O objetivo de Claudio Pereira Elmir com esse trabalho
é descrever as relações coronelistas no Rio
Grande do Sul, mais especificamente no Planalto
Central e na Serra. Essa descrição é feita através da leitura das
correspondências privadas do Coronel
Victor Dumoncel Filho, recebeu entre 1930
e 1935.
O autor procurou se ocupar em
um nível menos abrangente da ação política em termos geográficos, mas que
possam revelar a intensidade do exercício da autoridade pessoal do Coronel com
a clientela (subordinados, dependentes e agregados).
Dentre outras o autor procura
analisar as relações entre o poder local e o poder estadual. Dando contornos ao
poder político como aquele que deve ser visto como um espaço alargado no qual a
intervenção do historiador em pesquisa deva se posicionar no sentido de
multiplicar as abordagens possíveis. Mostrando-nos que a “História Política”
pode ser vista num universo mais flexível de significados mais amplos.
Vemos no decorrer do texto que
o autor procura mostrar que o que efetivamente garante a legitimidade da
pesquisa é o tipo de pergunta a ser feita e a resposta a ser dada e isto está
relacionado com a documentação manuseada. Realizando uma leitura critica das 67
cartas, que são as fontes para uma discussão teórica que contemple minimamente
os conceitos na prática coronelista em análise.
Procurando sempre levar em
conta a relação entre o público e o privado o autor procura não distinguir de
maneira absoluta a percepção das relações sociais em visa do poder, mas sim em
quem está envolvido e que papeis assumem nesse jogo político no sentido de
cidadãos, pessoas ou indivíduos? Pois, o que distingue a ação conjunta política
do clientelismo?
As noções de “poder simbólico” e “capital simbólico” é uma possibilidade
de compreendermos a relação de poder estabelecida entre o Coronel e seus
agregados segundo Pierre Bourdieu em
sua obra “O Poder Simbólico” e “Coisas Ditas”. O autor tenta elucidar esses
conceitos apartir dos trabalhos de Pierre Bourdieu. Não se dispondo a resolver
as questões, mas senão a fazê-las urgentes de compreensão e tangíveis de
participar do debate teórico.
Vemos nas palavras do autor que
não é correto analisar a relação que se estabelece entre o coronel e seus
dependentes apenas como uma relação vertical de dominação. Não imputando aos
agentes em questão a nossa visão de entendimento do coronelismo como iguais as
dos protagonistas da experiência. Existem várias formas de percebermos o
Coronel e seu papel através da leitura que seus subordinados faziam de sua
vivência e relações com o Coronel, aonde
não podemos reduzir à expressão “troca de favores”, pois esta uniformiza em um
único termo uma grande serie de situações.
Neste sentido o autor nos
mostra que Pierre Bourdieu afirma que os
agentes se autoclassificam, se expõem a classificação que covêm a sua posição.
A percepção que o dependente do Coronel faz de si próprio um elemento que
contribui para a constituição da sua sujeição, ao menos no nível do discurso.
Ao mesmo tempo em que o perfil do Coronel é construído pelo dependente. A
diferença entre si e do outro (Coronel e dependente) não precede da própria
estrutura econômico-social na qual ambos estão inseridos. O Coronel pertence à elite estancieira de modo que concorra fortemente
para que o dependente se perceba como um despossuído das virtudes que
distinguem o Coronel.
Vemos ainda nas palavras do
autor que a ordem social não se
legitima apenas pela imposição, mas
também pela aprovação por meio do
silêncio dos que não a contestam. Estabelecendo o Coronel relações não só
objetivas, mas também simbólicas; sendo estas, muito mais fundadas no nível
pessoal e imaginário dos próprios dependentes, deslocando da ênfase do plano
público para o privado, como ocorria com o Coronel
Victor no Conselho Municipal de Cruz Alta que se assentava em seu poder econômico de grande estancieiro da
região.
Nas palavras de Pierre Bourdieu o autor destaca que
primeiro lugar “O Poder Simbólico”
está fundado na posse do capital
simbólico, pois este poder de impor está relacionado à autoridade social adquirida nas lutas anteriores. E em segundo lugar a eficácia
simbólica depende de quanto à visão proposta esta alicerçada na realidade. O “Capital
Simbólico” é um crédito acumulado do estoque de autoridade legitimada que
faz a ação não parecer arbitraria. Mas nas palavras de Pierre Bourdieu, segundo
o autor o poder simbólico é fruto de uma crença, de um reconhecimento tácito
que não exige necessariamente a consagração oficial.