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quinta-feira, 15 de maio de 2014

O escravo no Rio Grande do Sul


O escravo e o trabalho com a cana de açúcar. Fonte: Arquivo Pessoal CHH.

Autor: Leandro Claudir

Para a historiografia sulina durante décadas o escravo africano inexistiu, sendo esse um consenso entre os historiadores a pouca importância que teria tido o escravo na formação do Rio Grande do Sul. Avaliavam ser o homem livre o fator preponderante na formação de nosso Estado. Acreditavam que os escravos eram pouco utilizados, e quando se falava neles era para ressaltar que aqui, se houve escravismo, ele foi paternal, benigno. Pelo conceito vigente acreditavam que havia sido pequena a contribuição de sangue africano na etnia rio-grandense.

Diante desses fatos cria-se então o difuso mito da Província libertária, obra do braço livre, inocente, ou quase, da pecha da escravidão. Mas os primeiros escritos sérios sobre o assunto irão provar o contrário. Participando do amplo movimento da década de 30, que reiniciará o estudo mais sistemático da “africanologia” brasileira, aparecerão os primeiros trabalhos do advogado Dante de Laytano que procurará, nos documentos, relatos e mapas estatísticos do século XVIII e XIX, o traço da passagem da escravidão pelo Rio Grande do Sul. Tece duras palavras sobre a benignidade do tratamento aos escravos, pois enquanto os negros estavam no pastoril do Rio Grande tiveram um tratamento mais humano, mas ao habitar a senzala dos granjeiros ou as charqueadas esse tratamento foi modificado pelas chicoteadas do feitor e pela barbárie escravagista.

Na verdade, a história do escravo no sul está, ainda, por escrever-se. Isso deve-se a resistência dos historiadores gaúchos a escrever a história como ela é, pois tornará pouco simpático os heróis aparecerem como senhores-de-escravos. Junta-se a esse problema a raridade das fontes históricas, pois muitas foram propositalmente destruídas. A saga do escravo no Rio Grande do Sul não deve ser esquecida, pois ali nas fétidas e úmidas senzalas das charqueadas, nos suicídios do escravo desesperado, no negro aquilombado, nas tentativas de fuga e insurreições está o passado do nosso povo. No fim do século XVII, Portugal funda a Colônia de Sacramento e uma das mercadorias procuradas que mais chegavam à mesma colônia era o negro. Era um gigantesco mercado de mão-de-obra servil devido a sua posição geográfica que facilitava tanto o recebimento como a distribuição pela região. O comercio com o homem escravizado será uma realidade cotidiana na Colônia. Outra atividade importante para a Colônia de Sacramento além do contrabando era o couro, sebos carnes salgadas e os escravos africanos como citados anteriormente. A caça ao gado da Banda Oriental, pelo seu couro, será permanentemente, um dos pilares econômicos da Colônia. Conseguindo o couro, era ele secado e exportado para o Brasil, ou para o exterior. Com a abertura do ciclo mineiro, com o descobrimento dos campos auríferos em Minas Gerais. As “vacarias” do sul serão agora valorizadas não somente pelo couro que se podia extrair. O gado vale como animal de carga, como fonte de suprimento.

Nos primeiros anos do novo século, começarão a descer, em direção ao sul, tropeiros vicentinos em busca do valorizado e abundante gado. Isso possibilita a fixação do homem: as primeiras “estâncias”, os primeiros povoados. A ocupação do sul, que vinha dando-se em função da Colônia de Sacramento, torna-se independente desta, toma uma razão em si. Mas isso não significa que a ocupação do Rio Grande do Sul tenha-se dado baseada essencialmente sobre o braço livre. Mesmo sendo obvio que a caça ao gado selvagem não se combinava com o trabalho compulsório. Os peões que trabalhavam na courama eram senhores de seus destinos, pois se encontravam com boas montarias e armados. Coisas que não se encaixavam com o homem escravizado. Alguns escravos que participavam dessas atividades transformavam-se em acompanhantes de seus senhores como guarda-costas e pajens. A escravidão era meramente jurídica. A abundância de mão de obra para estas atividades estava relacionada com a dificuldade de obter terras e o orgulho impedia os colonos de competir com os escravos índios e negros pela agricultura, pois isso os faria manchar a honra espanhola. O negocio do gado era diferente. Era “Sport”, não trabalho. O mesmo era válido para o lusitano.


Cicatrizes dos açoites dos feitores. Fonte: Arquivo Pessoal CHH. 

Desse modelo social nasce o gaudério, changador ou gaúcho. Em regra homens de má índole, vagabundos e fugitivos. O gaúcho foi parte fundamental de nossa história que esqueceu do eterno presente : o escravo. Embora, até quase o início do século XIX não tivéssemos um regime social de produção escravista a presença do homem escravizado era constante e significativa. O nosso território começa a ser ocupado durante um período aonde a sociedade brasileira esta toda alicerçada sobre a exploração do trabalho servil. A posse de um escravo significava status social. A presença do escravo em nossas primeiras estâncias e algo pouco estudado, mas seu papel importante esta presente na analise de mapas estatísticos da Capitania. A agricultura ocupará, também, nesses primeiros anos o braço escravo. Não o fará porém com exclusividade. O regime social de escravidão se estrutura com a expulsão dos espanhóis e a fundação da primeira charqueada, ao nível industrial, que teremos uma atividade produtiva de primeira ordem, baseada na exploração do trabalho escravo. Iniciando a introdução sistemática de escravos para a exploração na atividade produtiva. O ato de charquear era uma pratica artesanal e o próprio peão podia preparar o couro e carneá-lo, estender as carnes. O começo da produção industrial de charque no Rio Grande do Sul deve-se as secas do final do século XVIII, no nordeste que até então era o produtor da carne seca.

