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domingo, 7 de julho de 2024

A Vinda da Família Real para o Brasil

A vinda da família real portuguesa para o Brasil ocorreu em 29 de novembro de 1807 e a comitiva aportou em Salvador (BA), em 22 de janeiro de 1808. O refúgio no Brasil foi uma manobra do príncipe regente, D. João, para garantir que Portugal continuasse independente quando foi ameaçado de invasão por Napoleão Bonaparte. Para garantir o êxito da transferência, o reino de Portugal teve apoio da Inglaterra, que também auxiliou na expulsão das tropas napoleônicas.

Em 1806, Napoleão Bonaparte decretou o bloqueio continental determinando que os países europeus fechassem os portos para os navios da Inglaterra. Enquanto isso, Bonaparte negociou secretamente o Tratado de Fontainebleau (1807) com os espanhóis que permitiria os franceses atravessar a Espanha para invadir Portugal. Em troca, o reino espanhol poderia se apoderar de um pedaço do território português. Portugal não aderiu ao bloqueio continental devido à longa aliança política e comercial com os ingleses e, por este motivo, Napoleão ordenou a invasão do território português, ocorrida em novembro de 1807.

Antes disso, em 22 de outubro de 1807, o príncipe regente D. João e o rei da Inglaterra Jorge III (1738-1820) assinaram uma convenção secreta que transferia a sede monárquica de Portugal para o Brasil. Neste mesmo documento, ficava estabelecido que as tropas britânicas se instalariam na lha da Madeira temporariamente. Por sua parte, o governo português comprometeu-se em assinar um tratado comercial com a Inglaterra após fixar-se no Brasil.

O príncipe regente, Dom João, determinou que toda a família real seria transferida para o Brasil. Também viajariam os ministros e empregados, totalizando 15,7 mil pessoas que representavam 2% da população portuguesa. Atualmente, estes números estão sendo revistos, pois muitos historiadores consideram a cifra exagerada. Além das pessoas foram embarcados no dia 29 de novembro de 1807, móveis, documentos, dinheiro, obras de arte e a real biblioteca. Aos que ficaram, lhes foi aconselhado receber de maneira pacífica os invasores para evitar derramamento de sangue.

A viagem ocorreu em condições insalubres e durou 54 dias até Salvador (BA), onde desembarcou no dia 22 de janeiro de 1808. Na capital baiana foram recebidos com festas e ali permaneceram por mais de um mês. A chegada no Rio de Janeiro ocorreu em 8 de março de 1808. 

A transferência da Família Real e sua comitiva contribuiu para significativas mudanças no Brasil e no Rio de Janeiro. Com a abertura dos portos, todas as nações amigas de Portugal puderam comercializar com o Brasil. Num primeiro momento, isto significava o comércio com a Inglaterra. Por sua vez, o Rio de Janeiro se tornou a capital do reino de Portugal e foram realizados melhoramentos e levantados novos edifícios públicos na cidade. O mesmo ocorreu com o mobiliário e a moda. Com a abertura dos portos, o comércio foi diversificado, passando a oferecer serviços como o de cabeleireiros, chapeleiros, modistas.

D. João também abriu a Imprensa Régia, de onde surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Foram criadas instituições como:

Real Academia Militar (1810),

Jardim Botânico (1808),

Real Fábrica de Pólvora (1808),

Banco do Brasil (1808),

Laboratório Químico-Prático (1812).

A principal consequência da vinda da família real para o Brasil foi a aceleração do processo de independência do país. Em 1815, com fim das guerras napoleônicas, o Brasil foi declarado parte do Reino Unido de Portugal e Algarves, deixando de ser uma colônia. Isso foi necessário, pois os dirigentes europeus reunidos no Congresso de Viena não reconheciam a autoridade de Dom João numa simples possessão ultramarina. A permanência da família real foi decisiva para manter a unificação territorial do Brasil, pois reuniu parte da elite e da população em torno à figura do soberano. As medidas político-administrativas de Dom João fizeram com que a Inglaterra acentuasse o interesse no comércio com o Brasil. Essa condição fica clara com a abertura dos portos às nações amigas. O processo fez com que Portugal perdesse o monopólio sobre o comércio com o Brasil e a elite agrária passa a sonhar com a Independência. Em contrapartida, o Brasil passa a ser para a Inglaterra um promissor mercado consumidor e fornecedor.

Quando D. João VI precisou retornar a Portugal, por causa da Revolução Liberal do Porto, o filho Dom Pedro, aproxima-se da elite agrária. Esta estava preocupada com a possibilidade de recolonização e as guerras em curso na América Espanhola.

Você quer saber mais?

