“O
conhecimento da natureza é o caminho é o caminho para a admiração
do Criador.” Justus
Von Liebig, químico patrono da Universidade de Giessen, Alemanha.
Georges
Lemaître (1894-1966), o padre do Big Bang
O
físico e matemático belga, que combinou ciência e fé em seus
trabalhos, foi o primeiro a falar da origem do universo em expansão
e com um passado infinito. Ciência e fé não costumam dar bons
casamentos, mas há exceções, como a do cientista e sacerdote
católico belga Georges Lemaître, que não é apenas um exemplo
reconhecido pela comunidade científica, mas que, com grande
humildade, foi capaz de corrigir o próprio Albert Einstein. Estamos
falando do padre da Teoria do Big Bang, que tentou demonstrar a
origem do universo. Sem renunciar à sua fé católica, Lemaître
falou de um passado infinito do universo, mas que não entrava em
contradição com sua crença em um Deus criador do mundo, já que
tanto Aristóteles quanto São Tomás de Aquino mostraram que a
criação de um universo não precisaria de um começo no tempo. Foi
nomeado professor associado de matemática na Universidade Católica
de Lovaina. Em 1927, defendeu sua tese no MIT: 'O campo gravitacional
em uma esfera fluida de densidade invariante uniforme, segundo a
teoria da relatividade'. Neste novo papel de pesquisador e
divulgador, Georges Lemaître realizou a derivação do que hoje é
conhecida como a Lei de Hubble, que relata a velocidade com que uma
galáxia se afasta e a sua distância. Lemaître respondeu às
objeções a sua teoria em um documento publicado na revista Nature,
em maio de 1931. "Se o mundo começou com um único quantum, as
noções de espaço e tempo não teriam nenhum significado no
princípio; só começariam a ter algum significado sensato quando o
quantum original fosse dividido em um número suficiente de quanta.
Se esta sugestão estiver correta, o começo do mundo aconteceu um
pouco antes do começo do espaço e do tempo". Em realidade,
Lemaître sempre expressou que era importante manter uma separação
entre as idéias científicas e as crenças religiosas sobre a
criação. Esta foi a primeira formulação explícita da Teoria do
Big
Bang,
atualmente aceita e que naquele momento também era aceita pela
maioria dos cientistas e a qual Georges chamou de "hipótese
do átomo primordial".
Em 1933, Einstein e Lemaître disponibilizaram-se a ministrar uma
série de conferências na Califórnia. Depois de ouvir Lemaître
explicar sua teoria em um desses seminários, Einstein levantou-se e
disse: "Esta é a mais bela e satisfatória explicação da
Criação que em algum momento eu tenha escutado". Ele morreu na
cidade belga de Lovaina, em 20 de junho de 1966, aos 71 anos, dois
anos depois de ter escutado a notícia da descoberta da radiação
cósmica de fundo de microondas cósmicas, que era a prova definitiva
de sua teoria astronômica fundamental do Big Bang.
Os
cosmólogos usam o termo "Big Bang" para se referir à
ideia de que o universo estava originalmente muito quente e denso em
algum tempo finito no passado. Desde então tem se resfriado pela
expansão ao estado diluído atual e continua em expansão
atualmente. A teoria é sustentada por explicações mais completas e
precisas a partir de evidências científicas disponíveis e da
observação. Medições detalhadas da taxa de expansão do universo
colocam o Big Bang em cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, que é
considerada a idade do universo.
Padre
Gregor (1822-1884) Mendel, o pai da genética
Foi
um biólogo, botânico e monge austríaco. Descobriu as leis da
genética, que mudaram o rumo da biologia. Gregor Johann Mendel
nasceu em Heinzendorf, Áustria, no dia 22 de julho de 1822. Filho de
camponeses, observava e estudava as plantas. Sua vocação científica
desenvolveu-se paralela à vocação religiosa. Em 1843, com 21 anos,
Mendel entrou para o Mosteiro Agostiniano de São Tomás, em Brünn,
antigo Império Austro-Húngaro, hoje República Tcheca, onde foi
ordenado padre e, passou a estudar teologia e línguas. Em 1847
ordenou-se e em 1851 foi enviado pelo abade à Universidade de Viena,
para estudar ciências naturais, matemática e física. Leis
de Mendel: ele
passou a dividir seu tempo entre lecionar numa escola técnica e
plantar ervilhas-de-cheiro no jardins do mosteiro iniciando suas
experiências com hibridação (cruzamento de espécies diferentes).
