos de o tornar à miserável condição de colônia, sem nexo e nem centro de governo, que portanto ficasse com ele a responsabilidade da separação. Propôs que se escrevesse ao sr. D. Pedro para que seu Alteza Real houvesse de proclamar a independência sem perda de tempo. A princesa real, que se achava muito entusiasmada em favor da causa do Brasil, sancionou com muito prazer a deliberação do Conselho sobre a separação do Brasil de Portugal”.

D. Leopoldina e o marido já haviam conservado sobre isso antes e ela estava ciente que o marido ratificaria sua decisão. Junto as despachos havia uma carta de José Bonifácio que entre outras coisas dizia:

“Ministro fiel, que arrisquei tudo por minha pátria e pelo meu príncipe, servo obedientíssimo do senhor D. João VI, que as Cortes têm na sua detestável coação, eu como ministro, aconselho a Vossa Alteza que fique e faça do Brasil um reino feliz, separado de Portugal, que é hoje escravo das Cortes despóticas. Senhor, ninguém mais que sua esposa deseja a sua felicidade, e ela lhe diz em carta que com esta será entregue que Vossa Alteza deve ficar e fazer a felicidade do povo brasileiro, que o deseja como seu soberano, sem ligações e obediências às despóticas Cortes portuguesas que querem a escravidão do Brasil e a humilhação do seu  adorado príncipe regente. Fique, é o que todos pedem ao magnânimo príncipe que é Vossa Alteza, para o orgulho e felicidade do Brasil. Se se não ficar, correrão rios de sangue nesta grande e nobre terra, tão querida do seu pai, que já não governa em Portugal pela opressão das Cortes, nesta terra que tanto estima a Vossa Alteza e a quem tanto Vossa Alteza estima”.

D. Leopoldina dizia ao marido:

“Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes Portuguesas ordenam vossa partida imediatamente, ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho do Estado aconselhava-vos para ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças, se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nossos pais. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo despotismo das Cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito. […] O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio fará a separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece. […] Fazei, pois. Terei o apoio do Brasil inteiro e,  contra a vontade do povo brasileiro, os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer”.

Após as cartas e os despachos  terem sido entregues pelos correios a D. Pedro, pediu para o padre Belchior lesse em voz alta o conteúdo do material recebido. D. Pedro, após se ajeitar, amassou as cartas e as jogando ao chão, de onde foram recolhidas e guardadas pelo religioso. Ele virou-se para o padre e disse:

___ E agora, padre Belchior? 

E o padre respondeu:

___Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e talvez deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.

D. Pedro então cavalgou em direção a uma venda onde se achavam quase todos os Dragões da Guarda. Havia de ser quatro horas da tarde, mais ou menos. Vinha o príncipe na frente. Vendo-o voltar-se para o nosso lado, a tropa saiu ao seu encontro. Diante da Guarda que descreveu um semicírculo, estacou o seu animal e de espada desembainhada bradou, segundo relata o padre Belchior:

“Amigos, as Cortes portuguesas querem escravizar-nos e perseguem-nos. De hoje me diante, nossas relações estão quebradas. Nenhum laço nos une mais”. ___ E arrancando (o príncipe) do chapéu o laço azul e branco decretado pelas Cortes, como símbolo da nação portuguesa, atirou-o ao chão dizendo: “Laços fora, soldados! Vivam a independência, a liberdade e a separação do Brasil”! Respondemos com um viva ao Brasil independente e separado, e um viva a Pedro. O príncipe desembainhou a espada, no que foi acompanhado pelos militares, os paisanos tiraram os chapéus. E D. Pedro disse: “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil”. E todos responderam “juramos”.

D. Pedro embainho a espada, no que foi imitado pela guarda, pôs-se à frente da comitiva e voltou-se, ficando em pé nos estribos: “Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será Independência ou Morte!”

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REZZUTTI, Paulo. D. Pedro- a história não contada. São Paulo: Ed. LeYa, 2020.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O muro da vergonha comunista, o muro de Berlim!