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Descobrimento e início da colonização do Brasil

Os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de 1500, durante a expedição de Pedro Álvares Cabral. Essa expedição tinha um objetivo duplo: verificar as possibilidades de Portugal no oeste (na América) e comprar especiarias na Índia. Essa expedição era parte do que entendemos como grandes navegações, uma série de expedições para exploração do oceano Atlântico.

Aqui no Brasil, os portugueses chegaram à região de Porto Seguro, na Bahia, permanecendo até o dia 2 de maio, quando então partiram para a Índia. Nesse acontecimento, o grande destaque vai para a carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão que relatou detalhes da viagem e do Brasil para o rei português.

A colonização do Brasil foi o processo de chegada, invasão, ocupação e exploração do território brasileiro que foi realizado por Portugal entre os séculos XVI e XIX. Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, implantando as primeiras iniciativas mais consistentes de ocupação e colonização a partir da década de 1530.

Esse processo teve três grandes ciclos econômicos: pau-brasil, açúcar e ouro. O trabalho realizado era majoritariamente por trabalhadores escravos indígenas ou africanos. A escravização de indígenas foi proibida em meados do século XVIII, e a de africanos, só no fim do século XIX. Houve muita resistência à escravização durante a colonização.

Resumo sobre a colonização do Brasil

A colonização do Brasil foi realizada por Portugal.

Os portugueses chegaram ao Brasil por meio da expedição de Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500.

A colonização do Brasil teve três importantes ciclos econômicos: pau-brasil, açúcar e ouro.

A escravização foi introduzida por volta de 1530, sendo que os escravizados eram indígenas e africanos.

Oficialmente falando, a colonização se encerrou em 1815, mas os laços com Portugal só foram rompidos com a independência, em 1822.

A chegada dos portugueses se deu em 1500, mas medidas efetivas de colonização do território foram desenvolvidas apenas a partir da década de 1530. As principais — mas não únicas — atividades econômicas aqui desenvolvidas foram a exploração do pau-brasil, a produção do açúcar e a extração de ouro.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Ideologia nazista

 "Apesar de tudo eu ainda creio na bondade humana." Anne Frank (1929-1945)

    Pouco tempo após a tomada do poder, o governo nazista iniciou a construção dos campos de concentração, então destinados aos prisioneiros políticos. Esses locais faziam parte da instalação de um Estado policial para eliminar os comunistas, os democratas e os sindicatos independentes. Para isso, foram concedidos amplos poderes à polícia secreta, a temida Gestapo. O nazismo seguia a receita do fascismo italiano: “nada fora do Estado, nada contra o Estado!” Com o prestígio em alta, os nazistas passaram a cumprir a grande meta de seu programa racial: perseguir os judeus e excluí-los da sociedade alemã. Como vimos, os judeus foram o bode expiatório da Alemanha nazista. Já em 1933, os judeus foram proibidos de exercer profissões liberais, tais como a de médico, advogado, professor, engenheiro etc. Em pouco tempo seriam impedidos de entrar nas universidades ou escolas alemãs. Os professores e cientistas judeus foram demitidos de seus empregos. Nenhum judeu seria admitido no serviço público. Foram proibidos de frequentar restaurantes, cinemas e teatros. As Leis de Nuremberg, publicadas em 1935, consolidaram a segregação racial dos judeus em toda a Alemanha. Mas este foi só o começo; o pior viria mais tarde para quase todos os judeus da Europa.

Campos de concentração

Os campos de concentração eram locais destinados ao trabalho forçado de diversos tipos de prisioneiros, principalmente políticos. Mas muitos prisioneiros foram executados nesses campos. Não confundir com os campos de extermínio que os nazistas espalharam pela Europa durante a guerra visando ao assassinato em massa, principalmente dos judeus. Mas também nos campos de extermínio, parte dos prisioneiros era obrigada ao trabalho forçado.

As Leis Raciais de Nuremberg

As Leis de Nuremberg avançaram muito na discriminação dos judeu, alemães. Deram prova completa de que o nazismo, assim como o fascismo, pretendia controlar a vida privada das pessoas.

Artigo 1º.

1- São proibidos os casamentos entre judeus e cidadãos de sangue alemão ou aparentado. Os casamentos celebrados a despeito dessa proibição são nulos e de nenhum efeito, mesmo que tenham sido contraídos no estrangeiro para iludir a aplicação desta lei.

2- Somente o Procurador Público pode iniciar os procedimentos para a anulação.

Artigo 2° As relações extramatrimoniais entre judeus e cidadãos de sangue alemão ou aparentado são proibidas.

Artigo 3º Os judeus não serão autorizados a ter em sua casa mulheres com menos de 45 anos de idade e de sangue alemão ou aparentado.

Artigo 4º.

1- Os judeus ficam proibidos de hastear a bandeira nacional do Reich e de envergar as cores nacionais.