Desse modo o mercado do produtor; o Rio Grande do Sul o substituirá. O ciclo da charqueada inaugura a definitiva estruturação do escravismo como modo social de produção dominante de uma ampla região de nosso território. As conseqüências e determinação que isso trará para a nossa história não foram, ainda, nem mesmo delineadas. Por mais de cem anos, a classe economicamente mais dinâmica viverá da exploração direta do trabalho escravo. Teremos então nossas senzalas, feitores, tronco, nossas “casas grandes” e nelas frente a frente, o senhor e o escravo. Pode-se dizer que o limite da jornada de trabalho na charqueada era a resistência física do escravo. A violência na charqueada era extrema, o escravo mau trabalhador era na maioria das vezes castigado e torturado. Era um nodo de coerção muito eficiente para os senhores das charqueadas. Com a supressão “Legal” da entrada de novos escravos em 1850, pressionado pela marinha inglesa, o império começa efetivamente a reprimir o tráfico negreiro. Teremos porém ainda os desembarques clandestinos.

O contrabando de escravos que desembarcaram em Montevidéu no Uruguai era comum até a abolição da escravatura no mesmo. Outro problema a ser abordado pela historiografia era a origem dos escravos que chegavam ao Rio Grande do Sul, pois no máximo o que aparecia nos registros era o porto em que eram embarcados no continente africano. Para esboçar a origem e tradição histórico-cultural do afro-gaúcho seria necessário dois grandes processos. Identificar as correntes escravistas do continente africano e definir suas conexões com o nosso tráfico. O escravo era ensinado a obedecer e acreditar na superioridade de seu senhor. Porém incessantemente, o escravo resistiu. Quando resiste e retoma das mãos do senhor sua vida, reassume sua essência, é homem.

O ápice da resistência ao escravismo foi a insurreição mesmo rara e os quilombos, sociedades livres para homens livres. Eram insurgências sociais, coletivas. De modo individual o escravo, fazia corpo mole, fugia, ajustiçava eu senhor e sua família, feitor e o suicídio como o limite máximo da busca por liberdade. O suicídio será uma constante na história do escravismo. As concepções religiosas africanas, a brutalização e desumanização a que era lançado, as duras condições de sua vida, tudo apontava ao suicídio como possível alternativa. Podia assumir esse ato proporções verdadeiramente endêmicas. O suicídio não era só um perda material, mas uma sansão moral. A fuga de escravos para alcançar liberdade era comum, pois fugiam para aquilombar-se em um retirado ermo, para construir uma cabana afastada no campo, para procurar um novo senhor. No Rio Grande do Sul fugia em direção a fronteira castelhana, raia da liberdade.


Engenho colonial de cana de açúcar. Fonte: Arquivo Pessoal CHH. 

A fuga do escravo atravessará toda a história do escravismo gaúcho. A mais comum era a fuga para a constituição de “quilombos”. O escravo não só procurava conquistar sua liberdade através da fuga. São constantes, na documentação do Império, referências a insurreições ou tentativas de insurreições servis. As conspirações libertarias dos escravos gaúchos, no entanto,foram sempre reprimidas antes de eclodirem. E isso não era de estranhar devido a várias barreiras como: comunicação, línguas distintas, repressão e delação entre outras. O envelhecimento da escravaria, a escassez crescente de braços servis, assim como outros fatores, obrigou aos senhores-de-escravos a procurarem outro tipo de trabalhador para suas fazendas, plantações, etc. A escravidão no Brasil, prolongou-se até o apodrecimento. O apego constante dos historiadores gaúchos, em manter sob sua tutela a presença imaculada dos heróis de nosso estado tem impedido que a luz de fatos que construíram nossa sociedade atual venham a tona. Protegendo os heróis de receberem também o titulo de senhores-de-escravos, estão obstruindo o avanço do nosso encontro com nossas origens. No decorrer do texto o autor demonstra uma clara preocupação em situar o leitor dentro do contexto internacional e nacional que levaram a escravatura no Rio Grande do Sul e de forma objetiva demonstra o uso do instrumento servil desde o inicio da colonização no Estado.

A única mudança foi devido à maior necessidade de produção e capital com a vinda das charqueadas. Com as charqueadas os escravos começaram a trabalhar como máquinas em uma linha de produção, sendo cobrados para trabalharem mais por muito pouco (custo-benefício). Para que desse modo seus senhores viesse a lucrar muito. Podemos observar que o escravo era um objeto de uso para seus senhores, pois se ficasse desgastado (muito doentes e velhos) depois de muito trabalho eram substituído como um maquinário obsoleto por um mais atual, no caso um negro mais jovem. Mas pior que a escravidão é alguns historiadores terem o interesse de excluir esse evento dos anais da história de nosso Estado. Isso é como se mantivéssemos escravizados até hoje todos os escravos que aqui em nosso Estado chegaram e com sangue ajudaram a construir nossa economia e desenvolvimento. Diante de todos os fatos presentes no texto fica clara a luta permanente do humano de pele negra procurando constantemente a liberdade, pois é um grito presente dentro da própria alma do individuo. Essa luta estava presente nas fugas mesmo que sem rumo, nos quilombos como uma luta organizada de estabelecer uma sociedade construída por eles e para eles, aonde fossem aceitos. Uma luta que levava a natureza de liberdade presente na alma humana ao extremo, de sentir-se em saída e como última saída à vingança contra seus algozes ou o suicídio baseado em suas crenças na esperança de retornar a sua terra.

domingo, 11 de maio de 2014

The grand stately Jules Verne


Jules Verne

Jules Verne, (born Feb. 8, 1828, Nantes, France—died March 24, 1905, Amiens), prolific French author whose writings laid much of the foundation of modern science fiction.

Verne’s father, intending that Jules follow in his footsteps as an attorney, sent him to Paris to study law. But the young Verne fell in love with literature, especially theatre. He wrote several plays, worked as secretary of the Théâtre Lyrique (1852–54), and published short stories and scientific essays in the periodical Musée des familles. In 1857 Verne married and for several years worked as a broker at the Paris Stock Market. During this period he continued to write, to do research at the Bibliothèque Nationale (National Library), and to dream of a new kind of novel—one that would combine scientific fact with adventure fiction. In September 1862 Verne met Pierre-Jules Hetzel, who agreed to publish the first of Verne’s Voyages extraordinaires (“Extraordinary Journeys”)—Cinq semaines en balloon (1863; Five Weeks in a Balloon). Initially serialized in Hetzel’s Le Magasin d’éducation et de récréation, the novel became an international best seller, and Hetzel offered Verne a long-term contract to produce many more works of “scientific fiction.” Verne subsequently quit his job at the stock market to become a full-time writer and began what would prove to be a highly successful author-publisher collaboration that lasted for more than 40 years and resulted in more than 60 works in the popular series Voyages extraordinaires.