Foram dez anos dedicados ao cruzamento de 22 variedades e
acompanhando sete fatores com base na cor e forma da semente, forma
da vagem, altura do caule etc., que lhe forneceram dados para
formular as leis relativas à hereditariedade.
A
primeira lei
chamada “lei do monoibridismo”, foi resultado de uma série de
cruzamentos com ervilhas durante gerações sucessivas e, mediante a
observação do predomínio da cor (verde ou amarela), que lhe
permitiu formular que existe nos híbridos uma característica
dominante e uma recessiva. Cada caráter é condicionado por um par
de fatores (genes) que se separam na formação dos gametas. A
segunda lei
chamada “lei da recombinação ou da segregação independente”
foi formulada com base na premissa segundo a qual a herança da cor
era independente da herança da superfície da semente, ou seja, num
cruzamento em que estejam envolvidos dois ou mais caracteres, os
fatores que determinam cada um deles se separam de forma independente
durante a formação dos gametas e se recombinam ao acaso, para
formar todas as recombinações possíveis. Os trabalhos de Mendel
sobre hereditariedade que projetaram nova luz nas leis da herança
não tiveram repercussão no meio científico da época. Sem estímulo
para continuar e sobrecarregado com seus deveres administrativos no
mosteiro, em 1868, ele abandonou por completo o trabalho científico.
Sua obra permaneceu ignorada até o século XX, quando alguns
botânicos, em pesquisas independentes, chegaram a resultados
semelhantes e resgatam as "Leis de Mendel".
Nicolau
Copérnico (1473-1543): padre, matemático e astrônomo
Com
24 anos, Nicolau Copérnico partiu para a Itália, onde estudou
Direito Canônico durante três anos. Em 1501, regressa à Polônia,
ordena-se padre e é nomeado cônego da Catedral de Frauenburg.
Estudioso incansável, com 30 anos volta para a Itália onde estuda a
cultura da Grécia clássica, aprofunda seus conhecimentos
matemáticos e estuda medicina, nas universidades de Roma, Ferrara e
Pádua. Em 1506, regressa definitivamente à Polônia. Teoria
Heliocêntrica de Copérnico: de
volta à Polônia, Nicolau Copérnico instala-se na torre do muro que
cercava a Catedral, que lhe servia de observatório e, posteriormente
ficou conhecida como "Torre de Copérnico", onde passa a se
dedicar à elaboração se sua nova e revolucionária teoria do
Universo iniciada durante os anos em que estudou na Itália. O novo
sistema planetário imaginado por Copérnico contradizia as ideias
geocêntricas de Ptolomeu - de que a Terra era o centro do Universo e
em torno dela giravam todos os corpos celestes. A ninguém ocorria
duvidar dessa concepção – o geocentrismo – mesmo porque a
Bíblia e a Igreja aceitavam como verdade indiscutível. A ideia de
Copérnico de que o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo,
que a Terra em vez de ser estática como se pensava, que girava ao
redor do Sol e esse percurso correspondia ao ano terrestre, que a
Terra fazia um movimento sobre si mesma, de onde se devia buscar a
explicação para a sucessão dos dias e das noites, era um
sacrilégio para a época. Em 1512, Nicolau Copérnico publica seu
primeiro livro “Pequeno Comentário”. A publicação causou
celeuma: alguns acolheram com desconfiança e hostilidade, para
outros, Copérnico era um visionário ou um louco. O compêndio de 6
volumes que guarda as teorias de Copérnico “Sobre as Revoluções
dos Corpos Celestes”, concluído em 1530, só foi publicado em
1543, depois que 30 anos se passaram. Conta-se que o primeiro
exemplar impresso do trabalho de Copérnico chegou às mãos do
astrônomo no último dia de sua vida. Na capa estava escrito “De
Revolutionibus Orbium celesti” (Os Movimentos dos Corpos Celestes).