2- Em contrapartida, são autorizados a exibir as cores judaicas. O exercício desse direito é protegido pelo Estado.

Artigo 5º.

1. Quem infringir o artigo 1º será condenado a trabalhos forçados.

2. Quem infringir o artigo 2° será condenado à prisão ou a trabalhos forçados.

3. Quem infringir os artigos 3º e 4º será condenado à prisão, que poderá ir até um ano e multa, ou a uma ou outra destas duas penas.

Artigo 6º O Ministro do Interior do Reich, com o assentimento do representante do Führer e do Ministro da Justiça, publicará as disposições jurídicas e administrativas necessárias à aplicação desta lei. [...].

Leis de Nuremberg Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Germânicos. Reichsgesetzblatt, 1935. p. 1146-7.

Da fuga ao exílio

De acordo com as leis nazistas, bastava ter um avô ou avó judia para ser considerado judeu, mesmo que o indivíduo não praticasse a religião judaica. Alguns alemães nem sabiam de sua origem judaica, mas mesmo assim foram enquadrados pelo nazismo. Muitos judeus não tiveram outra saída senão abandonar a Alemanha, vendendo seus bens a qualquer preço. Os nazistas também limitaram as quantias que os judeus podiam levar ao deixarem o país. Alguns judeus mais ricos conseguiram asilo em países democráticos, como os Estados Unidos ou a Inglaterra. Cientistas importantes foram acolhidos no estrangeiro, a exemplo de Albert Einstein, grande físico alemão, e do austríaco Sigmund Freud, fundador da psicanálise. A maioria dos judeus, porém, perdeu seus bens e seus direitos políticos e civis. A perseguição nazista fez outras vitimas alem dos judeus. Os homossexuais foram condenados como ameaça ao fortalecimento da raça anana. Cerca de 50 mil foram presos. Eram identificados com um triângulo rosa na roupa. Os ciganos eram perseguidos e considerados indesejáveis. Estima-se que ao menos 5 mil ciganos foram presos em campos de concentração. Já os Testemunhas de Jeová eram perseguidos porque se opunham a qualquer ideologia política. Eram identificados com um triângulo roxo nas roupas.

Depuração racial

O nazismo soube apropriar-se de todo o patrimônio ideológico do antissemitismo que se havia desenvolvido desde a década de 1880, acrescentando-lhe, especialmente por obra de Goebbels e Julius Streicher, uma virulência inédita e uma conotação biológica, prelúdio de um choque extremo entre as raças. O judeu, portanto, foi considerado não somente criatura racialmente inferior, mas perene ameaça à nova ordem que se pretendia criar, além de ser apontado como bode expiatório de todas as desgraças e dificuldades da Alemanha. A violência exercida contra os judeus assumiu uma característica exemplar de intimidação diante de todos os outros: O racismo e o antissemitismo em particular se tornaram mais um instrumento de controle social. Depois das eleições de março de 1933, a violência contra os judeus continuou aumentando. No dia 1º de abril ocorreu o boicote que já havia sido, reiteradas vezes, previsto e desejado pelos componentes mais radicais do nazismo — ex-combatentes, membros das SA e militantes de base do partido. Mas os radicais nunca tiveram um poder tal para obrigar Hitler a dar passos contrários à sua vontade. O boicote foi de modo geral, acolhido friamente pela maioria da população alemã, favorável a limitar a presença dos judeus, mas decidida a continuar comprando nas lojas deles. Hitler adotou, nessa ocasião, a linha de conduta que nos anos seguintes se teria tornado típica de suas iniciativas antijudaicas: um aparente compromisso entre os pedidos dos radicais do partido e mais pragmáticas reservas dos conservadores, dando a opinião pública a impressão de que não era ele que se ocupava dos detalhes operacionais. No dia 7 de abril foi registrada a primeira lei antijudaica sobre a reclassificação dos funcionários públicos de carreira. O parágrafo 3 definido “parágrafo ariano” — estabeleceu que os empregados de origem não-ariana deviam ser aposentados. Até esse momento os nazistas tinham humilhado e boicotado os judeus com base em simples suspeita, que podiam de algum modo ser identificados como tais, mas não tinha havido ainda nenhum ato formal de privação dos direitos legais, baseado na definição discriminatória. Nos meses seguintes, com a lei sobre os funcionários públicos, os judeus foram afastados de todos os setores-chave do Estado, foi-lhes proibido exercer a profissão de médico em favor da saúde biológica da comunidade nacional, ser advogados e estudar (a lei de 25 de abril contra o excessivo número de alunos das escolas e das universidades estabeleceu que a matrícula de novos estudante judeus em todas as escolas fosse de 1,5% do total dos inscritos e de qualquer forma, em cada instituto não podiam superar 5% do total . No dia 14 de julho foi votada a lei sobre a revogação da cidadania alemã que aboliu as naturalizações ocorridas entre o fim da guerra e 30 de janeiro de 1933, e instituiu a proibição de imigração para os judeus orientais.