Verne’s works can be divided into three distinct phases. The first, from 1862 to 1886, might be termed his positivist period. After his dystopian second novel Paris au XXe siècle (1994; Paris in the 20th Century) was rejected by Hetzel in 1863, Verne learned his lesson, and for more than two decades he churned out many successful science-adventure novels, including Voyage au centre de la terre (1863, expanded 1867; Journey to the Centre of the Earth), De la terre à la lune (1865; From the Earth to the Moon), Autour de la lune (1870; Trip Around the Moon), Vingt mille lieues sous les mers (1870; Twenty Thousand Leagues Under the Sea), and Le Tour du monde en quatre-vingts jours (1873; Around the World in Eighty Days). During these years Verne settled with his family in Amiens and made a brief trip to the United States to visit New York City and Niagara Falls. During this period he also purchased several yachts and sailed to many European countries, collaborated on theatre adaptations of several of his novels, and gained both worldwide fame and a modest fortune.


Illustration from Jules Verne’s Twenty Thousand Leagues Under the Sea. Captain Nemo observes an octopus through the window of the submarine.

The second phase, from 1886 until his death in 1905, might be considered Verne’s pessimist period. Throughout these years the ideological tone of his Voyages extraordinaires began to change. Increasingly Verne turned away from pro-science tales of exploration and discovery in favour of exploring the dangers of technology wrought by hubris-filled scientists in novels such as Sans dessus dessous (1889; Topsy-Turvy), L’Île à hélice (1895; Floating Island), Face au drapeau (1896; For the Flag), and Maître du monde (1904; Master of the World). This change of focus also paralleled certain adversities in the author’s personal life: growing problems with his rebellious son, Michel; financial difficulties that forced him to sell his yacht; the successive deaths of his mother and his mentor Hetzel; and an attack by a mentally disturbed nephew who shot him in the lower leg, rendering him partially crippled. When Verne died he left a drawerful of nearly completed manuscripts in his desk.

The third and final phase of the Jules Verne story, from 1905 to 1919, might be considered the Verne fils period, when his posthumous works were published—after being substantially revamped—by his son, Michel. They include Le Volcan d’or (1906; The Golden Volcano), L’Agence Thompson and Co. (1907; The Thompson Travel Agency), La Chasse au météore (1908; The Chase of the Golden Meteor), Le Pilote du Danube (1908; The Danube Pilot), Les Naufragés du Jonathan (1909; The Survivors of the Jonathan), Le Secret de Wilhelm Storitz (1910; The Secret of Wilhelm Storitz), Hier et demain (1910; Yesterday and Tomorrow, a collection of short stories), and L’Étonnante aventure de la mission Barsac (1919; The Barsac Mission). Comparing Verne’s original manuscripts with the versions published after his death, modern researchers discovered that Michel Verne did much more than merely edit them. In most cases he entirely rewrote them—among other changes, he recast plots, added fictional characters, and made their style more melodramatic. Scholarly reaction to these discoveries has been mixed. Some critics condemn these posthumous works as contaminated; others view them as a legitimate part of the Verne père et fils collaboration. The debate continues With Michel Verne’s death in 1925, the final chapter of Jules Verne’s literary legacy was more or less complete. The following year American publisher Hugo Gernsback used a representation of Verne’s tomb as a logo for his Amazing Stories, the first literary magazine featuring tales of “scientifiction.” As the term scientifiction evolved into science fiction, the new genre began to flourish as never before, and Verne became universally recognized as its patron saint.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Erwin Rommel: a raposa do deserto


Rápido e astuto, o alemão colecionou feitos antológicos e tornou-se o maior estrategista militar da Segunda Guerra.

"O senhor é muito rápido para nós”, disse o general francês logo após se render ao comandante inimigo. A frase soaria frágil e covarde, não fosse dirigida a um dos mais astutos e mitológicos personagens dos campos de batalha. O tal “senhor”, no caso, é um general que conseguiu feitos inacreditáveis nas mais adversas situações. Colecionador de ações antológicas nas duas grandes guerras que a humanidade já assistiu, Erwin Rommel era um alemão ágil e sabido, que em pouco tempo se tornou o mais famoso estrategista da Segunda Guerra Mundial. Com suas tropas, conseguiu avançar cerca de 240 quilômetros em apenas 24 horas, feito que nenhum outro general foi capaz de produzir naqueles tempos. Logo ganhou o apelido de “A Raposa do Deserto”, após fortalecer as combalidas tropas italianas de Mussolini no norte da África, em 1941, e, de quebra, fazer as avançadas tropas britânicas recuarem no front africano.

Filho de um professor universitário com uma jovem de ascendência nobre, Rommel nasceu em 1891 na cidade de Heidenheim. Desde a infância, mostrava gosto por aviões e planadores, mas acabou ingressando aos 18 anos no 124º Regimento de Infantaria de Württemberg. Nas cartas trocadas com a mulher, durante o período em que esteve no deserto, transparece um dedicado pai de família, interessado com o desempenho escolar do único filho, a quem sempre cobria de elogios. Qualidade, por sinal, que também era vista na sua relação com os soldados. Sem grosserias, calmo, ensinava técnicas de combate salientando que a ousadia e a surpresa eram as grandes armas de um exército.


Nas correspondências, contava também parte do dia-a-dia no inóspito norte da África. Falava sobre o calor insuportável, sobre a guerra contra os percevejos na hora de dormir, derrotados depois de o general ter-se irritado a ponto de atear fogo na própria cama. Nas vazias noites do deserto, seu passatempo era matar moscas. A comida merecia capítulo especial. Eis um jantar caprichado descrito por ele: “Anteontem à noite, comemos uma galinha que devia provir das poeiras de Ramsés II. Apesar das seis horas que levou para cozinhar, ficou como sola de sapato e meu estômago não a pôde digerir”.
Best seller

Ainda na Primeira Guerra Mundial, Rommel ganhou a maior condecoração a oficiais concedida pelo governo germânico. Cerca de 9 mil soldados inimigos e 80 canhões caíram em suas mãos naquele conflito, ao vencer no norte da Itália a Batalha de Carporetto.

