Agar e Ismael.
“Entretanto,
também compreendi o teu pedido a respeito de Ismael;
e Eu o abençoarei e lhe darei muitos filhos e uma multidão de descendentes. Ele será pai de doze
príncipes, e Eu farei que os descendentes dele sejam
uma grande nação.”
(Gênesis
17:20)
“São
estes os nomes dos filhos de Ismael, alistados por ordem de nascimento: Nebaiote, o filho mais velho de Ismael, Quedar, Adbeel,
Mibsão, Misma,
Dumá, Massá,
Hadade, Temá,
Jetur, Nafis e Quedemá. Foram
esses os doze filhos de Ismael, que se tornaram os
líderes de suas tribos; os seus povoados e acampamentos receberam
os seus nomes.”
(Gênesis
25:13-16)
“
(...) mas do filho da serva farei também uma grande nação, porquanto ele também é da tua raça!”
(Gênesis
21:13)
Como prometido estou
dando continuidade ao estudo sobre as origens dos povos que habitaram e habitam
a palestina. Está postagem como a anterior tem por objetivo esclarecer as
dúvidas diante dos conflitos atuais entre o Exército Israelense e o Hamas (que
não representa os interesses do povo Palestino). Espero que possa contribuir
para um melhor entendimento das origens e questões que envolvem a região à
milênios. Caso você ainda não tenha lido, aconselho que leia antes a primeira
parte desta serie de postagens sobre a Palestina, a qual você encontra nesse
link: Palestina:
a Terra, o seu Povo e a sua História, Parte II.
Em termos de
geografia, demografia, sociedade, economia e vida cultural, Jerusalém tem sido
o centro da Palestina e o grande ponto de encontro de importantes corredores
leste-oeste, norte-sul. De fato, desde os tempos das civilizações mais
primitivas na Palestina, Jerusalém tem sido a parte mais importante e
inseparável da Palestina. Assim, quem quer que controle Jerusalém fica numa
posição de dominação sobre toda a Palestina. Nela localiza-se a raiz da
turbulenta e conflituosa história da cidade de Jerusalém.
Por volta do século XVIII a.C.., Abraão veio de Ur, no sul da
Mesopotâmia, para a terra de Canaã. Ele se estabeleceu nas cercanias do Vale do
Jordão. Visto que nem o Velho nem o Novo Testamento não haviam
sido revelados durante sua vida, Abraão não era nem judeu nem cristão, mas um
crente na unicidade de Deus. Ele é descrito no Gênese como tendo adorado “o
mais alto Deus”. O Corão menciona que ele era um ‘submisso a Deus’, no sentido
de ter entregue-se a vontade do Deus único. Assim, cristãos, muçulmanos e
judeus ainda rogam por ele em todas as suas preces, como acreditam que Deus
lhes exortou a fazerem. Agar, a
concubina de Abraão, lhe gerou seu filho Ismael, de
quem os atuais muçulmanos traçam sua descendência; entrementes, a sua
mulher Sara gerou-lhe o filho Isaac, do qual os atuais judeus traçam sua
linhagem. Abraão se mudou para um
lugar perto de Hebron (al-Khalil), onde viveu pregando o monoteísmo.
Quando morreu, Ismael e Isaac sepultaram-no na mesma cova onde sua mulher Sara
fora sepultada. Seu filho Isaac gerou Jacó (Israel), que viveu na região de
Harran (Aram).
Por volta de 1.300 a.C..,
os doze filhos de Jacó partiram para o Egito. Eles se integraram aos
egípcios e José, o mais jovem dos filhos de Jacó, casou com a filha do sumo
sacerdote. Originalmente um pequeno grupo de pessoas, eles se
multiplicaram e ganharam força durante várias centenas de anos no Egito,
tornando-se os israelitas. Foi no Egito que Moisés, ‘o fundador do judaísmo e o
mais eminente legislador e também profeta para as três religiões reveladas,
nasceu e estudou filosofia egípcia, tornando-se letrado em todas as ciências
dos egípcios. Moisés, juntamente com seu povo (B’nei Israel) deixaram o Egito
por volta do século XIII a.C.. Vagaram durante 40 anos no Sinai, e durante esse tempo ele recebeu a
lei divina judaica no monte Sinai (Tur).