 A maldade do comunismo não é, nele, mero acidente, que tanto poderia existir como não existir. É uma consequência necessária de suas concepções filosóficas e morais. 

O Muro de Berlim foi erguido pela socialista República Democrática da Alemanha no dia 13 de agosto de 1961 e só foi derrubado pelo povo no dia 9 de novembro de 1989. Foram o equivalente a 28 anos, dois meses e 27 dias dividindo famílias, amigos, companheiros de trabalho e conterrâneos dentro da capital alemã. Hoje, os berlinenses já estão reunificados por mais tempo do que foram mantidos separados pelo socialismo.

Esta data constitui uma excelente ocasião não apenas para celebrar a restauração das liberdades mais básicas para os berlinenses, como também para denunciar novamente a monstruosidade em que, necessariamente, todos os regimes socialistas acabam se transformando.

No entanto, o muro da vergonha socialista não foi nenhum acidente histórico: foi, isso sim, a consequência natural e inexorável de uma ideologia que institucionalizava a exploração do homem pelo homem, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, dizia estar abolindo essa exploração.

Ao passo que o socialismo promete criar o paraíso na Terra, ele entrega apenas o inferno político, social e econômico do qual a maioria da população ardorosa e desesperadoramente deseja fugir.

No dia 13 de agosto de 1961, começou a construção do Muro de Berlim. O muro era constituído de tijolo e concreto, e levou dois anos para ser totalmente finalizado. Quando concluído, ele tinha 45 quilômetros de extensão e 2,74 metros de altura, com arame farpado no topo. Os guardas do lado oriental estavam sempre armados com metralhadoras e atiravam em qualquer um que tentasse cruzar o muro. Havia também uma área de 183 metros, entre o primeiro obstáculo e o muro, coberta de minas terrestres e patrulhada por cães policiais.

O número de mortos ao longo das fronteiras entre Ocidente e Oriente varia de 270 a 780. Apenas no muro, calcula-se que 140 pessoas tenham morrido, de acordo com o Memorial do Muro de Berlim, entre 1961 e 1989.

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GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

https://mises.org.br/artigos/2823/o-muro-de-berlim-nao-foi-um-acidente-historico

https://www.ipco.org.br/ha-25-anos-da-derrubada-muro-de-berlim-o-muro-da-vergonha

domingo, 11 de agosto de 2024

Origem da civilização romana

 A Loba Capitolina - o símbolo de Roma.  A lenda dos irmãos Rômulo e Remo originou uma escultura que veio a se tornar o símbolo de Roma: a Loba Capitolina.

O Império Romano é considerado o maior civilização da história ocidental. Durou cinco séculos: começou em 27 a.C. e terminou em 476 d.C. Estendia-se do Rio Reno para o Egito, chegava à Grã-Bretanha e à Ásia Menor. Assim, estabelecia uma conexão com a Europa, a Ásia e África. Uma das estórias sobre a fundação de Roma é a célebre lenda dos irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, que viveram em 753 a.C.   Segundo historiadores, Roma surgiu a partir de um grupamento de pastores que viviam às margens do Rio Tigre. É essa a região geográfica que corresponde hoje à Itália. No decorrer do século VI a.C., Roma ficou sob a direção dos etruscos, de origens gregas. A liberdade foi conquistada gradualmente, quando se transformou numa cidade-estado onde a forma de poder exercida era a monarquia. Com as constantes desavenças entre os reis, os romanos experimentaram a república, entre 509 a.C. e 30 a.C. Nesta época, Roma passou a exercer forte poder colonial, político e militar.

Rômulo e Remo

Rômulo e Remo são dois irmãos gêmeos que, segundo a mitologia romana, estão diretamente ligados à fundação de Roma, tendo sido Rômulo especificamente o fundador da cidade. Segundo a lenda, filhos do Rei Marte e de Reia, os irmãos foram atirados a um rio para morrerem afogados. No entanto, acabaram por sobreviver e foram encontrados na margem do Rio Tibre por uma loba que passou a amamentá-los. Posteriormente, foram encontrados por um pastor de ovelhas chamado Fáustulo, que os criou como filhos.