Em 1929, Rommel escreveu seu primeiro livro, Ataques de Infantaria, no qual compilou parte de suas idéias e técnicas de estratégia. A obra, lida com admiração por Hitler e mais de 400 mil alemães, instigou ainda mais o interesse dos germânicos pelo já reconhecido herói de guerra.

Foi na Segunda Guerra Mundial, porém, que a fama de Rommel fez o mundo estremecer. Sob o comando da 7ª Divisão Panzer, em 1940, ele foi um dos primeiros a ultrapassar a Linha Maginot, na França, antes em mãos de tropas britânicas e francesas. A inovadora e fulminante Blitzkrieg (guerra-relâmpago) surgia para o mundo de forma implacável: foi durante a invasão da França que Rommel conseguiu atingir a inigualável marca de deslocamento de 240 km em um único dia – feito que rendeu a seus homens a fama de "Divisão Fantasma".

AfrikaKorps

Em fevereiro de 1941, sob ordem do chefe do Estado-Maior do Reich, Walter von Brauchitsch, nascia um grupo especial que se tornaria lendário, batizado de Afrika Korps. Sua missão era auxiliar as frágeis frentes italianas no norte da África, que padeciam com armamento escasso. Mas a tarefa não seria simples. Com curto raio de ação, os canhões da divisão datavam de 1914 e estavam completamente obsoletos. A situação de outras armas não era muito diferente. Metralhadoras e veículos de defesa pouco podiam fazer diante do poder de fogo dos aliados. Para piorar, grande parte do exército italiano era constituída por infantaria não-motorizada, adequada para posições defensivas, mas de valor nulo nos embates no deserto.


Nessas horas, porém, a genialidade de Rommel fazia a diferença. Em uma ocasião, ele mandou seus mecânicos reformarem vários carros Fiat abandonados, cobrindo-os com telas e falsos canhões de madeira. Batizados de Pappedivision, os veículos engrossaram as fileiras junto aos Panzers verdadeiros, compondo frentes que se estendiam por até 1,5 quilômetro. O plano funcionou. Os inimigos recuavam só de vê-los se aproximando. A reconquista da Cirenaica foi rápida e implacável.

Rommel também se aproveitava dos erros do inimigo. Em suas palavras, o maior vacilo dos aliados, além do excesso de táticas de dispersão, era o uso de "técnicas metódicas de comando, a sistemática emissão de ordens até os mais ínfimos pormenores, deixando pouca iniciativa ao comando subalterno, e o seu fraco poder de adaptação ante uma mudança no decorrer da batalha". Maleabilidade no comando é essencial para embates no deserto, dizia ele. Nesse tipo de terreno, onde uma ventania é capaz de mudar a configuração de uma tropa por causa da falta de abrigo, os planos têm de ser alterados a qualquer momento. Várias vezes a falta de obstáculos terrestres deixou o caminho livre para Rommel aplicar as práticas de guerra entre tanques, até então inovadoras. Ele as usou com maestria e criou novas táticas, deixando os britânicos sem reação.

Hitler, o desafeto

Apesar da liberdade de que Rommel gozava, suas rusgas com o Reich eram constantes. Não se considerava nazista, apesar de respeitar Hitler. Mas a relação entre os dois degringolou no início de 1943, quando o Führer jogou as forças dos Afrika Korps em segundo plano. Os recursos escassearam, e a paciência de Rommel também. Se os suprimentos não viessem, teria de se retirar. Hitler e o marechal Hermann Goering, principal desafeto de Rommel, ficaram furiosos. O braço-direito do Führer acusava o general de desanimado e doentio, pois achava inconcebível um comandante descartar a vitória.

Em novembro de 1943, após a retirada dos Afrika Korps para a Tunísia (a contragosto de Hitler, claro), Rommel foi deslocado para supervisionar as defesas que restaram na Dinamarca, Bélgica, Países Baixos e França. No ano seguinte, foi cuidar da Muralha do Atlântico, região que os alemães acreditavam ser forte o suficiente para segurar o avanço dos aliados. Aumentou as fortificações, instalando bunkers, postos e cerca de 6 milhões de minas. Mas já suspeitava que o ataque dos inimigos seria pela Normandia, fato confirmado em 6 junho de 1944, o Dia D.


Em outubro de 1944, Rommel voltou para sua casa em Herrlingen. Com graves ferimentos, depois de ter seu carro atingido por um morteiro, passou seus últimos dias desiludido pela guerra e indignado com a resistência absurda imposta por Hitler ao exército alemão. A casa estava sendo vigiada pela Gestapo, que suspeitava da participação de Rommel no atentado a Hitler alguns meses antes. Na manhã do dia 14, vestindo sua farda cáqui dos Afrika Korps, ele morreu depois de ingerir veneno. Era o paliativo oferecido por Hitler, em respeito aos serviços prestados na África. Caso não aceitasse o suicídio, seria preso e sua família, acusada de alta traição.

Enterrado com pompa, foi um dos últimos grandes generais. Grande não só pela capacidade militar, mas também pelas atitudes. Rommel nunca foi acusado de crimes de guerra, tortura ou maus-tratos. Cortava a água de suas tropas no deserto, mas não deixava seus prisioneiros morrerem de sede.