Doenças hereditárias e esterização

Durante a década de 1930, o regime baixou várias medidas que excluíram da comunidade nacional todos aqueles que podiam minar sua pureza. A lei de 14 de julho de 1933, sobre a esterilização dos indivíduos portadores de deficiências físicas e mentais, constituiu um momento fundamental nesse processo e uma pedra angular para a legislação eugenética e racial. Essa lei introduziu o princípio da coerção, porquanto não somente os inábeis ou seus familiares puderam requerer a esterilização, mas também os próprios médicos, sempre que julgassem oportuno. Nos casos controversos deveriam intervir os “tribunais para a saúde hereditária”, criados especialmente para isso. Além da intervenção cirúrgica, que tornava homens e mulheres incapazes de gerar, iniciou-se também a redução do nível de assistência daqueles que eram hospitalizados para causar lhes indiretamente a morte. Entre 1933 e 1945, 400 mil pessoas foram submetidas à esterilização forçada: alcoólatras, “antissociais”, portadores de deficiências e muitos outros. Em outubro de 1935, um mês após a promulgação da lei que proibia o casamento entre judeus e alemães, foi baixada a “lei para a proteção da saúde hereditária da nação alemã” que proibia a união entre alemães e aqueles que não eram desejáveis para a comunidade do povo, requeria o registro das raças estrangeiras ou dos dos grupos “racialmente inferiores” e impunha a obrigação de uma licença matrimonial que certificava que os dois eram “racialmente idôneos” para casar-se. Um decreto suplementar proibiu os alemães de contrair matrimônio ou manter relações com pessoas de sangue estrangeiro, diverso dos judeus; doze dias depois foi especificado que se tratava de ciganos, negros e “seus bastardos”. No verão de 1939, pouco antes da eclosão da guerra, teve início a chacina dos adultos inábeis, que foi mascarada como projeto de eutanásia. Tudo ocorria em segredo, e os parentes não eram informados sobre as transferências de seus familiares para os centros de matança, que foram implantados em diversas áreas da Alemanha. Antes mesmo que o conflito mundial desse início à realização da nova ordem européia e ao extermínio dos judeus, o assassínio de Estado, portanto, tinha sido legalizado e atuado em larga escala.

Os ciganos

Em 1933, os ciganos constituíam 0,05% da população na Alemanha. Tinham geralmente empregos regulares, mesmo que muitas vezes itinerantes, como o comércio a cavalo e as artes circenses. Mesmo antes de 1933 tinham sido discriminados e perseguidos pela polícia e, de início, os nazistas nada mais fizeram que continuar essa política, embora com progressiva exasperação. A propaganda criou uma imagem que mirava dois alvos: o estrangeiro com sua inaceitável cultura e o pretenso “a-social” que não estava disposto a aceitar a disciplina do trabalho e as relações estáveis e contínuas. Essa perseguição se baseou na pretensa hereditariedade biológica desse desvio e, portanto, como os judeus, também os ciganos não foram considerados “reeducáveis”; o único modo para tutelar a pureza da “comunidade do povo” foi uma progressiva exclusão do corpo social que, também nesse caso, se teria concluído no decorrer da guerra com o externo. A partir de 1935 foram abertos campos para o confinamento dos ciganos: eram caracterizados por péssimas condições higiênicas, cercados de arame farpado e a vida dentro deles foi rigidamente regulamentada. O maior campo foi instalado em Marzahn, na periferia de Berlim, e camuflado para não ser visível aos olhos daqueles que tomaram parte nas Olimpíadas. A discriminação assumiu novos aspectos com o aparecimento de publicações que continham os resultados de pretensas pesquisas de biologia das raças; um papel de relevo teve o doutor Robert Ritter que, a partir de 1936, dirigiu em Berlim o Instituto de Biologia Criminal. Em dezembro de 1938, Himmler baixou disposições para que “a regulamentação da questão cigana fosse baseada na natureza dessa raça”. Um decreto de 8 de dezembro sobre a “luta contra a praga dos ciganos” exasperou ainda mais a tradicional instrumentalização de detenção da polícia.