A história de Rômulo e Remo

De acordo com a lenda de Rômulo e Remo, eles eram filhos do Deus grego Ares (também chamado de Marte) e de Reia Sílvia, mortal filha de Numitor, Rei de Alba Longa. Numitor havia sido deposto por Amúlio, seu próprio irmão, que obrigou sua sobrinha Reia a integrar o grupo das Virgens Vestais.  As vestais eram sacerdotisas com idade entre os 6 e os 10 anos, que cultuavam a deusa romana Vesta e faziam voto de castidade, servindo a ela durante 30 anos.  A intenção de Amúlio era dar fim a qualquer descendência de Numitor, evitando que sua sobrinha pudesse gerar futuros requerentes do trono, já ele próprio tinha interesse em reinar. No entanto, seduzida pelo Deus Marte, Reia acabou por engravidar e deu à luz os gêmeos Rômulo e Remo. Furioso, Amúlio ordenou que os bebês fossem atirados ao rio para morrerem afogados. 

O cesto onde estavam os bebês, no entanto, foi parar à margem do rio e os irmãos foram encontrados por uma loba que passou a amamentá-los. Posteriormente, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontrou os irmãos perto da entrada de uma caverna e, com sua esposa, criou os meninos como filhos.

Quem são os fundadores de Roma na mitologia?

Segundo a mitologia romana, embora Rômulo e Remo estejam diretamente ligados à fundação de Roma, o fundador propriamente dito foi Rômulo. Já em idade adulta, Remo teve um desentendimento com um pastor local e, por esse motivo, foi entregue ao então Rei Amúlio, que fez dele prisioneiro.  Com isso, o pai adotivo Fáustulo falou sobre a ascendência dos irmãos ao gêmeo de Remo, Rômulo, que partiu para resgatar o irmão.  Depois de libertar Remo, Rômulo matou o então regente Amúlio e os cidadãos locais ofereceram a coroa de Alba Longa aos irmãos, que preferiram devolver o trono ao avô Numitor e fundar uma cidade própria em outro local.  Os irmãos entraram em desacordo sobre qual seria o local ideal; enquanto Rômulo escolheu a região do Monte Palatino, Remo optou pelo Monte Aventino.  Como não chegaram a um consenso, os irmãos optaram por decidir através de um auspício, que consiste no ato de observar as aves de forma a receber resposta através de um sinal dos deuses.  Rômulo afirmou ter visto 12 pássaros sobre o Monte Palatino, enquanto Remo afirmou ter visto 6 sobre o Monte Aventino, o que veio a significar a vitória de Rômulo.

A morte de Remo e o reinado de Rômulo

Na disputa pela decisão do local ideal para a construção de uma nova cidade, Remo não aceitou de bom grado a vitória do irmão, que prontamente começou a construção de uma muralha ao redor do local de sua escolha: o Monte Palatino. Remo respondeu à construção do irmão com bastante ironia, debochando e rindo constantemente dela e da cidade do irmão.  Em dado momento, chegou a subir na muralha com uma atitude jocosa e irônica, o que despertou a fúria de Rômulo que acabou por matar o irmão.  Algumas versões da morte de Remo apresentam um desfecho diferente. Uma afirma que quem matou Remo foi um apoiador de Rômulo e outra relata que, na verdade, Remo acabou por cair da muralha vindo a falecer. Essa versão é interpretada como um sinal do poder dos deuses de Roma.  No dia da morte de Remo, em 21 de abril de 753 a.C. acontece a fundação de Roma pelas mãos de Rômulo.

Você quer saber mais?

ALFÖLDY, Géza. A História Social de Roma. Lisboa: Editorial Presença, 1989.