Caça à raposa

Em pouco tempo, Rommel e os Afrika Korps fizeram uma reviravolta no front africano. O pânico tomou conta dos oficiais britânicos, que davam como certa a vitória sobre os italianos. Nesse momento de desespero, o general Alan Cunningham criou a Operação Caça à Raposa, um plano minucioso para atacar os alojamentos alemães e assassinar Rommel, única alternativa para tentar frear o avanço do Eixo no deserto. A operação envolvia o uso de dois submarinos para o transporte das tropas. Depois, os combatentes seriam divididos em três grupos: dois ficaram encarregados de sabotar as centrais de comunicações; outro atacaria o QG alemão em Beda Littoria e a instalação onde estava Rommel. Quando a operação começou, tudo aconteceu como planejado – tanto que os comandantes ingleses chegaram a abrir uma garrafa de champanhe para comemorar o sucesso da missão. Ledo engano. Na madrugada de 18 de novembro de 1941, os britânicos chegaram ao local planejado e, sem uniformes e respondendo ao sentinela em alemão, conseguiram entrar no QG. Para surpresa de todos, a Raposa havia ido embora no dia anterior. Por pouco eles não obtiveram sucesso. Ficaram no “quase”.

domingo, 4 de maio de 2014

Psicopata, na presença do criminoso.



Todo psicopata é, por definição, psicologicamente invencível. Por mais que você lhe mostre seus erros e prove os seus crimes, ele continuará não só proclamando inocência, mas cantando vitória.

O psicopata não sente culpa, não sabe o que é o arrependimento interior, mas foge da vergonha exterior com uma obstinação inflexível, defendendo com a ferocidade de mil leões o único patrimônio moral que possui: o amor próprio. Aquele mesmo amor próprio que o cristão destrói sistematicamente todos os dias ao confessar seus pecados num tribunal interior onde o autoengano não escapa ileso, é para o psicopata o supremo bem, a arma da qual depende para garantir sua subsistência, sua ascensão social, seu sucesso no mundo. Mesmo pego em flagrante, exibida ante os olhos do mundo a prova do seu crime, ele jamais admitirá: “Pequei, necessito do perdão.” Ele jamais sofrerá interiormente por ter feito o mal, por ter prejudicado um inocente, por ter lesado um irmão, por ter arruinado um amigo ou atacado covardemente um inimigo pelas costas. Em vez disso, produzirá do nada os mais extraordinários subterfúgios e racionalizações, apelando, se necessário e possível, ao mais rebuscado e postiço arremedo de erudição, para não dar o braço a torcer. Nenhuma lágrima de arrependimento correrá sobre a sua face, nenhum sincero pedido de perdão brotará da sua boca.

Essa é a reação normal de um ser humano, mesmo sem fé religiosa. A religião pode aprimorar a consciência moral, mas só quando esta existe antes disso. Nenhuma conversão religiosa, por si, corrigirá um psicopata. Será preciso uma dura fiscalização externa para mantê-lo nos limites da conduta tolerável. Ou, para mudá-lo por dentro, um milagre.

Numa situação normal, as pessoas têm geralmente alguma defesa instintiva contra esses indivíduos. Percebem vagamente que há neles algo de errado e, sem acusá-los de nada, se afastam deles por precaução.

A confusão moral generalizada no ambiente mental brasileiro, nos últimos anos, favorece, ao contrário, a ascensão de milhares desses tipos a lugares de destaque na sociedade: tornam-se jornalistas, professores, formadores de opinião, não raro políticos e governantes.

Dois fatores concorrem para o seu sucesso.

O primeiro é de ordem neurofisiológica. Eles não têm sentimentos morais, mas percebem os dos outros e sabem manipulá-los em vantagem própria. Isso acontece porque, diante de situações que normalmente deveriam tocar os seus corações, o que se ativa no seu cérebro não são as áreas emocionais, como nas demais pessoas, e sim a área da comunicação linguística. Com a maior facilidade, eles dissolvem a percepção moral alheia numa pasta confusa de subterfúgios verbais que bloqueiam a certeza intuitiva e a substituem por dúvidas e desconversas desesperadoramente artificiosas, em geral superiores à capacidade de análise lógica do cidadão comum. Groucho Marx satirizou a situação com a famosa tirada: “Afinal, você vai crer em mim ou nos seus próprios olhos?”

O segundo, decorrência do primeiro, pertence mais à sociologia. Os sentimentos morais profundos são em geral difíceis de verbalizar. Permanecem guardados no fundo das almas, só comunicáveis em relações de excepcional intimidade, quando um olhar diz mais que mil palavras. Ver os seus sentimentos morais mais pessoais e autênticos ser remexidos, contestados, esfarelados com as artes de uma lógica infernal é, para a quase totalidade das pessoas, uma experiência atemorizante. Daí que, se não conseguem evitar a companhia dos psicopatas mediante uma precaução instintiva, podem acabar cedendo e se submetendo ao domínio da mente mais agressiva, mais veloz, mais maliciosa e mais hábil.

Quando escrevo, procuro expressar não somente o que vejo e sinto, mas o que os meus leitores também veem e sentem. Milhares deles me enviam mensagens do tipo "Você disse exatamente o que eu estava tentando dizer e não conseguia." O psicopata, ao contrário, escreve para insinuar que você NÃO SENTIU O QUE SENTIU, NÃO VIU O QUE VIU, NÃO SABE O QUE SABE. E muitas vezes consegue mesmo instilar no cérebro das pessoas a Síndrome do Piu-Piu.

Quando começo alguma discussão, parto do princípio de que o meu antagonista, se não é um primor de honestidade, é pelo menos uma pessoa normal. Procuro então ater-me ao assunto da discussão, sem reparar muito na “forma mentis” do adversário. Meus leitores são testemunhas da atenção sem fim que dou aos argumentos de críticos e antagonistas, mesmo quando obviamente idiotas. Já quando percebo que o debatedor é um desequilibrado, que portanto o tema em discussão não é o verdadeiro foco dos seus pensamentos, mas apenas o pretexto ocasional para a busca de uma compensação neurótica ou a expressão de uma genuína fantasia psicótica, paro imediatamente a discussão para não ferir mais fundo uma mente que já vem ferida. Mas, se identifico nele algo de mais grave, não uma simples doença mental, uma neurose ou psicose, e sim uma psicopatia em sentido estrito, é preciso algo mais do que interromper um debate. É preciso advertir à platéia que estamos todos na presença de um criminoso.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

The Human Race - Crítica.