A Lebensborn

Associação das SS, fundada por Himmler em 1935 e financiada por doações obrigatórias das próprias SS, a Lebensborn fonte da vida) teve especificamente o objetivo de apoiar a política racista do regime. Seus membros se empenharam, com efeito, na luta contra o aborto e a favor do aumento da natalidade. Do ponto de vista administrativo, dependiam da divisão econômica das SS, mas para suas funções estavam ligados ao departamento das SS encarregado das questões raciais. No decorrer da guerra foram criadas sedes destinadas a acolher as mães não casadas e “racialmente puras” a fim de que se unissem à elite racial do regime, precisamente as SS, e procriassem filhos “sadios”; na Alemanha foram abertas onze sedes, nove nos territórios ocupados da França, Bélgica e Noruega. Nesses centros nasceram cerca de 8 mil crianças. Além de uma política racista e antissemita voltada para a expulsão de todos os elementos “indignos”' de viver na Alemanha, o regime nazista se empenhou, portanto,em promover a procriação também fora desses vínculos familiares e matrimoniais e não se cansou de divulgar como o fundamento da sociedade. Diante da necessidade de salvaguardar a raça, até a ordem constituída passou a um segundo plano.

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ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.


domingo, 30 de junho de 2024

O Processo de Independência do Brasil

 

A Independência do Brasil não resultou de um corte revolucionário com a Metrópole, mas de um longo e cumulativo processo (séc. XVIII - 1831), com algumas mudanças e muitas continuidades com o período colonial.

Marcos Históricos da gradual separação do Brasil de Portugal:

I) A Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil resultou:

-Da ameaça de invasão das tropas napoleônicas a Portugal em represália a não aderência ao Bloqueio Continental.

-Da dependência econômica de Portugal dos Ingleses, (comércio interno dominado por firmas inglesas, ouro brasileiro escoava para os cofres britânicos para reembolsar as importações).

-Da hábil manobra da diplomacia inglesa (Lord Strangford), convencendo o príncipe a transferir-se para o Brasil em troca de vantagens comerciais

-Do projeto português de constituir no Brasil um vasto Império luso-brasileiro, que além de Portugal e o Brasil incluía possessões na África e na Ásia.

A comitiva real contava com mais ou menos 15 mil pessoas, o que acarretou problemas de acomodação relativos à incipiente urbanização. As famosas iniciais, PR, Príncipe Regente fixadas arbitrariamente nas portas das melhores residências para abrigar os recém-chegados, logo foram chamadas de ponha-se na rua ou “Prédio Roubado”. D.João veio com sua esposa Carlota Joaquina, sua mãe Maria (a rainha louca) e seus filhos D. Miguel, D. Pedro e Maria Teresa.

Principais Medidas da Política Interna de D. João VI no Brasil:

1)1808 - Na Bahia, D.João assina a Abertura dos Portos ao Comércio com as Nações Amigas. Repercussões:

a)Para o Brasil: É o fim do exclusivismo colonial, que caracterizou as relações entre a metrópole e a colônia brasileira durante três séculos. Os navios e mercadorias da América podiam comerciar com qualquer porto estrangeiro, com exceção da França e da Espanha, países com os quais estava em guerra.

b)Para Portugal: Portugal perde o papel de empório comercial e sofre um duro golpe, já em crise com a ocupação por tropas inglesas, cujos comandantes (Lord Beresford) ditavam ordens ao Conselho da Regência, que assumiu a administração de Portugal após a expulsão dos franceses (1811) teriam agora que enfrentar a competição dos produtos de outros países, particularmente, da Inglaterra.

c)A grande beneficiária foi a Inglaterra, que já tinha incluído nos acordos realizados entre os dois países para a escolta da transmigração da família real, uma cláusula manifestando o desejo de adquirir posição privilegiada no comércio com o Brasil.

2)Também em 1808 é assinado o Alvará que aboliu qualquer proibição sobre atividade industrial na colônia, favorecendo o início de atividades de fabricação de tecidos. Mais um golpe no Sistema Colonial.

3)Restruturação do espaço físico no Rio de Janeiro: muliplicaram-se as obras, pavimentação de ruas, novas habitações com dois e até três pavimentos, substituição das rótulas por grades de ferro e vidraças, saneamento dos pântanos e ampliação do fornecimento de água com a construção de novos chafarizes.

4) A assinatura dos Tratados de Aliança e Amizade e Navegação e Comércio entre o Brasil e Inglaterra em 1810, que marcam o início da preeminência inglesa no Brasil – Os Ingleses como novos colonizadores.

O Tratado de Navegação e Comércio (1810) determinava:

Tarifas alfandegárias preferenciais aos Ingleses de 15%, 16% para as portuguesas e 24% para os demais países. Garantia-se aos Ingleses o direito de serem julgados por juízes ingleses em qualquer parte do império, garantia-se a liberdade de religião com culto doméstico.

O Tratado de Aliança e Amizade (1810): O compromisso do Brasil em abolir gradualmente a escravidão e o apoio na recuperação da guerra contra Napoleão.

Resultado da assinatura dos Tratados de 1810:

Avalanche de produtos Ingleses no Brasil.