ARAÚJO, Sônia Rebel de; CARDOSO, Ciro Flamarion. A Sociedade Romana do Alto Império. In: MENDES, Norma Musco; SILVA, Gilvan Ventura da. (Orgs.). Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad; Vitória, ES: EDUFES, 2006.

AZEVEDO, Sarah Fernandes Lino de. Tácito e a História Magistra Vitae: Um historiador do Império? In: FAVERSANI, Fábio; JOLY, Fábio Duarte (Orgs.). As formas do Império Romano. Mariana: UFOP, 2014.

BARTH, Fredrik. Introducción. In: BARTH, F. (org.), Los grupos étnicos y sus fronteras. México: Fondo de Cultura Económica 1976.

BENARIO, Herbert W. The Annals. In: PAGÁN, Victoria Emma (Ed.). A Companion to Tacitus. Oxford: Blackwell Publishing, 2012.

BIRLEY, Anthony Richard. The Agricola. In: WOODMAN, Anthony John. (Ed.). The Cambridge Companion to Tacitus. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

BRAUND, David. Ruling Roman Britain: kings, queens, governors and emperors from Julius Caesar to Agricola. Abingdon: Routledge, 1996.

BUSTAMANTE, Regina Maria da Cunha. Práticas Culturais no Império Romano: entre a unidade e a diversidade. In: MENDES, Norma Musco; SILVA, Gilvan Ventura da. (Orgs.). Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad; Vitória, ES: EDUFES, 2006.

CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Coimbra: Quarteto, 2001.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

A colonização portuguesa na América

A ocupação das terras americanas só se tornou possível na medida em que a cana-de-açúcar mostrou-se adaptável ao clima e ao solo da região tropical. Mas, sobretudo, quando se percebeu que o açúcar era um produto rentável, de grande aceitação no mercado europeu e capaz de gerar bons lucros. A exploração da colônia portuguesa, com o cultivo da cana-de-açúcar, assumiu três características básicas: grande propriedade, monocultura e trabalho escravo.  A disponibilidade quase ilimitada de terras ajudou na formação de grandes fazendas produtoras. Os custos de produção, desbravar o terreno, plantar, colher, transportar a cana e fabricar o açúcar, exigiam grandes plantações para se obter retornos lucrativos. A monocultura também era essencial, pois facilitava a especialização e a concentração de recursos e esforços em uma única atividade. 

A opção pela monocultura da cana-de-açúcar em grandes propriedades era decorrência natural da política mercantilista. Os esforços coloniais deveriam estar voltados para a aquisição de produtos que pudessem ser comercializados com as nações europeias. Essa condição era preenchida pela lavoura de gêneros agrícolas tropicais, como a cana-de-açúcar. O chamado pacto colonial, segundo o qual as colônias só poderiam comerciar com suas metrópoles, complementava os propósitos dessa política econômica.  Quanto à mão-de-obra, tentou-se a princípio o uso do trabalho indígena. Os índios tinham colaborado na extração do pau-brasil e o colonizador julgava que isso poderia se repetir com o trabalho agrícola. Entretanto, os índios não se submeteram facilmente às condições exigidas pela nova atividade. A extração do pau-brasil podia ser realizada de forma esporádica e livre; a atividade agrícola exigia trabalho sistemático, disciplina, organização e vida sedentária.

Para estabelecer essas condições de trabalho, foi necessário aumentar a vigilância sobre os índios. Em pouco tempo, generalizou-se a escravização dos nativos. A antiga relação pacífica se tornou conflituosa. A escravização dos povos indígenas foi um problema que percorreu todo o período colonial e opôs colonos, governo e Igreja. Pressionado pela Igreja, o governo português proibiu o apresamento de índios. Em 1570, uma Carta Régia autorizava a escravização apenas dos indígenas presos em guerra justa, isto é, em conflitos iniciados pelos próprios índios ou promovidos pelos colonos contra povos hostis. Essa autorização permitiu que o apresamento indígena continuasse. Por uma série de circunstâncias, a escravidão africana acabou se impondo como solução para o problema da mão-de-obra. 