A trágica propensão humana à violência é dissecada de forma crua no filme The Human Race. Colocando dezenas de personagens em situações limite proporcionadas por uma competição mortal, o diretor Paul Hough mostra que, quando impelidos, muitos de nós somos capazes das maiores atrocidades para sobreviver. Já quem não cede à pressão costuma pagar um preço alto por isso.

No longa, 80 pessoas são retiradas de seus cotidianos e obrigadas a participar de um jogo bizarro em um local desconhecido. O grupo é composto por indivíduos de origens étnicas, sociais, religiosas e econômicas diversas. Os jogadores ouvem regras simples e cruéis que estabelecem uma corrida praticamente sem trégua na qual morrerá quem pisar na grama, desviar do caminho ou for ultrapassado duas vezes.

Incredulidade e pânico tomam conta de todos quando o primeiro participante torna-se vítima logo após o anúncio das regras. A morte é impactante, demonstrando que neste jogo o que importa é vencer. Assim, os envolvidos partem em uma maratona rumo à própria sobrevivência, na qual questões morais básicas viram pó.

O filme é pouco condescendente com a natureza do ser humano. Hough não alivia a barra para ninguém. Conflitos e traições tornam-se comuns até mesmo entre amigos. Católicos, muçulmanos, asiáticos, negros, brancos, surdos, crianças, grávidas, velhos, mocinhos ou bandidos, todos terão a sua vez. Apenas um se salvará.

Com seu roteiro, o diretor sugere que qualquer pessoa pode tornar-se um assassino psicótico, bastando para isso ser inserido em condições específicas. Ao mesmo tempo, indica que mesmo quem consegue manter padrões morais em situações opressoras e de risco de vida tende a ser subjugado pelos demais.

Não à toa, o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588 — 1679) estabelece em sua obra a necessidade de um Estado para controlar a propensão violenta e destrutiva dos homens. Porém, em The Human Race, a corrida que se realiza não tem origem em nenhum Estado diretamente relacionado com a nossa dimensão. Ou, pelo menos, não um sobre o qual tenhamos provas reais quanto a isso.

sábado, 26 de abril de 2014

The psychologist and philosopher Jean Piaget.


Jean Piaget was a Swiss developmental psychologist and philosopher known for his epistemological studies with children. His theory of cognitive development and epistemological view are together called "genetic epistemology".

Biography
Jean Piaget was born in Neuchâtel, Switzerland, on August 9, 1896.  His father, Arthur Piaget, was a professor of medieval literature with an interest in local history.  His mother, Rebecca Jackson, was intelligent and energetic, but Jean found her a bit neurotic -- an impression that he said led to his interest in psychology, but away from pathology!  The oldest child, he was quite independent and took an early interest in nature, especially the collecting of shells.  He published his first “paper” when he was ten -- a one page account of his sighting of an albino sparrow.

He began publishing in earnest in high school on his favorite subject, mollusks.  He was particularly pleased to get a part time job with the director of Nuechâtel’s Museum of Natural History, Mr. Godel.  His work became well known among European students of mollusks, who assumed he was an adult!  All this early experience with science kept him away, he says, from “the demon of philosophy.”

Later in adolescence, he faced a bit a crisis of faith:  Encouraged by his mother to attend religious instruction, he found religious argument childish.  Studying various philosophers and the application of logic, he dedicated himself to finding a “biological explanation of knowledge.”  Ultimately, philosophy failed to assist him in his search, so he turned to psychology.

After high school, he went on to the University of Neuchâtel.  Constantly studying and writing, he became sickly, and had to retire to the mountains for a year to recuperate.  When he returned to Neuchâtel, he decided he would write down his philosophy.  A fundamental point became a centerpiece for his entire life’s work:  “In all fields of life (organic, mental, social) there exist ‘totalities’ qualitatively distinct from their parts and imposing on them an organization.” This principle forms the basis of his structuralist philosophy, as it would for the Gestaltists, Systems Theorists, and many others.

In 1918, Piaget received his Doctorate in Science from the University of Neuchâtel.  He worked for a year at psychology labs in Zurich and at Bleuler’s famous psychiatric clinic.  During this period, he was introduced to the works of Freud, Jung, and others.  In 1919, he taught psychology and philosophy at the Sorbonne in Paris.  Here he met Simon (of Simon-Binet fame) and did research on intelligence testing.  He didn’t care for the “right-or-wrong” style of the intelligent tests and started interviewing his subjects at a boys school instead, using the psychiatric interviewing techniques he had learned the year before.  In other words, he began asking how children reasoned.

In 1921, his first article on the psychology of intelligence was published in the Journal de Psychologie.  In the same year, he accepted a position at the Institut J. J. Rousseau in Geneva.  Here he began with his students to research the reasoning of elementary school children.  This research became his first five books on child psychology.  Although he considered this work highly preliminary, he was surprised by the strong positive public reaction to his work.

In 1923, he married one of his student coworkers, Valentine Châtenay.  In 1925, their first daughter was born; in 1927, their second daughter was born; and in 1931, their only son was born.  They immediately became the focus of intense observation by Piaget and his wife.  This research became three more books!

In 1929, Piaget began work as the director of the International Bureau of Education, a post he would hold until 1967.  He also began large scale research with A. Szeminska, E. Meyer, and especially Bärbel Inhelder, who would become his major collaborator.  Piaget, it should be noted, was particularly influential in bringing women into experimental psychology.  Some of this work, however, wouldn’t reach the world outside of Switzerland until World War II was over.

In 1940, He became chair of Experimental Psychology, the Director of the psychology laboratory, and the president of the Swiss Society of Psychology.  In 1942, he gave a series of lectures at the Collège de France, during the Nazi occupation of France.  These lectures became The Psychology of Intelligence.  At the end of the war, he was named President of the Swiss Commission of UNESCO.

Also during this period, he received a number of honorary degrees.  He received one  from the Sorbonne in 1946, the University of Brussels and the University of Brazil in 1949, on top of an earlier one from Harvard in 1936.  And, in 1949 and 1950, he published his synthesis, Introduction to Genetic Epistemology.

In 1952, he became a professor at the Sorbonne.  In 1955, he created the International Center for Genetic Epistemology, of which he served as director the rest of his life.  And, in 1956, he created the School of Sciences at the University of Geneva.