5)Instalação de uma série de instituições políticas destinadas a administração do Império luso-brasileiro criando empregos para a burocracia portuguesa que acompanhou a Corte.

A Intendência Geral da Polícia - com atribuições que iam muito além da segurança pública, também urbanizar e civilizar a cidade e controlar a divulgação das idéias revolucionárias francesas.

Um Conselho Supremo Militar

Um Arquivo Militar para guarda e conservação de todos os mapas e cartas do litoral e do interior.

O Tribunal da Mesa do Desembargo e da Consciência e Ordens - encarregados, respectivamente da justiça e dos assuntos religiosos.

A Escola de Artilharia e fortificações

A Biblioteca Régia

O Jardim Botânico

A Fábrica da Pólvora

O Hospital do Exército

A Biblioteca Régia

Instalação da Imprensa Régia, com a publicação do primeiro jornal em 1808, A Gazeta do Rio de Janeiro.

Criação do Banco do Brasil

Academia Médico-Cirúrgica de Salvador,

Academia Militar e da Marinha no Rio de Janeiro.

6) Verifica-se a chamada Inversão Brasileira - A transferência da Corte Portuguesa para o Rio de janeiro, deslocou o eixo de poder e mudou o status da colônia. O Rio de Janeiro substituiu Lisboa como sede do Império Lusitano com grande autonomia administrativa com relação à metrópole. Lisboa via-se reduzida a uma situação de inferioridade.

7) Abriu o país aos viajantes europeus - Junto com as mercadorias estrangeiras chegavam também aos portos do Brasil viajantes europeus. Durante o período colonial o Brasil estivera fechado aos estrangeiros e a vinda da Família Real significou também o fim do isolamento cultural do Brasil.

Entre os viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil nessa época destacam-se: comerciantes e representantes de firmas comerciais como John Luccock, que desembarcou no Rio de Janeiro em 1808. O professor de botânica, Saint-Hilaire, que entre 1816 e 1822 percorreu os territórios de várias províncias do Brasil. Também o artista Rugendas, que veio acompanhando a expedição científica de Langsdorf, cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro. Também desenhistas e pintores vieram para o Brasil com A Missão Artística Francesa em 1816 entre eles o francês Jean Baptiste Debret que desenhou e pintou cenas cotidianas do Rio de Janeiro e foi o pintor oficial da Monarquia, responsável por criar as imagens do Império e da Corte. Desses representantes estrangeiros certamente o de maior prestígio foi Lord Strangford, representante inglês que convencera o príncipe-regente D. João a se transferir para o Brasil em 1807, mas não sem antes exigir vantagens econômicas. Com a princesa Leopoldina em 1817, chega a chamada Missão Austríaca, onde participam naturalistas de destaque como von Martius e Spix e músicos como Neukomm, para divulgar as tendências européias.

8) Retribuindo o amparo dado a Corte e aos fugitivos, D. João desenvolveu uma política de enraizamento dos interesses da elite mercantil do centro oeste do país, processo que ficou conhecido como a Interiorização da Metrópole.

-Para os negociantes de grosso trato - os traficantes de escravos, D.João oferecia títulos de nobreza e cargos.

-Para os produtores e comerciantes ligados ao comércio de abastecimento da Corte, ele ofereceu uma política de construção de estradas, doações de sesmarias e crédito bancário.

A política Joanina propiciava a formação de um poderoso bloco de interesses no Rio de Janeiro, aproximando comerciantes, burocratas e proprietários de terras e escravos. Esse bloco defendia a idéia do estabelecimento de um Império Luso-brasileiro.

Se as políticas de D. João VI beneficiavam o Centro-Sul da Colônia pouca mudança traziam para o Nordeste, que permanecia sujeito aos arbítrios políticos e administrativos da Corte. Pesados impostos cobrados do nordeste sustentam o luxo da Corte no Rio de Janeiro e a política expansionista de D. João.

II) 1815 - A Elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves- Assegurou a permanência da Corte no Rio de Janeiro e foi um prenuncio do fim da condição colonial do Brasil.

A aclamação do rei português D. João VI no Rio de Janeiro, em 1818 foi um fato inédito na América que reforçou o peso político do Brasil no interior do Império Português e a ascendência do Rio de Janeiro sobre o resto do país.

Conflito Interno no Governo de D. João VI:

Revolução Pernambucana de 1817, também chamada Revolução do Padres, dado o grande número de padres que participaram do movimento, entre os quase 250 condenados, 11% eram padres.