Embora a Teoria Heliocêntrica de Copérnico tenha encontrado alguns
adeptos entre os seus contemporâneos, o sistema só foi realmente
consagrado depois dos trabalhos de Kepler e de Galileu Galilei.
Nicolau Copérnico faleceu em Frauenberg, Polônia, no dia 24 de maio
de 1543. Com toda a sua vasta cultura, Copérnico era um homem
extremamente humilde. Passava as noites estudando as estrelas e de
dia, nas horas vagas, exercia a medicina se dedicando aos doentes
pobres.
Padre
Landell de Moura (1861-1928), pioneiro das telecomunicações
Contemporâneo
de Nikola Tesla, Graham Bell, Marconi Guglielmo, o gaúcho Roberto
Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro de 1861, é considerado um
dos pioneiros das telecomunicações no mundo. Harmonizou a fé de
ser padre com a ciência, foi a primeira pessoa a conseguir
transmitir voz por ondas de rádio sem fio. Ao contrário de seus
pares, porém, teve sua capacidade limitada por uma baixa ambição
pessoal, e pela falta de espírito empreendedor das autoridades
brasileiras. Os primeiros sinais da genialidade de Landell de Moura
surgiram ainda na juventude. Aos 16 anos, afirmou em manuscritos ter
inventado um aparelho telefônico semelhante ao do norte-americano
Graham Bell. Em 1876, mudou-se de Porto Alegre para o Rio de Janeiro,
onde foi estudar na Escola Politécnica. Lá, permaneceu por poucos
meses, até ser viajar para Roma para se tornar padre. Sua formação
eclesiástica ocorreu entre 1878 e 1886. Foi nesse período que
adquiriu também seus conhecimentos em física, que o levaram às
suas descobertas anos depois. Não se sabe com exatidão se estudou a
disciplina formalmente ou se ele era um autodidata.
Transmissão
radiotelegráfica
Uma
das principais controvérsias envolvendo o padre é sua atribuição
como a primeira pessoa a realizar uma transmissão radiotelegráfica.
Isso teria ocorrido anos antes do italiano Guglielmo Marconi criar o
primeiro sistema de telegrafia sem fio, em 1896. O consenso histórico
e científico mundial continua a favorecer o italiano, que venceu o
Nobel de Física em 1909.
Telefonia
sem fio
O
certo é que o Landell de Moura foi pioneiro em outro assunto: em
1890, fez a primeira demonstração pública da transmissão de voz
via ondas de rádio. Ou seja, na prática, inventou o telefone sem
fio. O experimento foi em São Paulo e documentado em jornais da
época. No ano seguinte, patenteou o equipamento no Brasil. Sem apoio
das autoridades, tentou sucesso no Estados Unidos, onde também
conseguiu registrar patentes para o telefone e o telégrafo sem fio.
Voltou em seguida ao país natal e continuou sendo ignorado pelos
governantes, sem investimento para desenvolver suas invenções.
Legado
esquecido
Embora
tenha suas patentes registradas e reconhecidas, a eficácia de seus
aparelhos era bastante limitada. Reproduções mais recentes de seu
telefone sem fio mostraram que ele funciona, mas a voz sai muito
distorcida. O fato é que a falta de atenção e investimento por
parte do Brasil deu margem para que a radiodifusão se desenvolvesse
em outros lugares do mundo, por outras mentes visionárias. Mas isso
não tira os méritos de Landell de Moura como cientista responsável
por grandes inovações. Uma de suas descobertas mais avançadas foi
ter percebido, ainda em 1891, que ondas curtas (de alta frequência)
são mais adequadas para transmissões em longas distâncias. Este
fato só virou consenso científico na década de 1920.
Televisão
Atribui-se
ao cientista a invenção, ou pelo menos ao desenvolvimento do
protótipo de um equipamento capaz de transmitir imagens via ondas
eletromagnéticas, um precursor da televisão. A este aparelho,
projetado em 1904, ele deu o nome de Teleforama. Durante a sua
carreira, Landell de Moura transitou entre a religião e a ciência:
ele praticamente conduzia seus experimentos entre uma missa e outra.
Hoje, é reconhecido como um exemplo de que ciência e religião
podem andar de mãos dadas.
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Construindo
História Hoje
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