He continued working on a general theory of structures and tying his psychological work to biology for many more years.  Likewise, he continued his public service through UNESCO as a Swiss delegate.  By the end of his career, he had written over 60 books and many hundreds of articles.  He died in Geneva, September 16, 1980, one of the most significant psychologists of the twentieth century.

Theory

Jean Piaget began his career as a biologist -- specifically, a malacologist!  But his interest in science and the history of science soon overtook his interest in snails and clams.  As he delved deeper into the thought-processes of doing science, he became interested in the nature of thought itself, especially in the development of thinking.  Finding relatively little work done in the area, he had the opportunity to give it a label.  He called it genetic epistemology, meaning the study of the development of knowledge.

He noticed, for example, that even infants have certain skills in regard to objects in their environment.  These skills were certainly simple ones, sensori-motor skills, but they directed the way in which the infant explored his or her environment and so how they gained more knowledge of the world and more sophisticated exploratory skills.  These skills he called schemas.

For example, an infant knows how to grab his favorite rattle and thrust it into his mouth.  He’s got that schema down pat.  When he comes across some other object -- say daddy’s expensive watch, he easily learns to transfer his “grab and thrust” schema to the new object.  This Piaget called assimilation, specifically assimilating a new object into an old schema.

When our infant comes across another object again -- say a beach ball -- he will try his old schema of grab and thrust.  This of course works poorly with the new object.  So the schema will adapt to the new object:  Perhaps, in this example, “squeeze and drool” would be an appropriate title for the new schema.  This is called accommodation, specifically accomodating an old schema to a new object.

Assimilation and accommodation are the two sides of adaptation, Piaget’s term for what most of us would call learning.  Piaget saw adaptation, however, as a good deal broader than the kind of learning that Behaviorists in the US were talking about.  He saw it as a fundamentally biological process.  Even one’s grip has to accommodate to a stone, while clay is assimilated into our grip.  All living things adapt, even without a nervous system or brain.

Assimilation and accommodation work like pendulum swings at advancing our understanding of the world and our competency in it.  According to Piaget, they are directed at a balance between the structure of the mind and the environment, at a certain congruency between the two, that would indicate that you have a good (or at least good-enough) model of the universe.  This ideal state he calls equilibrium.

As he continued his investigation of children, he noted that there were periods where assimilation dominated, periods where accommodation dominated, and periods of relative equilibrium, and that these periods were similar among all the children he looked at in their nature and their timing.  And so he developed the idea of stages of cognitive development.  These constitute a lasting contribution to psychology.

The sensorimotor stage

The first stage, to which we have already referred, is the sensorimotor stage.  It lasts from birth to about two years old.  As the name implies, the infant uses senses and motor abilities to understand the world, beginning with reflexes and ending with complex combinations of sensorimotor skills.

Between one and four months, the child works on primary circular reactions -- just an action of his own which serves as a stimulus to which it responds with the same action, and around and around we go.  For example, the baby may suck her thumb.  That feels good, so she sucks some more...  Or she may blow a bubble.  That’s interesting so I’ll do it again....

Between four and 12 months, the infant turns to secondary circular reactions, which involve an act that extends out to the environment:  She may squeeze a rubber duckie.  It goes “quack.”  That’s great, so do it again, and again, and again.  She is learning “procedures that make interesting things last.”

At this point, other things begin to show up as well.  For example, babies become ticklish, although they must be aware that someone else is tickling them or it won’t work.  And they begin to develop object permanence.  This is the ability to recognize that, just because you can’t see something doesn’t mean it’s gone!  Younger infants seem to function by an “out of sight, out of mind” schema.  Older infants remember, and may even try to find things they can no longer see.

Between 12 months and 24 months, the child works on tertiary circular reactions.  They consist of the same “making interesting things last” cycle, except with constant variation.  I hit the drum with the stick -- rat-tat-tat-tat.  I hit the block with the stick -- thump-thump.  I hit the table with the stick -- clunk-clunk.  I hit daddy with the stick -- ouch-ouch.  This kind of active experimentation is best seen during feeding time, when discovering new and interesting ways of throwing your spoon, dish, and food.

Around one and a half, the child is clearly developing mental representation, that is, the ability to hold an image in their mind for a period beyond the immediate experience.  For example, they can engage in deferred imitation, such as throwing a tantrum after seeing one an hour ago.  They can use mental combinations to solve simple problems, such as putting down a toy in order to open a door.  And they get good at pretending.  Instead of using dollies essentially as something to sit at, suck on, or throw, now the child will sing to it, tuck it into bed, and so on.

Preoperational stage

The preoperational stage lasts from about two to about seven years old.  Now that the child has mental representations and is able to pretend, it is a short step to the use of symbols.

A symbol is a thing that represents something else.  A drawing, a written word, or a spoken word comes to be understood as representing a real dog.  The use of language is, of course, the prime example, but another good example of symbol use is creative play, wherein checkers are cookies, papers are dishes, a box is the table, and so on.  By manipulating symbols, we are essentially thinking, in a way the infant could not:  in the absence of the actual objects involved!

Along with symbolization, there is a clear understanding of past and future.  for example, if a child is crying for its mother, and you say “Mommy will be home soon,” it will now tend to stop crying.  Or if you ask him, “Remember when you fell down?” he will respond by making a sad face.

On the other hand, the child is quite egocentric during this stage, that is, he sees things pretty much from one point of view:  his own!  She may hold up a picture so only she can see it and expect you to see it too. Or she may explain that grass grows so she won’t get hurt when she falls.

Piaget did a study to investigate this phenomenon called the mountains study.  He would put children in front of a simple plaster mountain range and seat himself to the side, then ask them to pick from four pictures the view that he, Piaget, would see.  Younger children would pick the picture of the view they themselves saw; older kids picked correctly.


Similarly, younger children center on one aspect of any problem or communication at a time.  for example, they may not understand you when you tell them “Your father is my husband.”  Or they may say things like “I don’t live in the USA; I live in Pennsylvania!”  Or, if you show them five black and three white marbles and ask them “Are there more marbles or more black marbles?” they will respond “More black ones!”