O engenho 

Desde 1526, livros da Alfândega de Lisboa acusavam a entrada de açúcar vindo da ilha de Itamaracá, no atual estado de Pernambuco. Mas a grande produção só começou de fato em 1533, com o engenho de Martim Afonso de Sousa em São Vicente, que nesse mesmo ano foi comprado pelo capitalista holandês Erasmo Schetz.

As capitanias hereditárias 

Em 1534, El-rei dom João II dividiu a colônia americana em quinze faixas de terra com largura entre 200 e 650 quilômetros, indo do litoral à linha do Tratado de Tordesilhas. Eram as capitanias hereditárias, mesmo sistema utilizado nas ilhas do Atlântico. Elas foram entregues a senhores chamados de capitães donatários. Hereditárias, as capitanias deveriam passar de pai para filho. Aos donatários foi atribuída grande soma de poder: podiam distribuir terras a colonos, nomear autoridades administrativas e judiciárias, escravizar e vender índios, fundar vilas, cobrar tributos pela navegação dos rios, etc. Os donatários só não tinham poder sobre os impostos reais e deviam arcar com todas as despesas da colonização. A constituição político-administrativa das capitanias tinha por base jurídica a Carta de Doação e o Foral. Pela primeira, o rei confiava à administração perpetua e hereditária ao donatário. No Foral, estavam fixados os direitos, foros e tributos que a população pagaria ao rei e ao donatário. Apesar do fracasso, o sistema de capitanias perdurou até 1759 e conviveu com outras estruturas administrativas criadas pelo governo português, como os governos-gerais. Diante do insucesso, muitas acabaram compradas pelo governo, outras incorporadas por abandono.

O Governo-Geral 

Um dos grandes problemas enfrentados pelos donatários das capitanias foi o isolamento, que dificultava, por exemplo, a defesa contra os índios, em luta por suas terras e contra a escravização. Diante dos problemas, a Coroa portuguesa criou o cargo de governador-geral em 1548. O objetivo da medida era centralizar a defesa do território e a administração da colônia.  Para sede do Governo-Geral foi escolhida a capitania da Bahia de Todos os Santos, comprada ao donatário. O primeiro governador-geral a ser nomeado foi Tomé de Sousa. Em 1549, para instalar seu governo, Tomé de Sousa fundou Salvador, que se transformou na primeira cidade da colônia.

As Câmaras Municipais 

Com o surgimento das primeiras vilas e cidades, organizou-se a administração municipal, que foi entregue às Câmaras Municipais, compostas de três ou quatro vereadores. Estes eram escolhidos pelos homens bons, como eram chamados os proprietários de terras, a elite do lugar. Um juiz, eleito da mesma forma, presidia a Câmara.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.




O massacre de povos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial

 “Entre 20 e 26 milhões de soviéticos morreram durante a Segunda Guerra Mundial, 13,5 milhões de chineses e 6 milhões de judeus. Foram os povos que mais perderam vidas durante o conflito, e nenhuma dessas vidas é mais valiosa que a outra.”

Apesar de ainda haver discussão sobre o uso e abrangência do termo "Holocausto", o genocídio nazista contra os judeus foi parte de um conjunto mais amplo de atos de opressão e de assassinatos em massa agregados cometidos pelo governo nazista contra vários grupos étnicos, políticos e sociais na Europa. Entre as principais vítimas não judias do genocídio estão ciganos, eslavos (tchecos, os russos e bielo-russos, os polacos, os croatas, os búlgaros, os ucranianos, os macedônios, os eslovenos e eslovacos, e os lusácios), comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, Testemunhas de Jeová e deficientes físicos e mentais. Segundo estimativas recentes baseadas em números obtidos desde a queda da União Soviética em 1991, um total de cerca de onze milhões de civis (principalmente eslavos) e prisioneiros de guerra foram intencionalmente mortos pelo regime nazista.