Foi um movimento autonomista e republicano, os revoltosos tomam o poder e instituem um governo provisório por dois meses. Pode ser comprendido como resultante de diversos fatores:

1- O imaginário próprio de Pernambuco, marcado pela resistência desde as lutas contra os holandeses no século XVII e consolidado por ocasião da Guerra dos Mascates (1710-11) estimulou um acentuado anti-lusitanismo;


  1. A criação do Seminário de Olinda criado em 1800 que formou toda uma geração de cléricos afinadas com as novas idéias francesas;

  2. O aparecimento da maçonaria, na segunda metade do século XIX;

  3. O modelo federativo emprestado da Independência Americana (1776);

  4. A crescente insatisfação do nordeste com a política de D.João VI no Rio de Janeiro. O estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro trouxe um excesso de cobranças que culminaram com os tributos exigidos para o custeio da campanha militar na Cisplatina;

  5. A seca de 1816 agravando os problemas de abastecimento das cidades nordestinas;

Setores sociais envolvidos: Começou como um motim militar e se alastrou para amplos setores sociais, proprietários de terras, comerciantes brasileiros, clérigos, e populares. (inclusive libertos e escravos).

A revolução iniciou no Recife e teve apoio das províncias do Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba com as quais os pernambucanos formaram uma federação.

Os revolucionários instalaram um governo provisório e declararam a suspensão de alguns impostos e o aumento dos soldos dos militares. Foi um movimento essencialmente político e anti-lusitano, que não almejava mudanças na estrutura social e declarava inviolável a propriedade escrava.

O governo Joanino mobilizou recursos e tropas para sufocar o movimento, veio o ataque das forças portuguesas a partir do bloqueio marítimo de Recife e forças enviadas por terra da Bahia. A repressão foi violenta. Muitos líderes receberam a pena de morte. A punição deveria ser exemplar. As tropas portuguesas ocuparam Recife em maio de 1817.

Conflitos Internacionais no Governo Joanino:

 Invasão da Guiana Francesa – Em represália a invasão de Portugal D. João invade Caiena, capital da Guiana francesa, em 1808, incentivado pela Inglaterra. Caiena é conquistada em 1809. Em 1814 o Tratado de Paris determina devolvê-la em troca do reconhecimento do rio Oiapoque como fronteira da colônia.

Você quer saber mais? 

DEL PRIORE, Mary e Renato Venâncio. O Livro de Ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

NEVES, Lúcia Maria Bastos; MACHADO, Humberto Fernandes. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

domingo, 24 de dezembro de 2023

Você sabe qual é o verdadeiro sentido do Natal?

 


O verdadeiro sentido do Natal precisa ser lembrado.

O verdadeiro sentido do Natal não é um dia ou uma época do ano, na qual as pessoas fazem compras.

Outros trocam presentes, realizam sonhos pessoais, como por exemplo comprando carros, casas, ou algo que tanto almeja.

Ouça um pouco mais sobre o verdadeiro sentido do Natal.

O Natal não é somente uma noite em que as pessoas se reúnem para ceiar e trocar presentes.

Muito menos um tempo só para decorar a casa de uma maneira mais alegre e festiva, se for assim, de maneira tão resumida, o Natal teria um sentido abstrato.

O Natal vai além de tudo isso, porque o seu sentido é muito concreto.

Todas estas coisas fazem parte do Natal, reunir os amigos e familiares, trocar presentes, luzes coloridas com árvore natalina.

Nada disso é errado, desde que, o principal motivo para tanta celebração seja o nascimento do Menino Jesus.

O verdadeiro sentido do Natal não está nestas coisas, nem nas árvores de natal nem na figura do Papai Noel.

O verdadeiro sentido do Natal está na celebração do nascimento de Jesus Cristo, Nosso senhor que trouxe a salvação ao mundo.


Você sabe qual é o verdadeiro sentido do Natal


O nascimento de Jesus Cristo no Natal traz esperança a todos nós, pois antes de qualquer coisa, o Natal tem um propósito religioso.

Que ao acender as luzes, sejam elas: pisca-pisca, velas, castiçais ou candelabros, essas luzes possam recordar e remeter à verdadeira e grande Luz do mundo, Jesus Cristo, que sendo Deus, se fez homem para salvar toda a humanidade.

Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo. 8,12).

Que o menino Jesus possa nascer, a cada ano, na manjedoura do seu coração e iluminá-lo, afim de que você tenha não somente um feliz Natal, mas uma vida inteira abençoada.

Repleta da presença e da Luz de Nosso Senhor, Jesus Cristo. Amém!


Você quer saber mais?

https://radio.cancaonova.com/cachoeira-paulista---96-3-fm/voce-sabe-qual-e-o-verdadeiro-sentido-do-natal/

São Bonifácio e a adoção da árvore de Natal como símbolo da vinda de Jesus

 

"Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas em vossos lares; ali não haverá sangue, mas abrigo, presentes amorosos e gestos de bondade."

Um santo muito estimado na Alemanha, mas menos conhecido no Brasil: São Bonifácio, apóstolo dos povos germânicos e popularmente identificado como o “criador da árvore de Natal“.