Perhaps the most famous example of the preoperational child’s centrism is what Piaget refers to as their inability to conserve liquid volume.  If I give a three year old some chocolate milk in a tall skinny glass, and I give myself a whole lot more in a short fat glass, she will tend to focus on only one of the dimensions of the glass.  Since the milk in the tall skinny glass goes up much higher, she is likely to assume that there is more milk in that one than in the short fat glass, even though there is far more in the latter.  It is the development of the child's ability to decenter that marks him as havingmoved to the next stage.

Concrete operations stage

The concrete operations stage lasts from about seven to about 11.  The word operations refers to logical operations or principles we use when solving problems.  In this stage, the child not only uses symbols representationally, but can manipulate those symbols logically.  Quite an accomplishment! But, at this point, they must still perform these operations within the context of concrete situations.

The stage begins with progressive decentering.  By six or seven, most children develop the ability to conserve number, length, and liquid volume.  Conservation refers to the idea that a quantity remains the same despite changes in appearance.  If you show a child four marbles in a row, then spread them out, the preoperational child will focus on the spread, and tend to believe that there are now more marbles than before.

Or if you have two five inch sticks laid parallel to each other, then move one of them a little, she may believe that the moved stick is now longer than the other.

The concrete operations child, on the other hand, will know that there are still four marbles, and that the stick doesn’t change length even though it now extends beyond the other.  And he will know that you have to look at more than just the height of the milk in the glass:  If you pour the mild from the short, fat glass into the tall, skinny glass, he will tell you that there is the same amount of milk as before, despite the dramatic increase in mild-level!

By seven or eight years old, children develop conservation of substance:  If I take a ball of clay and roll it into a long thin rod, or even split it into ten little pieces, the child knows that there is still the same amount of clay.  And he will know that, if you rolled it all back into a single ball, it would look quite the same as it did -- a feature known as reversibility.

By nine or ten, the last of the conservation tests is mastered:  conservation of area.  If you take four one-inch square pieces of felt, and lay them on a six-by-six cloth together in the center, the child who conserves will know that they take up just as much room as the same squares spread out in the corners, or, for that matter, anywhere at all.

If all this sounds too easy to be such a big deal, test your friends on conservation of mass:  Which is heavier:  a million tons of lead, or a million tons of feathers?

In addition, a child learns classification and seriation during this stage.  Classification refers back to the question of whether there are more marbles or more black marbles?  Now the child begins to get the idea that one set can include another.  Seriation is putting things in order.  The younger child may start putting things in order by, say size, but will quickly lose track.  Now the child has no problem with such a task.  Since arithmetic is essentially nothing more than classification and seriation, the child is now ready for some formal education!

Formal operations stage

But the concrete operations child has a hard time applying his new-found logical abilities to non-concrete -- i.e. abstract -- events.  If mom says to junior “You shouldn’t make fun of that boy’s nose.  How would you feel if someone did that to you?” he is likely to respond “I don’t have a big nose!”  Even this simple lesson may well be too abstract, too hypothetical, for his kind of thinking.

Don’t judge the concrete operations child too harshly, though.  Even adults are often taken-aback when we present them with something hypothetical:  “If Edith has a lighter complexion than Susan, and Edith is darker than Lily, who is the darkest?”  Most people need a moment or two.

From around 12 on, we enter the formal operations stage.  Here we become increasingly competent at adult-style thinking.  This involves using logical operations, and using them in the abstract, rather than the concrete.  We often call this hypothetical thinking.

Here’s a simple example of a task that a concrete operations child couldn’t do, but which a formal operations teenager or adult could -- with a little time and effort.  Consider this rule about a set of cards that have letters on one side and numbers on the other:  “If a card has a vowel on one side, then it has an even number on the other side.”  Take a look at the cards below and tell me, which cards do I need to turn over to tell if this rule is actually true?  You’ll find the answer at the end of this chapter.


It is the formal operations stage that allows one to investigate a problem in a careful and systematic fashion.  Ask a 16 year old to tell you the rules for making pendulums swing quickly or slowly, and he may proceed like this:

A long string with a light weight -- let’s see how fast that swings.
A long string with a heavy weight -- let’s try that.
Now, a short string with a light weight.
And finally, a short string with a heavy weight.
His experiment -- and it is an experiment -- would tell him that a short string leads to a fast swing, and a long string to a slow swing, and that the weight of the pendulum means nothing at all!
The teenager has learned to group possibilities in four different ways:

By conjunction:  “Both A and B make a difference” (e.g. both the string’s length and the pendulum’s weight).
By disjunction:  “It’s either this or that” (e.g. it’s either the length or the weight).

By implication:  “If it’s this, then that will happen” (the formation of a hypothesis).

By incompatibility:  “When this happens, that doesn’t” (the elimination of a hypothesis).

On top of that, he can operate on the operations -- a higher level of grouping.  If you have a proposition, such as “it could be the string or the weight,” you can do four things with it:
Identity:  Leave it alone. “It could be the string or the weight.”
Negation:  Negate the components and replace or’s with and’s (and vice versa). “It might not be the string and not the weight, either.”

Reciprocity:  Negate the components but keep the and’s and or’s as they are.  “Either it is not the weight or it is not the string.”

Correlativity:  Keep the components as they are, but replace or’s with and’s, etc.  “It’s the weight and the string.”

Someone who has developed his or her formal operations will understand that the correlate of a reciprocal is a negation, that a reciprocal of a negation is a correlate, that the negation of a correlate is a reciprocal, and that the negation of a reciprocal of a correlate is an identity (phew!!!).
Maybe it has already occured to you:  It doesn’t seem that the formal operations stage is something everyone actually gets to.  Even those of us who do don’t operate in it at all times.  Even some cultures, it seems, don’t develop it or value it like ours does.  Abstract reasoning is simply not universal.

[Answer to the card question:  The E and the 7.  The E must have an even number on the back -- that much is obvious.  the 7 is odd, so it cannot have a vowel on the other side -- that would be against the rule!  But the rule says nothing about what has to be on the back of a consonant such as the K, nor does it say that the 4 musthave a vowel on the other side!]