Após a morte de Moisés, Josué assumiu a liderança dos
israelitas e os conduziu para o oeste pelo rio Jordão até Canaã. A primeira cidade Cananéia que Josué
conquistou foi Jericó, destruindo-a juntamente com seus habitantes. Depois,
ele assumiu o controle de Yashuu’ (Bayt Ele), Likhish, e Hebron, embora os
filisteus tenham bloqueado o avanço do povo de Moisés rumo à costa, na área
entre Gaza e Jafa, enquanto os cananeus impediram-nos de conquistar Jerusalém.
Nos 150 anos
seguintes, os israelitas, filisteus e cananeus controlaram alternadamente,
porções da área da moderna Palestina, com os cananeus (Jabusitas) controlando
Jerusalém. Mas nenhum grupo foi
capaz de consolidar o controle sobre toda a área. Houve numerosas lutas entre
esses grupos, sendo que cada um mantinha sua própria cultura e sua própria
independência.
Por volta de 1.000 a.C., o rei dos israelitas, Davi, pôde subjugar
os pequenos estados de Edom, Moab e Amon. Durante sete anos ele
fez de Hebron sua capital, mas, depois transferiu o centro do poder para
Jerusalém pelos últimos 35 anos de seu reinado. Depois dele, o poder passou
para seu filho Salomão, que é famoso por ter erguido o lugar de adoração
conhecido como o Templo de Salomão. Para os judeus, esse templo tornou-se o
centro da vida religiosa e o símbolo básico de sua unidade. Tornou-se ainda um
ponto de peregrinação emocional para o povo judeu.
Com a morte de Salomão, seu reino foi dividido em dois: o
Reino de Israel, ao norte, composto por dez tribos, com Samaria (Sabastia) como
sua capital, e Reino da Judéia, ao sul, composto por duas tribos, com Jerusalém
como sua capital. Lutas crônicas entre os dois estados e
batalhas colocando-os contra os cananeus e os filisteus, caracterizaram esse
período volátil da história do Oriente Próximo.
Por volta de 720 a.C.. os assírios, sob o rei Sargão,
destruíram o reino israelita ao norte. Em 600 a.C.. os babilônios, sob o
comando de Nabucodonozor, conquistaram o reino israelita sudeste,
destruindo o Templo de Salomão em aproximadamente 586 a.C.., Ciro, rei dos persas,
foi capaz de conquistar o império babilônio (Mesopotâmia), prosseguindo em suas
conquistas até que ocupou a Síria e depois a Palestina, incluindo Jerusalém,
permitiu que os escravos de Nabucodonozor retornassem à Palestina, e o Segundo
Templo foi concluído em 515 a.C.
Quando o império grego floresceu (eles ainda governaram
Jerusalém durante sete anos) a Palestina caiu sob o domínio do Egito (322-200 a.C..) e
depois por um certo período sob o governo dos selêucidas da Síria de 200- 142
a.C.. Neste ano, o rei Antióquio IV, tinha danificado o Templo
de Salomão forçou os judeus a renunciarem ao judaísmo e a abraçarem o paganismo
grego.
Por volta de 63 a.C., depois que os romanos subjugaram os
seldúcidas na Síria, o general romano Pompeu assumiu o controle sobre
Jerusalém. Com a ajuda dos
romanos, Herodes se tornou rei da Judéia no ano de 40 a.C. Seu reinado durou
até a sua morte no ano 4 A.D. Durante esse tempo, o Templo de Salomão foi
reconstruído em Jerusalém e houve a perseguição, o processo e crucificação de
Jesus Cristo, depois do que, sobreveio a propagação da fé cristã.
Na era de Tito, cerca de 70 A.D., os romanos infligiram aos
judeus uma derrota devastadora. Tomaram Jerusalém e queimaram o templo judeu de uma vez por todas. Sob
Adriano, várias décadas depois, os remanescentes finais da população judaica
foram subjugados e expulsos da Palestina. Os romanos ergueram
uma nova cidade sobre as ruínas de Jerusalém, a qual eles denominaram de Aelia Capitolina, com referência ao imperador
Aelius Adrianus. Cerca de 395 A.D., Jerusalém tornou-se uma cidade
bizantina e cristã. Mas emobora a Palestina e seus habitantes se tornassem uma
parte do império bizantino política e religiosamente, a vida e a cultura dos
cananeus locais permaneceram voltadas para Jerusalém.
Após um breve período de controle pela Pérsia, no começo
do século VII A.D. a Palestina e o resto da Síria saíram do jugo dos romanos e
caíram na esfera do império árabe-islâmico. Jerusalém tornou-se a primeira
direção das preces dos muçulmanos (qibla) –‘o primeiro dos dois qiblas’ – e a
Palestina ‘os recintos que Deus abençoou’.