Ele nasceu na Inglaterra por volta do ano 680 e, após entrar na ordem dos monges beneditinos, foi enviado como missionário à região da atual Alemanha, onde, como bispo, começou a percorrer os povoados como apóstolo incansável da mensagem de Cristo. Nas palavras do Papa Bento XVI, ele tinha um “dom para a organização” e era reconhecido pelo “caráter flexível e amigável, mas forte”.

O “deus do trovão”

Na região da Baixa Saxônia, perto de Geismar, havia uma comunidade pagã que, no inverno, realizava um sacrifício humano ao deus nórdico do trovão, Thor. A vítima costumava ser uma criança. O terrível sacrifício era feito junto a um carvalho, árvore considerada sagrada por aquele povo. Tratava-se, precisamente, do “Carvalho do Trovão”.

Lá pelo ano 723, São Bonifácio viajava por aquela região e, a conselho de outro bispo, resolveu destruir o Carvalho do Trovão para acabar com aqueles assassinatos abomináveis e para mostrar aos pagãos que não cairia do céu nenhum raio lançado por Thor contra a sua cabeça.

Junto com seus companheiros, São Bonifácio chegou ao vilarejo na véspera de Natal, justo a tempo de impedir o sacrifício. O santo se aproximou das pessoas reunidas diante do Carvalho do Trovão, levantou seu báculo de bispo e declarou:

Eis o Carvalho do Trovão e eis a Cruz de Cristo que romperá o martelo do Thor, o falso deus!”

O carrasco ainda tentou levantar um martelo para matar o menino que ia ser sacrificado, mas o bispo estendeu o báculo para frear o golpe e então aconteceu o milagre: o báculo de madeira fez o pesado martelo de pedra se espatifar, salvando aquela vida inocente.

Um dos mais emblemáticos discursos de Natal de todos os tempos

Segundo a tradição, São Bonifácio disse ao povo:

Escutai, filhos do bosque! Não jorrará sangue esta noite. Porque esta é a noite em que nasceu o Cristo, o Filho do Altíssimo, o Salvador da humanidade. Ele é mais justo que Baldur, maior que Odim, o sábio, mais gentil que Freya, o bom. Desde a vinda d’Ele, o sacrifício terminou. A escuridão, Thor, a quem invocastes em vão, é a morte. No profundo das sombras de Niffelheim ele se perdeu para sempre. A partir de agora, vós começareis a viver. Esta árvore sangrenta nunca mais escurecerá a vossa terra. Em nome de Deus, eu a destruirei”.

Bonifácio então, sempre de acordo com os relatos populares, pegou um machado que estava perto do carvalho e, quando o brandiu no ar, uma poderosa rajada de vento varreu de repente o bosque e derrubou a árvore pelas próprias raízes, deixando-a em quatro pedaços. Com sua madeira, ele construiria mais tarde uma capela.

São Bonifácio árvore de Natal

Diante do povo estarrecido porque Thor não fulminara Bonifácio com seu raio vingador, o bispo prosseguiu o seu discurso, agora apontando para outra árvore ali próxima: um pequeno abeto.

Esta arvorezinha, este pequeno filho do bosque, será nesta noite a vossa árvore santa. Esta é a madeira da paz; é o sinal de uma vida sem fim, porque as suas folhas são sempre verdes. Olhai a sua ponta voltada ao céu. Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas dentro dos vossos lares; ali haverá abrigo e não ações sangrentas; ali haverá presentes amorosos e gestos de bondade”.

O nascimento de uma belíssima tradição

É claro que não existem registros documentais desse episódio para além das tradições repassadas popularmente. O que é fato histórico é que São Bonifácio realmente foi um dos maiores responsáveis pela conversão dos povos germânicos, pela eliminação dos sacrifícios humanos vinculados aos cultos pagãos naquela região e pelo início de uma nova tradição que perdura até hoje: a de, na época do Natal, decorar nos lares uma árvore que celebrasse a nova vida trazida pelo nascimento do Salvador.

Atribui-se a São Bonifácio, historicamente, a adoção da árvore de Natal como símbolo da vinda de Jesus.

Você quer saber mais?

O santo que criou a árvore de Natal e derrotou com ela o “deus do trovão”: São Bonifácio e a árvore de Natal.

https://pt.aleteia.org/2019/06/05/o-santo-que-criou-a-arvore-de-natal-e-derrotou-com-ela-o-deus-do-trovao/

https://radio.cancaonova.com/cachoeira-paulista---fm/arvore-de-natal-existe-um-dia-certo-para-monta-la/

https://cleofas.com.br/o-que-a-arvore-de-natal-simboliza/

https://www.portalsaofrancisco.com.br/calendario-comemorativo/arvore-de-natal