Com as derrotas se acumulando, era previsível que Hitler se concentrasse nas frentes militares, talvez abandonando certas características do regime, como a perseguição aos Judeus, ciganos é homossexuais. Mas o Führer tinha muito pouco de previsível. A derrota à vista acentuou as perseguições, afinal, os seres inferiores não eram à “doença” que contaminava o “corpo mo” da Alemanha? Os nazistas tornavam se prisioneiros dos preconceitos que haviam ajudado o movimento a chegar ao poder.

A partir de 1942, numa conferência realizada em Wansee, na periferia de Berlim, os nazistas adotaram a “solução final”, uma diretriz de massacre “científico”, principalmente dos judeus, Já funcionavam, na Alemanha e em outros países, campos de concentração nazistas, onde inimigos políticos, judeus e doentes mentais eram mantidos, e muitos, mortos. Passou-se então à construção de campos de extermínio. Para lá deveriam ser levados prisioneiros eslavos, ciganos, religiosos, pacifistas e, principalmente, judeus.

Viviam na Europa cerca de 8 milhões de judeus. A maior comunidade na área ocupada 3 milhões de pessoas estava na Polônia, seguida pela Romênia (800 mil) e pela Hungria (400 mil). Por isso, a maioria dos campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau, Treblinka e Sobibor, foi construída na Polônia. 

Para os campos de concentração eram deportados prisioneiros de toda a Europa ocupada pelos alemães. Os deportados imaginavam que apenas trabalhariam para os nazistas. De fato, os que podiam trabalhar, enquanto pudessem, eram empregados como mão-de-obra escrava, Várias empresas alemãs, como Bayer, BMW e Telefunken, ganharam muito dinheiro com o trabalho escravo dos prisioneiros.

Logo na entrada dos campos, médicos separavam as pessoas em duas filas, velhos, doentes e crianças iam imediatamente para a morte nas câmaras de gás. Os Corpos seguiam para fornos crematórios. Um desses médicos, Josef Mengele, morreu em 1986 no Brasil, onde morou escondido por muitos anos. Quase sempre às vítimas não sabiam de nada, porque as placas nas câmaras de gás indicavam “chuveiros” e “desinfecção”. O oficial nazista K. Pritzsch apresentou assim o campo de Auschwitz à um grupo de prisioneiros:

“Eu lhes digo que vocês não estão num hospital e sim num campo alemão, do qual não há outra saída senão a chaminé. Se isso não agradar a algum de vocês, pode imediatamente atirar-se à cerca eletrificada. Se há judeus nesse comboio, eles não têm o direito de viver mais que 15 dias. Se houver padres, eles podem viver um mês, e todos os outros, três meses.“

No auge de sua “produção”, Auschwitz-Birkenau exterminava seis mil pessoas por dia nas câmaras de gás ou apenas pela fome. Centenas de prisioneiros também foram utilizados em horrorosas “experiências” com novos remédios. O laboratório Bayer enviou certa vez ao comando de Auschwitz a seguinte carta: 

“Solicitamos que seja posto à disposição um certo número de mulheres, para testes que pretendemos realizar com um novo narcótico. Não oferecemos mais que 170 marcos por cabeça. Depois que as experiências forem feitas, todas as pessoas serão mortas.”

Eram retirados das vitimas todos os valores, dentes de ouro, óculos e malas. Até os cabelos eram usados na fabricação de sacos. Quando a guerra acabou, descobriu-se que cerca de 6 milhões de judeus, pelo menos 300 mil ciganos, multidões de prisioneiros soviéticos, comunistas, socialdemocratas e pacifistas religiosos haviam sido exterminados. 

Embora os judeus fossem seus alvos principais, os nazistas e seus colaboradores também perseguiram outros grupos por razões raciais ou ideológicas. Entre as primeiras vítimas da discriminação nazista na Alemanha estavam os oponentes políticos, principalmente os comunistas, os socialistas, os social-democratas e os líderes sindicais. Os nazistas também perseguiram autores e artistas cujas obras consideravam subversivas, ou apenas por serem judeus, sujeitando-os a prisões, restrições econômicas e outras formas de discriminação. Os nazistas perseguiram os ciganos por razões raciais, e membros daquele grupo estiveram entre as primeiras vítimas a serem mortas em caminhões de gás móveis no centro de extermínio de Chelmno, na Polônia. Os nazistas também deportaram mais de 20.000 ciganos para o campo de Auschwitz-Birkenau, onde a maioria deles foi assassinada nas câmaras de gás. Os nazistas viam os poloneses e outros povos eslavos como inferiores. Os poloneses que fossem considerados ideologicamente perigosos (tais como intelectuais e padres católicos) foram mortos [os nazistas decidiram que os demais eslavos seriam escravos da "raça superior"]. Entre 1939 e 1945, pelo menos 1.5 milhão de cidadãos poloneses foram deportados para o território alemão para executar trabalho escravo. Centenas de milhares também foram presos em campos de concentração nazistas. Estima-se que os alemães assassinaram pelo menos 1.9 milhão de civis poloneses (cristãos) durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o outono e primavera europeus de 1941 e 1942, na União Soviética ocupada, as autoridades alemãs conduziram sua política racista de assassinato em massa contra prisioneiros de guerra soviéticos. Os judeus, as pessoas com "traços asiáticos" e os principais líderes políticos e militares eram imediatamente separados e abatidos a tiros. Outras três milhões de pessoas foram aprisionadas propositadamente em campos provisórios ao relento, sem alimentação ou medicamentos adequados, para que morressem à míngua. Na Alemanha, os nazistas prenderam líderes das igrejas cristãs que se opuseram ao nazismo, bem como milhares de Testemunhas de Jeová que se recusavam a saudar Adolf Hitler ou a servir no exército alemão. O "Programa de Eutanásia" nazista assassinou cerca de 200.000 pessoas com deficiências físicas ou mentais. Os nazistas também perseguiram os homossexuais do sexo masculino, cujo comportamento era considerado um obstáculo para a preservação da [pureza da] nação germânica.

Os ciganos, também conhecidos como Romanis, estavam entre os grupos perseguidos pelo regime nazista por motivos raciais. Os ciganos foram submetidos à internações forçadas, deportações e trabalho escravo, além de serem enviados para os campos de extermínio. As Einsatzgruppen, Unidades Móveis de Extermínio, também assassinaram dezenas de milhares de romanis nas áreas do leste europeu ocupadas pelos alemães. O destino dos ciganos foi o mesmo dos judeus. É difícil determinar o número de ciganos mortos durante o Holocausto. Estima-se que um milhão de ciganos viviam na Europa antes da Guerra, e que entre 200.000 e 500.000 deles foram mortos pelos alemães.

Na terminologia nazista, "eutanásia" referia-se ao extermínio sistemático dos alemães que os nazistas consideravam "sem direito à vida" devido a supostas doenças genéticas e/ou defeitos físicos ou mentais. No outono de 1939, foram criadas instalações para iniciar o processo de eliminação em massa daquelas pessoas utilizando o método de envenenamento por gás. Os prédios para tal ação estavam localizados em Bernburg, Brandenburg, Grafeneck, Hadamar, Hartheim e Sonnenstein. Os pacientes eram selecionados pelos médicos [que deveriam tratá-los] e transferidos das clínicas onde estavam internados para uma daquelas instalações centralizadas de assassinato. Depois que a indignação pública forçou o fim daquelas matanças, os médicos passaram a aplicar injeções letais em pessoas selecionados para "eutanásia" em clínicas e hospitais espalhados por toda a Alemanha. Desta forma, o programa de "eutanásia" continuou a funcionar e a expandir-se até o final da Guerra.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda História- História geral e História do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 1999.

Adaptado de: Jayme Brener. A Segunda Guerra Mundial, O planeta em chamas. São Paulo, Ática, 1998. p. 43-4.

Enciclopédia do Holocausto